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    Andreia Garcia, arquitectura e curadora
    Créditos foto: Frameit

    Arquitectura

    ‘Fertile Futures’ ou uma viagem através de sete territórios da água

    A presença portuguesa na Bienal de Veneza em 2023 percorre os caminhos da água em diferentes hidrogeografias. Identificadas pela importância que representam para o território, como pelas problemáticas ecológicas, sociais, económicas e políticas que têm levado à sua deterioração

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    ‘Fertile Futures’ ou uma viagem através de sete territórios da água

    A presença portuguesa na Bienal de Veneza em 2023 percorre os caminhos da água em diferentes hidrogeografias. Identificadas pela importância que representam para o território, como pelas problemáticas ecológicas, sociais, económicas e políticas que têm levado à sua deterioração

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    ‘Fertile Futures’ expressa o entendimento sobre o “Laboratório do Futuro”, tema proposto por Lesley Lokko para a 18ª Exposição Internacional de Arquitectura – Bienal de Veneza 2023, que convoca, “mais do que a oportunidade de produzir conhecimento sobre um conjunto de temas urgentes à sociedade e ao planeta, também um modo específico de fazer”, discutindo e propondo estratégias para a gestão, reserva e transformação de água doce.

    Contribuindo para uma discussão que é comum e global, ‘Fertile Futures’ problematiza a escassez e gestão deste recurso, a partir do território português. Com foco em sete hidrogeografias, ‘Fertile Futures’ apresenta no Palácio Sinel de Cordes, em Lisboa, os resultados desta investigação multidisciplinar, uma iniciativa coordenada por Andreia Garcia e explicada em entrevista à TRAÇO.

    Os sete casos em estudo exemplificam a acção antropocêntrica sobre os recursos hídricos na Bacia do Tâmega, Douro Internacional, Médio Tejo, Albufeira do Alqueva, Perímetro de Rega do Rio Mira, Lagoa das Sete Cidades e nas Ribeiras Madeirenses.

    De regresso a Lisboa

    Um ano depois, ‘Fertile Futures’ regressa a Lisboa para partilhar, para além da exposição principal que esteve em Veneza, os conhecimentos acumulados ao longo das Assembleias de Pensamento, disseminadas pelo País, e do Seminário Internacional de Verão, realizado no Fundão.

    Inaugurada em Janeiro, a exposição irá manter-se no Palácio Sinel de Cordes até 27 de Abril, onde se encontram expostos os trabalhos realizados pelas equipas artísticas Corpo Atelier, Dulcineia Santos Studio, Guida Marques, Ilhéu Atelier, Pedrêz, Ponto Atelier e Space Transcribers, bem como contributos que decorreram das Assembleia de Pensamento.

    Andreia Garcia recebeu a TRAÇO neste espaço, onde nos fez uma visita guiada através dos territórios ali representados permitindo-nos conhecer uma versão “mais completa” da exposição.

    Que tipo de exposição temos aqui?

    Esta exposição não é exactamente a mesma que esteve em Veneza. É uma exposição mais completa. Além de todos os conteúdos que estiveram expostos no Palácio Franchetti desde Maio de 2023 em Veneza, conta, ainda, com a dimensão da segunda fase do laboratório, que correspondeu ao Seminário Internacional de Verão, situado no Fundão, onde, durante 15 dias, estivemos com alunos dos cinco Continentes a trabalhar, em contexto real e sobre a problemática da escassez de água doce com as mesmas sete equipas de arquitectura que estiveram representadas.

    Mais do que mostrarmos projectos acabados, foi importante explicarmos as reflexões multidisciplinares que, aqui na exposição, estão representadas por imagens, textos e maquetes, assim como pelo documentário, desenvolvido pelo canal 180, com a direcção do Joaquim Mora, que nos acompanhou desde o início do projecto.

    O Seminário, no fundo, foi o culminar do laboratório?

    O Seminário foi a segunda fase deste laboratório, que contou ainda com cinco Assembleias de Pensamento que aconteceram no decurso do projecto. Exatamente um ano depois da primeira Assembleia de Pensamento, inauguramos aqui no mesmo espaço a itinerância da exposição. Por isso, esta exposicão, para nós, é muito importante, porque apresenta o culminar desse processo laboratorial que procurou ser inclusivo e aberto. Além de montarmos um projecto com equipas de trabalho multidisciplinares, procurámos representar todo o País e, onde estão, pela primeira vez, ambas as ilhas – arquipélago dos Açores e o arquipélago da Madeira.

    É expectável que este ciclo tenha continuidade?

    A itinerância pode trazer consigo outros momentos, outra produção de conhecimento, que naturalmente poderão depois verter noutras configurações e noutras mostras, noutros perfis e até noutras geografias. Esta é a ideia. Neste momento existem alguns convites para pensar o futuro do projecto noutros contextos, mas está tudo em aberto. Importará referir que têm sido muitas as investigações de carácter mais académico que se têm debruçado sobre os conteúdos desenvolvidos pelo Fertile Futures.

    Aliás, para mim uma curadoria é isso. É a produção de conhecimento, e mais do que o resultado, importa o processo a partir da investigação.

    Numa perspectiva de continuidade considera ser possível alargar este laboratório a outros territórios?
    O projecto foi pensado nestes contextos a partir de sete hidrogeografias específicas, mas, como disse, há outros projectos de investigação que já derivam deste trabalho. Nesse sentido, poder-se-ia considerar que estamos a caminhar para uma nova fase. Ou seja, num curtíssimo espaço de tempo já há quatro dissertações de mestrado e uma tese de doutoramento que se focam no projeto ‘Fertile Futures’. Portanto, há uma contaminação positiva, de certa forma, e uma sensibilização para estas questões a vários níveis, também académicos.

    Entendemos a Arquitectura como entidade mediadora, capaz de atentar a um problema, de o contextualizar e estudar e, depois, recorrer a múltiplas estratégias de acção algumas das quais a partir de cenários eventualmente ficcionáveis

    Que mensagem pretendem passar com este projecto?

