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    Arquitectura

    Linea Residences da Habitat Invest com projecto de iluminação da ARTsolutions

    O Linea Residences resulta da reabilitação do edifício na Av.5 de Outubro (ex-CGD), outrora dedicado a escritórios, agora transformado em 36 apartamentos, distribuídos por tipologias T1 a T4 e duas Urban Villas, com piscina e terraço privativos, cujos preços variam entre os 600 mil e os três milhões de euros

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    Linea Residences da Habitat Invest com projecto de iluminação da ARTsolutions

    O Linea Residences resulta da reabilitação do edifício na Av.5 de Outubro (ex-CGD), outrora dedicado a escritórios, agora transformado em 36 apartamentos, distribuídos por tipologias T1 a T4 e duas Urban Villas, com piscina e terraço privativos, cujos preços variam entre os 600 mil e os três milhões de euros

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    A ARTsolutions Group é a responsável pelo projecto de design de iluminação do Linea Residences, empreendimento que se reergueu de um edifício de escritórios que pertenciam à Caixa Geral de Depósitos, em pleno coração de Lisboa, num investimento da responsabilidade da Habitat Invest.

    Para Tiago G. da Costa, CEO da ARTsolutions, os desafios que se colocam em cada projecto são sempre inovadores, diferentes e
    exigem novas abordagens. “No Linea Residences estudamos diversas soluções até serem encontradas os melhores compromissos que sejam o garante de emoções e reacções comportamentais na utilização do espaço arquitectónico. Procuramos sempre a melhor conjugação dos vários tipos de iluminação, técnica e decorativa, de exteriores e interiores. A intervenção da ARTsolutions visa gerar emoções, melhorar o
    conforto no espaço e em simultâneo contribuir para a dinâmica de vendas, da manutenção e dos custos de investimento”, refere Tiago G. da Costa.

    O Linea Residences resulta da reabilitação do edifício na Av.5 de Outubro (ex-CGD), outrora dedicado a escritórios, agora transformado em 36 apartamentos, distribuídos por tipologias T1 a T4 e duas Urban Villas, com piscina e terraço privativos, cujos preços variam entre os 600 mil e os três milhões de euros. Todas as habitações deste novo empreendimento, cujo projecto tem a assinatura do atelier Contacto Atlântico, do arquitecto André Caiado, terão lugares de garagem – com a possibilidade de carregamento eléctrico de viaturas -, e
    arrecadação de dimensões generosas. Além disso, o condomínio terá portaria, para acolher serviços de vigilância e controlo de acessos, disporá de ginásio, piscina interior aquecida, sauna, balneários e jardins exclusivos.

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    A@W Milão

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    Primeira edição do Architect@Work Lisboa “supera todas as expectativas”

    Evento contou com a presença de 3.082 visitantes, entre arquitectos e designers de interiores. Organização confirma regresso em 2024

    Cidália Lopes

    A FIL Lisboa abriu as suas portas para a primeira edição da Architect@Work nos dias 22 e 23 de Novembro. Um conceito totalmente novo para o mercado português, com um histórico comprovado de eventos para a comunidade de arquitectura e design em toda a Europa, e que “superou todas a expectativas”, segundo Hannelore Caenepeel, marketing manager da iniciativa.

    O evento contou com a presença de 3.082 visitantes, entre arquitectos e designers de interiores, tendo sido unânime que se trata de um conceito de exposição que “se adapta perfeitamente às nossas necessidades”, confirmaram os profissionais.

    Hannelore Caenepeel confirma, ainda, o regresso do evento a Lisboa em 2024, também na FIL, já com data marcada para os dias 4 e 5 de Dezembro.

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    Cidália Lopes

    Jornalista
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    Carla Lima Vieira integra direcção do Conselho dos Arquitectos Europeus

    Carla Lima Vieira foi o nome proposto pela Ordem dos Arquitectos para a direcção do Conselho dos Arquitectos Europeus, uma escolha justificada pelo comprometimento da arquitecta com “as questões regulatórias aliado ao envolvimento de Carla Lima Vieira nos grupos de trabalho do CAE”

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    Portugal vai ter, a partir de 1 de Janeiro, um representante na direcção do Conselho dos Arquitectos Europeus. Carla Lima Vieira vai integrar a equipa liderada pela alemã Ruth Schagemann, que vai assim cumprir o seu segundo mandato na organização que representa mais de 620 mil profissionais, de 35 países, e tem 51 organizações entre os seus membros.

    Carla Lima Vieira foi o nome proposto pela Ordem dos Arquitectos para a direcção do Conselho dos Arquitectos Europeus, uma escolha justificada pelo comprometimento da arquitecta com “as questões regulatórias aliado ao envolvimento de Carla Lima Vieira nos grupos de trabalho do CAE”, segundo se pode ler na carta de recomendação assinada pelo ex-presidente da Ordem, Gonçalo Byrne.

