Amélia Estevão, directora de Marketing da Exponor, tem a seu cargo a gestão de mais uma feira: a MaisConcreta23. O certame tem um formato diferente do habitual, com menos expositores e num lugar diferente, trocando as instalações do parque de feira da Exponor em Matosinhos, pela Alfândega do Porto. Durante dois dias o certame irá mostrar e debater o contributo da fileira da Construção num “Futuro” que terá que ser, seguramente “Ecológico”.
Há um ano que esta edição está a ser preparada, inaugurando um novo formato. Todos os objectivos inicialmente traçados foram cumpridos?
Estamos a preparar este evento há mais de um ano, num esforço colectivo para apresentarmos uma oferta premium. Todo o processo acabou por seguir um rumo bastante natural, até porque já trabalhávamos com o arquitecto e professor Diogo Aguiar enquanto curador da Concreta, por isso a escolha para conceber este formato recaiu, uma vez mais, no seu nome.
A ideia inicial surgiu com a necessidade de desenvolvermos um formato em que a arquitectura e o design português tivessem o papel principal. Quanto ao tema “Futuro é Ecológico”, foi pensado como resposta aos desafios que a arquitectura, o próprio sector da construção e a sociedade estão a viver.
Destaco ainda que não trabalhámos este mote apenas na sua conceptualização, mas também na sua estrutura. Temos consciência de que a organização de um evento tem um impacto na pegada ecológica, por isso este evento teve como premissa a diminuição desse impacto, desde logo com a abolição da alcatifa, na utilização de andaimes como estrutura de stands, facilmente reutilizáveis, e ainda na redução do papel em toda a comunicação.
A escolha foi criteriosa, desde o início, queríamos ter “Crème de la Crème” das empresas portuguesas que estão na vanguarda da arquitectura e design, com propostas de valor acrescentado nos mais variados segmentos, que vai da domótica, dos pavimentos, dos revestimentos, do banho, das cozinhas, às janelas e portas”
Quantas empresas estarão presentes e como foram seleccionadas? Houve quem ficasse de fora?
A escolha foi criteriosa, desde o início, queríamos ter “Crème de la Crème” das empresas portuguesas que estão na vanguarda da arquitectura e design, com propostas de valor acrescentado nos mais variados segmentos, que vai da domótica, dos pavimentos, dos revestimentos, do banho, das cozinhas, às janelas e portas.
Tendo em conta que a MaisConcreta23 foi desenhada para receber apenas fabricantes e marcas portuguesas, tivemos necessidade de recusar algumas, nomeadamente, marcas e empresas internacionais.
O que podemos esperar desses dois dias de feira? Ela será aberta ao público?
O evento é dirigido a profissionais e, mais do que uma exposição de arquitectura e design, será um ponto de encontro do sector reforçando relações de confiança e proporcionando momentos de networking. Na Alfândega do Porto, apresentaremos uma área expositiva muito diversificada e com novidades nas áreas da sustentabilidade, dando conta do esforço e caminho que as empresas estão a fazer nesse sentido.
Paralelamente, estão a ser desenvolvidas, em parceria com a Ordem dos Arquitectos da Região Norte e os DepA Architets, um ciclo de conferências que apresentarão novas abordagens da arquitectura. Nesta edição, lançámos um desafio “Movimento +Concreta” como uma reflexão sobre aquilo que queremos agregar ao sector com este Mais/+: mais sustentabilidade; mais circularidade; mais produtos autóctones, mais criatividade; mais contactos; mais cor; mais trabalho em equipa. Entre os dias 16 e 17, o programa completa-se com diversos momentos de partilha, visitando diversos temas da actualidade da arquitectura e do design.
A Concreta 2024 vai para a sua 31ª edição e o tema vai na continuidade da MaisConcreta23: ‘Descarbonização da Arquitectura e Engenharia’”
Uma feira intimista e objectiva
Qual a receptividade das empresas e do sector a este novo formato mais intimista?
A receptividade tem sido muito interessante, porque permite reunir o perfil de visitantes que os expositores procuram, sobretudo, os gabinetes de arquitectura e os designers.
Um evento mais pequeno concentra-se em nichos específicos e em temas especializados, práticas mais conscientes e ecológicas, atraindo um público profissional mais segmentado e interessado, garantindo que as informações compartilhadas sejam altamente relevantes para os participantes.
