Parque solar do Alqueva flutua em cortiça
Ao projecto da EDP já de si inovador juntou-se a Corticeira Amorim e a Isigenere, para a criação de um novo compósito de cortiça. É nele que vão flutuar os 12 mil painéis solares do parque solar flutuante do Alqueva
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É um dos mais inovadores projectos de energia solar da EDP: um parque flutuante com mais de 12 mil painéis fotovoltaicos na albufeira da barragem do Alqueva, que deverá abastecer, até ao final deste ano, cerca de 25% das famílias da região de Portel e Moura. Um projecto de energia solar inovador que irá incluir flutuadores que misturam cortiça com polímeros reciclados, com o objectivo de alcançar uma pegada de carbono neutra.
A nova solução foi desenvolvida em conjunto pela Corticeira Amorim e pela espanhola Isigenere, empresa que actua no desenvolvimento de sistemas solares flutuantes e criadora do sistema Isifloating.
O desafio foi lançado pela EDP: criar um flutuador mais sustentável para os cerca de 12 mil painéis e 25 mil flutuadores que compõem a estrutura do futuro parque solar. Um ano de trabalho e desenvolvimento do qual resultou um material inovador, tendo por base um novo compósito de cortiça e que será testado pela primeira vez num projecto de energia renovável.
De acordo com a EDP “esta nova solução combina cortiça – uma matéria-prima 100% natural, reciclável e biocompatível – com polímeros reciclados”. A solução nasceu na i.Cork factory, a fábrica piloto e hub de inovação da Amorim Cork Composites, unidade de aglomerados compósitos da Corticeira Amorim.
O novo flutuador fotovoltaico criado a partir do novo compósito, para além da incorporação da cortiça, irá também substituir parte do plástico virgem utilizado nos flutuadores convencionais, por plástico reciclado. Desta combinação deverá resultar uma redução de pelo menos 30% da pegada de Co2.
“Aliar a inovação à sustentabilidade é uma estratégia que consideramos decisiva no desenvolvimento dos seus projectos e no contributo para uma transição energética que é urgente acelerar”, considera Ana Paula Marques, administradora executiva da EDP e presidente da EDP Produção. Nessa medida, “o parque solar flutuante do Alqueva marca um passo relevante na expansão e inovação no domínio das energias renováveis no país e no compromisso com a sustentabilidade. Inovação que nasce de uma importante parceria entre grandes empresas, como é o caso da EDP, da Corticeira Amorim e da Isigenere”.
Sector da Energia é pilar de crescimento da Amorim Compósitos
Desde há muito tempo que a cortiça é utilizada no mercado energético, mas só agora o seu potencial está a ganhar uma nova força. A sua contribuição negativa em termos de CO2, a resistência a temperaturas extremas, a compatibilidade química e baixa condutibilidade térmica, a sua resiliência e as suas propriedades de amortecimento, são algumas das suas características que a tornam a eleita para utilização neste sector. “Da energia solar e eólica, à mobilidade eléctrica, a ambição passa por, a médio prazo fazer deste sector um dos principais pilares de crescimento da Corticeira Amorim na área dos materiais compósitos”, sublinhou António Rios de Amorim, presidente e CEO da Corticeira Amorim.
No caso concreto do parque solar flutuante do Alqueva, as principais propriedades da cortiça, designadamente a impermeabilidade, a leveza, a elasticidade, a compressibilidade e a resiliência, mantêm-se inalteradas, assegurando a performance do flutuador. A EDP sublinha que “por cada tonelada de cortiça produzida, a floresta de sobreiros pode sequestrar até 73 toneladas de CO2, o que reduz o impacto ambiental de qualquer solução final onde a cortiça é aplicada”.
O futuro parque solar, que conta também com um sistema de armazenamento com baterias, envolve um investimento total na ordem dos quatro milhões de euros e será integrado com a central hídrica do Alqueva, uma central hídrica com bombagem e um dos maiores sistemas de armazenamento de energia do país. Este projecto está a ser desenhado num modelo de funcionamento híbrido, já que o sistema de bombagem permite utilizar a energia eólica e solar, em períodos de menor consumo, para bombear a água da albufeira e, dessa forma, reutilizá-la para produzir nova energia hidroelétrica.
Alqueva irá, assim, tornar-se numa espécie de laboratório vivo, ao permitir que se teste a complementaridade entre tecnologias de produção de energia renovável despachável (hidroelétrica) e não despachável (fotovoltaica), assim como tecnologias de armazenamento de energia de longa duração (bombagem) e de curta duração (bateria). Com uma potência de 1MW e capacidade de armazenamento de cerca de 2MWh, a bateria irá recorrer à tecnologia de iões de lítio, já amplamente utilizada no sector eléctrico a nível global.
Com este projecto inovador, a EDP reforça a sua capacidade instalada de energia renovável, que é actualmente de 19GW, representa perto de 80% do total e a caminho dos 100% ambicionados até 2030. A energia renovável será, por isso, decisiva neste processo de transição energética, estando previsto um investimento global de 19 mil milhões de euros nos próximos cinco anos para 20GW de capacidade adicional