    Para a OA, este resultado é o reconhecimento do trabalho da representação portuguesa e, em especial, de Carla Lima Vieira que, no último triénio, coordenou o difícil e empenhado grupo de trabalho europeu Regulatory Questions and Issues. É a confirmação do apoio europeu ao trabalho desenvolvido pelos arquitetos portugueses, particularmente no empenho relativamente às matérias de elevada importância para os mais de 600 mil arquitetos europeus representados pelo ACE.

    Sublinhando que a importância de um ambiente construído de elevada qualidade é mais evidente agora do que nunca, Carla Lima Vieira afirmou este momento como crucial para moldar o futuro da arquitetura e o seu impacto na sociedade. Da resposta à pandemia, à boa utilização dos mecanismos de resiliência e à emergência climática, a arquitectura detém a chave para espaços de vida inovadores, sustentáveis, inclusivos e de elevada qualidade, referiu.

    Na sua visão para o ACE, Carla Lima Vieira destacou o seu empenho em fazer avançar a qualidade do ambiente construído na Europa, centrando-se em três áreas fundamentais: impulsionar a qualidade e a competência em arquitetura; reforçar a ligação das organizações que pertencem ao Conselho; regulamentar de modo a proteger o interesse público dos cidadãos europeus.

    Portugal não tinha, até agora, qualquer representante na direcção do Conselho dos Arquitectos Europeus. Além de Carla Lima Vieira, a direcção de Ruth Schagemann conta com Daniel Fügenschuh (Austria), Dubravko Bacic (Croatia), Borys Czarakcziew (Polónia), Carl Bäckstrand (Suécia), Anda Kursisa (Letónia), Diego Zoppi (Italia), Andre Pizzuto (Malta), Kornel Kobák (Eslováquia) e Reto Gmür (Suiça).

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    Exposição: 24 projectos para conhecer a arquitectura do Centro

    Patente ao público até ao dia 16 de Dezembro, na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea de Viseu, o projecto visa dar voz aos arquitectos e criar um espaço único de reflexão e expressão para a arquitectura praticada na região Centro

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    A exposição ‘Arquitectura ao Centro’ apresenta obras localizadas em 16 municípios da região Centro, propondo aos visitantes um “olhar direccionado para este território através da arquitetura que nele se produz”. A exposição ficará patente ao público até ao dia 16 de Dezembro, na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea de Viseu.

    Este projecto visa dar voz aos arquitectos e criar um espaço único de reflexão e expressão para a arquitectura praticada na região Centro, esperando, dessa forma, auscultar e debater as suas problemáticas e desafios, bem como compreender e valorizar os perfis de quem nela intervém: tão diversos quanto as características do próprio território.

    Depois de ter passado por Coimbra, a abertura desta exposição em Viseu resulta de uma parceria entre a Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitectos (OASRC) e a Câmara Municipal de Viseu, dando assim início a um périplo pela região Centro para promoção e divulgação produzida entre 2020 e 2022.

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    Saraiva e Associados propõe-se “dentro de 3 a 5 anos” fazer apenas projectos certificados

    O compromisso foi revelado esta terça-feira, em Lisboa, pelo responsável da empresa, por ocasião do primeiro Congresso da Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores

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    A Saraiva e Associados propõe-se fazer, “dentro de três a cinco anos”, apenas projectos certificados, naquele que é um compromisso que vai aproximar a prática da empresa dos clientes que estão mais despertos para este tipo de questões.

    O compromisso foi revelado esta terça-feira, em Lisboa, pelo responsável da empresa, por ocasião do primeiro Congresso da Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores.

    Miguel Saraiva reconhece que se trata de um desafio que pressupõe riscos elevados, mas adianta que “se tiver de existir uma reestruturação interna da própria organização, é o que faremos”. Ao CONSTRUIR, o arquitecto admite que, apesar do risco inerente à estratégia, “é uma decisão que nos vai aproximar dos clientes que estão mais despertos para estas questões, que estão mais comprometidos com o ambiente e será com certeza um primeiro passo para que todos os outros projectistas se imponham no mercado por esta via”.

    Ao nível da certificação e da sustentabilidade, Miguel Saraiva garante que “o mercado nacional está num patamar bastante evoluído”, mas reconhece que “precisamos de legislar mais e criar mais benefícios àqueles que abraçam este tema, seja por via fiscal ou por via da aprovação mais rápida”. “Têm de se criar veículos que sejam catalisadores do compromisso que abraçámos. Sem esses catalisadores, não teremos qualquer hipótese”

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    Entrega dos Prémios Enor 2023

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    Arquitecto Nuno Brandão e atelier catalão H Arquitectes recebem Prémio Enor

    O Terminal Intermodal de Campanhã, de Nuno Brandão, e as ‘Viviendas Sociales 1737’,do atelier H Arquitectes foram os vencedores, ex aequo, do Grande Prémio de Arquitectura Ascensores Enor. A obra portuguesa “Casa Untitled” do Atelier JQTS recebeu, também, o Prémio de Arquitectura Jovem

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    Nuno Brandão e o atelier H Arquitectes foram os vencedores, ex aequo, do Grande Prémio de Arquitectura Ascensores Enor. A obra portuguesa “Casa Untitled” do Atelier JQTS recebeu o Prémio de Arquitectura Jovem.

