Tecnoplano reforça no Brasil e está atenta ao mercado nacional
No ano em que cumpre, pelo menos oficialmente, 10 anos de actividade no Rio de Janeiro, a Tecnoplano expande a actividade para São Paulo. O objectivo é crescer acima dos 30% ao ano, nos próximos cinco anos

Manuela Sousa Guerreiro
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A conversa com dois dos três accionistas da Tecnoplano, Bernardo Matos Pinho, administrador executivo, e Pedro Matos Pinho, presidente do Conselho de Administração e CEO, focou-se em dois mercados: o nacional, hoje responsável por 75% do volume de negócios do grupo, e o Brasil, onde a Tecnoplano acaba de inaugurar o seu segundo escritório. Uma conversa que tem como pano de fundo a guerra e os seus impactos.
Fale-me um pouco sobre o que é hoje a Tecnoplano: as suas principais áreas de actuação, número de colaboradores, como está repartida geograficamente a actividade do grupo?
Bernardo Matos Pinho (BMP): A Tecnoplano é um grupo de cariz familiar actualmente na segunda geração de liderança com o capital concentrado em três irmãos. Não foi na sua essência, mas é hoje uma empresa de engenharia que actua em diversos sectores, quer sejam eles residencial, turístico, saúde, infraestruturas de transporte, energia e águas, tanto ao nível da Consultadoria e Projectos, como no Project Management e Fiscalização de Obras. O grupo conta com 122 colaboradores, representando Portugal 58%. Temos desde grandes clientes públicos e privados, com contratos de vários milhões de euros a pequenos e rápidos estudos, tais como Due Diligence para compras de activos, variando da hotelaria e turismo, à saúde, ao desporto e lazer e infraestruturas diversas. Em 2021 fechamos com um volume de negócios de 5M€.
Qual o volume da vossa carteira de obras no mercado nacional?
Pedro Matos Pinho (PMP): Temos assegurado um volume de negócios em carteira e em cronograma para execução no exercício de 2022 na ordem dos 8,6 milhões de euros, 6,8M€ no mercado nacional e um 1,8M€ no mercado externo, o que nos leva a acreditar que estamos perante um ano de retoma face ao nível de facturação que temos tido no passado recente, e para o qual estamos estruturados em termos recursos técnicos e financeiros.
Como perspectivam que venha a evoluir o mercado nacional face à conjuntura?
BMP: O investimento na descarbonização da economia, o PRR e a manutenção do apetite de investidores estrangeiros por Portugal, vão continuar a proporcionar oportunidades nestes sectores, quer sejam eles investidores imobiliários, hoteleiros, energias renováveis, infraestruturas de transporte e industriais. O sector tem desafios complicados relacionados com a falta de mão-de-obra, imprevisibilidade dos preços na construção que se vem a assistir e relutância do mercado em evoluir para processos de construção mais circulares e industrializados. A nova vaga de investimento em obras públicas está a acontecer em Portugal a par do investimento privado, mas sem
alinhamento com a capacidade instalada em Portugal. Isto vai criar uma pressão sobre a contratação de técnicos e consequentemente inflacionar preços. Tudo aponta para uma tempestade perfeita no sector, em que se alinha à inflação por mérito das instabilidades geopolíticas actuais, à falta de recursos técnicos para fazer face aos diversos planos de investimento públicos e privados.
E se acrescentarmos a maior instabilidade internacional a este cenário?
PMP: A instabilidade na Ucrânia e em grande medida na geopolítica global, traz alguma incerteza aos investidores na hora de rever os seus planos de investimento, o que pode atrasar alguns contratos em pipeline e abrandar a actual dinâmica. Por outro lado, no nosso caso específico vínhamos de um longo período sem inflação e com contratos longos e estáveis. Com a pressão inflacionista, terá de haver um cuidado redobrado e diálogo com clientes no sentido de se fazer reequilíbrios contratuais sempre que estritamente necessário e possível.
Expansão para São Paulo
A nível internacional acabam de celebrar 10 anos de actividade no Brasil. Como caracterizam o vosso percurso no mercado brasileiro?
BMP: Costumo dizer que o Brasil é um continente constituído por diversos países e devemos abordá-lo de forma segmentada por estados, face à dimensão das empresas portuguesas. Razão pela qual, decidimos numa primeira fase concentrarmo-nos no Estado do Rio de Janeiro pela escala semelhante à de Portugal e ligações fortes à comunidade portuguesa no Brasil. Nestes 10 anos tivemos altos e baixos, esbarrando muitas vezes no sistema burocrático e
corporativista do Brasil, nos calotes habituais, não vamos negar, mas seguimos em frente, e hoje podemos dizer que temos uma operação com 100% de excelentes técnicos brasileiros, à minha excepção e 50% do nosso Director Geral, a funcionar nos últimos 5 anos com rentabilidades equilibradas e sustentáveis.
A abertura de um segundo escritório é um sinal de reforço da actividade, que áreas vêem com potencial?
PMP: As perspectivas de crescimento, assentam no investimento que temos vindo a fazer num departamento de projecto com excelentes técnicos nas áreas de edifícios, aeroportos, infraestruturas de transporte de energia e renováveis, áreas que estão em franco crescimento no Brasil, fruto do processo de privatizações e concessões que o actual governo tem lançado nestes sectores e que a Tecnoplano tem vindo a conquistar carteira.
Qual o valor do investimento a realizar com esta expansão?
BMP: O investimento passa por capital investido pelo accionista Tecnoplano Portugal que ascende hoje em 1,9M€ e na formação e intercâmbio dos nossos técnicos da Tecnoplano Brasil com o escritório de Lisboa.
Olhando numa perspectiva estratégica estes mercados vão continuar a ser aposta do grupo ou prevêem a expansão para outros mercados?
PMP: Alguns mercados estão com uma actividade reduzida face às dificuldades conjunturais que atravessam, no caso de Angola e Moçambique. Já há algum tempo temos vindo a procurar um novo mercado que funcione em contraciclo ou com dinâmicas de crescimento diferentes e mais estáveis, a fim de evitar desequilíbrios na nossa carteira de contratos, como assistimos durante a crise de divisas de Angola