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    Arquitectura

    Entrevista a Manuel Aires Mateus: “A cidade é o lugar de todos, não é o lugar de uns”

    Foi num novo atelier, no Príncipe Real, que Manuel Aires Mateus recebeu o CONSTRUIR. Distinguido com o Prémio Pessoa 2017, o arquitecto acredita que a Arquitectura Portuguesa atravessa uma fase muito boa, contudo, sublinha: “a qualidade arquitectónica é uma coisa frágil, muito complicada de proteger, muito complicada de garantir, muito complicada de se fazer pagar”

    Ana Rita Sevilha
    Arquitectura

    Entrevista a Manuel Aires Mateus: “A cidade é o lugar de todos, não é o lugar de uns”

    Foi num novo atelier, no Príncipe Real, que Manuel Aires Mateus recebeu o CONSTRUIR. Distinguido com o Prémio Pessoa 2017, o arquitecto acredita que a Arquitectura Portuguesa atravessa uma fase muito boa, contudo, sublinha: “a qualidade arquitectónica é uma coisa frágil, muito complicada de proteger, muito complicada de garantir, muito complicada de se fazer pagar”

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    Ana Rita Sevilha
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    Para Manuel Aires Mateus, “a arquitectura é uma arte expectante que só se completa com a vida”. Homem das Artes que tem nas Casas o programa de eleição, diz que “a arquitectura é um significado da construção” e que a legislação tem de ganhar elasticidade porque o Mundo não se coaduna com uma visão funcionalista
    Tem em desenvolvimento o maior projecto até à data do atelier – o Museu da Fotografia de Elyseé e Museu de Design e Arte Contemporânea, em Lausanne -, venceu o Prémio Pessoa 2017, um Prémio Valmor no final do ano passado e ganhou recentemente o concurso lançado pela Câmara de Toulouse para a extensão e nova entrada do Muséé des Augustins. Pode-se dizer que o atelier está a passar por uma das melhores fases?
    Manuel Aires Mateus: As fases boas do atelier são quando temos projectos com os quais estamos verdadeiramente emocionados. Existem fases em que estamos muito contentes com o trabalho e com a produção e esta é uma delas também. Essas são as fases mais interessantes, são quando percebemos que as coisas, de alguma maneira, resultam, se coordenam e se montam. O atelier, neste momento, está estável, tem trabalho com continuidade e estabilidade. Esta fase corresponde também a uma mudança de instalações, que veio obviamente dar um alento ao atelier, porque no antigo escritório, embora gostássemos muito dele, tinha um problema: ou havia luz a mais ou havia luz de menos. Esta vinda para aqui, para o Príncipe Real, trouxe uma luz boa, controlável, temos espaço exterior e tudo isso acabou por dar também alento. O atelier está também cada vez mais organizado e por isso a produção está facilitada.
    O único “defeito”, neste momento, é ter tendencialmente mais trabalho fora do País do que dentro. Não é que o trabalho fora tenha algum problema, mas estamos habituados a ter qualidade de construção e eu acho que Portugal ainda é o país onde se constrói melhor. Eu gosto disso.
    Depois, prefiro trabalhar em Portugal porque tem predisposição para temas que me interessam, nomeadamente as Casas. Mas, depois, também faltam programas culturais como os museus, os auditórios… Com a redução do investimento público, deixou de haver encomenda de equipamentos, ou pelo menos encomenda a nós. E esse tipo de programa temos vindo a fazer mais fora do País.

    Ao nível dos programas, e partindo do princípio que equipamentos culturais ou com essa dimensão não haverá muitos num futuro próximo, é expectável que alguns equipamentos que se tornem obsoletos possam dar origem a novos programas? E existindo é um tipo de trabalho que lhe interessa?

    Tudo isso acontecerá, mas em Portugal não estamos no momento de investimento em infra-estruturas. Não estou a dizer com isso que é bom ou mau, simplesmente não estamos nessa fase. A nós, o trabalho que nos interessa sempre mais são as Casas. Depois, há outro trabalho que nos interessa e que está relacionado com o estudo tipológico. São temas que podem ser interessantes de se fazer por cá.

    Mas tipologias em habitação?

    Sim, em habitação multifamiliar. Quer dizer, uma coisa é esta tipologia normal, outra é a possibilidade de investigar coisas novas.
    Repare, não há nada mais conservador do que a forma como vivemos e a arquitectura é muito conservadora nisso. Mas há, no entanto, algumas possibilidades na maneira de olhar para o aspecto tipológico que neste momento nos estão a interessar. Estamos a começar a olhar para projectos com tipologias diferentes, com ocupações de espaço ligeiramente diferentes e isso é uma parte do trabalho que nos interessa muito.

    Essas possibilidades de estudo e investigação ao nível das tipologias é o que o seduz tanto no programa das Casas?

    São duas coisas. Uma é essa possibilidade de grande investigação sobre a vida. A casa é sempre o que está mais perto da vida das pessoas e o projecto pelo qual as pessoas se interessam mais e estabelecem uma grande ligação.
    Depois, o que nos interessa muito nesse programa são as pessoas, que é o que faz com que cada projecto seja diferente. Não há dois projectos iguais porque não há duas pessoas iguais e, de alguma maneira, essa possibilidade amplifica a investigação do projecto. Portanto, tem sido esse o fio condutor para nós.

    A propósito disso, li uma declaração sua que dizia que “a arquitectura é uma arte expectante que só se completa com a vida”. Pode-se então dizer que a arquitectura é a criação de vazios para que essa vida aconteça?