    A cerimónia de entrega dos premios decorreu na passada quinta-feira, dia 16 de Novembro, na sede da Enor, situada no parque tecnológico de Vigo, onde se reuniram especialistas do mundo da arquitectura e representantes do sector empresarial.

    Tendo iniciado em 2005, o Prémio de Arquitectura Ascensores Enor, tem como objectivo destacar a arquitectura feita na Península Ibérica nos últimos três anos.

    O júri, constituído por profissionais como Inês Lobos, Carlos A. Pita Abad, Francisco Vieira de Campos, Anatxu Zabalbeascoa e Carlos Quintáns, destacou o facto de as obras apresentadas “eflectirem a arquitectura contemporânea” que se realiza em Espanha e Portugal e que “apresentam soluções para os problemas reais que a sociedade tem hoje”.

    Durante a cerimónia de entrega de prémios, Rubén Rodríguez, director geral da Enor, destacou os valores partilhados entre a empresa e as obras seleccionadas de “inovação, sustentabilidade e acessibilidade”.

    Sobre o Terminado Intermodal de Campanhã, no Porto, de Nuno Brandão, o júri considerou tratar-se de um projecto de infraestrutura que “dá resposta à complexidade do local onde se insere, introduzindo uma ordem contundente e ao mesmo tempo subtil”.

    “O projecto é um gesto territorial que ordena e prefigura o que pode acontecer a partir deste momento. Destaca-se o parque urbano e a ligação com cada um dos edifícios que se fazem”, acrescenta.

    Da autoria dos H Arquitectes, o júri destacou o projecto ‘Viviendas Sociales 1737’, em Barcelona, pela “clareza com que respondem à sua localização em que atendem à continuidade biológica e recreativa entre a serra de Les Ferreres e o Parque Agrícola de Llobregat”.

    “Acompanhadas por um jardim com árvores frondosas, as casas são cercadas por espaços de transição para o exterior para melhorar as relações entre os espaços habitacionais e o meio ambiente”, ressalva.

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    CCB apresenta livro ‘Habitar Lisboa’

    Publicado em conjunto pelo CCB, Dinâmia’CET ISCTE e Monade, o livro apresenta, de forma sintética, a conjuntura e as hipóteses de acção para pensar a construção da cidade, no dia 29 de Novembro

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    O Centro de Arquitectura / Garagem Sul apresenta, dia 29 de Novembro, às 18h30, o livro ‘Habitar Lisboa’. Publicado em conjunto pelo CCB, Dinâmia’CET ISCTE e Monade, o livro apresenta, de forma sintética, a conjuntura e as hipóteses de acção para pensar a construção da cidade.

    O livro inclui, ainda, uma panorâmica das arquitecturas mais carismáticas que resultaram das políticas públicas de habitação desenvolvidas em Lisboa ao longo de 50 anos de democracia.

    No mesmo sentido, procura fazer uma resenha dos principais projectos que estão actualmente em cima da mesa, apresentando visões analíticas da situação actual e perspectivando o futuro em formato de diálogo, ensaio ou manifesto.

    O livro será apresentado por Marta Sequeira, curadora da exposição Habitar Lisboa, e André Tavares. Seguir-se-á uma conversa com Cristina de Mendonça, Francisco Vala, Inês Lobo, João Gomes da Silva, João Luís Carrilho da Graça, João Seixas, Joana Pestana Lages, José Adrião, Miguel de Castro Neto, Nuno Valentim, Paulo Tormenta Pinto, Ricardo Bak Gordon, Sandra Marques Pereira e Telmo Cruz.

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    “O CCB foi fundamental na construção da nossa identidade”

    A “Cidade aberta” preconizada pelos arquitectos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado há 30 anos, vai ser finalmente concluída. Falamos do Centro Cultural de Belém, hoje Monumento Classificado, e cujo projecto moldou e ainda hoje exerce influência sob a arquitectura do atelier Risco, fundado por Manuel Salgado. Falámos com Tomás Salgado, arquitecto e coordenar geral do atelier português, sobre o projecto e o impacto do legado de Gregotti na definição do que é o Risco

    30 anos volvidos sobre a inauguração do equipamento cultural que é hoje Monumento Classificado, apenas três módulos foram efectivamente construídos: o Centro de Congressos e Reuniões, Centro de Espectáculos e Centro de Exposições. Faltam dois, os módulos 4 e 5, que vão dar origem a duas unidades hoteleiras (um hotel com 161 quartos e um aparthotel com 126 unidades), com comércio e serviços. Um programa em linha com o que foi preconizado pela dupla de arquitectos que concebeu o projecto original, Vittorio Gregotti e Manuel Salgado. Mas há ainda muito para desenvolver como conta ao CONSTRUIR o arquitecto Tomás Salgado.

