Edição digital
Assine já
    PUB
    Arquitectura

    “Arquitectura Democrática é as pessoas sentirem que contam”

    Trabalhar com pessoas que nunca trabalharam com arquitectos ou que não têm dinheiro para contratar os serviços de um é, grosso modo, no que consiste a Cooperativa Trabalhar com os 99%. Assente numa metodologia de trabalho em que as pessoas contam, os projectos inevitavelmente vão para além da arquitectura, e há toda uma equipa muito… Continue reading “Arquitectura Democrática é as pessoas sentirem que contam”

    Ana Rita Sevilha
    Arquitectura

    “Arquitectura Democrática é as pessoas sentirem que contam”

    Trabalhar com pessoas que nunca trabalharam com arquitectos ou que não têm dinheiro para contratar os serviços de um é, grosso modo, no que consiste a Cooperativa Trabalhar com os 99%. Assente numa metodologia de trabalho em que as pessoas contam, os projectos inevitavelmente vão para além da arquitectura, e há toda uma equipa muito… Continue reading “Arquitectura Democrática é as pessoas sentirem que contam”

    Sobre o autor
    Ana Rita Sevilha
    Artigos relacionados
    Exposição “O Que Faz Falta” comemora 50 anos de arquitectura em democracia
    Arquitectura
    Grupo Luz Saúde investe 58M€ num novo hospital em Santarém
    Construção
    Round Hill Capital vende portfólio da Nido Living por 27M€
    Imobiliário
    PRR financia 17 fogos em Cantanhede
    Construção
    Obras nacionais em destaque no EU Mies Award 2024 com visitas acompanhadas
    Arquitectura
    Plataforma Flipai já permite simulação de crédito a 100%
    Empresas
    Quintela e Penalva | Knight Frank vende 100% das unidades do novo D’Avila
    Imobiliário
    Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’
    Construção
    Reabilitação Urbana: ritmo de crescimento abranda
    Construção
    EDIH DIGITAL Built com apresentação pública
    Construção

    Trabalhar com pessoas que nunca trabalharam com arquitectos ou que não têm dinheiro para contratar os serviços de um é, grosso modo, no que consiste a Cooperativa Trabalhar com os 99%. Assente numa metodologia de trabalho em que as pessoas contam, os projectos inevitavelmente vão para além da arquitectura, e há toda uma equipa muito empenhada nisso.

     Estiveram recentemente nas Conferências do Trindade a falar sobre a Cooperativa Trabalhar com os 99%. No que consiste e que trabalho estão a desenvolver nesse âmbito?
    Tiago Mota Saraiva: Nós fomos mostrar trabalho – nomeadamente feito entre 2010 e 2011 – desenvolvido, fundamentalmente, com pessoas que nunca trabalharam com arquitectos ou que não têm dinheiro para contratar os serviços de um arquitecto. Portanto, foi um pouco explicar os vários trabalhos que temos em curso nesse âmbito, que teve uma formalização mais recente, porque transferimos alguns desses projectos para a Cooperativa. No fundo, os trabalhos de ordem social e de “design thinking”, ou seja, de pensamento global e estratégico, todos eles estão mais relacionados com o projecto da Cooperativa e todos os outros com o ateliermob.

    Estamos a falar de que tipo de trabalhos?
    A diversidade é enorme.  Estamos a prestar assessoria ao fundo que é gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian de apoio às vítimas do incêndio de Pedrogão. Esse trabalho, por exemplo, passa por instruir processos – uma coisa muito técnica -,  que compreende levantamentos, vistorias, reconstruções com ou sem repetições do que existia. É um trabalho muito importante e que nos vais levar a montar um gabinete técnico local por seis meses para já. Isto é muito importante, porque tudo o que se passou foi de uma violência tal que o processo vai muito além da arquitectura. O nosso gabinete por exemplo, vai ter uma antropóloga a trabalhar no terreno. Na Cooperativa já raramente temos projectos só de arquitectos. Neste caso, as questões de construção não são as prioritárias, não existe uma situação de carência habitacional, não existe uma necessidade urgente de resposta a dar tecto, existe sim, uma carência de trabalho – porque houve uma actividade produtiva que foi destruída. Estamos a falar de zonas que desertificaram, temos de segurar as pessoas que mantiveram os trabalhos, porque ter casas e não ter pessoas não serve para nada.  No Alentejo também vamos ter várias obras ao mesmo tempo, por isso é possível que também seja montado outro gabinete local.
    Depois, em Tomar, estamos com um projecto que consiste na transformação de cinco escolas primárias desactivadas, em habitação social, muito provavelmente para uma comunidade cigana. Este projecto implica pensar, numa escola, o que é espaço público e o que não é. É um projecto muito interessante e que entregámos por estes dias o projecto base.
    Estamos muito empenhados em ver se o projecto de realojamento das Terras da Costa vai de facto para a frente. Há sinais que pode acontecer na próxima legislatura e tem mesmo de acontecer.
    Temos alguns processos interessantes também, por exemplo, no Barreiro, um projecto de reabilitação de espaço público mas que inclui 90 unidades de habitação social feitas no período do Estado Novo e sem hipótese de adaptabilidade às questões de mobilidade, o que é um problema para o município. A Câmara tomou a iniciativa de começar a fazer um processo – que nos parece muito interessante -, que é no fundo pegar nessas habitações sociais e transformá-las no Centro do Alto Seixalinho, e as pessoas que vivem nesses vários fogos serem realojadas em fogos ali à volta, comprados pelo município. É um projecto com uma vertente social muito importante.
    Estamos também, através da Cooperativa, empenhadíssimos em participar na Lei Quadro da Habitação. Já fomos recebidos na Assembleia da República, já temos participado em algumas discussões, seja com alguns partidos seja ao nível da comissão que está a preparar a Lei Quadro. Nós próprios temos ideia de começar a desenhar algumas propostas nesse âmbito, porque é uma lei com que vamos viver e lidar na nossa vida profissional ao longo dos próximos 30 anos, portanto é muito importante participar na sua discussão. Estamos a tentar tudo para conseguir participar no processo.
    Aqui em Lisboa, continuamos a prestar assessoria técnica aos bairros da PRODAC, numa lógica de tentar dar o salto para financiamentos europeus e numa perspectiva de haver uma melhoria da sustentabilidade, da estratégia ambiental e da autosuficiência dos bairros. Temos um projecto apresentado ao município – o Palácio Marquês de Abrantes – que derivou de dois anos de trabalho na Rua de Marvila e em que, juntamente com a população, chegámos a uma lógica de o tornar num Centro de Acolhimento, para a população e refugiados.