    Aquela que será talvez a maior é alertar e sensibilizar para as consequências do consumo desenfreado, da extracção, da errada distribuição dos recursos hídricos, e de certas medidas politicas, que tendencialmente demonstram mais enfoque no capital do que na salvaguarda do nosso território.

    O facto de entretanto percebermos que estas questões estão a despertar a atenção politica, mesmo que a um nível regional, é também positivo, porque nos dá a esperança de que possa haver permeabilidade para o diálogo entre as várias partes envolvidas, o que, aliás, foi o que sempre se pretendeu com o projecto.

    Nesse sentido, importa referir, por exemplo, que algumas das equipas de arquitetura estão já a trabalhar com os municípios para pensar em estratégias que possam contribuir para a reversão de alguns dos problemas enunciados a partir de trabalhos de campo multidisciplinares.

    Essa profunda preocupação é também importante para percebermos que precisamos de chamar até à arquitectura outros conhecimentos, outras áreas de especialidade com o propósito de trabalharmos em conjunto e, por isso, de um modo mais informado. No caminho que temos percorrido com esta Bienal de Veneza também conseguimos perceber que para encontrarmos mais respostas para os problemas enunciados, teremos de ensaiar novas perguntas capazes de complexidades múltiplas.

    Que papel pode ter a arquitecto neste alerta?

    Entendemos a Arquitectura como entidade mediadora, capaz de atentar a um problema, de o contextualizar e estudar e, depois, recorrer a múltiplas estratégias de acção algumas das quais a partir de cenários eventualmente ficcionáveis, mas que nos sugerem que, na prática, há ainda muito a fazer na ponderação da relação da humanidade com os escossistemas naturais.

    Nesta exposição fica claro que a arquitectura também é política. E que os arquitectos devem ter um papel no planeamento do território e na gestão dos seus recursos, para lá de interesses meramente económicos.

    Temos consciência que a arquitectura, individualmente, não tem capacidade para actuar sozinha na resolução dos problemas e, por isso, convocámos igualmente especialistas das áreas da geografia, da engenharia hidráulica, do paisagismo, da sociologia, da antropologia, da economia, entre outras áreas de conhecimento.

    Com este projecto pretendemos alertar e sensibilizar para as consequências do consumo desenfreado, da extracção, da errada distribuição dos recursos hídricos, e de certas medidas politicas, que tendencialmente demonstram mais enfoque no capital do que na salvaguarda do nosso território

    Porquê ter como ponto de partida diferentes hidrogeografias?

    As diferentes hidrogeografias representam diferentes territórios onde é evidente a acção humana sobre os recursos hídricos. Os sete casos em estudo contam-nos sete histórias sobre o país. Às equipas de projecto foi pedido que se debruçassem sobre cada uma das problemáticas dessas histórias e ensaiassem futuros mais férteis.

    Sendo caso específico do território português, podem, no entanto, ter múltiplos paralelos com outros semelhantes em outros pontos do Mundo. Lendo as hidrogeografias em Portugal e a partir do território português, percebemos claramente que queríamos apontar questões globais.

    Quem está no poder politico actualmente está mais sensível a estas questões?

    Naturalmente, há metas internacionais e essas metas apontam-nos objectivos concretos. Hoje em dia, se não mudarmos as nossas práticas, seja a nível científico ou profissional, ou até doméstico, essas metas não vão ser cumpridas. Definem-se muito objectivos, mas com o objectivo de os alcançarmos assistimos à implementação de medidas contraditórias que muitas vezes levam à exploração desmedida do solo e à errada distribuição dos seus recursos. O poder político necessita de uma prática consciente, focada no longo prazo e na preservação dos ecossistemas. Nenhuma prática é isenta de erros no seu caminho, mas terá de ambicionar fazer melhor e não repetir equívocos.

    Lagoa das Sete Cidades (Ilhéu Atelier)

    Créditos foto: Frameit

    A Lagoa das Sete Cidades é o maior reservatório natural de água doce do arquipélago dos Açores e também uma das sete maravilhas naturais de Portugal. Apesar de romantizada, a atividade agropecuária é responsável pela degradação acelerada dos ecossistemas no território da bacia e na água das lagoas. O desmedido uso de fertilizantes para a produção de pastagens dá origem a processos de eutrofização, causando significativas emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, bem como a deterioração do equilíbrio bio-físico-químico da água, inviabilizando a sua utilização. A proposta explora a (re)imaginação utópica da região, combatendo o principal foco de poluição das lagoas açorianas, ao reconsiderar criticamente o uso do solo, em direta articulação com as dimensões sociais, culturais, patrimoniais e naturais que definem a paisagem dos Açores.

    Para repor a qualidade da água, o modelo propositivo apresentado considera remover do território o elemento poluidor das lagoas, ponderando todos os impactos em articulação interdisciplinar, de modo a garantir oportunidades mais sustentáveis. Manipulando as (in)tangibilidades do futuro, os diferentes discursos complementam-se e contribuem para outras visões do lugar, especulando sobre cenários fictícios. O granel, reconhecido elemento da arquitetura vernacular das Sete Cidades, é descontextualizado para albergar o símbolo da indústria agropecuária – a vaca. O arquétipo, tradicionalmente identificado como protetor dos bens agrícolas do solo, vê o seu propósito ironicamente invertido, para proteger o território dos efeitos nefastos da agropecuária.

    Ribeiras Madeirenses (Ponto Atelier)

    Créditos foto: Frameit

    A repetida ocorrência das aluviões nas Ribeiras Madeirenses evidencia o preço a pagar pela urbanização rápida e não planeada do território, agravada pelos cada vez mais frequentes picos de precipitação, fruto das alterações climáticas, cuja responsabilidade redobrada caberá também ao desenfreado e carbonizado sector da construção. O desafio implica a reflexão crítica sobre o trauma associado a estes eventos, desenvolvendo hipóteses de revitalização das linhas de água, hoje fortemente artificializadas, recuperando a resiliência entretanto perdida.