    30 anos depois a conclusão do Centro Cultural de Belém poderá estar para breve. Será desta?

    Esperamos que sim! Estamos com muita esperança de que o processo se desenvolva, mas o mesmo já teve muitos avanços e recuos e enquanto não houver um vencedor do concurso de subcessão dos direitos de superfície lançado pela Fundação Centro Cultural de Belém (FCCB) não temos a certeza de nada. Eu não estava aqui [no atelier] em 1988 nem em 1992, mas desde 1995 até hoje já acompanhei muitos desenvolvimentos deste processo com diferentes administrações da FCCB e com muitos programas funcionais.

    Este processo tem se estendido no tempo com muitas alterações…

    Fizemos um caderno aqui há uns tempos com as várias propostas e resultou num trabalho bastante interessante. Houve uma fase em que o programa para os módulos 4 e 5 era totalmente dedicado a actividades culturais. Inclua uma biblioteca dedicada às artes do espectáculo, residências para artistas, etc. Mais tarde, com António Mega Ferreira [2006/2012] o programa mudou novamente e pensou-se num terceiro auditório para o CCB. Um auditório de dimensão intermédia entre o grande e o pequeno auditório. Depois, mais à frente, com o professor António Lamas [2012-2016] voltou-se ao programa hoteleiro. Ou seja, houve, ao longo destas décadas, uma série de diferentes opções por parte das diferentes administrações do CCB. Mas a determinada altura tudo aquilo esbarrou em questões administrativas sobre a titularidade dos terrenos que não estavam resolvidas. Só, de facto, com esta última administração [presidida por Elísio Summavielle] estas questões ficaram resolvidas de uma vez por todas e houve uma concretização do programa que vinha de trás, do professor Lamas, que era um programa fundamentalmente de hotelaria. E só agora estão reunidas as condições, até políticas, para este processo avançar em definitivo.

     

    Mas quando foi concebido o programa original para os módulos 4 e 5 era voltado para a hotelaria? 

    Sim, sim. Aliás, em 1988 o programa de concurso já previa que estes últimos módulos fossem dedicados a hotelaria e ao comércio. É interessante que agora, passados 30 e tal anos e muitos programas diferentes, se tenha completado o círculo, tendo-se voltado ao início. A volumetria é um bocadinho diferentes daquela que estava prevista na nossa proposta inicial, em 1988, mas o programa é fundamentalmente o mesmo.

    Quais são as diferenças entre o programa original e este novo traçado?

    Em termos de traçado, quando se olha para a maqueta ou para os desenhos de 1988, os módulos 4 e 5 tinham uma frente virada para a Avenida da Índia, um muro baixinho que fazia de sucalcamento, como acontece nos módulos 1, 2, 3 e que suportam os jardins hoje existentes nestes módulos. Nos módulos 4 e 5, esse muro, na proposta original, era contínuo, muito comprido, com um terraço ajardinado. Por imposição da Câmara Municipal de Lisboa (CML) esse muro teve de ser interrompido por duas vezes, para não haver uma frente com comprimento superior a 100 metros, e isso introduz ali um fraccionamento que não existia na proposta original. Por outro lado, o corpo construído que está em cima dessa plataforma e que, na proposta de 1988, era um corpo baixinho e muito comprido, agora é um corpo partido em três e um pouco mais alto, que vai buscar umas cotas e uns alinhamentos do modulo 3 do CCB, resultando num corpo mais gordo e mais alto, que permite acomodar mais área de construção. Vamos ser claros: esta intervenção, neste momento, também tem o objectivo de ajudar a financiar a FCCB, pretendendo-se com este concurso que está em curso maximizar a renda anual que o subcessionários irá pagar à FCCB e para isso era preciso criar condições para se tornar um negócio interessante, do ponto de vista do investidor.  Esta concepção financeira da operação não era tão clara em 1988.

     

    Mas do ponto de vista do projecto essa alteração faz sentido?

    Acho que do ponto de vista volumétrico não há nada de chocante, não sabemos se vai ser uma unidade ou se vai ser uma, partida em duas. Isso agora vai depender daquilo que os investidores pretenderem.

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    À espera da proposta vencedora

    Quanto do projecto destes módulos está feito e quanto é que vai depender da proposta que vier a vencer o concurso?

