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    Opinião: O desafio de um recomeço!

    A perspectiva de Francisco Bacelar, presidente da ASMIP, sobre o impacto do Covid-19 no imobiliário e como pode o sector reagir a este desafio

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    A perspectiva de Francisco Bacelar, presidente da ASMIP, sobre o impacto do Covid-19 no imobiliário e como pode o sector reagir a este desafio

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    Francisco Bacelar, presidente da ASMIP

    “Em tempos de guerra não se limpam armas”, é um ditado bem antigo, mas mais atual que nunca, em função da dimensão mundial da pandemia. Os desafios para a humanidade são já a maior prova a que alguma vez foi submetida, fazendo-nos perceber a nossa ridícula dimensão de peça de engrenagem, em que apesar de todos os desenvolvimentos tecnológicos e científicos, não conseguimos controlar um inimigo microscópico.

    Apesar do cenário dantesco, não será esta a maior provação que os humanos passarão. Na realidade estamos a ver a parte visível do icebergue, pois a crise económica a que se segue a social, farão parecer a do subprime uma brincadeira de crianças. Ninguém estava preparado para isto, e os nossos políticos terão que ser de outro nível para ultrapassarem as falências, o desemprego, enfim a catástrofe que se adivinha.

    Muito poderia ainda dissecar sobre o tema, mas escrevo em representação de uma classe, a da mediação imobiliária, e é nesse sentido que estão centradas as minhas principais preocupações, sem nunca esquecer que o problema é transversal, em que ninguém é imune, e todos, mas mesmo todos, estamos na mesma nau, qual Bartolomeu Dias no Cabo das Tormentas.

    Perdoem-me o puxar “a brasa à sardinha”, mas se não formos nós a fazê-lo, não devemos esperar que ninguém o faça por nós. Já basta conotarem-nos como especuladores que ganharam milhões nos últimos anos, sem perceberem que somos o elo mais fraco na cadeia do setor imobiliário. Nada vendemos que seja verdadeiramente nosso, atuamos em representação do verdadeiro proprietário, e cobramos uma comissão por isso, mas para o conseguir temos que investir muito antes, em tempo, publicidade, organização, e sobretudo muito ânimo para conviver com um negócio onde não se ganha/vende todos os dias, por vezes nem num mês ou mais, e onde a única garantia são as contas, profissionais e pessoais, para pagar no fim do mês. Esta é a verdadeira realidade quer do ‘broker’, o empresário da imobiliária, quer dos seus consultores. Se não se vender, nada se leva para casa, o que dita um negócio apoiado na esmagadora maioria nos recibos verdes, que nada garantem em caso de quebra, ou extinção por tempo indeterminado das receitas. Neste cenário para o ‘broker’ ficam as contas para pagar, e para os comerciais a receita zero!

    Tal como em outros setores que usufruem das regalias sociais como direito adquirido, também aqui estamos a falar de pessoas, muitas das quais só estavam nesta atividade, por não conseguirem entrada nas suas áreas, e vêm aqui o seu refúgio, para uns temporário, para outros o seu futuro, através de mais empenho, profissionalismo, e por vezes sorte.

    Estamos a falar de umas dezenas de milhar de pessoas, que se contabilizarmos as respetivas famílias, poderão passar a centena de milhar de cidadãos portugueses que, neste momento, não só não podem trabalhar, como, muito provavelmente não conseguirão capitalizar nos próximos meses.

    É certo que haverá ‘linhas de crédito’, para quem tiver condições para a ele aceder e pagar mais tarde, bem como aos juros inerentes, sim porque ‘crédito’ é isso mesmo, mas os recibos-verdes não terão essa ‘benesse’. Também não adiantaria, uma vez que dificilmente poderiam honrar esses compromissos.

    Não tenho nenhuma varinha mágica que ajude a resolver este, e os restantes problemas de outros setores, mas o que não duvido é que não deve haver cidadãos de primeira e segunda, e que se houve tanto dinheiro, meu, seu, enfim de todos nós para acudir à banca no passado recente, estará agora na hora desta retribuir.

    Não, não falo em empréstimos para a mediação imobiliária, ou para os promotores, nem de nos tornarmos agora em subsídio-dependentes. Não queremos ficar debaixo da ponte, mas também não queremos endividar-nos. Basta-nos que haja crédito para fazer a ‘roda andar’, ou seja, crédito para os portugueses que anseiam casa própria, e para os seus negócios que ainda seja possível recuperar ou fazer nascer, que o resto, o mercado e nós, com o nosso trabalho nos encarregaremos de fazer.

    Ao nos darem essas condições para trabalhar, a roda andará, e os seus movimentos farão amenizar a tragédia. No fim todos ganhamos.

    Pessoalmente, e apesar de algumas exceções que até confirmam a regra, acredito no homem e nas suas realizações. Temos séculos de provações e chegamos até aqui, por maior que fosse o desafio. Passaremos mais esta com muita dor, é certo, mas venceremos.

     

    NOTA: O Construir manteve a grafia original do texto

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