Creditos: Stephane Ciccolini
Obras do Metro do Cairo com tecnologia portuguesa
A BERD foi seleccionada pelo consórcio que integra as construtoras Vinci, Bouygues, Orascom e Arabco para fornecer equipamento para as obras de expansão do metro do Cairo
Manuela Sousa Guerreiro
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A portuguesa BERD está a participar numa das obras mais impactantes daquela que é uma das cidades mais povoada do continente africano, o Cairo. É ali que estão a decorrer as obras de expansão da Linha 3 do Metro, num projecto liderado pelo consórcio que integra as construtoras Vinci, Bouygues, Orascom e Arabco. O consórcio solicitou propostas a diferentes fornecedores internacionais e após avaliação técnica, comercial e de risco a BERD foi selecionada como a melhor solução.
Foi no Cairo que surgiu a primeira linha de metro construída em África. O projecto teve início na década de 80, do século passado, e perdura pelos dias de hoje. Nele reside uma solução para os graves problemas de congestionamento da cidade que alberga 19 milhões de pessoas e é ali, que hoje, entre as ruas apertadas da cidade, os seus bairros, as novas construções e o seu muito trânsito, encontramos tecnologia portuguesa: a lançadeira de aduelas Hi-Tech LG36-s, que a BERD desenvolveu e forneceu para construção e instalação do tabuleiro pré-fabricado de uma peça central da nova extensão da linha, um viaduto com 5 000 metros de comprimento.
Solução ‘à medida’
“A lançadeira foi pensada, projectada e fabricada de propósito para esta obra. O viaduto tem várias condicionantes técnicas específicas e exigentes, para as quais tivemos de criar uma solução também ela específica, um equipamento tailor made. Além disso, o consórcio também definiu várias especificações para o fabrico e performance da máquina, que tiveram que ser incorporadas”, explicou a BERD ao Construir.
Segundo a empresa o uso de soluções pré-fabricadas, neste tipo de obras “permite uma forte industrialização, quer no fabrico das aduelas quer na colocação das mesmas, usando equipamentos como a lançadeira”. Para além do reduzido impacto na área circundante, o que numa cidade com as características do Cairo não é despiciente, acelera a construção dos tabuleiros e reduz os custos.
“Para além da pressão no planeamento e prazos, este viaduto está a ser construído na maior cidade do mundo árabe e da África. O seu traçado apresenta, na sua envolvente, uma elevada densidade de construção, espaço extremamente reduzido, raios de curvatura muito apertados e uma inclinação acentuada até 4%, o que trouxe grandes restrições dimensionais e cinemáticas ao design do equipamento”, descreve a empresa.
Ao longo das obras de construção a lançadeira de aduelas pré-fabricadas terá de passar sobre zonas de viaduto já construídas e também sobre uma área onde a construção dos pilares ainda não foi realizada. “Este equipamento, concebido para avançar com apoios no tabuleiro e nos pilares, terá de “sobrevoar”, na secção sem pilares definitivos, sobre pilares provisórios instalados no local para o efeito”.
“A LG36-s e um equipamento autónomo permitindo a construção sem quaisquer apoios do solo. Neste equipamento foi incorporado um sistema de patas telescópicas no pórtico traseiro. Este sistema compensa a amplitude altimétrica decorrente da inclinação de 4% e permite que as aduelas sejam lançadas com o equipamento na horizontal. Foi também projectado e montando um Sistema Automático de ligação da Spreader Beam – connecting Beams que suprime a intervenção manual e confere alta produtividade e segurança ao equipamento”, especifica a BEARD.
Edição complexa
A complexidade da operação exigiu preparação e adaptação do equipamento desenvolvido pela BERD. “O processo decorreu durante vários meses e foi assente num processo interactivo e fortemente colaborativo entre a joint venture e a BERD. Esta intensidade garantiu que a máquina iria corresponder a todas expectativas e asseguraria o seu correcto funcionamento num ambiente desafiante e altamente exigente”.
“Além de fornecermos a máquina, acompanhamos tecnicamente sempre que necessário, seja na obra seja remotamente. Aquando do fornecimento do equipamento destacámos uma equipa altamente qualificada para apoiar na sua montagem, dar formação e operar nos primeiros metros de construção do viaduto. A partir dessa altura a equipa local de construção passou a ser auto-suficiente”, refere.
Uma obra em várias fases
As obras do metro do Cairo decorrem desde o início da década de 80. As linhas 1 e 2 estão totalmente operacionais e a linha 3 está parcialmente concluída. Concluída em 1989, a Linha 1 tem 43 km de extensão e 4,5 km de secção subterrânea. Possui 35 estações. Abrange a capital egípcia de norte a sul.
A Linha 2 foi construída em duas fases, uma em 1997 e outra em 2004. Tem 22 km de extensão e serve 20 estações de norte a sudoeste, cobrindo o distrito de Shoubra El Kheima até a Universidade do Cairo e as pirâmides de Gizé.
A Linha 3 do Metro do Cairo terá 47,87 km de extensão com 39 estações. A linha conectará áreas do leste do Cairo a partir do anel viário El-Asher e a cidade de El-Salam através da estação de Adly Mansour e termina em Imbaba e Rod al-Farag no anel viário a oeste do Cairo.
A fase 3 cobre a secção oeste da linha subterrânea e é dividida em três partes. Embora a construção estivesse programada para começar em 2011, ela foi atrasada devido à revolução egípcia de 2011. As obras arrancaram finalmente em 2017. A primeira parte da obra deverá ser entregue em Dezembro de 2021, seguida pela segunda fase em Junho de 2022. A terceira fase parte da estação Al Kit Kat para a Universidade do Cairo compreenderá cinco estações e a sua inauguração está prevista para Abril de 2023.
Para a empresa portuguesa a participação nesta obra tem sido uma jornada cheia de desafios, desde logo tecnológicos, que puseram à prova a criatividade, o know-how e a capacidade de inovar da própria empresa.