    A partir de uma releitura crítica das Ribeiras Madeirenses, quatro atos expectantes evocam quatro temporalidades que sinalizam transformações nas ribeiras da Madeira em resultado da ação antrópica. Unidos pela linha do desenho do corpo da água, esses atos reinscrevem: a imagem de um tempo pretérito em que a natureza vibrante das ribeiras participava verdadeiramente na vida da cidade; a imagem do tempo catastrófico das aluviões que, vindo do passado, atravessa o presente e ameaça o futuro; a imagem de um presente contínuo em que a vibração dessa vida urbana foi erradicada das ribeiras, numa tentativa de apagamento; e, por fim, a imagem de um tempo futuro que poderá existir e que procura recuperar o potencial latente destes corpos de massa líquida. Procurando na leitura territorial a possibilidade da experimentação de espaços de contenção, retenção e (re)condução para o redesenho do caminho da água, ensaiam-se, a várias cotas, construções topográficas de reconciliação entre o ser humano e a água.

    Bacia do Tâmega (Space Transcribers)

    Créditos foto: Frameit

    A água da Bacia do Tâmega, outrora base de culturas de regadio, é hoje o principal recurso de uma das maiores instalações de energia hídrica verde da Europa. O Sistema Eletroprodutor do Tâmega, conhecido como Gigabateria, trouxe transformações significativas a esta região, tornando evidente o contraste entre dois modos de gerir água: como recurso e bem comum local e enquanto produto mercantil para a criação de energia. Ao explorar formas de articulação entre diferentes escalas e tempos presentes neste território, ativa-se o diálogo, a partir da capacidade mediadora da arquitetura, procurando mitigar o impacto da metamorfose do território, flora, fauna e da vida humana locais.

    Uma hidro-metodologia, materializada em práticas espaciais críticas, combina a análise imersiva e o jogo performativo como proposta arquitetónica para reimaginar o conceito de comuns na gestão hídrica do Tâmega. A investigação analítica, aqui denominada de hipertexto do Tâmega, potencia os contrastes e as ligações entre arquiteturas hídricas da região, os distintos modos da sua gestão e as suas relações com humanos e não-humanos. Recorrendo a hidro-artefactos, a play tour – performada e jogada em Março de 2023 e registada em filme documental – revela métodos poéticos que procuram reconciliar tensões hídricas existentes, enquanto aponta caminhos para o desenho de diálogos que antecipam futuros mais comuns sobre o Tâmega e além.

    Douro Internacional (Dulcineia Santos Studio)

    Créditos foto: Frameit

    A investigação concentra-se na cota alta das margens do Douro Internacional, região paradigmática da relação de dependência e partilha entre Portugal e Espanha, sublinhando a relevância da água na conservação do solo e dos ecossistemas, para além do seu uso enquanto recurso energético e bem essencial para consumo humano. Contribuindo para o combate à desertificação de uma zona crescentemente despovoada, propõe-se a reaprendizagem de técnicas ancestrais e sistemas naturais, e a recuperação da dimensão simbólica dos elementos naturais.

    Uma visão para a preservação da água doce é contada através das raízes da árvore de um Freixo, sobre as quais peças cerâmicas foram moldadas para dar a ver o corpo invisível do chão, trazido aqui por meio de um substituto – um tapete de terra. O solo é o reservatório do futuro, para água e vida: um conceptáculo vivo, mineral e orgânico, onde raízes de árvores se entrelaçam num diálogo de formas que se complementam e desaceleram, espalham e infiltram a água. Trata-se de um sistema complexo e inteligente, de estrutura esponjosa e em permanente mudança, engendrado localmente, e cuja expressão resulta das forças dos diferentes ecossistemas coabitantes, na luta por comida e reprodução da espécie. O “chão como reservatório” é a lição do Douro Internacional para outros lugares, e a evidência de que apenas um saber local, partilhado e multidisciplinar, poderá conseguir ler e reconhecer o potencial de cada chão, daquilo de que é feito e de que precisa.

    Médio Tejo (Guida Marques)

    Créditos foto: Frameit

    O impacto da indústria mineira é manifesto na região do Médio Tejo, nomeadamente na contaminação da água do rio Zêzere e lençóis freáticos de modo alargado. A constatação do elevado nível de metais pesados, acima do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, é particularmente grave num momento em que se considera a hipótese do seu transvase, para aumentar o caudal do rio Tejo e garantir o abastecimento de água na área metropolitana de Lisboa. Repensando as políticas e prioridades do extrativismo, a proposta defende a renaturalização progressiva da paisagem, num processo- -manifesto de recuperação e descontaminação, a partir das ferramentas políticas e ativistas da arquitetura.

    A Arquitetura também se faz de manifestos e da coragem para reparar. A partir de registos escritos e performativos, expressa-se uma forte relação de proximidade e intimidade com o território, sensível ao passado e preocupada com um futuro expectante, na urgência de uma nova ação sobre o mundo. A partilha ambiciona unir dispositivos e formas, memórias, inquietações e angústias, para sensibilizar o pensamento e o corpo de quem lê, ouve e vê: a palavra também constrói, o corpo também é lugar. Pela partilha do sensível, reativa-se o afeto.

    Albufeira do Alqueva (Atelier Pedrêz)

    Créditos foto: Frameit

    Apresentada politicamente como caso exemplar, a Albufeira do Alqueva é responsável pela transformação extrema de uma paisagem – de sequeiro a regadio –, com a criação do maior lago artificial da Europa. A sua água permite dar resposta às necessidades energéticas emergentes, incentivar a crescente atratividade turística e, sobretudo, contribuir para a alta produtividade do agronegócio instalado, simultaneamente responsável pela contaminação e superexploração dos solos. Operando sobre as consequências desta alteração e atenta aos impactos na diversidade dos ecossistemas, estruturas patrimoniais e desigualdades sociais, a proposta explora a dimensão operativa e técnica da arquitetura, no desenvolvimento de dispositivos de descontaminação e produção de solo, na antevisão do futuro daquela região.

