NUMA dá o pontapé de saída na expansão para o mercado português
O edifício que durante décadas serviu de sede à Federação Portuguesa de Futebol será convertido no primeiro hotel digital do Grupo NUMA em Portugal. Este é o primeiro de vários negócios que estão no pipeline de investimento do grupo alemão e que têm as cidades de Lisboa e Porto como alvo

Manuela Sousa Guerreiro
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Lisboa será a primeira cidade portuguesa a juntar-se à lista de cidades europeias onde o grupo alemão NUMA está já presente. O grupo com sede em Berlim prevê inaugurar o seu novo hotel digital em Lisboa no segundo trimestre de 2024. O hotel irá ocupar a antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol, junto ao largo do Rato, em Lisboa. Um negócio possível depois do grupo ter entrado em acordo com os novos proprietários do edifício, uma joint venture de dois investidores de private equity, a Bizau Capital Partners e a ADMAR SCR, para a locação da antiga sede da FPF.
O novo hotel terá 77 quartos, que irão alargar a oferta da capital em mais 154 camas, totalizando 1600 metros quadrados.
O novo NUMA Lisboa será, à semelhança das outras unidades do grupo, totalmente digital. “Acabou o tempo de espera na recepção como acontece nos hotéis tradicionais. Isto poupa os hóspedes do hotel a muito stress, no caso de, por exemplo, precisarem de chegar rapidamente ao aeroporto. No hotel NUMA é possível fazer o check-out no táxi a caminho do aeroporto”, explicou o grupo ao CONSTRUIR.
Todos os serviços, tais como reservas, coordenação e marketing são geridos centralmente na sede do NUMA em Berlim. A coordenar estes serviços para todos os hotéis do grupo está uma equipa de “especialistas experientes em hotelaria”. Mas em cada cidade o grupo tem as suas próprias equipas, “que atendem imediatamente aos desejos dos hóspedes do hotel”. Um serviço que pode ser avaliado nos portais dos utilizadores.
Este conceito eficiente e contactless permitiu ao NUMA alcançar números recorde, mesmo em tempos de pandemia. O ano passado, segundo o grupo, a operação “gerou um crescimento das receitas de 500% com mais de 2.500 unidades (hoje em dia mais de 3.000 unidades), com uma taxa de ocupação de 85%, apesar da COVID, e 230% acima da média do mercado em toda a Europa”, revela o grupo ao Construir. Números que segundo os seus responsáveis atestam que “o modelo inovador NUMA provou ser resistente a condições de mercado mais desafiantes, como foi o caso do ano de 2021. O rápido crescimento do NUMA em toda a Europa mostra o quanto os mercados europeus estão à espera de soluções novas e inovadoras na indústria hoteleira”.
São estes números que o grupo sublinha na altura de estabelecer parcerias com investidores, proprietários, promotores imobiliários, e operadores hoteleiros para criar soluções baseadas em tecnologia. “Cerca de 80% dos processos hoteleiros tradicionais podem ser digitalizados, o que poupa não só tempo mas também recursos e custos fixos. Muitos operadores de hotéis tradicionais não terão outra escolha senão adaptarem-se”, defende o grupo.
Parcerias estratégicas nos mercados
“O Grupo NUMA é muito flexível. Em primeiro lugar, estamos interessados em contratos de arrendamento de longo prazo para grandes projectos, por exemplo, mais de dez anos, contratos de gestão e franquia e aquisições. Depende do caso particular e do parceiro. O Grupo NUMA está constantemente à procura de localizações nas principais cidades europeias, com uma área bruta de cerca de 500 a 8000 metros quadrados, com cerca de 10 a 250 unidades. Procura tipos de propriedades hoteleiras existentes ou potenciais, como hotéis ou edifícios de apartamentos comerciais ou para conversões de escritórios com a possibilidade de apartamentos de curta duração, espaços residenciais em cidades com licenças para aluguer de curta duração e projectos de desenvolvimento”, inúmera o grupo.
Ainda segundo o grupo a tecnologia desenvolvida permite um aumento de lucros “até 40%, para os para os operadores hoteleiros através dos processos de negócio automatizados, preços inteligentes, e taxas de ocupação mais elevadas. “Estamos a construir uma classe de activos para a nova geração de viajantes. O NUMA distingue-se dos hotéis tradicionais, tanto em termos de experiência dos hóspedes como de parceiros imobiliários. O nosso modelo permite um melhor retorno do investimento do que um hotel tradicional. Uma vez que este novo mercado é altamente atractivo, não partilhamos detalhes sobre as nossas parcerias”, sustenta.
O Grupo NUMA trabalha com empresas cotadas em bolsa como parceiros para fornecer financiamento, pelo que o valor do investimento só pode ser divulgado em “casos excepcionais”. Um desses casos excepcionais foi a parceria estratégica entre o NUMA e a LaSalle Investment Management, uma das empresas líderes em investimento imobiliário, que inclui um volume de investimento de 500 milhões de euros para aquisição, reforma e operação de unidades hoteleiras localizadas nos centros urbanos na Europa Ocidental. Identificados estão já 15 activos localizados no Reino Unido, Espanha, Itália e Holanda que representam um volume de investimento superior a 450 milhões de euros.
Portugal pode estar fora desta parceria, mas já despertou a atenção do grupo alemão. “Para o NUMA, Portugal é um dos mais importantes mercados europeus do futuro, com grande importância estratégica. Acreditamos que o nosso modelo de sucesso comprovado é perfeito para as características do mercado local em Portugal, como um destino de viagem altamente atractivo”, afirma o grupo.
“Logo no início da nossa entrada no mercado português, em Lisboa, estamos muito satisfeitos por podermos oferecer aos nossos futuros hóspedes, um edifício histórico que já foi frequentado pela selecção portuguesa e por futebolistas reconhecidos. Isto é exactamente o que o NUMA representa: experiências de viagem excepcionais para os nossos hóspedes, aquilo a que chamamos “estadias com alma”. O nosso objectivo claro com o NUMA é estabelecer uma geração completamente nova de hotéis e alojamentos de curto prazo, inovando também a indústria hoteleira em Portugal”.
Em Portugal, como em toda a Europa, o Grupo NUMA concentra-se em propriedades hoteleiras e comerciais em locais centrais das grandes cidades. “Temos como alvo os distritos movimentados e os principais locais com maior procura turística e de pessoas que viajam em trabalho”. Para além do NUMA em Lisboa, o Porto também está no topo das preferências do plano de expansão do Grupo em Portugal. “Outros projectos em Portugal também já estão no pipeline e iremos informar o público assim que os contratos forem assinados. Estamos sempre muito interessados em propostas que nos pareçam adequadas, especialmente nas cidades de Lisboa e do Porto”, salientam.
O culto da individualidade
A alimentar o crescimento e a preferência por este tipo de serviço estão os “turistas modernos” e, claro está “os viajantes em trabalho”, que privilegiam a rapidez, eficiência e facilidade que um serviço primordialmente digital oferece. “O número de viajantes aumentou com os vários AirBnB disponíveis. Agora estes têm mais dinheiro e procuram maior conforto, mas a procura por individualidade e autenticidade permanece ou até aumentou. As pessoas procuram por espaços com estilo arquitectónico moderno, não querem perder tempo nos balcões da recepção e também não querem estar presos a horários fixos para pequenos-almoços, mas sim ter a sua própria cozinha para realizar as suas refeições. Também procuram uma rápida ligação à Internet. E têm uma afinidade digital e apreciam a máxima flexibilidade”.