Palbit está a desenvolver ferramentas mais sustentáveis
Em conjunto com a universidade de Aveiro, a metalúrgica está a desenvolver um projecto tecnológico de I&D que permite reduzir o impacto ambiental nos processos de maquinação, através do desenvolvimento de ferramentas de metal duro com revestimento de diamante

Manuela Sousa Guerreiro
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O acrónimo ”DHardTools” dá nome ao projecto desenvolvido pela Palbit, em colaboração com o Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro que permite reduzir o impacto ambiental nos processos de maquinação, através do desenvolvimento de ferramentas de metal duro com revestimento de diamante funcional para micromaquinagem de materiais ultraduros, que possibilita a monitorização do processo através da implementação de sensores de temperatura.
O projecto de investigação baseia-se na introdução de boro na estrutura do revestimento de diamante com o intuito de aumentar a sua tenacidade e processar um sensor de temperatura. Através da utilização desses sensores é possível monitorizar a temperatura de forma a controlar o processo de micromaquinagem e assim aumentar o tempo de vida útil das ferramentas.
“O projecto encontra-se em fase final, com vista a preparação das actividades de acesso ao mercado. Estamos em condições de afirmar que iremos desenvolver novos produtos com base no conhecimento adquirido, promovendo esta tecnologia inovadora a uma escala global”, avança Daniel Figueiredo, membro do Conselho Executivo e responsável pelas áreas de investigação e desenvolvimento da Palbit. A empresa portuguesa é especialista no sector pulverometalúrgico onde actua há mais de um século como produtor de ferramentas de metal duro.
O desenvolvimento de ferramentas revestidas com diamante permite a sua utilização em algumas aplicações de maquinagem com quantidade mínima de lubrificante, traduzindo-se numa redução de lubrificantes em mais de 90%, e no aumento da eficiência em alguns grupos de materiais de reduzida maquinalidade, possibilitando uma redução no impacto ambiental da operação de maquinagem. “Esta é uma inovação tecnológica que permite à Palbit competir pelo valor acrescentado, através das mais-valias proporcionadas pela eficiência, bem como pela oferta de soluções mais sustentáveis e ecológicas”, sublinha o mesmo responsável.
A utilização de diamante nas ferramentas de metal duro permitirá também obter elevadas velocidades de corte e maquinação a seco, através das estruturas multicamada MCD/NDC (microcristalino/nanocristalino).
“Ainda que estejamos a explorar uma tecnologia bastante específica, o seu âmbito de aplicação é amplo. As indústrias que processam materiais não ferrosos por processo de maquinagem (automóvel, aeronáutica, moldes e engenharia em geral) terão efectivos benefícios na implementação desta tecnologia nos seus processos. Não obstante, outras aplicações poderão também beneficiar dos resultados desta inovação”, refere Daniel Figueiredo. Segundo o responsável “o nosso roadmap contempla actividades de investigação nas áreas de tratamento de águas contaminadas, dessalinização e produção de hidrogénio beneficiando das propriedades únicas do diamante industrial”.
Crescimento em 2022 motiva investimentos em 2023
O parque industrial da Palbit situa-se no Palhal, Albergaria-a-Velha. É aqui que se situa o centro tecnológico de fabrico e departamento de investigação e desenvolvimento de todos os produtos que alimentam a rede de distribuição à escala mundial. Todos os anos a empresa investe em média entre 4 a 5% do seu volume de negócio. “O maior foco tem sido as ferramentas de maquinagem e no desenvolvimento tecnológico de novos processos de fabrico, com uma performance e sustentabilidade superiores”, acrescenta Daniel Figueiredo.
A Palbit dá emprego a cerca de 260 pessoas e espera chegar ao final de 2022 com um volume de negócios de cerca de 26 milhões de euros, o que representa um crescimento de 30% face a 2021, para o que contribuiu a forte presença no exterior.
“A Palbit possui uma estratégia de fornecimento global, através de uma rede de distribuição com base em parcerias sólidas, de elevado valor acrescentado e com conhecimento técnico que permita um serviço de excelência ao end user. Os mercados alvo são diversos, dada a elevada abrangência das soluções de maquinagem, todavia poderemos destacar os sectores associados à mobilidade, aeronáutica, moldes e engenharia”, justifica Daniel Figueiredo.
O contexto nacional e internacional para os próximos meses será desafiante, mas a empresa portuguesa perspectiva crescimento da actividade. “Compreendemos que, independentemente dos desafios inerentes aos diferentes contextos socioeconómicos existem oportunidades e que esta só podem ser materializadas através de investimento, inovação e foco no Cliente”, refere Daniel Figueiredo. Assim, para 2023 “projectamos um crescimento acima dos 20%, dado o potencial de mercado das linhas de produto em fase final de industrialização. 25% do volume de negócios gerado em 2021 é resultante de projectos de I&D dos últimos 4 anos, pelo que estamos certos de que o contínuo investimento em inovação e em novos equipamentos estarão na base do crescimento sustentado do nosso negócio”, justifica o responsável pelas áreas de investigação e desenvolvimento da Palbit. Números que justificam a aposta continuada na “crescente qualificação e expertise das nossas equipas, garantindo uma especialização e formação cada vez mais distintas” e que será “materializada através de um plano de investimentos estimado em 3 milhões de euros”.