Barómetro: Velux aponta medidas urgentes para melhorar qualidade de ar interior e iluminação natural
A saúde e o conforto interior nos edifícios europeus estão seriamente comprometidos. Um em cada quatro europeus vive em edifícios onde a qualidade do ar interior é inferior às normas nacionais e mais de 30 milhões de cidadãos são afectados por viverem em espaços demasiado escuros, com um impacto negativo na saúde mental e física. O Barómetro de Edifícios Saudáveis, que a marca dinamarquesa de janelas promove desde 2015, coloca não apenas em evidência estes indicadores como aponta medidas emergentes para inverter tendência
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A tónica do estudo deixa antever que a necessidade de mudança é manifestamente evidente. “O contexto é de urgência”. A conclusão consta do Barómetro de Edifícios Saudáveis, uma análise elaborada pelo Instituto Europeu de Desempenho de Edifícios (BPIE) e promovida pela Velux, que se dedica, desde 2015, a identificar a necessidade de acções significativas rumo a edifícios saudáveis e apontar caminhos a seguir, incluindo uma definição e enquadramento para edifícios saudáveis, sustentáveis e resilientes. A urgência mencionada é, até, vertida em números: 1 em cada 4 europeus vive em edifícios onde a qualidade do ar interior está abaixo dos valores padrão europeus. Pior: um em casa seis adultos europeus vivem num ambiente, numa casa, cujo ambiente interior é insalubre, sendo que no caso das crianças estamos a falar de uma em cada três crianças.
Em Madrid, numa iniciativa dedicada à imprensa e que contou com a presença do CONSTRUIR, a fabricante dinamarquesa de janelas promoveu uma conferência dedicada à apresentação das principais conclusões desta análise. “Os edifícios saudáveis e acessíveis deviam ser o único tipo de edifícios em que as pessoas vivem, aprendem, trabalham, se divertem ou recuperam. Acreditamos que este relatório pode servir tanto de inspiração como de ferramenta concreta para os decisores políticos, apresentando recomendações e exemplos concretos,” afirma Fleming Voetmann, vice-presidente de Relações Externas e Sustentabilidade do Grupo VELUX. Os edifícios saudáveis também beneficiam a economia e o clima, pois os estudos apresentados mostram um retorno do investimento de 11,5% na renovação de um edifício público, e uma redução de 30% do impacto climático. Além disso, os locais de trabalho mais saudáveis poderiam gerar um valor acrescentado bruto adicional de 40 mil milhões de euros por ano para a economia europeia por cada 1% de melhoria no desempenho dos trabalhadores.
Almudena López, Specification Manager da Velux Espanha, explica que “começar um projecto de arquitectura ou fazer uma remodelação é uma enorme oportunidade para criar um espaço que não seja apenas sustentável para o planeta, mas que também favoreça os seus ocupantes. É da responsabilidade do arquitecto zelar pelo bem-estar dos utilizadores em cada momento do dia e dos legisladores estabelecer critérios de saúde e de energia.” O estudo BPIE/VELUX não se limita a diagnosticar o estado do edificado, mas recomenda soluções e a aplicação de boas práticas para ultrapassar o problema que atinge uma dimensão preocupante.
UE longe das metas
O contexto é de urgência já que a União Europeia está longe de atingir os objectivos climáticos para 2050 em matéria de energia e renovação. O mesmo se passa quando se trata de melhorar a saúde do parque imobiliário, como mostra o presente relatório. Para fazer face a esta situação, o Barómetro dos Edifícios Saudáveis introduz não só um quadro para monitorizar os edifícios saudáveis e sustentáveis na Europa, mas também um conjunto de recomendações políticas para alinhar colectivamente os esforços em matéria de edifícios saudáveis com os objectivos de descarbonização do Acordo de Paris para 2050. As políticas climáticas devem colocar as pessoas em primeiro lugar. Estabelecer um novo quadro em que a sustentabilidade, a resiliência e a acessibilidade económica possam ser alcançadas ao mesmo tempo.
Os números revelados pelo estudo são inquietantes. Em termos de reabilitação e renovação, o atraso é enorme: “As renovações têm de ser aumentadas em 1400% para atingir os objectivos da UE” – constata o estudo. Em 2020, apesar de vivermos ainda os efeitos da pandemia, ainda assim “as emissões de CO2 foram 18% superiores ao que deveriam ter sido para atingir os objectivos climáticos da UE”.
Mas o estudo BPIE/VELUX também revela perspectivas esperançosas se, entretanto, autoridades e protagonistas do mercado imobiliário europeu “arrepiarem caminho”. “O custo da renovação de todo o parque habitacional ineficiente da UE poderia ser recuperado em apenas 2 anos e poupar 194 mil milhões de euros em benefícios sociais equivalentes (como menos dias de doença, melhor desempenho no trabalho e na escola, etc.)” – adianta a publicação. Em termos habitacionais, “O cumprimento das normas de eficiência energética da UE poderia poupar 44% da energia final utilizada para aquecimento”. E renovação dos hospitais poderia conduzir à quebra de 21% de gastos médicos, a 19% da taxa de mortalidade e a uma baixa de 20% da taxa de rotatividade do pessoal hospitalar”.
