O investimento imobiliário global irá recuperar no segundo semestre de 2023
Na sua perspectiva global sobre o sector imobiliário para 2023, a equipa de Research da Savills World afirma que o aumento do valor do capital, na maioria dos sectores imobiliários de todo o mundo, será apenas marginal em 2023, mas a expectativa é que a actividade de investimento recupere no segundo semestre
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Numa actualização do relatório Impacts, o programa global de investigação da Savills, a consultora afirma esperar que a actividade de investimento recupere na segunda metade de 2023, à medida que as perspectivas económicas melhorem, e que se normalize de acordo com os níveis médios a longo prazo. A “quantidade de dinheiro” disponível para investimento imobiliário, que no final de 2022 era de 828 mil milhões de dólares, observou uma diminuição year-on-year, mas ainda assim, 80% superior relativamente aos níveis de 2019 / pré-Covid-19.
Para contrariar o baixo valor de capital e o crescimento moderado do arrendamento, a Savills acredita que os investidores se concentrarão nas escolhas core e nas estratégias de value-add (reajustamento, reposicionamento, enfoque nas lacunas da oferta).
Nesse sentido, é esperado que os escritórios de primeira linha, em localizações prime CBD, em mercados centrais (Londres, Paris, Berlim, Tóquio, Singapura, Sidney) com taxas de ocupação elevada, mantenham sua atractividade para abordagens core/core plus, com foco na eficiência energética, na excelência do design e na certificação verde, apesar desta oferta permanecer reduzida. Ainda neste segmento, o arrendamento prime pode aumentar em vários mercados-chave, numa combinação de pressões inflacionistas e de disponibilidade limitada de stock para a classe alta.
A logística de primeira linha nos principais trade hubs e em países com taxas de penetração de crescimento do comércio electrónico continuará a estar no topo das estratégias dos investidores. Embora a procura seja expectável que abrande após a actividade dinâmica verificada durante a pandemia Covid-19, a baixa taxa de disponibilidade e a pressão ascendente sobre as rendas deverão ser mantidas.
O segmento Multifamily é uma das poucas classes de activos em que os proprietários podem reajustar regularmente as rendas para captar o crescimento, com propriedades construídas de raiz em alguns mercados igualmente isentas dos regulamentos de arrendamento. Carências estruturais e níveis relativamente baixos de novas construções residenciais em grandes cidades dos EUA, Japão, Alemanha, Austrália, Reino Unido, Escandinávia, Espanha e França irão impulsionar o retorno dos rendimentos, embora a acessibilidade dos preços esteja a tornar-se cada vez mais uma questão política.
As estratégias de valor acrescentado, incluindo a adaptação de edifícios de escritórios mais antigos a padrões ecológicos e o reposicionamento de bens com elevadas taxas de ocupação em utilizações alternativas, incluindo a área da saúde, residencial e hotéis, continuarão na vanguarda em 2023; no entanto, os elevados custos de construção e de renovação permanecerão uma grande adversidade para os investidores que procuram rendimento.
O aumento das taxas de juro e a tendência de correcções de preços, pode desencadear algumas perturbações nas vendas, embora em menor grau do que durante a crise financeira de 2007-2009, uma vez que os níveis de progressão são mais baixos. É provável que os investidores com perfil oportunístico tirem partido de activos com valor a longo prazo através de uma gestão dinâmica de activos e de reposicionamento, em especial redireccionando o retalho e os escritórios para localidades secundárias nas principais cidades (EUA, Reino Unido, Austrália), para fins residenciais, hotéis, área da saúde, logística de etapa final ou utilização mista.
As modificações estruturais, incluindo a inovação tecnológica, os riscos das alterações climáticas e a demografia, continuam atractivas para certos tipos de activos alternativos. As maiores apostas da Savills incluem centros de dados e de saúde nos EUA, Reino Unido, Europa, Índia, China e Austrália, mercado senior e residencial nos EUA, Reino Unido, Europa, Japão e Austrália, e infraestruturas de energias renováveis em todas as geografias.
, afirma: “A realidade é que, no início de 2023, uma enorme quantidade de capital continua à espera de ser aplicado em bens imobiliários em todo o mundo. Embora neste mercado os compradores estejam mais cautelosos e precisem potencialmente de explorar mais planos de negócios específicos de activos, na ausência de uma generosa viabilização de dinheiro, e com o retorno de crescimento do investimento no mercado do arrendamento, as perspectivas a longo prazo dos imóveis como classe de activos de investimento permanecem robustas. A actual oportunidade de adquirir activos de primeira categoria, em todos os sectores, a preços com algum desconto, é convincente para muitos investidores”, constata Rasheed Hassan, Head da Savills Global Cross Border Investment.
“Para 2023 antevemos que as decisões de investimento sejam tomadas com mais cautela, com uma estratégia mais pronunciada de wait and see. O aumento dos custos de financiamento estão a criar um desequilíbrio de expectativas entre compradores e vendedores. Os activos de escritórios vão sempre permanecer no topo das preferências dos investidores. Mas, vamos assistir a uma maior diversificação das carteiras como estratégia adoptada pelos investidores que desejem equilibrar o seu grau de exposição, tais como o investimento em segmentos residenciais e alternativos, nomeadamente os de senior living, health care e student housing, uma vez que existe uma falta de oferta existente no mercado”, sublinha Alexandra Portugal Gomes, Head of Research & Communications da Savills Portugal