2021 deverá fechar investimento na ordem dos 2 MM€
As previsões Marketbeat, da Cushman & Wakefield, apontam para uma recuperação do mercado imobiliário nacional ao longo da segunda metade do ano, sustentada pela resolução da situação pandémica. Procura deverá ser “diferenciada” e com “alguma cautela”, dependendo dos sectores
CONSTRUIR
BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)
O expectável aumento do volume de investimento na hotelaria europeia
Roca apresenta “Sparking Change” na Fuorisalone
Habitação: Câmara de Lagos aprova investimento de 9,4M€ na compra de terrenos
Vila Galé inaugura hotéis na Figueira da Foz e Isla Canela
Prémio Nacional do Imobiliário 2024 distingue empreendimentos do sector
DS Private reforça rede
Salto Studio ganha concurso para antiga Colónia Balnear da Areia Branca
Município de Esposende investe 3,6M€ na construção de residência de estudantes
Weber lança novo acabamento para fachadas
O volume de investimento em 2021 deverá situar-se na ordem dos 2 mil milhões de euros, segundo as estimativas da Cushman & Wakefield. “Um montante que, apesar de implicar uma quebra na ordem dos 27% face a 2020, a ser atingido representará o quarto maior resultado registado no mercado nacional”, considera a consultora imobiliária internacional.
Os dados foram revelados na apresentação do mais recente Marketbeat Portugal, realizado pela Cushman & Wakefield e aponta alguns indicadores sobre a evolução futura da actividade.
“As previsões apontam para uma recuperação do mercado imobiliário nacional ao longo da segunda metade do ano, sustentada pela resolução da situação pandémica. Não obstante, poderá manter-se alguma cautela por parte da procura, ainda que diferenciada entre os diversos sectores imobiliários. Se por um lado se prevê que a procura de industrial e logística se mantenha dinâmica, os segmentos de retalho e hotelaria estão envoltos em maior incerteza. No que se refere ao sector de escritórios, está ainda por apurar o real impacto que o teletrabalho terá na forma de ocupação futura dos espaços de escritório”, revela Eric van Leuven, director geral da consultora.
Em relação ao mercado de investimento institucional, antecipa-se uma manutenção do interesse dos players internacionais, ainda que com um maior enfoque em produto prime. “Os activos em localizações prime, com contratos bons e inquilinos sólidos irão dominar a procura, por oposto a activos mais periféricos, ou com um perfil de rendimento menos estabilizado. Em termos de distribuição por sector, verifica-se uma preferência por categorias com escassez de oferta em Portugal, nomeadamente nos segmentos de logística e residencial para arrendamento (ou PRS – private rented sector)”, acrescenta Erica van Leuven.
Imobiliário comercial
Após um forte impacto da pandemia no sector de investimento em imobiliário comercial de rendimento no primeiro semestre de 2021, com um volume de negócios de apenas um terço do registado no período homólogo de 2020; o mês de Julho indiciou um acelerar da retoma, com 500 milhões de euros de transacções. Não obstante a dinamização recente, os 1.130 milhões de euros registados entre Janeiro e Agosto reflectem uma quebra de 40% face a 2020 (em que se atingiu um máximo histórico por influência de duas grandes transacções), sendo a redução de 29% se comparada com 2019. À semelhança dos anos anteriores, manteve-se o peso relevante das transacções de grande dimensão, com os três maiores negócios a representar 37% do volume investido e o capital estrangeiro a dominar a actividade do mercado, sendo responsável por 72% do volume total registado.
A alocação de capital por sector demonstra a contínua aposta no mercado de escritórios, responsável por mais de metade do volume transaccionado. Para tal contribuíram a aquisição pela Sixth Street (em parceria com a Acacia Point Capital Advisors) de 15 edifícios (de um total de 22) no parque de escritórios Quinta da Fonte à Signal Capital por um valor de 125-130 milhões de euros e a compra do portfolio Navigator (maioritariamente de escritórios) através da compra das participações no fundo Maxirent pela South (grupo Castel) à Rivercrown por 120 milhões de euros. Com 280 milhões de euros, seguiu-se o sector hoteleiro, em grande parte devido à aquisição dos Tivoli Marina Vilamoura e Tivoli Carvoeiro pela Azora à Minor International por 148 milhões de euros. Os sectores alternativos, afirmam-se cada vez mais junto dos investidores institucionais, tendo sido responsáveis por 16% do total investido, influenciado pela transacção de um portfólio de activos residenciais. A fraca atractividade dos activos de retalho ficou evidenciada pela segunda mais baixa alocação de capital da última década (10%) e o peso diminuto de Industrial e Logística (3%) continua a ser justificado pela escassez de produto de qualidade disponível para venda, não dando desta forma resposta à elevada procura.
