Pedidos à Ordem dos Arquitectos para sair do país aumentaram em 50%
Por outro lado, diminuíram os pedidos de inscrição na Ordem dos Arquitectos, uma redução que João Santa-Rita estima em 25%
Ana Rita Sevilha
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Em entrevista à Antena 1, João Santa-Rita, presidente da Ordem dos Arquitectos, avançou com números relativos ao desemprego e à emigração, sublinhando a preocupação da Ordem e os esforços que tem vindo a fazer para combater estes fenómenos.
Segundo Santa-Rita, em números redondos, são pedidos por mês na Ordem dos Arquitectos cerca de 50 certificados que permitem aos arquitectos se apresentarem em associações congéneres fora do país, um número que tem vindo a crescer desde 2009 e que estava em 240 pedidos por anos em 2008 e se encontra actualmente no dobro, um aumento de 50%. Por outro lado, diminuíram os pedidos de inscrição na Ordem dos Arquitectos, uma redução que João Santa-Rita estima em 25%.
Preocupado com os números, Santa-Rita sublinha que a Ordem dos Arquitectos tem por isso insistido em desenvolver um programa de internacionalização dos serviços da arquitectura portuguesa, ciente de que há inúmeras competências no País para cativar intervenções internacionais mas realizadas a partir de cá. “O que queremos é conter ao máximo a emigração mas utilizar o nosso saber”, refere.
Nesse sentido, o Presidente da Ordem dos Arquitectos lembra que o reconhecimento da arquitectura portuguesa é cada vez maior, e dá a título de exemplo o Prémio das Américas atribuído recentemente a Álvaro Siza Vieira e o reconhecimento de mérito de Carrilho da Graça pelo Royal Institute of British Arquitects. “Temos um país com uma profissão altamente reconhecida nacional e internacionalmente e temos de saber tirar grande partido disso para conter a saída dos arquitectos do país”, sublinha.
Segundo João Santa-Rita a emigração não tinge apenas a geração mais nova, até aos 35 anos, mas também a geração dos 45/50 anos, embora para mercados diferentes. Os três maiores mercados alvo da saída dos arquitectos portugueses são Reino Unido, Brasil e Angola, sendo que o primeiro atraí as gerações mais novas e os dois últimos profissionais com mais anos de experiência, o que, segundo o Presidente da Ordem dos Arquitectos, se traduz também numa procura pelo reconhecimento que há da formação que é feita em Portugal ao nível da arquitectura.
Contudo, João Santa-Rita refere que, pese embora o sector da construção civil continue imobilizado, existem sinais e indicadores positivos e os últimos dados do desemprego relativos a 2014 dão conta de um ligeiro decréscimo. Nesse sentido, o arquitecto relembra a necessidade de existir um programa estratégico de planeamento do património do Estado, sendo que essa podia ser uma forma de começar a animar alguns sectores, nomeadamente relacionados com a arquitectura e a engenharia.