    Sim, mas vazios possíveis. Estamos habituados a viver em vazios pouco qualificados. Aliás, estamos muito habituados a confundir construção com arquitectura. O que há corrente é construção, não é arquitectura. A arquitectura é um significado da construção. E eu atribuo muito à arquitectura essa ideia da liberdade e da possibilidade, ou seja, de desenhar espaços que possibilitem liberdades de apropriação, que é aquilo que dá bem-estar dentro de um espaço, porque permite a uma pessoa se ampliar nessa utilização.
    Existem exemplos clássicos na história: o Convento que dá origem a Hospital, a Universidade, a Hotel ou ao que for e é sempre o mesmo na sua essência. Percebemos que ali há uma grande liberdade expectante, há uma inteligência tipológica e uma ideia sobre a vida que permanece.
    Depois, temos do outro lado uma espécie de uma arquitectura funcional. O Mundo não se coaduna com a ideia de que estabelecemos um programa e cinco anos depois esse programa se mantém. Acho que os espaços devem, naturalmente, adaptar-se com uma grande generosidade às mudanças. E isso é que eu acho que se liga muito à qualidade da arquitectura, porque de facto a arquitectura necessita desse fecho.
    Por exemplo: isto é muito interessante quando se desenha um museu, porque existe sempre a discussão sobre se um museu deve ser determinante, para se impor, ou se deve de ser muito expectante. A arquitectura deve ser muito expectante impondo a sua própria vontade, duas coisas que não acho que sejam contraditórias. Acho que há arquitecturas que são determinadas e com um forte carácter, mas que deixam que essa liberdade de apropriação se dê.Os museus que os artistas gostam, são museus que permitem que eles completem o espaço com uma certa segurança e que o espaço na verdade não os condicione.
    Mas eu acho que isto tanto é válido para o museu como para o quarto. Não tem que ver com tamanho nem com riqueza, tem que ver com liberdade.
    O exemplo que eu acho mais claro sobre isto são as casas de habitação social em Évora, do Siza [Vieira]. Sobre elas disse: “nós estamos em áreas mínimas, o quarto só serve para dormir, a sala serve para colocar uma mesa de refeição e para ver televisão, na cozinha só se cozinha, então eu alargo o corredor e esse é o meu espaço de liberdade”. Esse alargar do corredor, tipologicamente, transforma esta tipologia em arquitectura, porque permite que aquela casa seja aberta aos usos. Isto não tem que ver com a escala, tem que ver com a liberdade de apropriação.

    Mas esse equilíbrio é difícil de encontrar, nomeadamente porque há programas muito definidos…
    Mas os nossos problemas começam nos programas. Nós imaginámos que a vida é funcionalista. Podemos pegar como exemplo na cidade de Lisboa. Todos nós sabemos o que é que gostamos na cidade de Lisboa e depois, quando estendemos a cidade de Lisboa, estendemos uma cidade funcional, muito pouco interessante. A cidade que gostamos sobre ela não investigamos. Não vejo ninguém a pensar na verdadeira escala humana, por exemplo, das ruas à volta da Sé, das escadinhas da Mouraria…ninguém reflecte sobre qualidades que nós, todos, encontramos na cidade. Quando fazemos a cidade, fazemo-la funcional e sem interesse nenhum. Nós, na verdade, que devemos com a arquitectura responder à vida, estamos a ignorá-la em ordem de uma espécie de funcionalização da mesma.


    Estamos quem?

    Todos, a sociedade, ninguém se escapa disso. Ainda não foi possível reflectir sobre isto…

    Por falta de tempo?

    Não, por falta de inteligência. Na verdade, não queremos ir viver para essa cidade. Eu posso dizer: gosto muito do passeio largo. É uma coisa para pensar. Mas eu não o substituo, por nenhuma condição, pela cidade histórica, mas não é só porque ela é histórica, é porque ela tem a escala da minha vida.
    A arquitectura, durante um tempo, tomou o Homem como medida no desenho. Hoje é medida nas regras. Imagine qual é a surpresa que nós temos quando sabemos que todos os corredores de todas as casas no nosso País, têm 1,10cm. Nós podemos arranjar coisas mais aborrecidas para fazer na vida, mas é difícil. Portanto, estamos a retirar à arquitectura aquilo que seria a poética da espacialidade, uma condição de instrução de qualidade de vida, que nós cerceamos.

    E como é que se contorna isso?

    Primeiro entendendo que a legislação tem de ter outro grau de elasticidade. A legislação é muito importante no sentido da protecção, nomeadamente proteger da especulação. Temos de proteger de uma especulação que é obviamente muito violenta na construção. Há que normalizar mínimos para proteger as pessoas. Mas não podemos ficar cerceados por estas leis. Se eu estou a fazer um bloco de apartamentos, as regras fazem sentido, mas se estou a desenhar uma casa para um homem de grandes posses, não faz sentido nenhum. Estou a desenhar a casa para ele. As coisas não são todas iguais e a nossa legislação é cega e tem de ganhar elasticidade.
    A única coisa que foi bem legislada, nos últimos anos, foi uma pequena lei que dizia: “no caso de ser recuperação, desde que justificado e não piore as condições, os parâmetros não têm de ser todos cumpridos”. É de uma inteligência enorme esta lei, porque relativizou os parâmetros. Devemos pensar na qualidade que esta lei introduziu.
    Não podemos continuar a viver amarrados a uma espécie de mediania. A mediania é necessariamente medíocre porque não serve ninguém. Não há pessoas medianas, todas as pessoas são diferentes. E, no entanto, a coisa mais divertida é que o colectivo das pessoas não tem uma especial apetência por essa funcionalização. Tem por outras coisas que nós não lhes podemos dar porque estamos a cercear. Vamos ter muito que reflectir…

    Falava há pouco da cidade de Lisboa. Como arquitecto e habitante da cidade, como olha para este rápido desenvolvimento, para o turismo, para a especulação imobiliária…

