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    Sustentabilidade na Construção: Um chavão ou uma realidade?

    “Não há dúvidas de que este setor, habitualmente associado a padrões mais tradicionais, está a posicionar-se no caminho da neutralização carbónica. Ainda que representem um nicho, as empresas da fileira nacional que apostam na construção sustentável estão a mudar o paradigma”

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    Sustentabilidade na Construção: Um chavão ou uma realidade?

    “Não há dúvidas de que este setor, habitualmente associado a padrões mais tradicionais, está a posicionar-se no caminho da neutralização carbónica. Ainda que representem um nicho, as empresas da fileira nacional que apostam na construção sustentável estão a mudar o paradigma”

    Nuno Garcia
    Sobre o autor
    Nuno Garcia

    Aproxima-se o fim de mais um ano. Em todos os setores, o comportamento repete-se: reflete-se sobre 2021, debatem-se tendências e fazem-se previsões acerca do que se pode esperar em 2022. A Construção, setor para o qual olho com algum otimismo – ainda que moderado –, quando penso acerca dos desafios que o espera, não é, claro, exceção.

    No topo da lista de previsões, a par do uso da tecnologia na Construção ou na continuação do investimento em determinados segmentos do mercado, surge a Sustentabilidade. Este é um tópico que tem vindo a ser recorrente em conversas, formais e informais, entre players do setor e, para todos, o objetivo é o mesmo: ser sustentável. No entanto, dado que o alcance deste propósito pode ser bastante complexo, há quem opte por seguir um caminho alternativo, de forma a transmitir uma impressão (falsa) de eco-preocupação, através de comportamentos de Greenwashing. Será correto, então, olharmos para a “construção verde” como uma realidade?

    Não há dúvidas de que este setor, habitualmente associado a padrões mais tradicionais, está a posicionar-se no caminho da neutralização carbónica. Ainda que representem um nicho, as empresas da fileira nacional que apostam na construção sustentável estão a mudar o paradigma, ao adotarem materiais e métodos que permitem alcançar obras simultaneamente de qualidade e sustentáveis e focando-se na eficiência energética, bem como numa gestão ponderada dos recursos hídricos e dos resíduos.

    Porém, o caminho não é tão linear como desejaríamos e, infelizmente, alguns players escolhem mascarar os seus comportamentos através de ações que transmitem uma ideia de desenvolvimento sustentável. Uma obra é um sistema complexo no qual o desafio da sustentabilidade deve ser tido em consideração durante todas as etapas: desde o desenvolvimento do projeto, com a escolha de soluções técnicas adequadas e materiais sustentáveis, passando por toda a execução da obra, utilizando técnicas construtivas que minimizem as emissões de carbono e respetiva pegada ecológica, e, finalmente, durante a fase de exploração do edifício, na qual deve existir uma preocupação com a minimização dos gastos de energia e aproveitamento máximo dos recursos naturais. Assim, caso não se possua uma visão global de um projeto, de nada adianta ter como bandeira a utilização de um determinado material ou sistema pontual que seja considerado sustentável. Se tudo o resto falha, não podemos olhar para uma construção como “verde”.

    A ajuda dos fundos europeus e de programas promovidos pelo Estado, ainda que represente um ponto de partida, não é suficiente para impulsionar as empresas rumo à sustentabilidade. Mas este é apenas um dos vários desafios. Existe também uma necessidade de clarificação e coordenação entre quem legisla e quem tem a responsabilidade na aprovação dos projetos. Quando falamos em reabilitação, estes aspetos não estão, muitas vezes, alinhados. Adicionalmente, deve existir uma maior educação e sensibilização da sociedade para o tema da sustentabilidade e, em particular, para quem pretende construir. Deve-se explicar a todos, especialmente a quem pretende ser sustentável, mas não está disposto a pagar mais por isso, que, a longo prazo, as opções “verdes” permitem poupar não só o ambiente, como a carteira.

    Ainda assim, olho para o que aí vem com alguma expetativa. Dados recentes indicam que 83% dos investidores preveem um aumento na procura por edifícios sustentáveis. De facto, o critério ESG (Environment, Social e Governance) começa a fazer diferença aos olhos de quem aplica o seu dinheiro no imobiliário, o que me permite concluir que as alternativas ecológicas passarão a ser opção e que o termo “sustentabilidade” deixará de ser um chavão para se tornar a realidade.

    Nota: O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorNuno Garcia

    Nuno Garcia

    Director-geral da Gesconsult
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