“Este ano prevemos chegar aos 150 milhões de euros em volume de negócios”
A Home Tailors Real Estate fechou 2021 com um volume de vendas de 78 milhões de euros, o que se traduziu no “melhor ano de sempre” da marca. Mas, com um plano de expansão, que visa chegar às 30 lojas até 2023, a expectativa é que este montante duplique
Logicor conclui nova plataforma logística em Santo Tirso
Primeiro ‘Meet Up’ da Zome aborda habitação e propõe soluções
Renovação de escritórios: custos de “fit out” na Europa registaram um aumento de 4%
Savills desenvolve conceito e projecto da nova sede da Sacyr Somague
Diana Pinto assume direcção de Digital Mall Marketing da Sierra
Schneider Electric integra Airzone no seu ecossistema Wiser
Metropolitano “estuda” prolongamento do Metro Sul do Tejo até à Costa de Caparica
Saxun lança novo sistema de protecção solar
ANA anuncia para breve lançamento de concurso para obras na Portela
Otovo cresce +88% nas receitas globais geradas em 2023
Ao CONSTRUIR, David Carapinha, CEO e founder da Home Tailors Real Estate explica-nos de que forma a marca pretende colocar em prática o seu plano de expansão e quais as zonas prioritárias, cujo investimento é de 4,5 milhões de euros. Direccionados para o cliente do segmento médio / alto, assim como para o cliente estrangeiro, o responsável da marca sentiu que com a pandemia houve uma necessidade de se adaptarem aos mercados e à procura mais fora dos centros urbanos
A Home Tailors teve início há cerca de cinco anos e tem cinco lojas. São todas em sistema de franchising?
Neste momento temos duas agências próprias, as de Lisboa, Areeiro e Telheiras, e as restantes são em regime de franchising. Neste momento já chegamos as seis lojas. Abrimos recentemente a agência de Braga. As outras lojas que temos estão localizadas em Sesimbra, que foi a nossa porta de entrada para o distrito de Setúbal. Uma loja junto à praia que tem trabalhado muito o mercado internacional, um mercado bastante sazonal e que tem sido uma descoberta daquele que é o mercado da Margem Sul. Depois estamos em Mafra e na Ericeira.
São localizações muito distintas. Quando fala que têm como objectivo chegar às 30 lojas quais as principais cidades onde pretende instalar-se?
O objectivo é que a Home Tailors chegue de Norte a Sul do País e ilhas inclusive. Nesta primeira fase iremos reforçar a zona da grande Lisboa, com mais agências em Lisboa e na Margem Sul e no próximo ano contamos chegar à região Norte, depois de Braga chegar ao Porto, ao Centro e também no próximo ano chegar ao Algarve.
Até 2023?
Exactamente. O nosso plano de expansão, que já está em curso, que tem já várias unidades em análises, será para que este ano cheguemos às 15 agências e no próximo surjam novas 15 agências Home Tailors pelo País.
Dependendo da zona onde a loja se encontra, o objectivo será que cada loja se especialize num determinado mercado ou público específico?
Na verdade, há sempre uma adequação ao cliente tipo da região. O nosso target é cliente do segmento médio / alto. Ainda assim, a estratégia de comunicação em cada região é que irá ser adaptada ao tipo de cliente. Nós trabalhamos muito o cliente internacional, que representa quase metade do nosso volume de vendas, mas também trabalhamos bastante as famílias portuguesas e a classe média, daí que para nós seja importante o papel das construtoras, como das agências imobiliárias dar a conhecer Portugal no sentido de que o País não se limita apenas a Lisboa, Porto e Algarve. Nós conseguimos estar no Centro do País em muito pouco tempo e ajudar a descobrir outras regiões para estes clientes internacionais. Por outro lado, com a pandemia tivemos o outro fenómeno das famílias a querem afastarem-se dos centros urbanos. Embora estes continuem a ser o ponto de maior interesse e onde existe o maior volume de vendas, mas a procura para fora dos grandes centros urbanos também aumentou bastante, o que nos faz também adequar o nosso plano de expansão para estar próximo desses novos pontos de interesse.