    De forma ficcional, encena-se um futuro próximo onde a albufeira do Alqueva deixará de existir, dando lugar a um barreiro deserto rodeado por uma floresta exuberante de características únicas: um manto vegetal, formado por um tecido de bolsas circulares de vegetação capazes de reter quantidades de água equivalentes à que existiu outrora no lago. Artefacto para regeneração do solo é um invento construído em aço pela Pedrêz que, a partir da transformação de resíduos decorrentes da agro-indústria em energia térmica, hidrogénio, e carvão, possibilita a purificação da água e a produção de biofertilizante. A resposta concreta de regeneração social e ambiental, através da ação simples e continuada do ser humano na paisagem, reposiciona-o como elemento consciente e gerador de fertilidade.

    Perímetro Rega do Rio Mira (Corpo Atelier)

    Créditos foto: Frameit

    O Rio Mira é envolvido por um largo perímetro de rega atualmente dominado por investimentos e interesses exógenos, impostos aos modelos de exploração agrícola instalados, de menor escala ou ambição. Tirando proveito das redes preexistentes, as explorações de alto rendimento contribuem para o desigual acesso aos recursos hídricos, bem como para a contaminação de solos e água, pela introdução de agroquímicos aceleradores. Ao mesmo tempo, a sua viabilidade assenta na superexploração de trabalhadores imigrantes, agentes ocultos, sujeitos a condições precárias de trabalho e habitação. A proposta advoga o potencial político da arquitetura, a partir da denúncia das situações de exploração e sobreposição, alertando para a ausência de regulação deste sistema.

    Aceitando a incapacidade da Arquitetura para encontrar uma resposta à complexidade desta problemática, avança-se uma instalação-denúncia que, pela sua dimensão poética, procura sensibilizar a consciência global para as questões sociais, ecológicas, administrativas e económicas em debate. Enquanto símbolo da distribuição desejavelmente democrática da água pelo território e pela população que o habita, o aqueduto, aqui incompleto, partido e fragmentado, evidencia a sua própria disfuncionalidade e despropósito. Este objeto mobilizador procura esclarecer a matriz da problemática no acesso à água nestas paisagens, imaginando três momentos distintos: junto à barragem de Santa Clara; num território natural e indefinido; e junto à foz do Rio Mira, onde a grande parte das explorações agrícolas de alto rendimento se aglomeram.

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    PRR: Comissão assume que será “impossível” cumprir as metas previstas para 2026

    A demora excessiva na emissão de pareceres ou autorizações necessárias para a concretização de investimentos, a escassez de recursos humanos em vários beneficiários intermediários, a falta de regulamentação em alguns sectores, os atrasos nos pedidos de pagamento ou de alteração dos projetos (causados pela ineficácia das plataformas digitais), a não operacionalização do mecanismo do IVA, mas também o facto de alguns concursos terem ficado desertos, levando ao lançamento de novos procedimentos com preços base mais elevados, são os principais entraves à boa execução do PRR

    O presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência não foi necessariamente taxativo mas, em rigor, nem precisava de o ser. Em conferência de imprensa, onde apresentou o quatro relatório de acompanhamento aos progressos de implementação do PRR, Pedro Dominguinhos assume como “praticamente impossível o cumprimento de todas as marcas e marcos nos prazos previstos, a não ser que exista a conjugação de condições muito favoráveis no tempo”, o mesmo será dizer, uma reprogramação à escala europeia deste pacote de medidas que implique, entre outras medidas, o alargamento dos prazos para lá de 2026.

    O relatório agora conhecido aponta, desde logo, que 27 dos 103 investimentos analisados pioraram o seu estado entre Novembro de 2023 e fim de Junho de 2024. Em detalhe, a entidade presidida por Pedro Dominguinhos considera 31 preocupantes (30%) e nove (9%) críticos, quando no primeiro relatório de 2023 apontava para 21 (23%) investimentos preocupantes e três (3%) críticos.

    É necessário “aproveitar todo o prazo disponível do PRR”, defendeu Pedro Dominguinhos, presidente da CNA-PRR, na apresentação do último relatório de acompanhamento.

    “Temos vários investimentos que se irão concluir por contrato em dezembro de 2025 e é fundamental fazer uma análise”, disse, destacando que o pedido de pagamento previsto para dezembro de 2025 “tem 143 metas e marcos, são mais do que os que já cumprimos até este momento e tem 3.200 milhões de euros envolvidos”.

    Tendo em conta este cenário, Pedro Dominguinhos referiu que seria “adequado que o Governo faça uma análise da exequibilidade ou se eventualmente é possível, garantindo o cumprimento e liquidez necessária, prorrogar três ou seis meses” o prazo, destacando que “esses meses adicionais seriam fundamentais”.

    No relatório, a CNA-PRR recomenda assim que “seja estudada a possibilidade, de acordo com os regulamentos em vigor, e em estreita articulação com a Comissão Europeia, de que os investimentos que tenham como data final dezembro de 2025, possam ser estendidos até junho de 2026, com análise casuística e devidamente justificada”.

    A demora excessiva na emissão de pareceres ou autorizações necessárias para a concretização de investimentos, a escassez de recursos humanos em vários beneficiários intermediários, a falta de regulamentação em alguns sectores, os atrasos nos pedidos de pagamento ou de alteração dos projetos (causados pela ineficácia das plataformas digitais), a não operacionalização do mecanismo do IVA, mas também o facto de alguns concursos terem ficado desertos, levando ao lançamento de novos procedimentos com preços base mais elevados, são os principais entraves à boa execução do PRR.

    De acordo com a Comissão de Acompanhamento, à medida que se aproxima o prazo limite, “é cada vez maior a pressão para que os projetos sejam executados e a atenção à rapidez e qualidade das respostas que os beneficiários intermediários prestam aos finais não deve ser negligenciada”.