    Aquilo que existe neste momento para os módulos 4 e 5 é um Pedido de Informação Prévia (PIP) e um estudo preliminar que foi apresentado à CML, que foi aprovado e que fixa as volumetrias dos módulos 4 e 5, as alturas, os alinhamentos, as profundidades de empena, a posição dos estacionamentos. Isso está fixo. Agora, é preciso haver um vencedor deste concurso que irá herdar o contrato com a Gregotti Associati International e o Risco e, a partir desse momento, iremos começar a trabalhar para adaptar da melhor forma possível o que está determinado neste estudo preliminar àquilo que são as necessidades e os objectivos de negócio do vencedor do concurso. Sabendo que há limites, especificados no PIP, há muita coisa para desenvolver e isso irá permitir fazer “um fato à medida” de quem venha a operar e a explorar aquele empreendimento.

    Olhando de forma crítica para o projecto do CCB neste momento. O projecto continua a fazer sentido? 

    Absolutamente! O CCB tem exactamente essa virtude que é ser quase inquestionável na sociedade portuguesa. Aliás, é curioso que se olhar para os jornais da época e se ler tudo aquilo que se escreveu na altura e as críticas que recebeu…que o projecto era “um atentado” … “que ia destruir a Praça do Império”, “que era uma coisa inconcebível” … e tudo o que se escreveu de negativo. Hoje, há poucos edifícios que se tenham integrado de uma forma tão clara como o CCB. Neste momento serão poucas as pessoas que passam por ali e sintam que aquilo é um corpo estranho. Acho que para a maior parte das visitantes o CCB esteve sempre ali. E isso é o maior elogio que se pode fazer ao projecto. Os módulos 4 e 5 têm a mesma natureza, foram desenhados da mesma forma, pelas mesmas pessoas, pelas mesmas cabeças. Aliás, a sua ausência é uma falha já que estes são fundamentais para garantir a transição entre a Praça do Império e o Bairro do Bom Sucesso que, até hoje, permanece por fazer pelo facto destes módulos nunca terem sido construídos.

     

    O que se sucede agora em termos de calendarização?

    O concurso tem uma série de procedimentos com prazos legais. Eu tenho ideia de que este processo não vai estar concluído em menos de um ano. Nós iremos trabalhar com quem ganhar.

     

    Um projecto que moldou o atelier  

    Este projecto foi determinante para aquilo que é hoje o Atelier?

    Sem dúvida. O Risco, em 1988, quando o meu pai [Manuel Salgado] foi convidado pelo professor Vittorio Gregotti para fazer o concurso, era uma estrutura muito pequena e fazia mais projectos de urbanismo do que projectos de arquitectura, embora tivesse já alguns projectos desenvolvidos. O CCB foi o grande salto do Risco. Estes foram anos de formação extremamente importantes para o meu pai e para o próprio Gabinete.

    Como se dá esta ligação do professor Gregotti ao arquitecto Manuel Salgado?

    Eles conheceram-se depois do 25 de Abril em algum momento.  Depois, tiveram muitos anos sem se ver e em 1988 o professor Gregotti convidou o meu pai a participar neste concurso e seguiram-se anos de uma formação que foi extremamente importante para ele. Foram ensinamentos, uma maneira de ver o território e de fazer a arquitectura que depois passou para uma geração mais nova dentro do Risco, no qual eu me incluo, e na qual se incluem também o Nuno Lourenço, o Jorge Estriga e o Carlos Cruz. Fomos todos, de alguma forma, beber desta fonte de sabedoria que era o professor Gregotti. Muito do que fazemos hoje, em certa medida, é influenciado por esses anos.

     

    E a preferência pela definição de traçados urbanos, pela geometria e a forma e por projectos públicos?

    Olhamos para os desafios na lógica da cidade. Ou seja, por mais encaixado numa zona consolidada que esteja o projecto, procuramos sempre perceber o contexto envolvente, perceber como é que a cidade, como é que o território envolvente, funcionam. Seja ele mais construído ou menos construída, há sempre essa procura de perceber o lugar e de como o edifício em projecto pode ajudar à sua composição. Esta forma de ler os edifícios do ponto de vista da cidade é transversal a tudo o que fazemos e isso é, claramente, um dos ensinamentos do professor Gregotti. E depois há um outro exercício que é o de olhar para topografia, quer seja a existente quer seja a que vai resultar da nossa intervenção, que também é claramente um dos legados do professor. E o CCB nisso é muito evidente. A forma como se criaram aquelas plataformas, a forma como estas se relacionam para fora, a vista que proporcionam em direcção ao rio, mas também a forma como foram construídos os jardins elevados. Tudo isso está relacionado com esta maneira de ver.

    Há um outro tema que é muito comum aos nossos projectos e que, de certa forma, pode encontrar raízes no CCB, que é o rigor do desenho, a procura de uma geometria forte, ter regras de desenho que ajudam a estruturar o projecto é uma coisa que é muito evidente no CCB e que também está muito presente nos projectos que desenvolvemos. O CCB foi fundamental na construção da nossa identidade.

    Quando o concurso foi apresentado foi referido o impacto do projecto na reabilitação desta zona da cidade. É assim?