É possível fazer o paralelismo do que era o mercado antes da pandemia e o que é agora? Houve uma diferença tanto em termos de mercado, como de produto disponível é isso?
O mercado adaptou-se. Nunca deixamos de trabalhar na pandemia, na verdade 2020 foi o nosso melhor ano, no qual tivemos um crescimento de 200%. Superou as expectativas muito por essa necessidade de adaptação que as famílias tiveram e que os investidores também acabaram por fazer. A ideia de que as pessoas iriam fugir todas para o campo acabou por não acontecer, mas acredito que pela primeira vez as pessoas viveram verdadeiramente as suas casas e isso fê-las perceber as necessidades que tinham de mais um quarto, uma sala maior, uma varanda ou terraço maior e por isso mesmo dentro dos centros urbanos houve esse fluxo de mudança. E após o Verão de 2020, quando todos nós percebemos que isto do Covid não ia ser algo que iria passar tão rápido como todos pensámos. Em 2021 essa diferença de procura foi muito marcante. Este fluxo de procura para casas com características diferentes levou com que os investidores tenham que fazer procuras diferentes, quem procura para reabilitar para colocar no mercado de venda ou arrendamento tem que dar resposta a esta procura. Ainda não podemos dizer que a maior procura é fora dos centros urbanos, não é verdade. Os investidores estrangeiros principalmente continuam focados nos pontos como Lisboa, Porto e algumas zonas do Algarve, mas umas das razões prende-se com a facilidade de infraestruturas, nomeadamente no que toca por exemplo aos transportes e rede viária, ou até saúde e cultura. Se estas estruturas de apoio não existirem não depois um grande investimento nessas regiões.
Mas os estrangeiros continuam a procurar mais as grandes cidades ou notam-se uma mudança neste paradigma com a pandemia e uma maior procura pelo interior do País?
Na verdade, depende do tipo de estrangeiro. Se for investidor ainda continua muito a apostar nos centros urbanos, mas surge cada vez mais o comprador estrangeiro que pensa ter o seu refúgio em Portugal e ai já começa claramente a procurar zonas como o Alentejo ou o Ribatejo, zonas até mais a Norte, próximas da fronteira com Espanha. Portanto, se for por uma questão se segurança do investimento ainda se olha para os centros urbanos de maior dimensão, quando pensamos na procura de um espaço para a reforma e para a qualidade de vida, uma segunda habitação, aí sim, o investidor estrangeiro que pensa um dia vir morar para Portugal já não está tão preocupado em estar no centro da cidade, pelo contrário.
Qual o investimento previsto para o plano de expansão da Home Tailors?
Se falarmos no plano de expansão completo estamos a falar num investimento na ordem de 4 milhões de euros, e grande parte passará pelo reforço da nossa comunicação e estruturas necessárias para que a rede se expanda. Ainda é uma rede bastante jovem, com cinco anos e a nossa estratégia de comunicação está em curso. Vamos chegar brevemente à televisão. E por outro lado, também pela formação das equipas, para que estas estejam preparadas numa maior escala de Norte a Sul do País.
Qual a perspectiva de crescimento para este ano?
2021 fechou com um volume de vendas de 78 milhões de euros e com crescimento de 21% face a 2020 e este ano vamos superar esse valor. Foi uma surpresa termos crescido tanto em 2020 e em 2021 voltar a crescer. No 1º trimestre deste ano já atingimos quase os resultados que tivemos no ano passado todo e se o mercado se mantiver como está, tudo indica que vamos duplicar esse valor este ano.
Primeiro porque teremos mais unidades em funcionamento, e por isso é uma consequência, porque a marca está a expandir-se e, portanto, o volume de clientes também aumenta e porque, este ano, se espera que seja um ano de retoma do investimento internacional, que não tendo parado, ainda assim, abrandou no seu ritmo e nas decisões e que agora começam a normalizar-se.