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    Grupo Casais lança formação para Técnico Superior Profissional

    O curso tem a duração de dois anos e funciona com a orientação do corpo docente do IPCA e de colaboradores especializados do Grupo Casais, garantindo a partilha de conhecimento e das práticas mais eficientes no setor da construção

    O Grupo Casais lança a segunda edição do curso de Técnico Superior Profissional em Tecnologias Avançadas de Construção, formação desenvolvida em conjunto com o Instituto Politécnico do Cávado e AVE (IPCA), e que se insere no Programa Mais Futuro Casais, que tem o intuito de investir na atração e formação de talento no setor da construção.

    As inscrições decorrem até 23 de agosto e, à semelhança da primeira edição, estão disponíveis 25 vagas para esta formação que pretende desenvolver competências técnicas na área da construção, nomeadamente construção modular, industrialização e tecnologia aplicada ao setor.

    O curso tem a duração de dois anos e funciona com a orientação do corpo docente do IPCA e de colaboradores especializados do Grupo Casais, garantindo a partilha de conhecimento e das práticas mais eficientes no setor da construção.

    Na última edição 13 dos alunos que frequentaram o curso, terminaram recentemente o estágio em contexto prático de trabalho, em várias empresas do Grupo – Constru, Quadrina, Undel, BluMep, Casais Engenharia e Construção, Carpin, TopBim e Blufab-, em diferentes áreas: técnicos de condução de obra, técnicos de pré-construção, técnicos de orçamentação e preparação, técnicos de desenvolvimento de produto, desenhador/projetista.

    Estas são áreas cruciais no Grupo e onde a empresa tem detetado um maior desafio para encontrar profissionais. Desta forma, o objetivo é colmatar esta dificuldade e, com os formadores da Casais, transmitir os valores e identidade da empresa desde uma fase inicial. Neste momento, a construtora conta com mais de 100 vagas em aberto e 25% representam funções desta área de formação.

    O técnico em Tecnologias Avançadas de Construção será um profissional habilitado a preparar e gerir obras, quer no domínio das técnicas, quer nos procedimentos. Algumas funções passam por analisar projetos, cadernos de encargos e planos de trabalhos de uma obra e colaborar na preparação e compatibilização dos projetos de todas as especialidades, bem como realizar desenhos de execução de obra, fazer modelação BIM e acompanhar a execução dos trabalhos.

    Ao longo do ano letivo, os estudantes desenvolvem projetos cujo objetivo é estimular a criatividade e inovação para que, em paralelo, seja possível aplicar os conhecimentos adquiridos. Terão oportunidade de realizar o estágio curricular de forma direcionada para as saídas profissionais do curso. No decorrer deste estágio, serão acompanhados pelo Centro de Gestão de Carreira do Colaborador, Academia Casais, tutores e orientadores que irão prestar orientação, feedback e apoio no desenvolvimento.

    O Grupo Casais assegura as propinas de todos os alunos durante o primeiro ano do curso e também do segundo ano, no caso dos alunos que concluam com sucesso todas as unidades curriculares do ano anterior. O curso decorrerá em horário diurno e durante o último semestre será realizado um estágio curricular numa das empresas do Grupo.

    No final desta formação, o Grupo Casais contrata os alunos durante um período mínimo de dois anos, alocando tutores da empresa para dar continuidade a este processo de desenvolvimento e desenho de carreira, garantindo a orientação ao longo de todo o percurso com suporte com a equipa de recursos humanos.

    A parceria está inserida no Programa Mais Futuro, do Grupo Casais, que se destina a todos os estudantes finalistas do ensino secundário ou a quem procura fazer reconversão profissional nesta área e que pretende ingressar no setor da construção. O programa e atividades foram pensados de forma a estar alinhados com a cultura do Grupo e proporcionam a oportunidade de aproveitar os conhecimentos do curso em simultâneo com o contacto com ambientes reais de trabalho e a participação em atividades da organização.

    “Acreditamos que o Programa Mais Futuro Casais representa uma oportunidade para todos aqueles que pretendem ingressar no setor da Construção, com a possibilidade de equilibrar a aquisição de conhecimentos de forma mais técnica durante o curso, com alguns conhecimentos práticos e reais, através do contacto com o Grupo e as diferentes atividades da organização. É com muito orgulho que lançamos esta segunda edição do Programa, que representa o sucesso da primeira edição e nos mostra que estamos no caminho certo para apostar na atração e retenção de talento e a investir nas pessoas. Esta formação foi desenvolvida a pensar nas necessidades específicas que encontramos na nossa atividade e pretende mitigar estes desafios do talento no setor.”, comenta António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais.

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    Politécnico da Guarda vai construir residência de estudantes por 3,7M€

    O Politécnico revela que foi também aprovada a candidatura para a requalificação e adaptação em residência de estudantes da antiga Residência da Gulbenkian, agora sob a gestão da Câmara Municipal da Guarda. O IPG recorda que tinha pedido à autarquia a cedência daquelas instalações para as recuperar, tendo a Câmara preferido avançar com o projeto

    O Instituto Politécnico da Guarda quer construir uma nova residência de estudantes com 151 camas, num investimento de 3,7 milhões de euros (ME) com financiamento já aprovado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

    Em comunicado, a instituição revela que a candidatura apresentada para a construção de uma residência no campus foi aprovada pelo painel de avaliação independente das candidaturas ao financiamento por verbas do PRR.

    A residência que o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) quer construir tem previstas 151 camas, num projeto de 3,7 milhões de euros, que poderão ser financiados até 85% com as verbas europeias.

    “Como o montante máximo elegível para financiamento pelo Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), através do PRR, é de 27.500 euros por cama, a residência do IPG não deverá esgotar o montante de verbas europeias que estará ao seu dispor”, salienta a instituição.

    O Politécnico revela que foi também aprovada a candidatura para a requalificação e adaptação em residência de estudantes da antiga Residência da Gulbenkian, agora sob a gestão da Câmara Municipal da Guarda. O IPG recorda que tinha pedido à autarquia a cedência daquelas instalações para as recuperar, tendo a Câmara preferido avançar com o projeto.