    Actualmente existe uma quantidade de visitantes na zona de Belém que percorre o passeio da Avenida da Índia para ir desde o Mosteiro dos Jerónimos até à Torre de Belém. Um dos objectivos do projecto inicial é que esse percurso fosse feito pelo CCB, iniciando por baixo do módulo 1, passando à frente das bilheteiras do módulo 3, subindo as escadas em direcção à praça do museu, depois passando por baixo de um arco que há no fim da praça e, por ali fora, atravessando depois o Bairro do Bom Sucesso. O que acontece hoje é que a praça do museu, onde se acede ao MAC CCB, está tamponada, tem uma tenda e ninguém faz esse percurso. A construção destas peças finais do projecto vai viabilizar esse percurso e dar uma nova vida não tanto para o interior dos módulos 1, 2 ou 3, mas para o espaço a poente do CCB, que hoje em dia é um descampado vedado e que vai passar a ter ruas, lojas, cafés, esplanadas e ser um acesso a tudo o que se prolonga a seguir ao CCB. Toda essa zona tem vindo a ser requalificada e com esta abertura vai ganhar uma dinâmica extraordinária.

     

    Este para si é um projecto especial?

    São todos especiais, mas este, em particular, permite honrar a memória do professor Gregotti, que era uma pessoa por quem todos tínhamos uma enorme admiração e que infelizmente já cá não está. Tem essa componente mais sentimental, se quiser. Agora, também vai ser especial porque vai envolver pessoas, como o meu pai, que ainda cá está e de boa saúde, embora já não faça parte da estrutura e do dia-a-dia do atelier há 15 anos. É natural que se este trabalho de facto acontecer, como esperamos que aconteça, que ele venha a estar envolvido porque, ele sim, teve uma participação no projecto muito profunda e vai ser um momento muito importante para ele voltar a trabalhar neste projecto.

     

    O Risco tem em mãos outros trabalhos. O que estão neste momento a desenvolver?

    As coisas mudaram um pouco porque a natureza dos projectos tem sido um pouco diferente daquela que tínhamos no passado. Em termos de projectos de maior dimensão estamos a finalizar um projecto de habitação e escritórios para um promotor privado. Um projecto para a zona do Lumiar, Alameda das Linhas de Torres, que irá criar 450 fogos de habitação e dos edifícios de escritórios. Tem uma escala bastante importante, embora seja um projecto em que não fomos responsáveis pelo desenho urbano porque o nosso cliente, quando adquiriu a propriedade, já existia um projecto de loteamento aprovado. Portanto, estamos a projectar os edifícios previamente concebidos em termos volumétricos pelo autor do projecto de loteamento, Não é a mesma coisa que começar a folha em branco. Estamos a finalizar um projecto muito interessante que já dura há muitos anos que é o Convento do Beato.

    Esse é um projecto com várias fases

    Sim, fizemos o centro de eventos e estamos a concluir a obra da primeira fase residencial, depois vai seguir-se uma segunda fase residencial e a Igreja. É um projecto também bastante importante para o atelier. Estamos a desenvolver a Academia de Futebol do Futebol Clube do Porto, na Maia, para as camadas jovens do FCP.

     

    Que, segundo o FCP está quase pronto…

    É um projecto bastante interessante que está a caminho mais ainda tem ali algum trabalho para fazer. Depois há já alguns anos que temos vindo a desenvolver um trabalho muito interessante com o grupo Luz Saúde, que vai variando entre os hospitais do grupo e as clínicas, variando entre projectos de média e grande dimensão. E temos mais alguns desafios pela frente que o grupo ainda não tornou público, mas é um trabalho interessante porque acaba por ter uma logica sequencial, até nas soluções que se levam de uns para os outros e que se vão melhorando. Também em execução está a fase 3 da Cidade do Futebol para a Federação Portuguesa de Futebol e que engloba um pavilhão de futsal, as instalações definitivas do canal 11, e as instalações da Portugal Futebol School. Ganhamos o concurso para o HUB do Mar (Lisboa) e estamos à espera do visto do Tribunal de Contas para arrancar em força.

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Garagem Sul recebe conferência sobre habitação cooperativa e colaborativa

    Inserido no âmbito da exposição ‘Habitar Lisboa’, o Centro de Arquitectura/Garagem Sul recebe o encontro “Novas Formas de Viver 2023: Habitação cooperativa e colaborativa”, organizado pela Rede Co-Habitar e Mensagem de Lisboa, nos dias 24 e 25 de Novembro

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    No debate público sobre o problema do acesso à habitação, as cooperativas de habitação em propriedade colectiva têm surgido como uma possível solução para construir uma nova relação entre os habitantes e a sua cidade.

    O potencial que o modelo encerra e as experiências realizadas noutros países justificam uma reflexão mais aprofundada sobre esta temática, ampliando assim a que é enunciada na exposição Habitar Lisboa.