O tema “O Futuro é Ecológico” é uma antevisão do que podemos esperar da edição de 2024 da Concreta?
A Concreta 2024 é uma feira de construção, engenharia e arquitectura já consolidada, que vai para a sua 31ª edição. O tema da Concreta vai na continuidade do tema da MaisConcreta23: “Descarbonização da Arquitectura e Engenharia”.
Alinhado com o panorama internacional, Portugal assumiu o compromisso de atingir a neutralidade carbónica em 2050. Os vários sectores da sociedade terão de demostrar resiliência e inovação na eminente resposta a novos desafios. Uma vez que o sector da construção, de grande importância na economia nacional, é um dos principais emissores de CO2, a CONCRETA 2024 desafia as empresas e os profissionais a implementar a “Descarbonização da Arquitectura e Engenharia”
Do ponto de vista da organização Exponor, qual a vantagem e o que retiram de eventos de menor dimensão e que não são de massas?
Com base na nossa experiência, eventos de menor dimensão permitem interacções mais próximas entre expositores e visitantes, estimulando relações e negócios.
De modo a tirarmos proveito desta característica, organizaremos também um jantar, a 16 de Novembro, para networking. Este momento poderá proporcionar a parceiros, expositores e visitantes oportunidades de negócios valiosas. Além disso, os participantes têm mais possibilidades de se envolver activamente nas actividades, nomeadamente nas conferências. Podem participar em reflexões, discussões e interagir directamente com os oradores, tornando a experiência com mais significado.
A afirmação da descarbonização da Construção
Diogo Aguiar (Atelier Diogo Aguiar Studio)“O Futuro é Ecológico”! É a partir desta afirmação que se desenvolve a MaisConcreta23. Um mote para abordar a problemática da pegada de carbono de que o sector da construção é responsável ao mesmo tempo que pretende dar a conhecer empresas que estão a desenvolver soluções que contribuem para a descarbonização da fileira. “Perante cenários mais ou menos catastróficos, a construção ecológica já está hoje a ser impulsionada por financiamentos e pela própria legislação. Temos, de facto, que repensar a forma como temos construído e passar a fazê-lo de um modo muito mais consciente”, justifica Diogo Aguiar. O arquitecto, fundador do atelier Diogo Aguiar Studio, e professor na faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, foi o curador do certame, da mesma forma que anteriormente esteve ligado à edição de 2022 da Concreta e à Bienal de Veneza 2023, que tiveram em evidência a problemática e o desafio que se colocam aos profissionais do sector. A consciência leva à acção e ao “Futuro” que já está em marcha. “Vivemos um tempo muito acelerado e em que o que fazemos hoje tem impacto directo na definição do amanhã. As novas gerações de arquitectos e de profissionais da área estão, de facto, muito preocupadas com o impacto das suas práticas na transformação/destruição dos ecossistemas do planeta e precisam da colaboração de todo o sector da construção na persecução de práticas mais conscientes e ecológicas”, sublinha Diogo Aguiar.
Nesse sentido, as marcas e empresas, nacionais, que marcam presentes irão responder ao desafio lançado. “Esta feira procura perceber de que forma os produtos, as marcas e as empresas portuguesas se posicionam perante a inviabilidade de sermos necessariamente mais ecológicos. Consciente da pegada de carbono do sector da construção (um dos principais emissores de CO2), o evento MaisConcreta23 quer dar a conhecer as estratégias e os produtos que fabricantes e marcas portuguesas estão a desenvolver hoje para contribuírem para a descarbonização da arquitectura num futuro próximo”, avança Diogo Aguiar.
A MaisConcreta2023 foca-se em produtos, marcas e empresas portuguesas, na área dos acabamentos e design de interiores. Está confirmada a presença de cerca de quatro dezenas de empresas uma dimensão reduzida face a feiras como a Concreta, “que se foca na construção num sentido mais generalizado e que acontece, a cada dois anos, na Exponor e, nesse sentido este evento, tem necessariamente uma dimensão mais reduzida do que a Concreta”, refere Diogo Aguiar.
A proposta temática estende-se à forma como a feira será equipada, procurando dar “o bom exemplo” o certame será montado “a partir da reutilização de estruturas de andaimes que, após evento, reintegrarão o seu normal ciclo de vida”.