Balkrishna Doshi: “Dedico este prémio a Le Corbusier”
“Os seus ensinamentos [de Le Corbusier] levaram-me a questionar a identidade e obrigaram-me a descobrir uma nova expressão contemporânea regionalmente adoptada para um habitat holístico sustentável “
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O arquitecto indiano Balkrishna Vithaldas Doshi (nascido em 26 de Agosto de 1927), foi anunciado como o vencedor do Prémio Pritzker 2018. Esta é a primeira vez que um arquitecto indiano é distinguido com o galardão.
Considerado uma figura importante da arquitectura do sul da Ásia, Doshi foi estudante e colaborador de Le Corbusier e Louis Kahn e é destacado pelas suas contribuições para a evolução do discurso arquitectónico na Índia e conhecido, entre outros, pelo projecto para o Indian Institute of Management, em Bangalore.
O júri, presidio por Tom Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, destaca em Doshi a capacidade para transformar a arquitectura em obras “que respeitam a cultura oriental ao mesmo tempo que aumentam a qualidade de vida na Índia”, sublinhando que a “sua abordagem ética e pessoal tocou vidas de todas as classes socio-económicas num amplo espectro de géneros, desde a década de 1950”.
Com um trabalho “pessoal, receptivo e significativo”, Balkrishna Doshi, “tem sido fundamental para moldar o discurso da arquitectura em toda a Índia e internacionalmente”, refere ainda o júri.
“As minhas obras são uma extensão da minha vida”
Arquitecto, urbanista e professor nos últimos 70 anos, Balkrishna Doshi comenta: “as minhas obras são uma extensão da minha vida, filosofia e sonhos”. Em reacção ao Prémio, Doshi dedica-o “ao meu guru, Le Corbusier”. “Os seus ensinamentos levaram-me a questionar a identidade e obrigaram-me a descobrir uma nova expressão contemporânea regionalmente adoptada para um habitat holístico sustentável “.
“Com toda a minha humildade e gratidão, quero agradecer ao Júri Pritzker pelo reconhecimento profundamente emocionante e gratificante do meu trabalho. Isso reafirma a minha convicção de que ‘a vida celebra quando o estilo de vida e a arquitetura se fundem’”.
“Arquitectura poética, funcional e séria”
Sobre a arquitectura de Doshi, a organização do Prémio refere que, “explora as relações entre as necessidades fundamentais da vida humana, a conectividade com o eu e a cultura e compreensão das tradições sociais, no contexto de um lugar e ambiente e através de uma resposta ao Modernismo”.
A mesma fonte explica que, “as lembranças da infância, desde os ritmos do clima até ao toque dos sinos do templo, informam os seus projectos”, lembrando que o arquitecto descreve a arquitetura como uma extensão do corpo e a sua abordagem atenta ao clima, à paisagem e à urbanização é demonstrada por meio da escolha dos materiais, dos lugares sobrepostos e da utilização de elementos naturais e harmoniosos.
Tom Pritzker refere ainda que, o trabalho de Balkrishna Doshi sublinha a missão do Prémio, “demostrando que a arte e a arquitectura são um serviço inestimável para a humanidade”. No anúncio do Prémio lembrou que Doshi “converteu abrigos em casas, habitação em comunidades e cidades em oportunidades”.
A título de exemplo mencionou o projecto “Aranya Low Cost Housing” (Indore, 1989), que actualmente recebe mais de 80.000 pessoas através de um sistema de casas, pátios e um labirinto de caminhos internos. E onde existem mais de 6.500 habitações, que vão desde residências modestas a casas espaçosas, em que “camadas sobrepostas e áreas de transição incentivam condições de vida fluidas e adaptáveis, habituais na sociedade indiana”.
Caracterizando a sua arquitectura de poética, funcional séria e referindo que nunca foi um seguidor de tendências, o júri do Prémio destacou o projecto para o Indian Institute of Management (Bangalore, 1977-1992), inspirado em cidades e templos tradicionais e organizado de forma a oferecer uma variedade de espaços protegidos do clima quente. O júri enalteceu também o “profundo senso de responsabilidade e um desejo de contribuir para o seu país e os seus povos”, assim como “a arquitectura autêntica e de alta qualidade, com que criou projectos para administrações públicas, instituições de educação e culturais, bem como residências para clientes particulares, entre outros”.
“Doshi está bem ciente do contexto em que os seus edifícios estão localizados. As suas soluções levam em consideração as dimensões social, ambiental e económica, e, portanto, a sua arquitectura está totalmente comprometida com a sustentabilidade “, acrescenta.
Balkrishna Doshi é o 45º Prémio Pritzker Laureate. A cerimónia de entrega do Prémio, terá lugar no Museu Aga Khan em Toronto, Canadá, em Maio.