    E como é que está esse projecto?
    A nossa zona é uma zona “in between”, está entre dois desenvolvimentos. Existe a zona baixa, ribeirinha, que já está com um boom imobiliário e vazia de pessoas, em cima está a habitação social e nós estamos no triângulo onde as duas linhas férreas se juntam. É uma zona expectante. Temos situações de casas sem casa-de-banho, por exemplo, mas as pessoas do bairro não querem que o senhorio faça obras porque têm medo que após as mesmas os coloquem em outro sítio e nunca mais voltem. Outra coisa que nos dizem sempre é que querem cultura no bairro, cinema, danças…o bairro embora seja de génese operária, teve sempre a cultura como uma coisa muito importante.  O projecto do Palácio, juntamente com a cidade de Lisboa,  foi seleccionada pela UCLG – United Cities and Local Governments”, como um dos projectos preferência a ser acompanhado, tendo sido considerado como um processo de referência nas questões de imigração. Nós temos um projecto muito mais sonhador: o que temos proposto à Câmara é a gestão do edifício  e uma bolsa que nos consiga financiar a execução dos projectos. Em contrapartida nós candidataríamos o projecto do Palácio a um fundo das Nações Unidas para projectos específicos  com comunidades migrantes e reabilitação de edifícios para esse fim.
    Paralelamente, temo-nos cruzado internacionalmente com muita gente grega, do Governo do país e da cidade de Atenas, que abriram já várias vezes as portas ao Trabalhar com os 99%, por acharem que é uma dinâmica muito interessante para aplicar lá. Portanto, eu acho que poderá ser uma realidade sendo que, o primeiro eixo seria perceber de que forma duas estruturas da sociedade civil, duas cooperativas, se podiam articular e fazer uma ponte de forma a tornar menos burocrático o sistema de toda a inserção dos refugiados.
    É um projecto muito sonhador, mas todos os contactos que temos tido, cá e lá, dos Governos de país e de cidade, o que nos têm dito é: “não existe mas pode acontecer”.

    Vocês – ateliermob – falam muito em Arquitectura Democrática. Qual seria a definição deste “conceito”?
    Arquitectura Democrática é as pessoas sentirem que contam. As pessoas habituaram-se demasiado a não contar…desabituaram-se de reinvindicar e de ter uma palavra. As estratégias que temos vindo a tomar é sempre tendo em conta esse fim, de que as pessoas contam.

    No dia 14 de Outubro, Marvila recebe outra edição do Poster e vocês vão lá estar. Qual o tema da vossa participação?
    O nosso é muito sobre o tema da gentrificação.  A nossa primeira iniciativa de ir para Marvila era para tentar fazer um plano anti-gentrificação. Nós começámos a trabalhar em 2013, 2014 na chamada Marvila Velha, que era a zona das unidades operárias maiores, só que passado um ano e meio de trabalho, chegámos à conclusão que a gentrificação era uma coisa muito profunda nas pessoas, as pessoas estavam gentrificadas por si, já não acreditavam em nada, assumiam que era uma inevitabilidade. Daí nos termos agarrado ao Palácio Marquês de Abrantes como um eixo de intervenção, foi uma transformação. Colocar refugiados ali, é um processo de colocar gente nova, só que gentrificação também tem outra coisa, o termo de origem significa uma recomposição social e nós o que estamos a dizer é que Marvila sempre foi um local de chegada, os bairros de barracas eram lugares de migração de pessoas do interior de Portugal para a cidade, então que mantenha essa presença como local de migração, um território de acolhimento. Mas temos a noção que o temos de ocupar rapidamente, caso contrário o Palácio vai dar um excelente Hotel com um sistema de vistas fantástico. Sê-lo-á se não ganharmos esta batalha.