    Estamos num momento que pode ser encarado por duas perspectivas: um dos lados desta invasão é um lado obviamente positivo, relacionado com a dinâmica da cidade e o facto de se ter reabilitado em bloco. Depois, há um outro lado, complicado, que é não respondermos aos problemas que isto cria. Ou seja: com a especulação, conseguimos recuperar a cidade, mas também conseguimos expulsar os lisboetas. Agora, não são as mesmas pessoas que têm de responder aos dois lados da questão. Quem especula, especula. Um legislador resolve o problema desta coisa desenfreada. Temos de responder rapidamente à cidade pelos lisboetas. Uma pessoa com 25 anos, que acaba um curso, começa a trabalhar e que tem um ordenado expectável, que é o nacional, tem de ter uma resposta para a casa, em Lisboa. Porque a resposta não pode ser: “pode viver noutros sítios”. Temos de encontrar outra resposta.
    Comparamos muito esta “invasão” com o que aconteceu em Paris, nos anos 80 e 90, quando metade da cidade foi comprada pelos árabes. Só que Paris é uma cidade de 11 milhões, não é de meio milhão, é vinte vezes maior do que Lisboa, logo não é comparável. É uma cidade com outras possibilidades de fuga que nós não temos.
    Isto é muito complicado. Por um lado, temos esta ideia de funcionalização dos Airbnb, e outros, que aumentam o valor das casas em aluguer. Depois, o preço da casa de aquisição, à luz de um mercado e uma economia que vem de fora, logo mais pujante que a nossa. Acresce ainda a desfuncionalização dos impostos entre os países europeus, em que nós temos as nossas empresas a irem pagar impostos à Holanda, e as francesas a não virem pagar impostos a Portugal. Tudo isto dentro de uma Europa Unida, é uma coisa absurda. Portanto, tudo isto está a criar fenómenos que por sua vez criam um gigantesco problema.
    Agora, o problema não se põe na questão: “então mas não podemos ter turistas?”. Não é isso que está em causa. Tem é de se analisar os problemas que isso causa e resolvê-los.

    Mas até então não houve respostas, apenas alguns movimentos e alguma pressão…

    Mas é mesmo preciso arranjar soluções. E as soluções têm que ver com o poder legislativo, a todos os níveis. Isto é um problema de governação.

    Não existindo essas respostas, que grandes problemas podemos vir a ter de enfrentar de futuro?

    Se não houver respostas, deixa de haver lisboetas em Lisboa. Ou só há lisboetas ricos. Isto não faz qualquer sentido, mesmo do ponto de vista moral. Isto é amoral. Do ponto de vista da funcionalidade, é o pior que nos pode acontecer porque voltamos a ter os problemas derivados de as pessoas viverem fora e virem trabalhar para Lisboa que é o que nos batemos sempre contra. Ficamos com uma cidade cheia de lojas e de passeantes e uma população que vem cá servir. Não sei em que País é que nos queremos tornar…ou em que cidade é que nos queremos tornar. Mas não é esta.

    E há vários exemplos semelhantes que falharam…Faltam arquitectos na política?

    Falta inteligência na política. Falta clarividência. Isto já aconteceu em Veneza, Barcelona, Paris, Londres…do que é que estão à espera? Que não aconteça aqui? Vai acontecer. Aconteceu no Algarve e deixámos acontecer uns anos depois na Madeira, e deixaremos agora acontecer nos Açores. Mas porquê? E se calhar ainda conseguimos estender esse modelo maravilhoso à Costa Alentejana. Toda a gente sabe, toda a gente está a ver o que está a acontecer e ninguém faz nada.
    Cada um de nós tem o seu trabalho, não vamos inverter as coisas. O meu trabalho é fazer projectos, quem tem que legislar, legisle. Pense nisso! Querem ajuda? Podemos falar sobre isso. Mas há aqui uma grande permissividade na nossa relação com o poder.
    E a falta de gestão do território? No ano passado foi perfeitamente evidente da pior maneira. Mas depois, parece que estamos a falar de um assunto que não tem interesse nenhum. É dos primeiros assuntos a tratar. Toda a gente percebeu, por esses exemplos dramáticos, mas continuamos com ar de quem acha que o importante é o PIB.
    Isto não é uma crítica a quem governa agora, porque isto é um problema de sempre, nunca houve uma política que não fosse absolutamente casuística, irreflectida e seguidista. E não é preciso ser arquitecto para perceber isto. Qualquer pessoa percebe.
    Agora, isto vai gerar um problema arquitectónico? Sim. Então chamem-se os arquitectos. Mas antes de mais, é preciso esclarecer muito bem esta vontade de resolver um problema que a breve prazo é terrível. E atenção, a inversão de uma política destas leva muitos anos.
    A cidade é o lugar de todos, não é o lugar de uns. Isso é o que define uma cidade.

    Mas isso poderá também derivar de um problema cultural, das próprias pessoas que não apreendem a cidade como delas? E por isso também não discutem as questões da cidade?

    As pessoas não têm a participação cívica que deviam de ter, podem até tender a ter essa consciência, mas não nos enganemos, isto não tem de ser uma preocupação das pessoas. É errado esta ideia de que as pessoas têm que se preocupar. As pessoas votam, pagam a outras pessoas para tratar destes assuntos. Então tratem-nos. Nós pagamos salários a pessoas para legislar, para pensar e tratar destes assuntos. Tratem. Eu levanto-me de manhã e tenho coisas para fazer, mas não essas. Agora há pessoas que têm essas. São pagas para isso. Tratem delas.
    Na verdade, não há muita inteligência nisto tudo. O próprio processo não é inteligente. Há um problema, toda a gente o conhece, há pessoas pagas para tratarem do assunto, tratem! Agora, a quem quiserem pedir ajuda, peçam. Estamos cá para ajudar.
    Tudo se reequilibra, mas não é o equilíbrio que se quer. Veneza não deixou de ter gôndolas, não tem é habitantes…não sei se é este equilíbrio que queremos.