    Para o presidente do IPG, Joaquim Brigas, o parecer positivo do painel de avaliação independente das candidaturas é muito importante, mas importa “que o processo avance rapidamente, uma vez que, como é sabido, as verbas do PRR têm de ser executadas na totalidade antes de 2027”.

    O dirigente assegura que pela parte do IPG está tudo preparado para avançar rapidamente no terreno. “Esperamos e desejamos que do lado da Câmara Municipal da Guarda se passe o mesmo em relação à residência de estudantes que lhe cabe recuperar”, assinala.

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    ADENE coordena 1ª fase da transposição da nova directiva dos edifícios

    A Energy Perfomance of Buildings Directive (EPBD) entrou em vigor 20 dias após a sua publicação a 8 de Maio de 2024 e os Estados-Membros têm, agora, 24 meses para a sua transposição para o direito nacional, ou seja, até 29 de Maio de 2026

    O Ministério do Ambiente e Energia e o Ministério das Infraestruturas e da Habitação criam Grupo de Trabalho para a transposição nacional da Directiva do Desempenho Energético dos Edifícios (Energy Perfomance of Buildings Directive – EPBD) e a ADENE – Agência para a Energia fica responsável pela coordenação da primeira fase, assumindo assim um papel “fundamental” nesta transposição.

    A EPBD entrou em vigor 20 dias após a sua publicação a 8 de Maio de 2024 e os Estados-Membros têm, agora, 24 meses para a sua transposição para o direito nacional, ou seja, até 29 de Maio de 2026.

    A definição de edifícios de emissões nulas, o estabelecimento de normas mínimas de desempenho energético que os edifícios deverão cumprir ao longo dos anos, a elaboração e implementação de um Plano Nacional de Renovação dos Edifícios (em articulação com a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação de Edifícios), a análise das emissões de ciclo de vida do edifício e o estabelecimento de limites, bem como a instalação obrigatória de sistemas solares são as principais alterações face à anterior directiva.

    Neste sentido, torna-se necessário que o trabalho da primeira fase promova “o diálogo e a reflexão” com as principais associações do sector, assim como com as entidades que forem consideradas relevantes na fase inicial dos trabalhos. Mas será tempo, também, de identificar as áreas temáticas e preparar e apresentar propostas técnicas para a transposição, em articulação com as entidades públicas e privadas com competências nas matérias envolvidas.

    Numa segunda fase, com início após a conclusão da primeira fase, prevista para 30 de Novembro de 2025, o foco estará na preparação dos novos diplomas legislativos relativos a esta transposição e que serão submetidos a consulta pública.

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    João Álvaro Rocha (foto crédito UnivNavarra)

    Arquitectura

    Abertas as candidaturas à 2ª edição do Prémio João Álvaro Rocha

    Podem candidatar-se Edificações e Espaços Públicos construídos no Município da Maia entre 31 de Outubro de 2014 e 31 de Outubro de 2021

    tagsAPJAR

    As candidaturas à segunda edição do Prémio Municipal João Álvaro Rocha estão abertas até dia 31 de Outubro de 2024. As candidaturas podem ser propostas pelos arquitectos, proprietários, ou pelos construtores, e são submetidas digitalmente através do portal  pma.joaoalvarorocha.pt.

    Podem candidatar-se Edificações e Espaços Públicos construídos no Município da Maia entre 31 de Outubro de 2014 e 31 de Outubro de 2021.

    Este prémio tem um enfoque “inovador” por ser dada “relevância ao período pós-construção e à capacidade de resposta demonstrada pela obra ao propósito que presidiu à encomenda”. Assim, serão apreciadas “não só as qualidades arquitectónica e urbanística, mas sobretudo a função social, cultural e inserção urbana”. Por esta razão, as obras terão de estar concluídas, no mínimo há três anos, até ao máximo de dez anos.

    O Prémio, de natureza não pecuniária, consiste na edição de uma publicação, de um vídeo, de uma conferência e de uma visita guiada. Podem ser atribuídas até quatro Menções Honrosas.

    A obra premiada na primeira edição, em 2022, foi o ISMAI – Estádio, da autoria dos arquitectos José Carlos Loureiro, Luís Pinheiro Loureiro, José Manuel Loureiro. Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa a SISMA – Unidade Industrial da Maia, da autoria da arquiteta Sandra Maria Machado Ferreira Garcia.

    O júri, presidido por António Tiago, presidente da Câmara Municipal da Maia, conta, ainda, com a participação dos arquitectos Gonçalo Byrne, em representação da Associação Pró-Arquitectura João Álvaro Rocha (APJAR), de Carla Garrido, pela Ordem dos Arquitectos Secção Regional Norte e Teresa Calix e Ana Resende, pela autarquia da Maia.

    O Prémio Municipal de Arquitectura João Álvaro Rocha, de iniciativa da Câmara Municipal da Maia, com periocidade bienal, é organizado pela APJAR, com o apoio da Ordem dos Arquitectos – Secção Regional Norte.

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    Portuguesa Digidelta investe 3,4M€ na fábrica Decal 4.0 em Torres Novas

    O investimento, que visa “aumentar a capacidade produtiva e de eficiência”, vai estar concluído até ao final do ano e começa a produzir efeitos em 2025

    A empresa portuguesa Digidelta, especializada na fabricação de sistemas para os mercados de impressão digital, vai investir 3,5 milhões de euros na actual fábrica Decal 4.0, em Torres Novas.

    O investimento visa “aumentar a capacidade produtiva e de eficiência” da unidade fabril, incluindo “uma nova linha de revestimento de adesivos, automatização completa do embalamento e um armazém automático para produtos semi-acabados”, refere a empresa.

    O investimento na fábrica Decal 4.0, com mais de 10 mil metros quadrados (m2), vai estar concluído até ao final do ano, e começa a produzir efeitos em 2025. 