    Neste sentido, inserido no âmbito do programa paralelo da exposição ‘Habitar Lisboa’, o Centro de Arquitectura/Garagem Sul recebe dois dias de conferências sobre habitação cooperativa e colaborativa. O encontro “Novas Formas de Viver 2023: Habitação cooperativa e colaborativa”, organizado pela Rede Co-Habitar e Mensagem de Lisboa, acontece nos dias 24 e 25 de Novembro.

    No debate público sobre o problema do acesso à habitação, as cooperativas de habitação em propriedade colectiva têm surgido como uma possível solução para construir uma nova relação entre os habitantes e a sua cidade.

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    Arquitectura

    Ciclo de conferências expõe o paradigma da Arquitectura

    Durante dois dias, a MaisConcreta23 irá debater aquele que é o paradigma actual da Arquitectura: como construir de forma massiva num cenário de escassez de recursos, de maior urgência nos prazos de construção e com menor impacto no ambiente? O ciclo de conferências é comissariado pela Ordem dos Arquitectos Secção Regional Norte e tem a curadoria do colectivo depA architects. Os diferentes intervenientes vão trazer soluções e propostas concretas para ajudar a responder à questão

    “Hoje é indelével a preponderância da crise ambiental que atravessamos na concepção dos edifícios que faltam construir e reabilitar. Vivemos um momento muito particular em que o Estado tem em marcha um ambicioso plano para construir habitação pública em larga escala, lares de idosos, creches, residências de estudantes, entre outros programas. Esta aparente contradição entre a necessidade de construir de forma massiva e a escassez de recursos, conjugados com a pressão motivada pela urgência do processo é uma das maiores inquietações do sector da construção. Onde está e onde ficará a arquitectura neste novo paradigma?” A questão serve de mote ao ciclo de conferências que acompanha esta primeira edição da MaisConcreta23. Os encontros são comissariados pela Ordem dos Arquitectos Secção Regional Norte (OASRN) e têm a curadoria do colectivo depA architects.

    O “Futuro” escreve-se hoje e é preciso olhar aos bons exemplos
    Assente na premissa “O Futuro é Ecológico”, que é a essência do evento, o ciclo de conferências agrega as várias dimensões da construção, dos materiais e da arquitectura e tem a preocupação de encontrar soluções que respondam ao paradigma lançado. “O tema é de grande urgência, mas está longe de ser novo. Por essas razões é possível encontrar um grande número de práticas que trabalham com ele. Com o conjunto de convidados que apresentamos, pretendemos mostrar um variado leque de soluções construtivas que são empregues de forma muito qualificada. Serão apresentados projectos construídos em madeira, em pedra, em betão pré-fabricado, em terra, em estrutura metálica, entre outros”, a resposta é dada pelo depA architects, representado pelos arquitectos Carlos Azevedo, Luís Sobral e João Crisóstomo.

    O programa é público e nele é notório que há uma nova geração de arquitectos e empresas para quem o presente já é ecológico. Embora o colectivo rejeite um conflito de gerações. “Percebe-se que na geração mais nova a questão ecológica está já muito enraizada. Mas não foi nossa intenção apresentar o problema como sendo exclusivo de uma geração. Longe disso. Quisemos antes dar a perceber dois pontos essenciais. Por um lado, o tema da ecologia é complexo e pode reflectir-se na construção de diversas formas. Tanto aparece em soluções hi-tech, que recorrem a sistemas globalizados de produção industrial, como em soluções low-tech que recorrem a materiais e técnicas locais. Por outro, apesar do tema ser complexo, é possível encontrar um grande número de projectos construídos ou em construção cuja concepção revela uma grande preocupação com o tema da ecologia”, sustentam.

    Assim, pela Alfandega do Porto irão passar arquitectos, empresas, investigadores e indústria, com cartas dadas, exemplos e soluções para se construir de forma mais sustentável.

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Arquitectura

    “A beleza é a razão de ser da arquitectura e o primeiro serviço a prestar pelo arquitecto”

    As palavras são do arquitecto Álvaro Siza, a propósito da nova ala de Serralves, inaugurada recentemente e a qual recebeu o nome do arquitecto, revelando a relação forte entre instituição e arquitecto. Serralves seria Serralves sem Álvaro Siza?

    Créditos: Filipe Braga

    No início de 2024, a nova ala do Museu de Serralves, a Ala Álvaro Siza abrirá ao público com duas grandes exposições: uma dedicada à colecção de Serralves e outra dedicada à obra de Álvaro Siza. Até lá será possível ao público admirar e vivenciar o edifício tal como ele se apresenta, despido de artefactos.

    A nova ala do museu de Serralves adopta o nome de arquitecto português que a projectou, denunciando a relação próxima entre o arquitecto e a instituição. Uma relação de mais de 30 anos já materializada no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (1999), na Casa do Cinema Manuel de Oliveira (2019), na Casa dos Jardineiros (em 2021) e na recuperação da Casa de Serralves (em 2021). Ao conjunto de obras junta-se agora a Ala Álvaro Siza, o que faz de Serralves o lugar que reúne o maior número de edifícios da autoria de um dos nomes maiores da arquitectura mundial.