Por seu lado, o sector de promoção e reabilitação urbana registou uma recuperação da actividade no primeiro semestre do ano, tendo sido identificado um volume total transaccionado de 320 milhões de euros. Entre estes, destacam-se a aquisição por parte da Norfin do Projecto Vilamoura, que conta com 21 terrenos por um valor de 100-125 milhões de euros, a venda, pelo Millennium BCP ao Grupo Pestana, do projecto Madeira Palácio, que integra dois edifícios com 262 apartamentos e um terreno com um potencial de 150 quartos, por 45 milhões de euros.
Escritórios
O mercado de escritórios da Grande Lisboa manteve um abrandamento da actividade entre Janeiro e Agosto de 2021, com 74.300 m² transaccionados, uma quebra homóloga de 24%. O Parque das Nações (zona 5) concentrou o maior volume de área contratada neste período (29%), assim como um dos principais negócios do ano: o pré-arrendamento de cerca de 10.000 m² na K Tower pela Critical Techworks.
Face ao abrandamento da procura, a taxa de desocupação aumentou 10 pontos percentuais (p.p.) no primeiro semestre, para os 5,6%. Suportado por uma expectativa de recuperação a curto prazo, o volume de oferta futura manteve-se estável, actualmente nos 403.400 m2 para os próximos três anos. De entre este volume de nova oferta, 174.100 m2 encontram-se já em construção, dos quais 44% conta com ocupação assegurada.
No Grande Porto, a maior resiliência do ano passado manteve-se em 2021, com uma quebra homóloga na procura de 15%, num volume de ocupação de 25.900 m² até Agosto de 2021. Esta evolução foi influenciada pela concretização de alguns negócios de dimensão relevante, incluindo a expansão de 3.540 m2 pela Concentrix no Porto Office Park, contribuindo para a ocupação integral deste edifício.
A taxa de desocupação aumentou para os 8,8%, em parte devido à conclusão de dois novos edifícios com um total de 7.300 m2. Relativamente à oferta futura, é esperada a entrada no mercado de 83.500 m2 nos próximos três anos, dos quais 40.700 m2 se encontram já em construção (65% desta área tem ocupação garantida).
Retalho
Na primeira metade de 2021, de acordo com o INE, o volume de vendas a retalho registou um aumento homólogo de 4,1%, atingindo desta forma valores semelhantes ao primeiro semestre de 2019. Para esta retoma terá contribuído, para além da melhoria da situação pandémica, um maior investimento dos retalhistas no comércio online e uma mudança dos hábitos de consumo dos habitantes, que reforçaram a afluência ao comércio de conveniência e proximidade.
A procura de retalho agregada pela Cushman & Wakefield evidencia uma quebra homóloga de 8%, com 180 novas aberturas no primeiro semestre de 2021. Apesar da manutenção do domínio do comércio de rua (62% do número de operações), o maior interesse por lojas de grande dimensão, em retail parks e unidades stand alone foi também evidente. Ainda que o sector da restauração tenha mantido a primazia, com 45% das novas unidades, o sector alimentar registou também um importante dinamismo, com 45 aberturas.
Industrial & Logística
A maior actividade registada o ano passado manteve-se ao longo do primeiro semestre de 2021, com uma absorção total de 270.500 m2. Entre os principais negócios, destaque para o pré-arrendamento pela Rádio Popular dos 30.000 m² do projecto da promotora belga VGP em Santa Maria da Feira; e as ocupações pela Rangel e Olicargo num total de 18.900 m² na recentemente concluída Plataforma Logística Lisboa Norte da Merlin Properties na Castanheira do Ribatejo. As regiões de Lisboa e Porto mantiveram o domínio, com 50% e 21% da absorção respectivamente
Pela primeira vez em muitos anos, verifica-se finalmente uma aposta no crescimento da oferta, através da reabilitação ou nova promoção. Destaque para a promoção pela Green Logistics by Aquila Capital de um parque logístico na Azambuja com 116.000 m² e para os três projectos da VGP em Santa Maria da Feira, Loures e Sintra num total de cerca de 60.000 m². Com um potencial de desenvolvimento adicional de 180.000 m², a Merlin Properties na Azambuja deverá também avançar em breve com a segunda fase da Plataforma Logística Lisboa Norte.