    “A Digidelta está a aumentar a capacidade de produção através de investimentos significativos em automação e tecnologia avançada. Actualmente, já utilizamos linhas de coating de adesivos UV ecológicos livres de solvente, armazéns automáticos e sistemas de corte e embalamento robotizados. Estes investimentos não só aumentam a eficiência, como também vão garantir a qualidade e sustentabilidade dos nossos produtos​​​​”, explica Rui Leitão, CEO da Digidelta. 

    A Digidelta foi fundada por Rui Leitão, o actual CEO, em 1986, conta com mais de 180 colaboradores e exporta para mais 60 países. Em 2023, registou um volume de negócios de 41 milhões de euros, o que marou “o melhor ano da sua história”. Para o corrente ano, a empresa prevê um crescimento sustentado, especialmente nas áreas de negócios Sign Graphics, industriais e têxteis, com uma recuperação acelerada graças a novos modelos e tecnologias inovadoras​​​​. Também a introdução da tecnologia DTF (direct to film) no sector têxtil tem inovado o mercado, e a expansão internacional e a procura por produtos sustentáveis impulsionado este crescimento.

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    Évora Retail Park

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    Cushman & Wakefield mandatada para a gestão e comercialização do Évora Retail Park

    Recorde-se que a Sogenial Imobillier, gestora de fundos imobiliários francesa, estreou-se no mercado português com a aquisição deste espaço comercial e em representação do fundo pan-europeu SCPI Coeur D’Europe, no final de 2023

    A Cushman & Wakefield (C&W) foi mandatada pela Sogenial Immobilier, gestora de fundos imobiliários francesa, para a gestão e comercialização do Évora Retail Park, activo detido pelo fundo SCPI Coeur D’Europe.

    Inaugurado em 2011, o Évora Retail Park é um espaço comercial com cerca de oito mil metros quadrados (m2) e está localizado numa zona de referência, junto ao único centro comercial da cidade. Com uma taxa de ocupação de 100%, o Retail Park reúne actualmente quatro ocupantes reconhecidos no mercado nacional: a Worten, Sportzone, Rádio Popular e JOM.

    André Navarro, partner e head of Retail Asset Management da Cushman & Wakefield, olha para esta colaboração com “particular satisfação” na medida em que, desde 2022, a consultora tem vindo a desenvolver uma parceria com a Serris REIM, braço de gestão de investimento da Sogenial em Portugal, apoiando-os na gestão do portefólio dos seus investidores em escritórios e logística no nosso mercado.

    Por seu lado, José Caldeira, asset manager da Serris REIM Portugal acrescenta que esta parceria “reforça o nosso compromisso com a qualidade e eficiência na gestão dos nossos activos”.

    “A atribuição da gestão do Évora Retail Park à Cushman & Wakefield baseia-se na nossa confiança nas capacidades da equipa para manter a excelência operacional e aumentar a satisfação dos lojistas”, acrescenta.

    Recorde-se que a Sogenial Imobillier estreou-se no mercado português com a aquisição deste espaço comercial e em representação do fundo pan-europeu SCPI Coeur D’Europe, no final de 2023, cujo processo envolveu também a Cushman & Wakefield.

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    Antigo Hotel Louvre com arquitectura de Diana Barros e fotografia de Ivo Tavares Studio

    Arquitectura

    Edifício “icónico” no Porto recupera valor histórico e recebe novos usos

    O edifício que remonta ao século XIX, e onde esteve instalado o Hotel do Louvre, no Porto, ganhou um novo uso. E depois de ter passado por diferentes ‘vidas’, é agora um edifício de habitação colectiva, onde a peça central continua a ser a escadaria central que se estende até ao último piso e termina numa “majestosa” claraboia

    Já ali funcionou um hotel de luxo conhecido como Hotel do Louvre, onde estiveram alojados imperadores, e também foi a sede de várias entidades da cidade. Mais recentemente, albergou a Escola de Condução “A Desportiva”, até cair numa situação de abandono que durava há vários anos.

    Situado no cruzamento da Rua do Rosário com a Rua de Dom Manuel II, junto ao Museu Soares dos Reis e ao Hospital de Santo António, o imóvel histórico recuperou, assim, o seu “esplendor”. Construído inicialmente para receber um nobre do Douro, este “icónico” edifício de fachada oitocentista e “minuciosa” carpintaria tem um coração arquitectónico “inigualável”: uma escadaria central que se estende até ao último piso, onde se encontra uma “majestosa” claraboia.

    “O projecto procurou respeitar a incrível polivalência de um edifício que já foi quase tudo, mantendo a organização das áreas comuns e acessos, o “cuidadoso” trabalho decorativo que sobreviveu nas cantarias da fachada e nas carpintarias interiores e exteriores e o sistema construtivo usado nas lajes e escadaria central”

    Agora, com um novo programa que combina habitação colectiva com comércio e serviços no rés-do-chão, o projecto respeita a “versatilidade” histórica do edifício. Mantendo a disposição das áreas comuns, o “delicado” trabalho decorativo e a “robusta” construção original, a intervenção moderna acentua a dialéctica entre a grandeza passada e os novos usos domésticos.

    O resultado, elaborado pelo atelier Diana Barros Arquitectura é um conjunto “coeso e adaptável”, pronto para mais um século e meio de transformações e novas histórias.

    A notoriedade do edifício consolidou-se no tempo através da decoração minuciosa das carpintarias, enquadradas no “rigor compositivo” da fachada oitocentista e da escadaria existente no núcleo do edifício, que se prolonga até ao último piso e é rematada pela claraboia central.

    “A tensão entre a escala do edifício original e os usos domésticos agora introduzidos é acentuada pelo desenho elementar dos novos elementos, enfatizando as texturas e cores dos materiais”

    O projecto procurou respeitar a incrível polivalência de um edifício que já foi quase tudo, mantendo a organização das áreas comuns e acessos, o “cuidadoso” trabalho decorativo que sobreviveu nas cantarias da fachada e nas carpintarias interiores e exteriores e o sistema construtivo usado nas lajes e escadaria central.