    Fotografias: Frame It

    Sobre o autorAna Rita Sevilha

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    Grupo Navarra apresenta soluções para uma arquitetura mais sustentável

    A utilização do alumínio na arquitetura tem-se destacado como a opção mais sustentável para a construção, garantindo mais eficiência energética e acústica nos edifícios.

    A Associação Europeia do Alumínio, European Aluminium´s 2050, refere o potencial da reciclagem do alumínio, nos vários setores, para evitar toneladas de emissões de CO2 até 2050 e diminuir a dependência de importações na Europa.

    O alumínio é um material amplamente utilizado na arquitetura devido às suas propriedades únicas (leveza, durabilidade e resistência à corrosão), o que o tornam ideal para uma variedade de aplicações, desde estruturas de grandes edifícios até detalhes arquitetónicos. Além disso, o alumínio pode ser facilmente moldado, permitindo a criação de designs inovadores e personalizados.

    Conheça as soluções navarra para arquitetura:

    Os sistemas de alumínio Navarra contribuem para construções sustentáveis, apresentando soluções versáteis e funcionais para uma variedade de aplicações:

    1. Sistemas de fachadas de alumínio e vidro. Existem vários tipos de fachadas que podem ser aplicadas nos mais variados projetos arquitetónicos de reabilitação ou de arquitetura contemporânea.
    2. Janelas e portas: O alumínio é amplamente utilizado na fabricação de janelas e portas devido à sua leveza, resistência e durabilidade. Os sistemas de alumínio oferecem diferentes gamas de estilos, tamanhos e acabamentos, permitindo a personalização para cada projeto.
    3. Sistemas de claraboias: O alumínio é utilizado em sistemas de cobertura através da fabricação de claraboias, por serem leves e de fácil instalação.
    4. Revestimentos e ventilação de espaços: O alumínio também é bastante utilizado como revestimento em fachadas e em espaços onde são necessárias áreas de arejamento.
    5. Guarda-corpos, divisórias, elementos mobiliários e arquitetónicos: A versatilidade do alumínio permite que seja aplicado a uma ampla variedade de produtos.

    O alumínio desempenha um papel significativo na arquitetura e na construção sustentável, oferecendo benefícios como eficiência energética, durabilidade, leveza, versatilidade e reciclabilidade. Ao utilizar o alumínio de maneira consciente e responsável, é possível contribuir para a redução do impacto ambiental da indústria da construção.

     

    SOLUÇÕES NAVARRA INTEGRAM PROJETOS INOVADORES E SUSTENTÁVEIS – UNUS HOUSE – CONSTRUÇÃO MODULAR
    Protótipo do modelo de Construção Modular UNUSHOUSE

     

    Fundada pelo arquiteto Jaime Silva, a marca Unus House patenteia uma Tecnologia Construtiva Modular Pré-Fabricada, baseada nos princípios e necessidades da Construção Industrializada, Sustentável e Evolutiva, que apresenta edifícios com necessidades energéticas quase nulas, nZEB – near Zero Energy Building.

    Conheça na integra este projeto

    A Navarra foi a chave deste processo, na diferenciação relativamente aos demais sistemas construtivos que existem no mercado e no mundo que tem a ver com a forma como encaixamos e desencaixamos, montamos e desmontamos é esse o segredo da Unus House”.  Arqtº Jaime Silva

    Com esta Tecnologia, os edifícios modulares alinham-se com o conceito de construção sustentável, dado que entram na Economia Circular, garantem a redução de resíduos associado a soluções e materiais sustentáveis, com a possibilidade de separação em fim de vida, sendo ainda possível serem reutilizados em novas construções e reintegrados no novo ciclo de produção como matéria-prima.

    As cidades são as grandes responsáveis pelo consumo de materiais, água e energia, recursos fundamentais para a habitabilidade humana. Sendo o alumínio um produto verde e da economia circular, tem um papel determinante na construção civil e na arquitetura sustentável.

    Casa em Felgueiras
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    Andreia Teixeira, head of Project Management do Grupo Openbook

    Arquitectura

    Andreia Teixeira assume cargo de Project Management do Grupo Openbook

    Esta contratação visa “reforçar a coordenação, gestão de recursos e riscos, bem como a monitorização e controlo de projectos” dentro da empresa

    CONSTRUIR

    Andreia Teixeira é a mais recente contratação do Grupo Openbook para o cargo de head of Project Management. Com uma formação sólida em arquitectura e uma vasta experiência na gestão e coordenação de projectos, planeamento e desenvolvimento urbanístico, vem fortalecer a capacidade interna de gestão de projectos, em resposta ao crescimento contínuo do Grupo e à expansão do seu portfólio de projectos em curso, de grande dimensão.

    Esta contratação visa reforçar a coordenação, gestão de recursos e riscos, bem como a monitorização e controlo de projectos dentro da empresa. Além disso, alinha-se com a estratégia definida pela Openbook, que visa a melhoria contínua da eficiência, qualidade e produtividade.

    “A contratação de Andreia Teixeira é um passo significativo para fortalecer a nossa capacidade de gestão de projectos. A sua experiência e expertise serão inestimáveis para aprimorar as nossas operações e alcançar os nossos objetivos estratégicos”, justifica Rodrigo Sampayo, partner do Grupo Openbook.

