Design em diálogo com a natureza
Um conjunto que se desenvolve em volumes fragmentados que vão ganhando corpo em direcção ao mar é a aposta
da Vasco Cunha, equipa de estudos e projectos, para a Nazaré. O projecto promete qualificar a oferta turística da vila através
de um “Aparthotel Design”, que preserva os recursos naturais daquela zona
Filipe Gil
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Ana Rita Sevilha
Implantada à beira-mar, a vila piscatória da Nazaré vai receber em breve um conjunto hoteleiro apelidado de "Aparthotel Design", com a construção de um projecto assinado pelo gabinete Vasco da Cunha, estudos e projectos. A preservação dos recursos naturais daquela zona do país, bem como a promoção do desenvolvimento e da qualidade de vida, foram os principais objectivos do estudo de ocupação primeiramente desenvolvido pelo gabinete. A nascer junto à denominada Estrada do Farol, o estudo teve como objecto de análise uma área de 26 hectares e a proposta de uma ocupação turística que se afirma como "um produto diferenciado pela sua qualidade e pelo design inovador". Inserido na paisagem natural da região, o diálogo entre a natureza e o construído foi um ponto de partida importante para o desenvolvimento do projecto. Nesse sentido, a envolvente e os elementos naturais foram utilizados enquanto objectos que estabelecem uma transição entre espaços públicos e privados, funcionando como um elemento unificador de toda a estrutura, transformando os diferentes volumes num todo construído.
Integração paisagística
Em declarações ao Construir, Isabel Vaz Serra, arquitecta e administradora do gabinete, revelou o conceito ou ideia base da proposta. "Na base do desenvolvimento do projecto esteve a intenção de, num terreno em declive e com vista privilegiada sobre o mar, potenciar a implantação de uma unidade turística que se integrasse na própria encosta, reforçando as qualidades paisagísticas do local. A própria desagregação da unidade, em módulos, os quais albergam funções diferenciadas (zonas de recepção, zona dos quartos, zona de serviços), mas que se relacionam entre si, permite a integração do terreno na topografia e o aligeiramento de volumetrias". Propondo uma solução arquitectónica de baixa densidade, em que a cércea máxima é de 6,5 metros, o conjunto completa-se com os ditos espaços verdes, públicos e privados, e os equipamentos e serviços inerentes a este tipo de programa, tais como, piscina, restaurante e bar. Com dois e três pisos, os volumes vão se moldando à topografia do terreno, que se caracteriza por ser em declive, o que origina uma sequência de terraços, pátios e varandas, que em forma de escada se direccionam para o mar. A opção deste desenvolvimento em desnível permite uma maior privacidade e um prolongamento do espaço interior para o exterior da habitação, terminando em vistas desafogadas, como um percurso que se vai exteriorizando. A integração procurada entre paisagem e construção é garantida com a utilização de coberturas ajardinadas, que de acordo com a equipa projectista "compensa a superfície de solo impermeabilizada pela construção".
Valores tradicionais
A busca pela solução arquitectónica perfeita teve outro factor determinante, "a interpretação dos valores da arquitectura tradicional da Nazaré", lê-se na memória descritiva do projecto. Foi por esse pressuposto que a solução passou pela fragmentação e aligeiramento de volumetrias, indo assim ao encontro de referências da arquitectura local, tanto em termos de conceito como de materialidades. A madeira foi o revestimento exterior escolhido, não só pela sua interligação harmónica com a natureza e a paisagem envolvente, como pelo facto de ajudar na obtenção de conforto humano, nomeadamente no que diz respeito ao "microclima, qualidade visual e acústica, qualidade do ar e segurança", revela o mesmo documento. Assegurar a eficiência energética do projecto hoteleiro foi outro dos desafios para a equipa projectista. Isabel Vaz Serra confirmou ao Construir que foram procuradas "soluções que asseguram a adequada sustentabilidade do edifico. Por exemplo, o desenvolvimento do mesmo em plataformas com coberturas ajardinadas permitirá a criação de espaços com natural ensombramento; será garantido o conforto ao nível climático, sendo que os ganhos solares poderão ser controlados pela orientação das superfícies envidraçadas; será ainda promovida a integração de soluções de energia solar passiva, a nível das coberturas, tanto para aquecimento de águas e dos espaços interiores". Para a mesma responsável, este projecto teve inúmeros desafios, sendo que, o maior encontrado durante o desenvolvimento da proposta foi "o cumprimento das exigências programáticas inerentes a um equipamento hoteleiro desta natureza, bem como a adequada integração do mesmo na topografia existente". O projecto que pretende qualificar a oferta turística da Nazaré, é segundo a administradora do gabinete responsável pelo projecto, uma "solução arquitectónica assente em premissas como qualidade, design e modernidade". n