Obviamente, que a guerra na Ucrânia está a tornar os processos mais lentos, mas é um efeito normal perante uma situação destas, pelo menos ao nível das decisões por parte do cliente estrangeiro que está a observar com atenção o que se está a passar na Europa.
Internamente, a Home Tailors tem criado uma Academia para facultarem essa formação. Como é que se processa essa formação e o que é que a distingue?
Desde o primeiro dia da empresa apostámos sempre na formação, uma formação variada e de qualidade. Há dois anos surgiu a nossa Academia. Aliás, pouco tempo antes da pandemia surgir construímos um espaço com todas as condições e infraestruturas necessárias e quatro meses fomos para casa e tivemos que nos adaptar e em 10 dias a nossa Academia passou toda para o formato online. Nós temos formação interna e trabalhamos com muito outsourcing. este ano foi o ano em que atingimos o maior número de horas de formação – 600 horas – com uma clara aposta na área de vendas e de atendimento ao cliente, mas há depois muita formação na área legal, na imagem, no marketing, nas redes sociais, até no home staging e na área da motivação. É importante também referir que é muito trabalhado também o conceito de luxo e a forma como é vendido o imóvel.
Para quem queira abrir uma loja da Home Tailors como é que se processa e que tipo de apoio é que a marca dá?
No que diz respeito ao franchising, abrimos candidaturas em determinadas zonas e quando existe um processo de candidatura, com um business plan, com um apoio na área financeira, o candidato propõe-nos um ou dois espaços e depois existe todo o acompanhamento desde o plano de negócios até à montagem da unidade e o lançamento dessa unidade. Após a unidade estar em funcionamento, existe um acompanhamento permanente do Master e um estágio em lojas que já se encontram em funcionamento. Todos os funcionários passam por estágio pela nossa loja escola e onde, ao mesmo tempo, é iniciada a formação das equipas comerciais, com uma componente online e, numa fase inicial, também presencial.
Uma vez que trabalham muito com o cliente estrangeiro, a recente alteração do programa Golden Visa tem vos direccionado para outras zonas do País ou para outro tipo de produtos?
Existe mais procura do que oferta. muitas vezes essa é a dificuldade. E por isso é que é importante que exista realmente um estímulo para que os construtores e os promotores se instalem nestas regiões e que desenvolvam essas infraestruturas. Mas mais uma vez quem tem procurado imóveis no âmbito deste programa em regiões diferentes dos centros urbanos é na perspectiva de vir morar para Portugal, o que terá sido também a ideia do programa em si quando foi criado, para gerar riqueza e não apenas como um canal de entrada para a Europa. Acredito que este programa suscita realmente o interesse pelas regiões mais interiores para quem quer residir em Portugal, mas falta informação ainda. É certo que é uma mudança ainda muito recente e como tal não há ainda muita informação. Até porque o investidor estrangeiro não vê grande diferença quando lhe dizem que só pode investir fora dos centros urbanos e que essas áreas ficam apenas a 1h30, porque para o estrangeiro isso não é muito longe, por exemplo, para um brasileiro ou para um americano, o que falta efectivamente são infraestruturas, como os transportes, cuidados de saúde e de apoio que ajudem a fixar as pessoas.
Apesar da importância do mercado estrangeiro para a Home Tailors, o cliente nacional continua a ter um peso considerável. Sentem que o constante aumento do preço médio da habitação tem-se reflectido no vosso negócio?
A verdade é que com o aumento do preço da habitação nova, também o preço dos usados se torna mais competitivo e tende a acompanhar esta tendência. Ainda assim continua a existir uma procura muito superior à oferta e aqui é o mercado a auto regular-se e por isso os preços acabam por se balizar por cima. No caso da construção nova, a escassez de mão de obra qualificada, a falta de materiais ou os prazos de entregas muito prolongados têm sido um problema. Já em 2019, havia situações em que a construção usada atingia valores da construção nova. O comprador acabava por optar pela casa nova, com cinco anos de garantia. Actualmente, o preço aumentou porque a margem que os construtores tinham foi engolida para suprir o aumento dos custos dos materiais.