    Além da contratação de Andreia Teixeira, o Grupo Openbook também anunciou a chegada de outros profissionais para reforçar e expandir a sua equipa em diferentes áreas de actuação. Nesse sentido, Margarida Fonseca e Gonçalo Reis juntam-se à Openbook Architecture como arquitectos seniores, trazendo consigo um vasto conhecimento e experiência no campo da arquitectura. Edgar Franco vai integrar a equipa de 3D ArchViz do Grupo e Fátima Filipe, arquitecta de interiores, faz agora parte da Openbook Studio. Por fim, Joana Pimentel, designer, foi contratada para se juntar à equipa de Marketing e Comunicação.

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    Cooperativa de Aldoar (arqº Manuel Correia Fernandes) @Luís Ferreira Alves

    Arquitectura

    Exposição “O Que Faz Falta” comemora 50 anos de arquitectura em democracia

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira e Ana Neiva, a exposição inaugura a 25 de Outubro

    CONSTRUIR

    A Casa da Arquitectura junta-se ao momento de celebração e reflexão em torno dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 através da exposição “O Que Faz Falta. 50 Anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia”. Com curadoria dos arquitectos Jorge Figueira (coordenação) e Ana Neiva (curadoria-adjunta), a exposição inaugura a 25 de Outubro próximo.

    O título da exposição presta homenagem a uma das figuras de abril, José Afonso, e à canção “O que faz falta”, do álbum Coro dos Tribunais, lançado em 1974.

    Nas palavras dos curadores, “o objectivo geral da exposição é o de estabelecer uma leitura panorâmica da produção arquitetónica entre a Revolução de Abril 1974 e os dias de hoje (2024), revelando como a arquitectura foi, e é, simultaneamente reflexo e incentivo do regime democrático em Portugal”.

    Nesse sentido, “os projectos seleccionados reflectem os modos como a arquitectura concretizou programas públicos vários, considerando a diversidade geográfica do País, continental e insular, e a contribuição de arquitecctas e arquitetos de diferentes backgrounds e gerações”, acrescentam os arquitectos.

    A exposição “O Que Faz Falta. 50 anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia” é extraída da colecção “50 anos de Arquitetura Contemporânea Portuguesa”, um acervo criado pela Casa da Arquitectura que faz a leitura da produção de arquitectura em período democrático, com o objectivo de ser criada uma colecção de recorte territorial e temporal.

    Este acervo, que contou com a curadoria de Carlos Machado e Moura, Graça Correia, João Belo Rodeia, Jorge Figueira, Paula Melâneo e Ricardo Carvalho, visa promover o estudo e investigação de todos os interessados e do qual futuramente se irão extrair várias leituras temáticas em exposições, actividades e publicações.

    A exposição será acompanhada por um programa paralelo que tem a curadoria dos arquitectos Nuno Sampaio e Jorge Figueirae ficará patente até dia 7 de Setembro de 2025.

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    Praça e Posto de Turismo de Piódão @Frederico Martinho

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    Obras nacionais em destaque no EU Mies Award 2024 com visitas acompanhadas

    Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar as visitas ao Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e, durante a tarde, ao Edifício General Silveira, no Porto. Já no dia 1 de Junho, haverá visita à Praça e Posto de Turismo em Piódão

    CONSTRUIR

    No âmbito da edição de 2024 do Prémio Europeu de Arquitectura EU Mies Award, são promovidos eventos, gratuitos, abertos ao público e sem inscrições, em três obras de arquitectura distinguidas, localizadas em Portugal. Assim, no Sábado, dia 4 de Maio, terão lugar visitas às obras seleccionadas Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, às 11 horas e ao Edifício General Silveira, no Porto, com três opções: às 15 horas, 16 horas e 17 horas. No sábado, dia 1 de Junho, às 15 horas será a vez da obra finalista Praça e Posto de Turismo em Piódão.

    As três obras fazem parte de um conjunto de 40, seleccionadas de entre 362 nomeadas, localizadas em mais de 30 locais da Europa, e que serão objecto do programa “Out & About. Discovering Architecture. EUmies Awards 2024”, durante dois meses (22 de Abril a 23 de Junho). O objectivo é que todos possam conhecer mais sobre os edifícios e espaços públicos com os seus autores, donos de obra e outras pessoas ou entidades envolvidas.

    Na visita ao Caminho das Escadinhas, Paulo Moreira, o arquiteto que partilha a autoria do projecto com Verkron, explica com alguns convidados, num passeio entre a encosta do bairro do Monte Xisto e a margem do Rio Leça, em Matosinhos, o processo que reuniu uma equipa interdisciplinar de arquitectos, construtores locais, artistas e uma rede alargada de parceiros, para recuperar aquela área para o uso público.

    Também a visita ao Edifício General Silveira, contará com a presença dos arquitectos Tiago Antero e Vitor Preto Fernandes, do ATA Atelier e Entretempos, respectivamente, os autores do projecto, e pelo dono deste edifício de habitação e comércio, que numa conversa darão conta de tudo o que esta obra envolveu.

    Os arquitectos Paula del Rio e João Branco, do atelier Branco del Rio, orientarão, por sua vez, a visita à Praça e ao Posto de Turismo de Piódão, no dia 1 Junho. A propósito desta iniciativa, haverá, ainda, lugar a uma conferência no local, moderada por Nuno Grande e na qual estarão presentes Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, Carlos Ascensão, presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira e da Associação das Aldeias Históricas de Portugal, Dalila Dias, coordenadora da AHP, o professor José Reis e restantes arquitectos.

    A primeira edição do Prémio da Comunidade Europeia para a Arquitectura Contemporânea Mies van der Rohe (EU Mies Award), em 1988, foi ganha pelo banco em Vila de Conde, de autoria de Álvaro Siza Vieira. Desde então, obras de arquitectos portugueses têm estado entre as seleccionadas.