    Como é que olha para a pressão imobiliária na cidade de Lisboa e para o seu rápido desenvolvimento?
    Acho que há um discurso muito perigoso anti-turista, que não é o mal, é a consequência. É um discurso que me incomoda muito e que é perigoso. Uma coisa é certa, uma economia baseada em turismo é muito mais instável do que baseada em petróleo, porque com o petróleo consegues medir as reservas que tens, sabes quando é que vai acabar, ainda que sejas afectado por oscilações, sabes quando começa e quando acaba. O turismo não. Basta falar-se num atentado, este nem precisa de acontecer, mas passar na imprensa qualquer coisa, vai-se embora a Madonna. Nas Faculdades de Arquitectura, quando começam a falar se a profissão tem futuro ou não, digo sempre: uma tese com imenso futuro é sobre reconversão de unidades hoteleiras em habitação. Ou seja, a reversão deste processo. Estamos claramente a pensar o urbanismo como no século XX e isso já não tem muito a ver. As cidades de ponta já estão a pensar o urbanismo numa perspectiva muito diferente, mais sustentado, participado. O capitalismo é muito pouco criativo, repete, repete, repete…

    Quais são as graves consequências a médio-longo prazo?
    A mais grave é aparecer um movimento de extrema direita consistente. O ódio ao turista, ao cigano, ao outro…O que está a acontecer já é muito mau, é a recomposição social e as pessoas estarem sozinhas nesta luta e o Estado não conseguir fazer nada, porque faz leis que o prejudica. Nos últimos anos alterou-se completamente a balança entre proprietários e arrendatários, porque os primeiros podem fazer mais ou menos o que querem. O Estado está cá para tentar almejar um certo equilíbrio e justiça, mas isso foi-se perdendo. Olhando para o lado, para exemplos como Veneza, Barcelona, em estados mais avançados do processo, conseguimos ver muito bem o que nos vai acontecer, embora Barcelona esteja agora na frente da resposta e das políticas públicas, porque chegou mais cedo ao limite. Em Lisboa ainda estamos muito atrás neste processo de resposta.

    O que esperas das autárquicas?
    Aqui em Lisboa, espero que possa sair uma reflexão sobre um urbanismo mais contemporâneo do Século XXI, que implica participação, sem ser participação como fogo de vista. Regressando à Arquitectura Democrática, se democracia é só colocar um voto de 4 em 4 anos, é porque já não o é. Não pode ser só isso.Mas também há bons exemplos, o Jardim do Caracol é um deles. Imensa gente que se juntou para defender um baldio, para dizer que tinham o sonho de ver ali um jardim e lutar por isso. Foi um exemplo muito interessante e que eu acho que tenderá a acontecer mais pela cidade…

    Nas zonas alvo de grandes investidores?
    Aí temos de exigir mais. Constitucionalmente, nós temos o direito à habitação previsto, temos também o direito à propriedade. Mas, colocamos sempre, hoje, em todas as leis, o direito à propriedade que prevalece sobre o direito à habitação. Eu acho que devíamos pensar em termos políticos e éticos, se um proprietário tem de facto direito de despejar uma pessoa. Tu dir-me-ás: mas à rendas baixas, houve um congelamento, o proprietário está a financiar um problema social. Tudo verdade. Mas eu também posso dizer: então porque não pensamos numa renda justa?

    E o que é uma renda justa? Como se calcula?
    Podemos mensurar. Podemos imputá-la ao rendimento das pessoas, imputá-la a zonas e contextos específicos. Podemos encontrar um valor, e aí estamos a regular.

     

    Sobre o autorAna Rita Sevilha

    Ana Rita Sevilha

    Mais artigos
    Artigos relacionados
    Exposição “O Que Faz Falta” comemora 50 anos de arquitectura em democracia
    Arquitectura
    Grupo Luz Saúde investe 58M€ num novo hospital em Santarém
    Construção
    Round Hill Capital vende portfólio da Nido Living por 27M€
    Imobiliário
    PRR financia 17 fogos em Cantanhede
    Construção
    Obras nacionais em destaque no EU Mies Award 2024 com visitas acompanhadas
    Arquitectura
    Plataforma Flipai já permite simulação de crédito a 100%
    Empresas
    Quintela e Penalva | Knight Frank vende 100% das unidades do novo D’Avila
    Imobiliário
    Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’
    Construção
    Reabilitação Urbana: ritmo de crescimento abranda
    Construção
    EDIH DIGITAL Built com apresentação pública
    Construção
    PUB

    Cooperativa de Aldoar (arqº Manuel Correia Fernandes) @Luís Ferreira Alves

    Arquitectura

    Exposição “O Que Faz Falta” comemora 50 anos de arquitectura em democracia

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira e Ana Neiva, a exposição inaugura a 25 de Outubro

    A Casa da Arquitectura junta-se ao momento de celebração e reflexão em torno dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 através da exposição “O Que Faz Falta. 50 Anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia”. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira (coordenação) e Ana Neiva (curadoria-adjunta), a exposição inaugura a 25 de Outubro próximo.

