Director de Obra Definições e evolução
Tiago Ivo Martinho*Actualmente, um Director de Obra é alguém que se pretende mais direccionado para toda a vertente de optimização temporal e económica da empreitada, menos concentrado nos pormenores técnicos […]

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Tiago Ivo Martinho*Actualmente, um Director de Obra é alguém que se pretende mais direccionado para toda a vertente de optimização temporal e económica da empreitada, menos concentrado nos pormenores técnicos da mesma
Uma das mais clássicas e emblemáticas funções de Engenharia no sector da Construção é a Direcção de Obra. Pelos corredores das faculdades, desde cedo que se sentem as aspirações dos futuros licenciados, tratando-se esta das funções que mais rapidamente se conhecem e ambicionam. Finalizada a formação superior, e quando se opta por uma carreira em produção, é uma motivação normal e lógica a evolução para director de obra num prazo médio de 3 a 5 anos. Regra geral esta ascensão de responsabilidades dá-se em empreitadas de crescente dimensão, evoluindo de adjunto de Director de Obra a Responsável de Frente, até à Direcção de Obra.
O mesmo nome, diferentes responsabilidades
Consideremos apenas empreitadas de média e grande dimensão. Quantos Engenheiros com 5 anos de experiência profissional mínima, em coordenação de obras, existem no activo? O cálculo pode parecer fácil para um leigo na matéria. Tendo em conta a nomenclatura uniformizada da posição no mercado, todas as empresas contam com uma equipa de Directores de Obra na sua estrutura. Com um cálculo elaborado de forma proporcional, tendo em conta a dimensão de cada empresa, estima-se facilmente um número redondo que pode parecer indicativo, o que é totalmente errado em termos técnicos. Errado devido a, essencialmente, três motivos: diversas tipologias de obra existentes, evolução tecnológica no sector e a crescente profissionalização e industrialização da Construção em Portugal. A especificidade técnica inerente a cada projecto exige dos seus coordenadores um know-how passado em empreitadas semelhantes. Um Director de Obra com forte experiência em Edificação de Hotéis não é comparável a um Director de Obra de Ferrovias. As designadas competências transversais, nomeadamente a gestão económica, de recursos humanos e materiais são certamente responsabilidades comuns a todos os directores de obra, no entanto todo o processo de execução técnica é radicalmente diferente, o que distingue de forma decisiva os perfis de Direcção. A evolução tecnológica contribuiu também, em larga medida, na formação dos quadros das empresas. As empresas que mais rapidamente se adaptam à inovação e apostam na formação, mais enriquecem os seus quadros especializados, levando-os a assumir responsabilidades inovadoras no mercado. Também a crescente profissionalização do sector, com a criação de estruturas empresariais com menores raízes familiares, conduz a uma importação exterior de conhecimento e política estratégica que modifica os modelos de gestão internos em vigor no passado. Um plano de formação e de evolução de carreira para um Director de Obra que ingressa hoje numa empresa é algo cada vez mais vincado à política de gestão da empresa, criando maiores diferenças entre os principais grupos empresariais no que toca à uniformização de funções entre profissionais semelhantes no mercado.
Engenheiro ou Gestor de Obra?
É notório o crescimento estrutural e funcional das grandes empresas de Construção em Portugal, que gradualmente se profissionalizam, afastando-se de matrizes familiares clássicas. A internacionalização que se vive no sector desde há uns anos obrigou, em grande medida, a uma rápida optimização interna e descentralização de poder nas empresas, o que também se reflectiu na função de Direcção de Obra.
Actualmente, um Director de Obra é alguém que se pretende mais direccionado para toda a vertente de optimização temporal e económica da empreitada, menos concentrado nos pormenores técnicos da mesma. Este conceito de gestão define uma obra como se de uma micro empresa se tratasse.
O futuro de um Director de Obra passa, invariavelmente, pela evolução para gestor, quer seja financeiro, económico ou de recursos humanos. Para melhor assumirem estas funções, é cada vez mais frequente encontrarmos Engenheiros Civis com formação complementar em Economia ou Gestão Empresarial, a qual procuram desde cedo. O próprio mercado sente a necessidade deste upgrade de know-how e tem-se tornado mais exigente no recrutamento de Engenheiros, procurando uma maior polivalência de perfil em funções de Coordenação.
Ainda que esta evolução de Director para Gestor de Obra seja uma realidade, tem-se revelado, em muitas empresas, uma transição lenta e sensível, devido ao momento de estagnação que se vive no mercado nacional e às próprias estruturas directivas, com uma considerável relutância a mudanças profundas na distribuição de poderes.
*Senior Consultant de Property & Construction da Michael Page