    “Em 2015, Álvaro Siza doou a Serralves uma parte importante do seu arquivo que, desde aí, Serralves tem vindo a tratar e divulgar em múltiplas exposições, publicações e conferências, levando a obra de Siza ao conhecimento de um vasto e diversificado público, dentro e fora de Portugal. Esta cumplicidade, preenchida sobretudo de uma enorme ligação afectiva a este espaço e a este projecto cultural em permanente construção, leva a que a Fundação de Serralves, profundamente agradecida por este percurso conjunto, tenha decidido dar a este novo edifício o nome de Ala Álvaro Siza”, lê-se num dos vários suportes que contam a história da nova Ala, divulgados por Serralves e que ajudam a perceber esta ligação.

    A preservação das espécies vegetais protegidas obriga o corpo construído a contorcer-se. Poder-se-á dizer que a plantação das árvores desenha a nova ala e contribui à definição dos espaços interiores por paredes, a um tempo ortogonais e cumpridoras dos ângulos a que o exterior se obriga” (Álvaro Siza)

    Uma ode à natureza e à beleza

    O arquitecto projectou o novo edifício para se integrar “completamente” na natureza, ou não tivesse ele sido implantado numa área do parque classificada. As suas linhas rectas acomodam-se ao terreno, fundindo-se com o espaço e abraçando as espécies vegetais protegidas. A descrição feita pelo próprio arquitecto é, todavia, mais prosaica: “A preservação das espécies vegetais protegidas obriga o corpo construído a contorcer-se. Poder-se-á dizer que a plantação das árvores desenha a nova ala e contribui à definição dos espaços interiores por paredes, a um tempo ortogonais e cumpridoras dos ângulos a que o exterior se obriga”, explicou Álvaro Siza na cerimónia de inauguração do novo edifício.

    Uma ponte liga-o ao Museu, acrescentando-lhe área, de exposição do acervo e de reserva. A Ala Álvaro Siza é constituída por três pisos (um piso de arquivos e dois pisos de exposição), e vem acrescentar 44% de área expositiva e 75% da área de reservas.

    Construído em tempo recorde, 18 meses, o novo edifício tem uma volumetria enquadrada no arvoredo envolvente e uma cércea inferior à do Museu, estando a este ligado por uma galeria elevada, não obstruindo a via existente entre os dois edifícios.

    “De algum modo a convergência encontrada reconciliou-me com a minha existência em ser ainda arquitecto e não dispensar a procura da beleza, plenitude e não ameaça à funcionalidade e à viabilidade como às vezes se ouve dizer.  A beleza é a razão de ser da arquitectura e o primeiro serviço a prestar pelo arquitecto”, lembrou o arquitecto.

    Um dos elementos mais identificadores do projecto é a sua janela em forma de triângulo invertido, a partir do qual se observa o jardim. “Localizada na fachada do novo edifício, imediatamente oposta à ponte que liga com o actual Museu, observa-se uma janela especial, de formato triangular, como que chamando a atenção para o facto de estarmos a entrar num edifício diferente, permitindo uma vista panorâmica para o jardim”, descreve Álvaro Siza.

    De algum modo, a convergência encontrada reconciliou-me com a minha existência em ser ainda arquitecto e não dispensar a procura da beleza, plenitude e não ameaça à funcionalidade e à viabilidade, como às vezes se ouve dizer.  A beleza é a razão de ser da arquitectura e o primeiro serviço a prestar pelo arquitecto” (Álvaro Siza)

    Um espaço também ele dedicado à Arquitectura

    Créditos: Filipe Braga

    A nova Ala irá abrigar as colecções que fazem parte do acervo de Serralves, que compreende mais de 4.500 obras de arte e arquivos de arquitectura, como os do arquitecto Álvaro Siza, que estarão expostas em permanência, “mas de forma dinâmica”.

    “No ano em que o museu abriu ao publico Serralves teve 80 mil visitantes. Este ano devera receber mais de um milhão e cem mil pessoas.  O museu merecia mais.  Merecia ultrapassar as limitações do seu espaço físico, que condicionavam o seu crescimento e capacidade de difusão artística. Este foi um projecto de grande complexidade também por se inscrever numa área que é monumento nacional e tudo fizemos para garantir a protecção das espécies vegetais classificadas que o rodeiam.  Decidimos, no entanto, abrir o novo edifício sem colocarmos nenhuma exposição durante um período inicial para que desta forma o público possa admirar este magnifico projecto de arquitectura na sua plenitude”, Ana Pinho presidente da Fundação Serralves.

    Assim, “neste novo edifício serão apresentadas exposições dedicadas à Colecção de Serralves que estará assim exposta em permanência, mas de forma dinâmica, e à Arquitectura, um dos eixos estratégicos da missão de Serralves”.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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