Ateliê á Lupa – CLCS Arquitectos
Arquitectura de inspiração quotidiana A trabalhar simultaneamente em Portugal e Angola, são diversos os projectos de arquitectura a realizar nestes dois paÃÂses. Partindo do principio de que «já não há heróis», o dia-a-dia, as imagens, as palavras, e os sons são a fonte de inspiração deste ateliê que encara cada proposta com umnovo desafio Como… Continue reading Ateliê á Lupa – CLCS Arquitectos
Ana Rita Sevilha
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Arquitectura de inspiração quotidiana
A trabalhar simultaneamente em Portugal e Angola, são diversos os projectos de arquitectura a realizar nestes dois paÃÂses. Partindo do principio de que «já não há heróis», o dia-a-dia, as imagens, as palavras, e os sons são a fonte de inspiração deste ateliê que encara cada proposta com umnovo desafio
Como nasceu o ateliê?
António Costa Lopes (ACL) – O ateliê foi constituÃÂdo em 1999 pela dupla, Alexandre Costa Lopes, e eu. Ao longo do tempo as coisas foram-se naturalmente alterando, e actualmente temos a Benedita Zamith a trabalhar connosco.
Referem no vosso site que «as nossas fontes de inspiração resultam de um somatório de observações – palavras, imagens sons». De que forma a vossa vivência diária influência a maneira de projectar?
Benedita Zamith (BZ) Em tudo. Projectamos a partir do mundo, do que existe.
ACL- Eu acho que esta área funciona como qualquer outra área que vive de uma criação, de influências, de coisas que vão marcando, de viagens que se fizeram; e viagens podem ser de trabalho, de casa para o escritório, de casa para a escola; de uma obra que viu, um filme que marcou. São essas coisas que vão acontecendo que fazem um conjunto de imagens que se podem dizer que funcionam como inspiração ou ideias.
Existe algum arquitecto que seja para vocês também uma fonte de inspiração ou uma referência? BZ- Existem tantos e tão bons. Mas acho que fonte de inspiração não.
ACL- Da experiência que tenho, pessoal e profissional, acho que já não existem heróis, existem bons projectos. Há arquitectos que podem ser muito bem sucedidos num determinado projecto e no seguinte pode não correr tão bem. Portanto pode ser mais por projectos do que por pessoas.
Li também uma explicação vossa em que referiam, «no nosso trabalho tentámos relacionar vários temas arquitectónicos como massa, profundidade e opacidade», isso é uma premissa de intervenção?
ACL-Não, acho que não há receitas. A nossa maneira de estar e de fazer arquitectura é sem receitas, é partir do zero, começar num espaço numa base e a partir dai desenvolver ideias.
A vossa arquitectura tem alguma marca que seja inerente a todos os vossos projectos e que seja facilmente reconhecÃÂvel?
ACL- Acho que não. Na minha opinião o que resulta na arquitectura é não seguir uma linha porque os locais são diferentes, os clientes são diferentes, a luz é diferente, existe muita coisa diferente que personaliza e individualiza cada projecto e cada obra.
BZ- Acho que temos um percurso e uma determinada forma de pensar que é sempre a mesma, mas os projectos acabam por ser todos diferentes uns dos outros.
Como definem arquitectura e o papel do arquitecto na nossa sociedade?
ACL- Temos um papel que é pouco reconhecido.
Temos boa arquitectura e bons arquitectos em Portugal?
BZ- Existem muito bons arquitectos, mas também existem muito maus.
ACL- Há de tudo, mas de uma forma geral acho que são bons. Por vezes existem é menos oportunidades de se mostrarem, aparecerem, conseguirem sobreviver. DifÃÂcil é manter o barco no meio de muitas tempestades. Esta geração mais conhecida de pessoas na faixa etária dos 50, conseguiram manter durante vinte ou trinta anos uma estrutura e um tipo de linha de arquitectura que são referências, e isso é o mais difÃÂcil. As escolas são boas, existem bons professores, temos tudo para fazer bons arquitectos.
Têm projectos em Portugal e fora do paÃÂs. Existe alguma diferença entre projectar em Portugal e lá fora?
BZ- Penso que cá existem mais limitações da parte dos clientes.
ACL- Nós estamos a trabalhar cá e temos escritório em Angola, o Alexandre está lá quase 90 por cento do tempo. Os projectos que fazemos para Angola, são de uma escala diferente. Estamos a falar de um paÃÂs grande, de uma cidade que foi planeada no século XX, onde a evolução foi feita nesse século e tem um desenho muito bom, os edifÃÂcios são excelentes, e tudo o que foi feito até 1974 é formidável. A escala do paÃÂs e da cidade marcam um bocadinho a mentalidade das pessoas, são mais abertas, e aquilo que sentimos é que quando somos chamados como técnicos somos respeitados como tal, o nosso trabalho é feito do principio ao fim, existindo sempre uma base de confiança. Cá, todos sabemos um bocadinho de tudo e queremos sempre intervir em todas as áreas.
Em termos de trabalho, a vossa encomenda é mais de clientes privados ou de concursos?
ACL- As duas coisas, mas um bocado por fases. Houve uma altura em que fizemos uma aposta em concursos públicos, uns foram ganhos outros não, mas o resultado final foi muito bom. Infelizmente não se consegue sobreviver assim.
E em termos de concorrência nesses concursos?
ACL- Existe assumidamente um vÃÂcio. Eu não sei como é que não se faz uma investigação a esse nÃÂvel. Entidades como câmaras lançam dois ou três concursos em dois ou três anos e é sempre o mesmo nome a ganhar. Não pode ser coincidência.
E o trabalho com privados?
ACL- Pode ser limitado, por isso fizemos uma aposta nos concursos públicos, porque apesar de tudo existem vantagens.
Sustentabilidade e eficiência energética. Têm esse cuidado quando projectam?
BZ- Estamos agora a começar a enveredar e a pesquisar sobre essa matéria. Podia-se fazer muito mais se as pessoas, tivessem mais consciência e quisessem, estando dispostos a gastar hoje para ganharem amanhã.
Construir ou reconstruir?
ACL- As duas coisas.
Reconstruir pode ser um maior desafio do que construir?
ACL- Acho que sim, existem mais condicionantes, e com tantos problemas conseguir um bom resultado é mais gratificante.
De todos os projectos que fizeram até agora conseguem eleger um como um maior desafio, ou como um melhor resultado?
ACL- Não, seria injusto para os outros.
Existe algum programa ou algum local em que ambicionassem projectar?
ACL- No meu caso, acho que existem dois programas que podem ser muito interessantes, que são o de uma igreja e de um cemitério, precisamente por achar que são espaços para se estar e de contemplação.