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974.

    Nas palavras dos curadores, “o objectivo geral da exposição é o de estabelecer uma leitura panorâmica da produção arquitetónica entre a Revolução de Abril 1974 e os dias de hoje (2024), revelando como a arquitectura foi, e é, simultaneamente reflexo e incentivo do regime democrático em Portugal”.

    Nesse sentido, “os projectos seleccionados reflectem os modos como a arquitectura concretizou programas públicos vários, considerando a diversidade geográfica do País, continental e insular, e a contribuição de arquitecctas e arquitetos de diferentes backgrounds e gerações”, acrescentam os arquitectos.

    A exposição “O Que Faz Falta. 50 anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia” é extraída da colecção “50 anos de Arquitetura Contemporânea Portuguesa”, um acervo criado pela Casa da Arquitectura que faz a leitura da produção de arquitectura em período democrático, com o objectivo de ser criada uma colecção de recorte territorial e temporal.

    Este acervo, que contou com a curadoria de Carlos Machado e Moura, Graça Correia, João Belo Rodeia, Jorge Figueira, Paula Melâneo e Ricardo Carvalho, visa promover o estudo e investigação de todos os interessados e do qual futuramente se irão extrair várias leituras temáticas em exposições, actividades e publicações.

    A exposição será acompanhada por um programa paralelo que tem a curadoria dos arquitectos Nuno Sampaio e Jorge Figueirae ficará patente até dia 7 de Setembro de 2025.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos

    Praça e Posto de Turismo de Piódão @Frederico Martinho

    Arquitectura

    Obras nacionais em destaque no EU Mies Award 2024 com visitas acompanhadas

    Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar as visitas ao Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e, durante a tarde, ao Edifício General Silveira, no Porto. Já no dia 1 de Junho, haverá visita à Praça e Posto de Turismo em Piódão

    No âmbito da edição de 2024 do Prémio Europeu de Arquitectura EU Mies Award, são promovidos eventos, gratuitos, abertos ao público e sem inscrições, em três obras de arquitectura distinguidas, localizadas em Portugal. Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar visitas às obras seleccionadas Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e ao Edifício General Silveira, no Porto, com três opções: às 15 horas, 16 horas e 17 horas. No sábado, dia 1 de Junho, às 15 horas será a vez da obra finalista Praça e Posto de Turismo em Piódão.

    As três obras fazem parte de um conjunto de 40, seleccionadas de entre 362 nomeadas, localizadas em mais de 30 locais da Europa, e que serão objecto do programa “Out & About. Discovering Architecture. EUmies Awards 2024”, durante dois meses (22 de Abril a 23 de Junho). O objectivo é que todos possam conhecer mais sobre os edifícios e espaços públicos com os seus autores, donos de obra e outras pessoas ou entidades envolvidas.

    Na visita ao Caminho das Escadinhas, Paulo Moreira, o arquiteto que partilha a autoria do projecto com Verkron, explica com alguns convidados, num passeio entre a encosta do bairro do Monte Xisto e a margem do Rio Leça, em Matosinhos, o processo que reuniu uma equipa interdisciplinar de arquitectos, construtores locais, artistas e uma rede alargada de parceiros, para recuperar aquela área para o uso público.

    Também a visita ao Edifício General Silveira, contará com a presença dos arquitectos Tiago Antero e Vitor Preto Fernandes, do ATA Atelier e Entretempos, respectivamente, os autores do projecto, e pelo dono deste edifício de habitação e comércio, que numa conversa darão conta de tudo o que esta obra envolveu.

    Os arquitectos Paula del Rio e João Branco, do atelier Branco del Rio, orientarão, por sua vez, a visita à Praça e ao Posto de Turismo de Piódão, no dia 1 Junho. A propósito desta iniciativa, haverá, ainda, lugar a uma conferência no local, moderada por Nuno Grande e na qual estarão presentes Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, Carlos Ascensão, presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira e da Associação das Aldeias Históricas de Portugal, Dalila Dias, coordenadora da AHP, o professor José Reis e restantes arquitectos.

    A primeira edição do Prémio da Comunidade Europeia para a Arquitectura Contemporânea Mies van der Rohe (EU Mies Award), em 1988, foi ganha pelo banco em Vila de Conde, de autoria de Álvaro Siza Vieira. Desde então, obras de arquitectos portugueses têm estado entre as seleccionadas.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Arquitectura

    OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”

    No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recordou o estabelecimento e a acção do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) na conferência “As Brigadas de Abril”

    CONSTRUIR

    O aprofundamento das pesquisas sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), corpo de especialistas criado em 1974 para desenhar e pôr em marcha soluções habitacionais para a imensa população dos bairros de lata, barracas e casas degradadas de Portugal, em coordenação com associações de moradores e os seus recursos eventualmente disponíveis, levou o arquitecto e investigador da CEAU-FAUP Ricardo Santos a afirmar-se espantado pela dimensão, heterogeneidade e desenvolvimentos do “processo”.

