“O ano de 2019 será ainda mais dinâmico”
Gonçalo Santos, director da área de Urban Development da JLL, analisa em entrevista o mercado da Reabilitação Urbana e as tendências para 2019
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Até ao final do corrente ano, a JLL estima fechar 22 operações de Reabilitação Urbana, um aumento de 38% face ao ano de 2017. À luz dos números, das tendências e dos estudos apresentados pela consultora, 2019 promete ser ainda mais dinâmico. Gonçalo Santos, director da área de Urban Development da JLL, explica-nos porquê.
Que análise faz ao mercado da Reabilitação actual e ao seu desenvolvimento quando comparado com o ano anterior?
Gonçalo Santos: Estamos a viver claramente um bom momento em termos de imobiliário, no geral, que achamos que vai continuar a acelerar ainda mais, tendo em conta o primeiro semestre fantástico ao qual assistimos, bem como o que estamos agora a viver. Como mostram os nossos estudos Market 360º, o investimento imobiliário bateu recordes em 2017 e voltou a bater no 1º semestre de 2018, registando um crescimento de 43% face ao período homólogo do ano passado, para os 1.475 milhões de euros em imóveis. Foi um semestre excepcional não só devido ao elevado fluxo de operações, como também porque assistimos a algumas das maiores transacções de sempre no mercado. Além disso, 47% das vendas residenciais foram feitas a investidores portugueses, o que deixa notar o dinamismo do mercado nacional actual. No que diz respeito à Reabilitação Urbana, este momento nasce com o boom turístico que vivemos no país, associado aos benefícios fiscais que foram lançados para a Reabilitação Urbana (por exemplo, aplicação da taxa reduzida de IVA) e programas de atracção de investimento como Golden Visa e Residentes Não Habituais. Entretanto, a dinâmica mantém-se com a procura que existe actualmente dos estrangeiros que procuram não apenas um destino de investimento mas olham para Portugal como um excelente país para se viver e trabalhar, sendo os centros das principais cidades o destino preferido de investimento, fomentando assim a reabilitação do edificado existente.
Segundo dados da AICCOPN, assistiu-se um abrandamento do mercado no mês de Agosto. Que previsões se podem fazer para o último trimestre e que expectativas existem para 2019?
Estamos confiantes de que o ano de 2019 será ainda mais dinâmico. Apesar de potenciais efeitos nefastos das alterações recentes às condições de exercício de direito de preferência dos inquilinos, acreditamos que a Reabilitação Urbana continuará a ser uma tendência para a regeneração do parque edificado dos centros das grandes cidades, potenciada pelos benefícios fiscais aplicáveis, e complementada pelas iniciativas públicas de requalificação urbana e aumento de oferta acessível à população.
Analisando Lisboa e Porto, em que estágios de desenvolvimento estão cada uma das cidades? Que outros pontos do país estão a atrair investimentos ao nível da Reabilitação Urbana e que zonas geográficas poderão de futuro ganhar destaque?
Com Lisboa num estado bastante avançado de regeneração urbana e Porto a acelerar o desenvolvimento nesta área, estas são as duas cidades que concentram a maioria do investimento em Reabilitação Urbana em Portugal, muito devido à concentração de procura para o produto final. Contudo, é expectável que outras zonas do país como Setúbal, Coimbra, Aveiro, Peniche, Nazaré e algumas cidades da região do Algarve venham a apresentar um aumento do número destas operações.
Ao nível dos sectores, habitação e comércio serão os de maior expressão. O que procuram os investidores em Portugal ao nível da Reabilitação Urbana?
Na realidade, em 2018 os projectos têm estado maioritariamente concentrados na área residencial. De acordo com os nossos dados, 73% são desta área, 15% escritórios e apenas 12% na área hoteleira. Temos sentido como tendências de mercado um aumento da procura por projectos de hotelaria de luxo no centro de Lisboa e Porto e também em zonas de segunda habitação/casa de férias, por projectos onde se podem desenvolver residências de estudantes e residências sénior. Outra tendência de mercado é o regresso dos promotores ao desenvolvimento de projectos de escritórios, maioritariamente nas cidades de Lisboa e Porto, a fim de responderem a uma procura sem oferta qualificada.
O facto de Portugal ser promovido cada vez mais a nível internacional como um destino turístico e de negócio é um factor que faz com que, principalmente, as cidades de Lisboa e Porto sejam cada vez mais procuradas por investidores estrangeiros. De um ponto de vista geral, temos um largo espectro de investidores institucionais a apostar em Portugal, de mais de 30 nacionalidades diferentes. Também no que respeita à Reabilitação Urbana a origem do capital é maioritariamente estrangeira: com os franceses, belgas, brasileiros, norte-americanos e chineses em destaque. No entanto, também existe capital português.
Alguns dos investidores na reabilitação são de cariz mais institucional e também promotores imobiliários privados. Neste capítulo temos também grandes fundos de investimento que se associam a promotores locais para investirem em promoção imobiliária. Num país onde não têm estrutura própria estas joint ventures garantem a estes investidores mais institucionais o apoio e conhecimento local, enquanto para o promotor local a vantagem é sem dúvida a possibilidade de avançarem para mais projectos e/ou de maior escala.
Da mesma forma, nesta área em especial, registamos ainda operações a serem concretizadas com pequenos investidores que desenvolvem projectos pessoais de rendimento, geralmente para alojamento local ou para sedearem a sua actividade.
Que operações ainda vão fechar este ano?
Estamos activamente envolvidos em mais de 10 operações, das quais estimamos concluir 4 ainda este ano. Por se tratarem de processos em fase de fecho, não podemos ainda revelar as entidades e valores em causa.
Já é possível antever um balanço do ano? O que nos pode dizer sobre isso?
Em termos gerais, na JLL, e de acordo com o estudo Market 360º, o ano de 2018 tem sido um ano muito dinâmico. Já concretizámos operações muito importantes no mercado, que é algo que nos motiva e que atesta a qualidade dos activos que promovemos e a confiança dos clientes que nos escolhem. Aliás, tem sido um ano de recordes. Confiamos que o mercado irá evoluir a um ritmo ainda mais forte, tendo em conta os negócios já concretizados e o pipeline de activos que estão em negociação. Só os negócios acompanhados pela JLL ao longo do ano podem superar os €3.000 milhões.
No que diz respeito à Reabilitação em particular, no âmbito da JLL, estimamos fechar 22 operações de Reabilitação Urbana até ao final do ano de 2018 – até agora já trabalhámos em 18 operações. Em número de operações, registámos um aumento de 38%, tendo em conta que no ano passado (2017) concluímos 16.