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    Arquitectura

    OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”

    No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recordou o estabelecimento e a acção do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) na conferência “As Brigadas de Abril”

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    O aprofundamento das pesquisas sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), corpo de especialistas criado em 1974 para desenhar e pôr em marcha soluções habitacionais para a imensa população dos bairros de lata, barracas e casas degradadas de Portugal, em coordenação com associações de moradores e os seus recursos eventualmente disponíveis, levou o arquitecto e investigador da CEAU-FAUP Ricardo Santos a afirmar-se espantado pela dimensão, heterogeneidade e desenvolvimentos do “processo”.

    Presente na sessão organizada pela Secção de Lisboa e Vale do Tejo “As Brigadas de Abril”, que decorreu no dia 23 de abril, na sede da Ordem dos Arquitectos, o arquitecto contextualizou o SAAL como um “processo”.

    “As pessoas não falam em projecto, começava antes da intervenção e continuava depois do projecto, com alta participação popular, a ideia de democracia directa, o controlo pelo povo, ao serviço do qual estavam os técnicos”, destacou.

    O SAAL registou 170 operações iniciadas, a construção de 76 bairros e o envolvimento de 42 mil famílias entre 1974 e 76, ano em que passou para a alçada das autarquias. “Só em Lisboa houve intenção de construir 17 bairros, sete chegaram à construção, dois foram terminados”.

    A arquiteta Lia Antunes, a preparar uma tese sobre a intervenção das mulheres no SAAL (no Darq-UC e Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do ISCSP), destacou o papel das moradoras dos bairros de lata, a sua tomada da palavra como a primeira ideia de cidadania, a sua organização e o conhecimento sobre os fogos existentes, sobre as casas que seriam necessárias e sobre a composição das famílias. “As mulheres preparavam as palavras de ordem para as manifestações”, sinal da consciência da sua condição e da vontade reivindicativa.

    Quanto às técnicas, o seu papel é significativo, como foi o caso da arquiteta Ana Salta e de Manuela Madruga (da Brigada Técnica, nome das equipas técnicas do SAAL, maioritariamente com jovens arquitetos e estudantes, que viriam a elaborar planos e projetos e a diagnosticar as situações habitacionais) no Bairro Esperança de Beja; com Nuno Portas, a arquiteta Margarida de Souza Lobo tinha esboçado um modelo de intervenção multidisciplinar e de habitação evolutiva para o bairro de lata da Quinta do Pombal; a socióloga Isabel Guerra, que trabalhou nos bairros sociais de Setúbal, “em janeiro de 74 já tinha apresentado uma proposta para o Bairro da Liberdade que antecipava o SAAL”; “as assistentes sociais foram a cola do processo”, com presença diária nos bairros mediando conflitos, respondendo aos inquéritos sobre as condições físicas dos bairros, e sobre necessidades e desejos das populações. Houve também “uma dimensão internacional” com participação de técnicas de outros países e muitos outros exemplos de compromisso, de “urgência, intensidade, generosidade” podiam ser dados.

    Justamente sobre a “intensidade” dos trabalhos e da vivência que os caracterizou falou Adelaide Cordovil, assistente social e elemento da equipa do SAAL no Fonsecas-Calçada. “Já lá vão 50 anos, era tudo muito intenso. Estava a destapar-se uma panela de pressão?”. Adelaide Cordovil explicou que as pessoas acreditavam no que podiam transformar, tinham essas vontade e energia, aprendiam umas com as outras e tinham ideias claras e fundadas do que precisavam para as suas casas.

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    Ordem dos Arquitectos debate cinco décadas de habitação em democracia

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo e o engenheiro Fernando Santo. Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24

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    As cinco décadas de democracia vão estar em destaque, esta quarta-feira, dia 24 de Abril, na Ordem dos Arquitectos e que visa abordar a temática da habitação durante este período.

    ‘O que se fez e o que falta fazer?’ são as perguntas que lançam a a conversa entre os arquitectos António Baptista Coelho, Inês Lobo, e o engenheiro Fernando Santo. Foi também convidada a secretária de Estado da Habitação, Patrícia Machado Santos (presença a confirmar).

    Este será a primeira de uma serie de iniciativas que a Ordem dos Arquitectura organizar com o objectivo de “pensar e mostrar como evoluiu a habitação em Portugal nas últimas cinco décadas e o que falta fazer”.

    Este evento decorre simbolicamente a 24 de Abril e nele será também lançado o programa Habitar Portugal 74/24, celebrando em simultâneo os 25 anos da Ordem dos Arquitectos e os 50 do Portugal democrático.

     O programa Habitar Portugal 74/24 vai, durante os próximos meses, continuar a analisar as questões da habitação em Portugal, através de uma equipa de comissários, que coordenada pelo arquitecto César Lima Costa, seleccionará obras emblemáticas neste período, pela sua arquitectura e também pela relevância estratégica para o País.

    Prevê-se, também, uma exposição itinerante, que terminará em 2026 na Capital Mundial da Arquitectura, em Barcelona.

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    Sindicato dos Arquitectos reúne com objectivo de aprovar “primeiras tabelas salariais”

    Do inquérito realizado aos profissionais destaca-se a exigência de 1300 euros de salário de entrada, a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, melhor retribuição às horas-extra e ao estabelecimento de carreiras, com propostas distintas para projectistas e para técnicos especializados

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    Com o objectivo de “discutir e aprovar as primeiras tabelas salariais” para a arquitectura, o sindicato do sector convoca os profissionais para uma assembleia geral a realizar no dia 1 de Maio na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura (SINTARQ) no Porto.

