Cascais constrói recife para criar onda perfeita
A criação de um recife artificial na costa de Cascais vai custar à autarquia cerca de 2 milhões de euros. Através do enrocamento, esta obra permitirá "criar a onda ideal", […]

Pedro Luis Vieira
Bondstone apoia primeira Cátedra em “Sustentabilidade de Ecossistemas Subterrâneos – Loulé”
Grupo Pestana reforça aposta no Algarve com projecto premium
Universidade da Beira Interior faz parceria na China para formar 1.200 engenheiros
Corum reforça oferta com fundo direccionado para activos ESG
Panasonic lança Aquarea Home para “controlo total” da casa
Município do Porto lança concurso para requalificar Praça Pedro Nunes por 2,5M€
Setúbal adquire 24 imóveis à Hipoges para arrendamento municipal
Micro-rede resiliente salva FCTUC do apagão ibérico
Geberit lança nova sanita bidé ao “alcance de todos”
Garcia Garcia relança programa de estágios de Verão para estudantes universitários
A criação de um recife artificial na costa de Cascais vai custar à autarquia cerca de 2 milhões de euros. Através do enrocamento, esta obra permitirá "criar a onda ideal", revela o mentor do projecto, Pedro Bicudo
São Pedro do Estoril, em Cascais, deverá receber em 2010 um recife artificial com capacidade de gerar uma onda de classe mundial para a prática de surf e de body-board. O projecto, por enquanto em estudo, representará "um investimento entre um e dois milhões de euros", adiantou o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), Carlos Carreiras, ao Construir. À frente da equipa dos cerca de vinte investigadores que está a coordenar o estudo para a concretização deste projecto, Pedro Bicudo, do departamento de Física do Instituto Superior Técnico, começa por revelar que "os surfistas de Carcavelos tiveram uma reunião com o presidente da CMC onde revelaram que um projecto que envolvia a colocação de esporões na praia de Carcavelos era mau para a prática da modalidade", pelo que este mesmo projecto não avançou. Por conseguinte, o mesmo grupo de surfistas indicou que "era possível melhorar o surf através de obras costeiras", tendo apresentado a proposta que prevê a construção deste recife com cerca de 200 metros de comprimento por 30 de largura e para a qual a CMC dirigiu 200 mil euros para o seu desenvolvimento. De acordo com Pedro Bicudo, "está a ser aplicada uma tecnologia inovadora, que começou por ser utilizada na Austrália e América e chega agora à Europa", sendo que o recife a ser construído ficará localizado a 100 metros da costa, fazendo um ângulo de 30 graus, a Poente da Ponta do Sal, perto da foz da Ribeira das Marianas.
Boa onda
"As ondas rebentam quando entram numa zona menos profunda e a forma como rebentam depende do fundo", explica o mentor do projecto que de seguida revela que "as ondas rebentam quando a profundidade é aproximadamente igual a metade da própria altura", sendo que "construindo um recife artificial como perfil correcto podemos criar a onda perfeita". Segundo Pedro Bicudo essa poderá ter um mínimo de meio metro em maré baixa e atingir os dois ou três metros em condições ideais, "ondas que são raras porque o fundo do mar não se dispõe desta maneira". Por questões ambientais "optou-se pelo enrocamento", deixando-se para trás a hipótese de uma obra de betão ou de sacos geo-têxteis, sendo que o enrocamento apresenta como vantagem o facto do "recife ser construído com o que já existe no próprio local, ou seja, aproveitando o fundo rochoso de um pequeno recife natural já existente". Por outro lado, "o enrocamento é muito benéfico para a fauna e flora porque oferece abrigos e pontos de fixação às espécies marinhas". Não obstante, "a tecnologia dos recifes naturais permite fixar areias e resolver os problemas que resultam dos esporões, que localizam os agueiros e levam os sedimentos ao mar".
Importância das simulações
No que diz respeito à dinâmica de ondas e correntes, Pedro Bicudo revela que "no projecto já estudámos a hidráulica de recifes através de modelos numéricos e simulações", para além do "estudo de um modelo físico do recife que se encontra à escala no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)". Este modelo encontra-se à escala 1/30 e tem como objectivo "recriar todas as características do local, em termos de fundos, ondulação, altura média de mares e ondas e o tipo de rebentação", esclareceu Pedro Bicudo ao Construir. Projectar uma onda destas "é muito difícil para a hidráulica", enuncia o coordenador do estudo, visto que "queremos que as ondas rebentem da melhor maneira possível", verificando-se um erro quando se faz qualquer pequeno desvio em relação ao desenho óptimo. Não obstante, o uso de software específico "está a ser fundamental para a concretização do projecto", tendo sido usados "softwares que foram desenvolvidos em universidades portuguesas" e que têm permitido "avaliar os parâmetros da onda do ponto de vista da sua surfabilidade", conclui. Do lado da Câmra Municipal de Cascais, Carlos Carreira justifica esta obra pelo facto de que "vai ao encontro do objectivo de potenciar a onda de São Pedro, porque o surf é o desporto com segundo maior número de praticantes do concelho de Cascais", sendo que, do ponto de vista turístico, "tem também o seu interesse".
Cascais e o surf
Cascais tem uma longa relação com o surf. Em Cascais, precisamente em São Pedro do Estoril, surgiram os primeiros locais de surf do país, sendo seguido por Carcavelos, pela Costa da Caparica e pelo Guincho. De acordo com o mentor do recife artificial, Pedro Bicudo, "esta razão foi fundamental para a Câmara de Cascais (CMC) escolher aquele como local para a construção do recife artificial visto que é de todos os locais aquele que não está tão carregado de surfistas". Desta feita, a autarquia deseja "desenvolver este pólo", através da criação das melhores condições para a prática da modalidade. Orçado em dois milhões de euros, "número que será definido na totalidade assim que se avançar com o plano de execução do projecto", o recife artificial para a costa de Cascais "deverá estar pronto em 2010", sublinha Pedro Bicudo, visto que depois do plano de execução terá de ser feito o caderno de encargos, "que demora um ano", e só depois se iniciam as obras, "cuja duração deverá ser inferior a um ano", conclui.