‘Herança’ Covid
Embora de uma forma menos evidente, a Europa vive, ainda hoje, resquícios de um período de confinamento forçado à conta da pandemia de Covid 19. Entre esses efeitos está uma maior consciencialização para as debilidades das habitações. O confinamento e o crescimento da tendência do teletrabalho permitiram a milhões de pessoas olharem para as suas casas a partir de uma nova perspectiva. De um dia para o outro, começámos a ver problemas em detalhes que antes talvez passassem mais despercebidos para muitos. Falamos de questões que agora nos parecem tão vitais quanto a falta de luz, as deficiências térmicas, o excesso de humidade… Para garantir o bem-estar de todos e a preservação do planeta, o edifício sustentável impõe-se como nova norma. É, por isso, de elementar importância destacá-lo, uma vez que a saúde e o conforto no interior dos edifícios europeus estão numa situação, no mínimo, preocupante. Os números não deixam margem para dúvidas e alertam-nos: um em cada quatro europeus reside em edifícios onde a qualidade do ar interior está abaixo dos padrões nacionais e mais de 30 milhões de cidadãos são afectados por viverem em espaços demasiado escuros, com um impacto negativo na saúde mental e física. Sem sublinhar, especificamente, a importância de janelas eficientes na equação, Almudena López alerta que a qualidade do ar interior é provavelmente o dado que mais facilmente afecta a qualidade de vida das pessoas dentro de um espaço, seja uma casa, um escritório, um hospital. “Ambientes com uma qualidade de ar adequada promovem um bem-estar maior, maior produtividade, menor propensão a erros, melhoria de capacidade de concentração e de estudo”, o mesmo se passando com a importância da luz natural promovida por uma eficiente colocação e disposição de janelas. O período de confinamento expôs um conjunto de debilidades que a maior parte das pessoas desconhecia porque, até então, não as tinha experienciado de perto. 24 horas sobre 24 horas a viver e trabalhar num mesmo espaço tornaram evidentes algumas dessas falhas, nomeadamente ao nível da iluminação natural em contexto de (tele)trabalho ou a renovação de ar interior. O mesmo se passa ao nível da climatização. “As crescentes ondas de calor que temos vindo a notar com cada vez maior frequência têm também um impacto muito importante”, assegura a Specification Manager da Velux Espanha, acrescentando que “o aumento do número de mortes nos últimos anos colocou em evidência como os edifícios não estão preparados para estes fenómenos”. “Se olharmos para a realidade de Portugal, um pouco como em Espanha, um terço dos portugueses manifestam a sua incapacidade para manter estável a temperatura nas suas casas”, acrescenta Almudena, sublinhando que uma janela ou uma porta que não isole, seja no Inverno ou no Verão, pode representar um sério problema. Estamos a falar de protelar a entrada de calor o tempo suficiente até chegar a melhor altura de voltar a ventilar o espaço”.
Visão holística
De acordo com a Velux, o Barómetro define um novo enquadramento inovador baseado em investigação científica sólida e ilustrado através do estudo de 12 casos práticos na Europa. O enquadramento baseia-se em cinco dimensões interrelacionadas com as seguintes características e objectivos, nomeadamente melhorar a saúde mental e física; Concebido para as necessidades humanas; Construído e gerido de forma sustentável; Resiliente e adaptável e Empoderar as pessoas. Cada dimensão compreende um conjunto de indicadores, com um total de 24, que orientam as partes interessadas no seu processo de tomada de decisões para conseguir edifícios verdadeiramente saudáveis, sustentáveis e resilientes.
Os edifícios que cumprem as cinco dimensões delineadas no novo enquadramento têm um impacto mensurável na saúde mental e física, com menos dias de doença e um melhor desempenho no trabalho e nas salas de aula, incluindo um aumento de 10 a 18% resultante apenas de uma maior exposição à luz natural. A esse respeito, o Barómetro propõe, até 2030, uma maior colaboração entre os diferentes recursos a nível nacional e da UE para desenvolver regulamentos e normas mais holísticas para edifícios saudáveis que vão além do desempenho energético; Incluir indicadores de edifícios saudáveis no observatório do parque de edifícios (BSO) e integrá-los nos instrumentos políticos nacionais (por exemplo, legislação, aconselhamento, financiamento, ferramentas de construção, planos de renovação); Aplicar a nível nacional as novas disposições da DEEE (Directiva do Desempenho Energético dos Edifícios) sobre a qualidade do ar nos edifícios e ampliar o alcance dos passaportes de renovação de edifícios e dos planos nacionais de renovação de edifícios para integrar as avaliações da qualidade do ar e os controlos de qualidade nas novas construções e renovações; Para evitar a fragmentação nacional, introduzir um quadro harmonizado da UE para calcular a avaliação do ciclo de vida (ACV) e estabelecer limites obrigatórios de emissões de carbono a nível da UE com base na ACV para os edifícios novos, tal como solicitado na reformulação da DEEE; Introduzir uma legislação sobre edifícios mais holística, que tenha em conta o funcionamento de um edifício ao longo de todo o ano, os parâmetros de conforto tanto no Verão como no Inverno e o uso de dados climáticos futuros; Incluir indicadores de edifícios saudáveis para promover tecnologias de edifícios inteligentes como a automatização de edifícios, a detecção, a modelação de informação de edifícios e os gémeos digitais (DBL).
*O CONSTRUIR viajou a convite da Velux