    Para a concretização e aplicação deste seu caderno reivindicativo, o SINTARQ lançou duas iniciativas. Desde Junho de 2023, uma campanha de entrada em empresas para contactar trabalhadores e criar as primeiras estruturas sindicais nesses locais de trabalho. E no final do ano passado, um inquérito que permitiu aferir as expectativas profissionais de quem trabalha em arquitectura e confirmar, uma vez mais, o retrato de precariedade e indignidade transversal no sector, cujos resultados definitivos serão divulgados em breve.

    Da campanha de entrada em empresas, resultou a criação de doze estruturas sindicais em locais de trabalho, algumas das quais com processos reivindicativos em curso. A expectativa é a de que a aprovação do Caderno Reivindicativo agora em Maio sirva de sustentação a esses processos e ao surgimento dos primeiros Acordos de Empresa em Arquitectura.

    Do Inquérito às expectativas profissionais destacamos a ampla adesão dos trabalhadores inquiridos à exigência de 1300 euros de salário de entrada, à redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, a horas-extra com melhor retribuição e maiores restrições, e ao estabelecimento de carreiras como instrumento central à elevação dos salários e ao combate à discriminação e ao assédio.

    A título de exemplo, 94% dos inquiridos defende uma carga horária semanal até 35 horas; a expectativa salarial mediana de um trabalhador com cinco a dez anos de experiência é de 1800 euros e 80% dos inquiridos declara fazer horas extra, metade dos quais sem receber qualquer compensação por isso. Segundo dados preliminares deste Inquérito, um trabalhador em arquitectura vê-se espoliado, no mínimo, em 500 a 800 euros por ano em horas extra não compensadas.

    O Caderno Reivindicativo que será submetido à discussão propõe duas tabelas salariais: uma para projectistas e outra para técnicos especializados, dividindo-se em carreiras profissionais de assistente, júnior e sénior. A progressão atende aos anos de experiência ou às funções efectivamente desempenhadas, independentemente da antiguidade. Estarão também em discussão os critérios que determinam essa progressão e que servirão para contrariar a transversal estagnação de carreiras.

    Além dos salários, carreiras e horário laboral, propõem-se reivindicações-base noutros vectores tais como: direitos na parentalidade, regulação do teletrabalho, dias de férias, garantias de segurança e saúde no trabalho e formação profissional certificada.

    É o culminar de um processo com cerca de um ano e que contou com dez reuniões abertas de discussão realizadas em Braga, Coimbra, Porto, Lisboa e Setúbal, e que agora se encerra neste último Plenário Nacional no Porto.

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    Exposição “Objetos por Arquitetos” regressa à Casa da Arquitectura

    A segunda edição da exposição mostra uma selecção de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados” arquitectos e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura

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    Abriu ao público esta sexta-feira, dia 19 de Abril a segunda edição da exposição “Objetos por Arquitetos”, uma montra selectiva de peças de autor que carregam consigo assinaturas de “prestigiados arquitectos” e que se encontra patente no Espaço Luís Ferreira Alves, da Casa da Arquitectura.

    Através desta mostra, que estará patente até 12 de Maio, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao “talento multifacetado” de um grande número de arquitectos.

    A mostra reúne um conjunto de objectos demonstrativos do melhor que o talento arquitectónico tem para oferecer quando colocado ao serviço das várias dimensões da vida mundana, criando objectos de culto e de desejo que é possível levar para casa, como mobiliário, obra gráfica, iluminação, entre outros.

    Uma pequena montra selectiva de cerca de meia centena de peças de autor com assinatura de nomes como Adalberto Dias, Aires Mateus, Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, João Pedro Pereira, Marta Vilarinho de Freitas e Pedro Guedes de Oliveira.

    A arquitectura e o design são disciplinas próximas que partilham o objectivo comum de resolver problemas da sociedade aliando a funcionalidade à estética.

    Através desta mostra, a Casa da Arquitectura presta homenagem ao talento multifacetado de um grande número de arquitetos cujo talento e originalidade está agora ao alcance de todos.

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    Bartolomeu Costa Cabral (1929-2024): Ordem recorda legado forte na arquitectura portuguesa

    O Presidente da República lamenta, também, a morte de uma das figuras maiores do modernismo arquitectónico e sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”.

    Ricardo Batista

    A Ordem dos Arquitectos recorda a obra e o “legado” de Bartolomeu da Costa Cabral no momento de assinalar a morte do arquitecto, aos 95 anos, ele que era considerado como figura marcante do modernismo arquitectónico português.
    Numa nota publicada na página na Internet, e assinada pelo presidente Avelino Oliveira, a Ordem dos Arquitectos presta homenagem ao membro número 142, “um enorme e consagrado arquiteto português”.

    Nascido em Lisboa, a 8 de Fevereiro de 1929, obteve o diploma em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1957, tendo, no ano anterior, estagiado em França, onde estudou o tema da habitação de que resultariam diversos estudos de habitação social para o Gabinete Técnico de Habitação (GTH), Federação das Caixas de Previdência, Câmara Municipal de Lisboa e Fundo Fomento Habitação (FFH – atual IHRU), entre 1959 e 1968.

    Bartolomeu da Costa Cabral integrou, ainda estudante, o atelier da Rua da Alegria de Nuno Teotónio Pereira. Trabalhou com Manuel Alzina de Menezes, Manuel Taínha, Nuno Portas, Gonçalo Byrne, Pedro Vieira de Almeida e Pedro Viana Botelho.

    Entre 1968 e 1969 trabalha com Conceição Silva e Maurício de Vasconcellos. Integra o GPA (Grupo de Planeamento e Arquitectura), fundado por Maurício de Vasconcellos e Luís Alçada Baptista, onde desenvolveu, até 1996, diversos edifícios universitários para Bragança, Guimarães, Covilhã, Santarém, Tomar e Oeiras.