    A tensão entre a escala do edifício original e os usos domésticos agora introduzidos é acentuada pelo desenho elementar dos novos elementos, enfatizando as texturas e cores dos materiais.

    O objectivo fundamental foi criar um conjunto “robusto e coerente”, funcionalmente integrado, mas adaptável e capaz de rentabilizar os recursos naturais e humanos investidos na sua reabilitação, prolongando a sua vida útil e preparando-o para mais século e meio de uso e outras tantas encarnações.

    Ficha Técnica                

    Nome do Projecto: Antigo Hotel do Louvre

    Atelier de Arquitectura: Diana Barros Arquitectura

    Colaboração: Marcos Maia e Joana Fernandes

    Localização: Porto

    Ano de conclusão da obra: 2023

    Área total construída (m2): 945 m2

    Construtora: FL Construções

    Fiscalização: ADD Building

    Engenharia: NCREP – Consultoria em reabilitação do edificado e património

    Acústica, Hidráulica e Térmica: DAJ Engenheiros Associados

    Fotógrafo: Ivo Tavares Studio

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    José António Pérez é o novo director-geral da GREE

    Com mais de 15 anos de experiência em empresas B2B e uma “sólida” trajectória nas áreas de desenvolvimento comercial, marketing e gestão geral, José António chega à Gree Products com a missão de consolidar a empresa e iniciar uma nova fase de crescimento e expansão

    tagsGREE

    A Gree Products, representante em Espanha, França Portugal, do maior fabricante mundial de ar condicionado, anuncia a integração de José Antonio Pérez como o novo director-geral da Gree Products.

    Com mais de 15 anos de experiência em empresas B2B e uma “sólida” trajectória nas áreas de desenvolvimento comercial, marketing e gestão geral, José António substitui Christian Balmain, que conduziu com sucesso a empresa numa fase de rápido crescimento desde 2018 até aos dias de hoje.

    Com um “historial notável” a nível internacional no sector do aquecimento, José António chega à Gree Products com a missão de consolidar a empresa e iniciar uma nova fase de crescimento e expansão. “Estou muito entusiasmado. Os primeiros dias foram fantásticos. A experiência, a energia, o empenho e o entusiasmo dos meus novos colegas são uma verdadeira inspiração. Estou ansioso por aprender rapidamente e poder contribuir para o crescimento da empresa no futuro”.

    José Antonio Pérez é licenciado em engenharia industrial pela Universidade Politécnica da Catalunha, tem um MBA da ESADE e uma certificação de executivo de negócios digitais da ISDI. Antes de se juntar à Gree, foi director de Marketing do Grupo BDR Thermea nos Países Baixos e, desde 2018, ocupa o cargo de director da Unidade de Negócios de Bombas de Calor em França.

    Fundada em 1991 em Zhuhai, na China, a Gree é a única marca de ar condicionado na China classificada como “Marca Mundial”. Possui 84 institutos e centros de investigação, 929 laboratórios, mais de 16 mil engenheiros e 11 unidades de produção – na China, Vietname, Paquistão e Brasil – com capacidade para fabricar 60 milhões de unidades por ano para o mercado residencial e comercial.

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    Century 21 com mais de 48M€ de facturação de Janeiro a Junho

    71% das vendas foram feitas com clientes nacionais. No entanto, Portugal continuou também a destacar-se no mercado internacional, com um desempenho que prova que já conseguiu conquistar o seu espaço além-fronteiras, através da sua resiliência e atractividade. EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Holanda estão no topo dos países que lideram as compras

    Nos primeiros seis meses do ano, a facturação da Century 21 Portugal registou, em termos homólogos, um crescimento de 10% no primeiro trimestre do ano (21,503,241 euros) e de 24% no segundo (27,093,813 euros). Estes são indicadores positivos que continuam a contrariar as perspectivas iniciais de resistência nas transacções imobiliárias que marcaram o arranque do ano e confirmam o optimismo que se viveu no primeiro quadrimestre, com a economia portuguesa e o mercado imobiliário a darem uma boa resposta.

    O crescimento da facturação foi acompanhado por uma subida também no volume de vendas no primeiro semestre, agora nos 1 767 milhões de euros, em linha com o total de 8830 transacções de vendas da Century 21 Portugal.

    Além do aumento no total de transacções de vendas, também o total de arrendamentos aumentou, em termos homólogos, 10% no primeiro trimestre (1256) e 13% no segundo (1291).

    “Podemos destacar a alteração de tendência do primeiro para o segundo trimestre. Os dados do INE foram de quebra nas transacções superior a 4% (-4%), mas a Century 21 Portugal conseguiu manter o nível de 2023, com uma variação positiva de 1% no primeiro trimestre e 9% no segundo, fazendo o esforço de identificar imóveis mais ajustados ao poder de compra dos portugueses, reduzindo o valor médio de transacção. Uma estratégia que permitiu aumentar as transacções em 5% no semestre”, destaca Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.

    71% das vendas foram feitas com clientes nacionais. No entanto, Portugal continuou também a destacar-se no mercado internacional, com um desempenho que prova que já conseguiu conquistar o seu espaço além-fronteiras, através da sua resiliência e atractividade. EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Holanda estão no topo dos países que lideram as compras.

    Não obstante os resultados positivos durante este período, a mediadora destaca que se registou uma ligeira diminuição do preço médio de venda, de 190,429 euros, menos 4% do que no período homólogo, o que demonstra o impacto da limitação do poder de compra dos portugueses, com as famílias a rever os seus critérios de selecção de casa, abdicando do tamanho (casas mais pequenas), seleccionando diferentes zonas da cidade ou outras localidades nas periferias.

    Já no primeiro trimestre tinha ficado claro que a elasticidade da procura nacional tinha chegado ao seu limite e o poder de compra começava a limitar as escolhas dos portugueses, que passaram a ter de optar por casas menores, nas zonas periféricas do centro e nas zonas suburbanas

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