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    Opinião

    Projecto Edifícios Circulares procura motivar a circularidade no Sector da Construção

    A Construção Circular assenta na prevenção, redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia e deverá traduzir-se em ciclos até ao total esgotamento económico e físico do produto e não num ciclo único

    Opinião

    Projecto Edifícios Circulares procura motivar a circularidade no Sector da Construção

    A Construção Circular assenta na prevenção, redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia e deverá traduzir-se em ciclos até ao total esgotamento económico e físico do produto e não num ciclo único

    Inês Gomes
    Sobre o autor
    Inês Gomes

    Atualmente, o setor da construção é destacado pelo uso intensivo de recursos primários, baixa produtividade material, baixo nível de circularidade, bem como pela produção de uma quantidade expressiva de Resíduos de Construção e Demolição, cuja gestão, e em particular valorização, se encontra sujeita a diversos constrangimentos. Os RCD constituem o maior fluxo de resíduos na União Europeia, representando cerca de um terço do total dos resíduos produzidos. Por este motivo, a Comissão Europeia considera o setor como chave na transição para uma Economia Circular, bem como para a redução das emissões de CO2 associadas a toda a cadeia de produção. Também a nível nacional, Portugal elegeu o setor da construção a privilegiar no seu Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC).

    Desta forma, é fundamental que os agentes envolvidos tenham conhecimento da composição material do stock de edifícios e dos fluxos materiais para possibilitar uma mudança de paradigma. A Construção Circular acaba então por ser mais do que a reciclagem dos materiais de construção após a demolição de um edifício, uma vez que se enquadra nos princípios de uma economia moderna que assenta na prevenção, redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, e que deverá traduzir-se em ciclos até ao total esgotamento económico e físico do produto e não num ciclo único.

    É em resposta a este desafio que a Associação Smart Waste Portugal, em colaboração com a 3drivers – Engenharia, Inovação e Ambiente, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção (PTPC), desenvolveu o projeto Edifícios Circulares, financiado pelo EEA Grants. Este projeto teve como objetivo o desenvolvimento de ferramentas de apoio à decisão para promover o aumento da reutilização dos materiais e a redução na produção de resíduos no setor da Construção. Neste sentido, foram produzidas ferramentas para a comparação transparente do desempenho ambiental dos produtos de construção e dos edifícios, assentes em metodologias científicas robustas. Foram então desenvolvidos três guias:

    Guia para criação de passaportes de materiais para edifícios

    O guia tem como objetivo promover um level playing field para a criação de passaportes de materiais no setor da construção, assim como promover a utilização desta ferramenta, dando resposta às atuais necessidades do setor no âmbito da Economia Circular, nomeadamente a nível da caracterização do potencial de circularidade do produto.

    Guia de boas práticas para promoção da circularidade nas DAP 

    O documento apresenta recomendações dirigidas a dois grupos-alvo do setor, nomeadamente fabricantes de produtos de construção e os seus consumidores e especialistas de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e de sustentabilidade.

    Guia de boas práticas para o cálculo de indicadores de eficiência de edifícios

    Foi desenvolvido um guia com recomendações para melhorar a robustez dos indicadores de eficiência para edifícios, contribuindo para a avaliação dos impactes ambientais resultantes e para a promoção da circularidade. O guia inclui também recomendações para a utilização de fontes de dados credíveis e robustos incentivando à análise crítica da sua utilização.

    Foi também desenvolvida uma ferramenta de avaliação dos impactes ambientais e económicos associados ao fim de vida de produtos de construção. Esta deverá permitir a análise de fluxos de materiais retirados de uma obra, determinando os impactes ambientais e económicos associados a atividades como reutilização dos materiais e tratamento dos resíduos produzidos em obra. Estas ferramentas foram, posteriormente, testadas num Projeto Demonstrador, na obra de Remodelação e Ampliação da Escola EB 2-3 Dr. Flávio Gonçalves, situada na Póvoa de Varzim.

    No passado dia 08 de setembro de 2021, realizou-se via Plataforma Digital, o Evento Final do Projeto Edifícios Circulares, no qual foi efetuado um balanço do trabalho desenvolvido ao longo do projeto e onde foram apresentadas as ferramentas criadas. Poderá consultar a gravação do evento no canal de YouTube da Associação Smart Waste Portugal.

    Toda a informação do Projeto encontra-se disponível no site do mesmo, incluindo todos os Deliverables para download, nomeadamente, Guia para criação de passaportes de materiais para edifícios; Template do Passaporte de Materiais Circular; Guia para a melhoria dos indicadores de eficiência dos edifícios; Guia para a promoção da circularidade nas Declarações Ambientais de Produto; Ferramenta de cálculo dos impactes ambientais e económicos; Nota metodológica – Ferramenta de cálculo dos impactes ambientais e económicos e Relatório de Demonstração do Projeto.

    Todas as ferramentas produzidas estão prontas a serem utilizadas pelos agentes do setor e tendo em consideração a sua utilização, poderão vir a ser atualizadas. Desta forma, a longo prazo, o Consórcio compromete-se a melhorar as mesmas, tendo em consideração os inputs que poderá receber por parte da cadeia de valor.

    O Projeto Edifícios Circulares estabelece uma base sólida para o crescimento do uso e adoção das ferramentas propostas por parte do setor, para que este tenha um maior conhecimento dos impactes ambientais e económicos associados aos projetos de construção, promovendo assim uma maior circularidade dos edifícios.

    NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorInês Gomes

    Inês Gomes

    Gestora de Projectos da Smart Waste Portugal
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