O potencial da pedra portuguesa sob o olhar da arquitectura
Para além de Lisboa, os sete grandes projectos de investigação e desenvolvimento realizados entre 2016 e 2022 pelo programa Primeira Pedra materializaram-se em exposições também em Londres, Milão, Nova Iorque, no Dubai, em São Paulo, Veneza e Weil am Rhein

Manuela Sousa Guerreiro
“A “Primeira Pedra” é um programa internacional de pesquisa experimental que explora o vasto potencial da pedra portuguesa. Ao longo dos últimos seis anos, após o lançamento do projecto na 15ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza em Maio de 2016, o programa convidou alguns dos nomes nacionais e internacionais mais consagrados nas áreas do design e arquitectura a produzir peças que homenageiam a versatilidade desta matéria-prima”, explica Célia Marques, vice-presidente da Assimagra.
Parte desse resultado pode ser visto, até Setembro, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. São mais de 70 as peças criadas no âmbito da Primeira Pedra, da autoria de 36 designers, arquitectos e artistas nacionais e internacionais, oriundos de 15 nacionalidades, que reúne os primeiros seis projectos do programa com a segunda parte das temáticas “Expanded” e “Fragile Mode Fragile”.
“Os projectos mais recentes, apresentados ao público pela primeira vez no Museu dos Coches são da autoria de vários artistas reconhecidos quer a nível nacional como internacional como é o caso do Vhils, Ai Wei Wei, Philippe Starck, Aires Mateus, Michel Rojkind, Carla Juaçaba, R2, Jonhatan Olivares, Frith Kerr e Fernanda Fragateiro, sob o tema de colecção “Fragile, Mode, Fragile”, explica Célia Marques.
A Primeira Pedra 2016 I 2022 vai, assim, interagir com o complexo museológico desenhado pelo arquitecto Paulo Mendes da Rocha, quer nos espaços exteriores, nomeadamente a grande praça, quer nos espaços interiores, “permitindo uma multiplicidade de diálogos entre passado, presente e futuro”.
“O projecto Primeira Pedra é um projecto que alia design, inovação e qualidade às competências existentes no sector da pedra natural, a nível nacional. para o fortalecimento do valor da pedra portuguesa e da indústria que agrega nos patamares mais competitivos do mercado internacional, reforçando a imagem internacional de Portugal. A incorporação de design nas vertentes estratégicas de produto e de comunicação tem, no Projecto Primeira Pedra, um papel fundamental para optimizar o potencial da indústria extractiva e transformadora de pedra natural. Cada vez mais, é necessário fazer bem e diferente e, simultaneamente, comunicar entre os que são os principais protagonistas – arquitectos, designers e artistas – e os mais importantes media e opinion makers, numa perspectiva de internacionalização e utilização de networks globais”, avança Célia Marques.
Para além de Lisboa, os sete grandes projectos de investigação e desenvolvimento realizados entre 2016 e 2022 pelo programa Primeira Pedra materializaram-se em exposições também em Londres, Milão, Nova Iorque, no Dubai, em São Paulo, Veneza e Weil am Rhein.
Sete anos depois o balanço não podia ser mais positivo, como sublinha a vice-presidente da Assimagra. “Esta iniciativa permitiu a aliança entre a indústria e o design através do desenvolvimento de mais de 70 aplicações da pedra, que desde 2016, em duas edições de projecto, enaltecem a qualidade, durabilidade, versatilidade e a elegância cromática da pedra natural nacional e a ampla indústria que está ligada à sua extracção e transformação. Esta iniciativa, desde o seu início, teve um grande impacto nacional e internacional, tanto que a iniciativa Primeira Pedra, tem hoje um reconhecimento internacional parte de países que não nossos competidores, como a Itália, Brasil, através das associações sectoriais desses países, como exemplo da excelência de promoção do sector e de um país. Para além deste reconhecimento pelos “pares”, há ainda o enorme impacto directo junto dos autores que estiveram envolvidos e que, pelo reconhecimento internacional do seu trabalho, são actualmente autênticos embaixadores desta iniciativa e da pedra portuguesa. Contudo, o impacto não se fecha apenas juntos destes autores, mas também, junto de toda a comunidade criativa, sejam eles arquitectos, designers de produto, designers gráficos e artistas. De fundamental importância importa referir ainda o impacto directo ao nível sectorial e industrial, de todo um sector que é hoje amplamente reconhecido pela sua capacidade de fazer acontecer esta iniciativa tão distinta e distintiva”, aponta Célia Marques.
“Este esforço de internacionalização, conjugado com uma campanha de comunicação, transversal a todo o projecto, permitiu gerar novas relações entre a utilização, a produção e a criatividade. Os resultados atingidos demonstram não só um reforço significativo da imagem e do valor da pedra portuguesa, colocando-a na faixa dos “trendy materials”, como um estímulo ao aparecimento de novas oportunidades de novos projectos e novos negócios para este sector de actividade”, acrescenta a vice-presidente da Assimagra.
Este não é um capítulo que se encerra, antes pelo contrário. “Estão a ser preparadas algumas novidades, as quais serão divulgadas oportunamente após o fim da exposição, a 25 de Setembro”, revela Célia Marques.