    Da sua obra construída será, porventura, o muito destacado e impressivo Bloco das Águas livres, em Lisboa (1953-1955), projetado em coautoria com Nuno Teotónio Pereira, o edifício mais emblemático e uma referência na arquitectura portuguesa. Destaca-se ainda a Escola Primária do Castelo (Lisboa, 1960), a Estação do Metropolitano da Quinta das Conchas (1998-2002) e os Blocos de Habitação Social dos Olivais, 1961 (com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas).

    Premiado com o Prémio Eugénio dos Santos, em 1997 (com Nuno Teotónio Pereira pela remodelação do Teatro Taborda, em Lisboa), Prémio de arquitectura Raúl Lino, em 1978 (do GPA, com a notável Agência da CGD de Sintra), Menção Honrosa do Prémio Valmor 2009 (habitação individual na Travessa da Oliveira, em Lisboa), Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2022), uma distinção entregue pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”. “A Arquitectura tem de falar às pessoas, tem de ser uma companhia, tem de dar sentido aos espaços criados e, só assim, podemos falar da sua humanização. Julgo que nas obras que fui fazendo ao longo da minha vida profissional, existe uma constante relação com as pessoas”, assumia Costa Cabral em 2019, a propósito da exposição “A Ética das Coisas”

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    Ricardo Batista

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    Casa Rural em Silves (Créditos: do mal o menos)

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    BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)

    Um antigo edifício agrícola, com uma linguagem “muito distinta e contrastante” passou por um processo de reabilitação e de redefinição de espaços, sem que se perdesse os vestígios do seu passado, com o claro objectivo de preservar o seu legado marcadamente “rural e funcional”

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    Esta é uma obra de reabilitação do que foi em tempos um estábulo e celeiro, inserido numa propriedade agrícola familiar, localizada num pequeno vale do barrocal algarvio, com laranjais e relevo suave, que acompanha o curso do rio Arade, entre os altos da serra de Monchique e as áreas planas e baixas do litoral, que ganhou uma nova ‘vida’ com o projecto da BOMO Arquitectos.

    Os clientes, dois médicos e uma agrónoma (e respectivos filhos e netos), estavam na altura do desenvolvimento do projecto a entrar numa nova fase da sua vida, a da reforma. À semelhança dos seus percursos profissionais, quiseram, também aqui, “curar e cuidar, preservar, dar vida e futuro”.

    A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região. No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular”

    De edifício agrícola a habitação

    Este edifício agrícola de dois pisos localiza-se no extremo de uma habitação, comprida e térrea, construída no início do século XX, implantada num ponto elevado no centro da propriedade, que contém também áreas de cultivo, uma eira, poços e outros pequenos edifícios de apoio.

    Embora esteja na continuidade da restante casa, este volume no qual foi feita a intervenção, tem uma linguagem muito distinta e contrastante, marcadamente rural e funcional, com as características construtivas próprias da região.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. Os únicos vãos eram as respectivas portas, opacas, baixas e estreitas, e o acesso ao piso superior era feito pela escada exterior.

    A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho.

    No piso superior foi criado um segundo quarto, largo e alto, em mezanino sobre a sala, com a antiga escada exterior a funcionar agora também como pequeno varandim, aberto sobre a paisagem do vale. O mezanino resulta da demolição parcial da laje existente, e procura ampliar a luz natural introduzida pela nova janela alta, aberta na sala, resolvendo em conjunto com as novas portas exteriores envidraçadas, o problema de luminosidade dos diferentes espaços.

    No seu interior albergava três divisões autónomas, sem comunicação entre elas, e sem luz natural. A intervenção uniu as três divisões, tanto vertical, como horizontalmente, criando no piso térreo uma pequena área social composta por sala, área de refeições e uma pequena cozinha, e ainda um quarto e uma casa de banho”

    O peso da história

    “A 28 de Fevereiro de 1969 um forte sismo afectou particularmente esta região, fazendo com que a parte superior do volume no qual intervimos, e que era totalmente construído em pedra irregular, desabasse. Na altura, a reconstrução da parte afectada já foi feita com tijolo furado, sendo depois a diferença disfarçada com o reboco e o caiado das paredes interiores e exteriores”, recorda o atelier.

    No projecto decidiu-se revelar esta história, tornando-a num princípio construtivo que organiza a intervenção. No piso térreo removeu-se o reboco das paredes antigas, expondo a pedra, e a nova escada e a nova parede divisória, entre o quarto e a casa de banho, foram construídas à antiga, igualmente em alvenaria de pedra irregular.
    Assim, este conjunto de pedra pintada de branco forma uma base sólida para a casa, que contrasta com o piso superior de paredes lisas, em tijolo furado rebocado e pintado.

    Na área do mezanino esta característica construtiva é igualmente exposta, revelando-se a diferença de espessuras entre as duas tipologias de parede. É aqui também assumida a alteração introduzida na parede exterior, construindo-se o aro da nova janela alta de forma contemporânea, em betão armado, parcialmente encastrado na alvenaria de pedra.

    No revestimento do pavimento térreo foi utilizada tijoleira proveniente dos telheiros tradicionais das redondezas, e nas portas e portadas foram reinterpretados alguns pormenores da carpintaria tradicional, executados em madeira de pinho.

    A leitura e expressão do volume exterior foram clarificadas, através da demolição de alguns volumes que haviam sido adicionados, e do destaque do primeiro degrau da escada exterior, e foram introduzidas novas portadas exteriores para protecção dos envidraçados. Até ao momento não foi realizada a intervenção prevista para a área exterior adjacente.

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