    Presente na sessão organizada pela Secção de Lisboa e Vale do Tejo “As Brigadas de Abril”, que decorreu no dia 23 de abril, na sede da Ordem dos Arquitectos, o arquitecto contextualizou o SAAL como um “processo”.

    “As pessoas não falam em projecto, começava antes da intervenção e continuava depois do projecto, com alta participação popular, a ideia de democracia directa, o controlo pelo povo, ao serviço do qual estavam os técnicos”, destacou.

    O SAAL registou 170 operações iniciadas, a construção de 76 bairros e o envolvimento de 42 mil famílias entre 1974 e 76, ano em que passou para a alçada das autarquias. “Só em Lisboa houve intenção de construir 17 bairros, sete chegaram à construção, dois foram terminados”.

    A arquiteta Lia Antunes, a preparar uma tese sobre a intervenção das mulheres no SAAL (no Darq-UC e Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do ISCSP), destacou o papel das moradoras dos bairros de lata, a sua tomada da palavra como a primeira ideia de cidadania, a sua organização e o conhecimento sobre os fogos existentes, sobre as casas que seriam necessárias e sobre a composição das famílias. “As mulheres preparavam as palavras de ordem para as manifestações”, sinal da consciência da sua condição e da vontade reivindicativa.

    Quanto às técnicas, o seu papel é significativo, como foi o caso da arquiteta Ana Salta e de Manuela Madruga (da Brigada Técnica, nome das equipas técnicas do SAAL, maioritariamente com jovens arquitetos e estudantes, que viriam a elaborar planos e projetos e a diagnosticar as situações habitacionais) no Bairro Esperança de Beja; com Nuno Portas, a arquiteta Margarida de Souza Lobo tinha esboçado um modelo de intervenção multidisciplinar e de habitação evolutiva para o bairro de lata da Quinta do Pombal; a socióloga Isabel Guerra, que trabalhou nos bairros sociais de Setúbal, “em janeiro de 74 já tinha apresentado uma proposta para o Bairro da Liberdade que antecipava o SAAL”; “as assistentes sociais foram a cola do processo”, com presença diária nos bairros mediando conflitos, respondendo aos inquéritos sobre as condições físicas dos bairros, e sobre necessidades e desejos das populações. Houve também “uma dimensão internacional” com participação de técnicas de outros países e muitos outros exemplos de compromisso, de “urgência, intensidade, generosidade” podiam ser dados.

    Justamente sobre a “intensidade” dos trabalhos e da vivência que os caracterizou falou Adelaide Cordovil, assistente social e elemento da equipa do SAAL no Fonsecas-Calçada. “Já lá vão 50 anos, era tudo muito intenso. Estava a destapar-se uma panela de pressão?”. Adelaide Cordovil explicou que as pessoas acreditavam no que podiam transformar, tinham essas vontade e energia, aprendiam umas com as outras e tinham ideias claras e fundadas do que precisavam para as suas casas.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Arquitectura

    Ordem dos Arquitectos debate cinco décadas de habitação em democracia

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo e o engenheiro Fernando Santo. Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24

    CONSTRUIR

    As cinco décadas de democracia vão estar em destaque, esta quarta-feira, dia 24 de Abril, na Ordem dos Arquitectos e que visa abordar a temática da habitação durante este período.

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo, e o engenheiro Fernando Santo. Foi também convidada a secretária de Estado da Habitação, Patrícia Machado Santos (presença a confirmar).

    Este será a primeira de uma serie de iniciativas que a Ordem dos Arquitectura organizar com o objectivo de “pensar e mostrar como evoluiu a habitação em Portugal nas últimas cinco décadas e o que falta fazer”.

    Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24, celebrando em simultâneo os 25 anos da Ordem dos Arquitectos e os 50 do Portugal democrático.

     O programa Habitar Portugal 74/24 vai, durante os próximos meses, continuar a analisar as questões da habitação em Portugal, através de uma equipa de comissários, que coordenada pelo arquitecto César Lima Costa, seleccionará obras emblemáticas neste período, pela sua arquitectura e também pela relevância estratégica para o País.

    Prevê-se, também, uma exposição itinerante, que terminará em 2026 na Capital Mundial da Arquitectura, em Barcelona.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Arquitectura

    Sindicato dos Arquitectos reúne com objectivo de aprovar “primeiras tabelas salariais”

    Do inquérito realizado aos profissionais destaca-se a exigência de 1300 euros de salário de entrada, a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, melhor retribuição às horas-extra e ao estabelecimento de carreiras, com propostas distintas para projectistas e para técnicos especializados

    CONSTRUIR

    Com o objectivo de “discutir e aprovar as primeiras tabelas salariais” para a arquitectura, o sindicato do sector convoca os profissionais para uma assembleia geral a realizar no dia 1 de Maio na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura (SINTARQ) no Porto.

    Para a concretização e aplicação deste seu caderno reivindicativo, o SINTARQ lançou duas iniciativas. Desde Junho de 2023, uma campanha de entrada em empresas para contactar trabalhadores e criar as primeiras estruturas sindicais nesses locais de trabalho. E no final do ano passado, um inquérito que permitiu aferir as expectativas profissionais de quem trabalha em arquitectura e confirmar, uma vez mais, o retrato de precariedade e indignidade transversal no sector, cujos resultados definitivos serão divulgados em breve.

