‘Em Portugal, um elevador é reparado, mas nunca é modernizado’
Em entrevista ao Construir, o responsável da multinacional suíça mostrou como a empresa poderá fornecer soluções úteis e funcionais no edificado que seja alvo de intervenções de remodelação e na substituição de elevadores obsoletos.

Pedro Cristino
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Que contributo nos trazem as nossas elites?
Em entrevista ao Construir, o responsável da multinacional suíça mostrou como a empresa poderá fornecer soluções úteis e funcionais no edificado que seja alvo de intervenções de remodelação e na substituição de elevadores obsoletos.
O mercado da reabilitação afigura-se atractivo para a Schindler?
É muito atractivo e, hoje, na Europa, é o mais importante mercado, porque, em vez de se construir novo, procede-se, cada vez mais, à reabilitação do edificado existente. Portugal tem estado um pouco arredado dessa estratégia. Os centros das nossas cidades estão muito abandonados e têm edifícios que merecem reabilitação, até por razões de identidade e de aproveitamento dessas cidades. Contudo, há sempre boas ideias mas depois não há concretizações.
Consideram a reabilitação um mercado de futuro?
Sim. Em média, um elevador, em Portugal é reparado, mas nunca é modernizado. Por modernização entenda-se a alteração de características para o adaptar às situações actuais, quer de segurança, quer de sustentabilidade, em termos de consumo de energia.
Que tipo de características podem ser alteradas nesse sentido?
É possível, através da modernização, colocar, num elevador antigo, elementos com as mesmas condições de segurança e de consumo energético de um elevador actual. Praticamente, todas as características são susceptíveis de serem muito modernizadas. Na Europa, temos produtos especificamente desenvolvidos neste sentido. Por outro lado, há a directiva europeia Safety Directive for Existing Lifts que pretende prevenir todos os riscos que os elevadores existentes têm e propõe soluções para a resolução dessas questões e para actualizar a componente de segurança. Contudo, estas directivas não são retroactivas.
Portugal é um país onde ocorrem muitos acidentes em elevadores?
Felizmente não, todavia, há muitos mais do que aqueles que devia haver. Um dos problemas é o facto das cabines dos elevadores pararem desniveladas quando chegam ao piso de destino. Em edifícios que podem estar, muitas vezes, mal iluminados, com crianças ou com pessoas de idade, podem ocorrer acidentes graves e que, muitas vezes, não são considerados acidentes de elevador, o que acaba por não entrar na estatística. Contudo, o problema de segurança não pode ser só medido pela questão do número de acidentes, mas sim pelo grau com que uma instituição ou uma empresa recebe os seus visitantes. Isto tem também um impacto na mentalidade geral.
No actual contexto económico, que importância poderá ter a modernização?
No momento de crise económica que actualmente se vive, os trabalhos de remodelação têm reflexos ao nível da poupança de energia e da segurança das pessoas e também no acto de proporcionar trabalho a pequenos empreiteiros que remodelam edifícios. Na Schindler, por exemplo, fornecemos os equipamentos mas contratamos também muito trabalho de construção no exterior. Isso também é uma fonte de rendimento através dos impostos. Ganha-se em segurança, as empresas tem actividade, os trabalhadores têm mais trabalho, há mais impostos em jogo e há uma certa dinamização. Essa é a oportunidade da remodelação de edifícios nos centros das cidades. Está muito além do aspecto apenas estético. Cria habitação jovem, reanima o centro das cidades, tem impacto cultural, as cidades ficam mais seguras se têm mais população à noite e é para isso que estamos a contribuir timidamente.
Se a legislação impusesse um certo grau de segurança nos elevadores dos edifícios, Portugal seria um mercado com muitas oportunidades para a empresa?
Temos legislação em vigor que já estabelece procedimentos nesse sentido. Essa legislação passou a responsabilidade das inspecções periódicas para as câmaras municipais. Há autarquias que têm feito isso, outras não, porque esta responsabilidade exige uma infra-estrutura técnica que algumas câmaras não têm condições para ter. Depois existe também o impacto político e eleitoral que acarretaria forçar os proprietários a fazer obras de remodelação, e então há uma tolerância que classificaria de excessiva.
Do que carece a legislação actual no que concerne aos elevadores?
Deve ser feito um trabalho, promovido pela Direcção Geral de Energia, no sentido de identificar quais as 10 ou 15 medidas que deverão avançar nos próximos anos. O que diz respeito a portas e à sua segurança, o desnivelamento das cabines e a comunicação bidireccional entre a cabine e um centro de assistência são pontos que já originariam muito maior segurança do que aquela que existe.
De que forma está a Schindler preparada para dar resposta a intervenções de reabilitação?
A Schindler desenvolveu produtos próprios para evitar os impactos negativos da construção civil nos edifícios que estão habitados. A nossa linha de produtos tende a ser mais flexível e adapta-se, tanto quanto possível, aos locais hoje existentes.
De que forma é que esta linha tem em conta o impacto que a sua instalação poderá ter na estrutura do edificado?
Os produtos que desenvolvemos especificamente para modernização têm muita flexibilidade dimensional e podem ser acertados ao milímetro. Embora sejam produtos standard, podemos fazê-los à medida. Obviamente que isso torna o produto um pouco mais caro, mas evita muito trabalho de construção civil. Outro aspecto importante consiste no facto de a Schindler ter sido o principal promotor em Portugal do elevador sem casa da máquina. Questões como esta ajudam muito a reduzir o impacto local de obras.
De que soluções específicas dispõe a Schindler para este mercado?
No caso da transformação parcial, em que o elevador necessita de levar, por exemplo, uma máquina nova ou um comando actualizado, podemos substituir alguns orgãos desse elevador e temos equipamento que é compatível com as soluções antigas. Um grande número de elevadores pode ser modernizado desta forma. Este trabalho exige que se conheçam bem as características do elevador e por isso temos tendência a fazer estas intervenções em elevadores que já façam parte da nossa carteira de manutenção. Outra solução de que dispomos é a substituição integral ou até a colocação de elevadores em edifícios em que os mesmos não estão previstos. A substituição integral implica um produto com mais flexibilidade dimensional, do que aquele que instalamos num edifício novo. Neste campo temos o Schindler 6300 e o 6200, que é um pouco mais caro e mais sofisticado e permite um grau de flexibilidade ainda maior. No que concerne a substituições parciais, temos uma linha de comandos,de máquinas e de portas especialmente vocacionada para a modernização.