Dupla lança empresa para “curar lugares doentes”
O projecto assenta no conceito de arquitectura integrativa, ligando a construção de casas à geobiologia e à biohabitabilidade (criação de bons sítios para se viver e trabalhar), à biogeometria, à sustentabilidade e ao feng shui
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Casas com iluminação deficiente, níveis de ruído elevados e muitos aparelhos electrónicos no quarto podem provocar alergias, insónias, irritabilidade, dores de cabeça ou ainda, em casos extremos, doenças cancerígenas, crónicas e degenerativas, defende Marcelina Guimarães, arquitecta formada na Universidade do Minho. Juntamente com o marido geógrafo Miguel Fernandes, lançou a “Habitat Saudável”, a única empresa de arquitectura no país a “curar lugares doentes” para garantir a saúde e o bem-estar de quem lá mora.
A “Habitat Saudável” surgiu com o objectivo de avaliar a “saúde” de habitações, empresas, espaços comerciais, clínicas, hospitais e até jardins. Locais com níveis elevados de humidade relativa, ruído e campos eletromagnéticos, instalações eléctricas mal concebidas, quartos com paredes contíguas às cozinhas, iluminação desadequada, falta de conforto térmico, qualidade do ar deficiente e ausência de espaços verdes podem induzir e acelerar processos de degeneração e distúrbios de saúde, reforçam os promotores, residentes em Vila do Conde.
Por exemplo, há pais a solicitar os serviços da “Habitat Saudável” porque os filhos têm insónias ou falta de concentração. Por vezes, basta alterar a posição da cama, aplicar materiais isolantes para diminuir os ruídos e mitigar ou eliminar as radiações, comprar plantas que contribuam para a regulação da temperatura e da humidade, utilizar materiais naturais na construção da casa ou evitar a presença no quarto de aparelhos que emitam radiações, como telemóveis, telefones sem fios, routers ou rádios despertadores. As mulheres e as crianças, “mais sensíveis a determinados factores de risco ambiental”, são os mais afectados pelos sintomas associados a este tipo de situação.
O projecto assenta no conceito de arquitectura integrativa, ligando a construção de casas à geobiologia e à biohabitabilidade (criação de bons sítios para se viver e trabalhar), à biogeometria, à sustentabilidade e ao feng shui. Os espaços podem ser criados de raiz ou visitados para um estudo geobiológico, que inclui a análise da área envolvente ao imóvel e a medição de parâmetros de ordem ambiental, como a radioactividade, os campos eletromagnéticos de alta e baixa frequência, os níveis de monóxido de carbono, a qualidade do ar interior e a deteção de perturbações geobiológicas. “A partir dos resultados obtidos, é desenvolvido um relatório com imagens, plantas arquitectónicas, tabelas, cálculos e indicações precisas de como transformar uma casa ‘doente’ num espaço saudável”, afirma Marcelina Guimarães, de 33 anos.
Segundo os promotores, a “Habitat Saudável” é a única empresa de arquitectura a oferecer este tipo de consultoria em Portugal. A prática é comum em países como a Espanha, a França, a Alemanha e, ainda, a Suécia, que apoia financeiramente as pessoas “eletrossensíveis” para a adaptação e blindagem das suas habitações. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 30% das habitações têm potencial para causar doenças. A percentagem sobe para 60% quando se tratam de construções empresariais. “São dados preocupantes, sobretudo por ainda haver tanta gente sem noção disso. A boa notícia é que todos os espaços têm geralmente solução”, conclui Miguel Fernandes. O projecto tem o site www.habitatsaudavel.com.