    Da campanha de entrada em empresas, resultou a criação de doze estruturas sindicais em locais de trabalho, algumas das quais com processos reivindicativos em curso. A expectativa é a de que a aprovação do Caderno Reivindicativo agora em Maio sirva de sustentação a esses processos e ao surgimento dos primeiros Acordos de Empresa em Arquitectura.

    Do Inquérito às expectativas profissionais destacamos a ampla adesão dos trabalhadores inquiridos à exigência de 1300 euros de salário de entrada, à redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, a horas-extra com melhor retribuição e maiores restrições, e ao estabelecimento de carreiras como instrumento central à elevação dos salários e ao combate à discriminação e ao assédio.

    A título de exemplo, 94% dos inquiridos defende uma carga horária semanal até 35 horas; a expectativa salarial mediana de um trabalhador com cinco a dez anos de experiência é de 1800 euros e 80% dos inquiridos declara fazer horas extra, metade dos quais sem receber qualquer compensação por isso. Segundo dados preliminares deste Inquérito, um trabalhador em arquitectura vê-se espoliado, no mínimo, em 500 a 800 euros por ano em horas extra não compensadas.

    O Caderno Reivindicativo que será submetido à discussão propõe duas tabelas salariais: uma para projectistas e outra para técnicos especializados, dividindo-se em carreiras profissionais de assistente, júnior e sénior. A progressão atende aos anos de experiência ou às funções efectivamente desempenhadas, independentemente da antiguidade. Estarão também em discussão os critérios que determinam essa progressão e que servirão para contrariar a transversal estagnação de carreiras.

    Além dos salários, carreiras e horário laboral, propõem-se reivindicações-base noutros vectores tais como: direitos na parentalidade, regulação do teletrabalho, dias de férias, garantias de segurança e saúde no trabalho e formação profissional certificada.

    É o culminar de um processo com cerca de um ano e que contou com dez reuniões abertas de discussão realizadas em Braga, Coimbra, Porto, Lisboa e Setúbal, e que agora se encerra neste último Plenário Nacional no Porto.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos

    (@ Paularte)

    Arquitectura

    Exposição “Objetos por Arquitetos” regressa à Casa da Arquitectura

    A segunda edição da exposição mostra uma selecção de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados” arquitectos e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura

    CONSTRUIR

    Abriu ao público esta sexta-feira, dia 19 de Abril a segunda edição da exposição “Objetos por Arquitetos”, uma montra selectiva de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados arquitectos” e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura.

    Através desta mostra, que estará patente até 12 de Maio, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao “talento multifacetado” de um grande número de arquitectos.

    A mostra reúne um conjunto de objectos demonstrativos do melhor que o talento arquitectónico tem para oferecer quando colocado ao serviço das várias dimensões da vida mundana, criando objectos de culto e de desejo que é possível levar para casa, como mobiliário, obra gráfica, iluminação, entre outros.

    Uma pequena montra selectiva de cerca de meia centena de peças de autor com assinatura de nomes como Adalberto Dias, Aires Mateus, Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, João Pedro Pereira, Marta Vilarinho de Freitas e Pedro Guedes de Oliveira.

    A arquitectura e o design são disciplinas próximas que partilham o objectivo comum de resolver problemas da sociedade aliando a funcionalidade à estética.

    Através desta mostra, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao talento multifacetado de um grande número de arquitetos cujo talento e originalidade está agora ao alcance de todos.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos

    Credito

    Arquitectura

    Bartolomeu Costa Cabral (1929-2024): Ordem recorda legado forte na arquitectura portuguesa

    O Presidente da República lamenta, também, a morte de uma das figuras maiores do modernismo arquitectónico e sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”.

    Ricardo Batista

    A Ordem dos Arquitectos recorda a obra e o “legado” de Bartolomeu da Costa Cabral no momento de assinalar a morte do arquitecto, aos 95 anos, ele que era considerado como figura marcante do modernismo arquitectónico português.
    Numa nota publicada na página na Internet, e assinada pelo presidente Avelino Oliveira, a Ordem dos Arquitectos presta homenagem ao membro número 142, “um enorme e consagrado arquiteto português”.

    Nascido em Lisboa, a 8 de Fevereiro de 1929, obteve o diploma em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1957, tendo, no ano anterior, estagiado em França, onde estudou o tema da habitação de que resultariam diversos estudos de habitação social para o Gabinete Técnico de Habitação (GTH), Federação das Caixas de Previdência, Câmara Municipal de Lisboa e Fundo Fomento Habitação (FFH – atual IHRU), entre 1959 e 1968.

    Bartolomeu da Costa Cabral integrou, ainda estudante, o atelier da Rua da Alegria de Nuno Teotónio Pereira. Trabalhou com Manuel Alzina de Menezes, Manuel Taínha, Nuno Portas, Gonçalo Byrne, Pedro Vieira de Almeida e Pedro Viana Botelho.

    Entre 1968 e 1969 trabalha com Conceição Silva e Maurício de Vasconcellos. Integra o GPA (Grupo de Planeamento e Arquitectura), fundado por Maurício de Vasconcellos e Luís Alçada Baptista, onde desenvolveu, até 1996, diversos edifícios universitários para Bragança, Guimarães, Covilhã, Santarém, Tomar e Oeiras.

    Da sua obra construída será, porventura, o muito destacado e impressivo Bloco das Águas livres, em Lisboa (1953-1955), projetado em coautoria com Nuno Teotónio Pereira, o edifício mais emblemático e uma referência na arquitectura portuguesa. Destaca-se ainda a Escola Primária do Castelo (Lisboa, 1960), a Estação do Metropolitano da Quinta das Conchas (1998-2002) e os Blocos de Habitação Social dos Olivais, 1961 (com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas).

    Premiado com o Prémio Eugénio dos Santos, em 1997 (com Nuno Teotónio Pereira pela remodelação do Teatro Taborda, em Lisboa), Prémio de arquitectura Raúl Lino, em 1978 (do GPA, com a notável Agência da CGD de Sintra), Menção Honrosa do Prémio Valmor 2009 (habitação individual na Travessa da Oliveira, em Lisboa), Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2022), uma distinção entregue pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”. “A Arquitectura tem de falar às pessoas, tem de ser uma companhia, tem de dar sentido aos espaços criados e, só assim, podemos falar da sua humanização. Julgo que nas obras que fui fazendo ao longo da minha vida profissional, existe uma constante relação com as pessoas”, assumia Costa Cabral em 2019, a propósito da exposição “A Ética das Coisas”

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

    Director Editorial
    Mais artigos

    Casa Rural em Silves (Créditos: do mal o menos)

    Arquitectura

    BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)

    Um antigo edifício agrícola, com uma linguagem “muito distinta e contrastante” passou por um processo de reabilitação e de redefinição de espaços, sem que se perdesse os vestígios do seu passado, com o claro objectivo de preservar o seu legado marcadamente “rural e funcional”

    CONSTRUIR

    Esta é uma obra de reabilitação do que foi em tempos um estábulo e celeiro, inserido numa propriedade agrícola familiar, localizada num pequeno vale do barrocal algarvio, com laranjais e relevo suave, que acompanha o curso do rio Arade, entre os altos da serra de Monchique e as áreas planas e baixas do litoral, que ganhou uma nova ‘vida’ com o projecto da BOMO Arquitectos.

    Os clientes, dois médicos e uma agrónoma (e respectivos filhos e netos), estavam na altura do desenvolvimento do projecto a entrar numa nova fase da sua vida, a da reforma. À semelhança dos seus percursos profissionais, quiseram, também aqui, “curar e cuidar, preservar, dar vida e futuro”.

    A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região. No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular”

    De edifício agrícola a habitação

    Este edifício agrícola de dois pisos localiza-se no extremo de uma habitação, comprida e térrea, construída no início do século XX, implantada num ponto elevado no centro da propriedade, que contém também áreas de cultivo, uma eira, poços e outros pequenos edifícios de apoio.

    Embora esteja na continuidade da restante casa, este volume no qual foi feita a intervenção, tem uma linguagem muito distinta e contrastante, marcadamente rural e funcional, com as características construtivas próprias da região.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. Os únicos vãos eram as respectivas portas, opacas, baixas e estreitas, e o acesso ao piso superior era feito pela escada exterior.

    A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho.

    No piso superior foi criado um segundo quarto, largo e alto, em mezanino sobre a sala, com a antiga escada exterior a funcionar agora também como pequeno varandim, aberto sobre a paisagem do vale. O mezanino resulta da demolição parcial da laje existente, e procura ampliar a luz natural introduzida pela nova janela alta, aberta na sala, resolvendo em conjunto com as novas portas exteriores envidraçadas, o problema de luminosidade dos diferentes espaços.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho”

    O peso da história

    “A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região, fazendo com que a parte superior do volume no qual intervimos, e que era totalmente construído em pedra irregular, desabasse. Na altura, a reconstrução da parte afectada já foi feita com tijolo furado, sendo depois a diferença disfarçada com o reboco e o caiado das paredes interiores e exteriores”, recorda o atelier.

    No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular.
    Assim, este conjunto de pedra pintada de branco forma uma base sólida para a casa, que contrasta com o piso superior de paredes lisas, em tijolo furado rebocado e pintado.

    Na área do mezanino esta característica construtiva é igualmente exposta, revelando-se a diferença de espessuras entre as duas tipologias de parede. É aqui também assumida a alteração introduzida na parede exterior, construindo-se o aro da nova janela alta de forma contemporânea, em betão armado, parcialmente encastrado na alvenaria de pedra.

    No revestimento do pavimento térreo foi utilizada tijoleira proveniente dos telheiros tradicionais das redondezas, e nas portas e portadas foram reinterpretados alguns pormenores da carpintaria tradicional, executados em madeira de pinho.

    A leitura e expressão do volume exterior foram clarificadas, através da demolição de alguns volumes que haviam sido adicionados, e do destaque do primeiro degrau da escada exterior, e foram introduzidas novas portadas exteriores para protecção dos envidraçados. Até ao momento não foi realizada a intervenção prevista para a área exterior adjacente.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Arquitectura

    Salto Studio ganha concurso para antiga Colónia Balnear da Areia Branca

    A proposta apresentada pelo atelier Salto Studio, venceu o concurso público de concepção para a elaboração do projecto de recuperação da antiga Colónia Balnear da Areia Branca, na Lourinhã

    CONSTRUIR

    O concurso lançado pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa recebeu um total de 24 proposta, tendo a proposta com a assinatura de André Nave, do Salto Studio, ficado em primeiro lugar. O projecto vencedor valoriza a estrutura já edificada, acrescentando elementos que remetem para a arquitectura da Beira Baixa. “Desde o início decidimos adicionar varandas, porque nos quisemos inspirar nos balcões da Beira Baixa. Queríamos replicar essa experiência”, explicou o arquitecto na apresentação pública da projecto realizada esta semana”.

    Para além do espaço hoteleiro, o projecto de André Nave prevê um piso térreo aberto à comunidade local, com um espaço de co-work, restaurantes, um bar de praia e um ginásio.
    O júri foi composto por um representante da CIM Beira Baixa, um representante do Município da Lourinhã e um da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos.

    A Colónia Balnear da Areia Branca recebeu milhares de crianças e jovens do distrito de Castelo Branco entre 1974 e 2007. Está inactiva desde 2009, altura em que uma tempestade causou vários danos ao edifício.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos

    Soluções do Grupo Preceram para a reabilitação e reconversão do edificado

    Por trás da beleza visível está a excelência invisível. Os materiais não ficam à vista do olhar, mas são eles que proporcionam o conforto, a eficiência e a qualidade de vida

    Brand SHARE

    Dando resposta à urgência em disponibilizar mais habitação, o Grupo Preceram apresenta soluções para construção nova, mas também para a reabilitação e reconversão dos edifícios existentes.

    Segundo dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 20,8% da população reportava não ter capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida, o equivalente a mais de dois milhões de pessoas.

    No verão o cenário piora: 38% da população não consegue manter a casa fresca também por falta de dinheiro, quase o dobro da média europeia. Portugal, é aliás, um dos cinco países da União Europeia em que esta incapacidade era das mais elevadas.

    Poupança energética, silêncio, segurança e ambiente interior saudável, são as preocupações que estão na base do desenvolvimento dos produtos das empresas do Grupo, nomeadamente as placas de gesso Gyptec, a lã mineral Volcalis, a argila expandida Nexclay e os tijolos Preceram.

    Estes materiais que normalmente ficam ocultos, integrados na envolvente opaca – paredes, tetos e pavimentos – para além de fundamentais para a materialidade dos espaços, contribuem significativamente para a eficiência dos edifícios e o conforto e qualidade de vida de quem os utiliza.

    Não podendo ser exaustivo na enumeração, saliento os sistemas de construção a seco integrando placas de gesso Gyptec e lã mineral Volcalis.

    Estas soluções construtivas são utilizadas, em todo o tipo de obra, por serem rápidas, eficientes, económicas e seguras. Isto de uma forma genérica. No entanto, para se adequarem às exigências legais e expetativas dos consumidores, é necessário que se tenham em atenção todos os passos, desde a caracterização dos materiais à solução final.

    Trabalhando com alguns laboratórios de referência internacional, como o ITECONS em Coimbra, a TECNALIA em Espanha e o CSTB – LNE em França, tanto no desenvolvimento como na certificação de produtos e soluções, a Gyptec Ibérica e a Volcalis disponibilizam um invejável conjunto de sistemas caracterizados.  Estes estão disponíveis agregados numa plataforma de pesquisa e seleção, permitindo até a ordenação por preço. Isto facilita a especificação da solução mais eficaz e económica para o projeto ou obra em causa.

    Existem algumas características dos materiais que afetam o desempenho das soluções. São características técnicas, detalhadas nas declarações de desempenho e nas fichas dos materiais, resultantes de exigências normativas de marcação CE ou de certificação voluntária.

    A condutibilidade térmica de um isolamento, quando essa característica é relevante, por exemplo nas fachadas. As propriedades de absorção acústica de uma lã mineral quando detalhamos uma compartimentação. A classe de reação ao fogo em todas as aplicações. Estas são algumas das características técnicas que devem ser comparadas, não outras que erradamente e frequentemente aparecem referidas como exigência. Caso da densidade das lãs de isolamento. Ou do peso de uma solução como apanágio da sua robustez.

    Caminhamos para um futuro que se quer mais sustentável, com menor consumo de recursos, descarbonização e reutilização. Só o conseguimos se desde o fabrico à utilização dos materiais haja racionalidade e competência técnica.

    https://solucoesparaconstrucao.com/

    Sobre o autorBrand SHARE

    Brand SHARE

    Mais artigos
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB

    Navegue

    Sobre nós

    Grupo Workmedia

    Mantenha-se informado

    ©2021 CONSTRUIR. Todos os direitos reservados.