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O ano de 2020 fica marcado, para o cluster do mobiliário e afins, por uma contínua oscilação do volume de exportações, em resultado da evolução da pandemia da Covid-19 e das respectivas medidas de mitigação. No total anual, este cluster, que integra sectores como o mobiliário, a colchoaria, os assentos e outras actividades complementares, gerou 1,58 mil milhões de euros em vendas ao exterior, o que representa uma descida de 14% face a 2019, considerado o melhor ano de sempre desta fileira.
Aos sinais positivos dos primeiros dois meses do ano, com crescimento face ao período homólogo de 2019, seguiu-se uma “verdadeira hecatombe” para o cluster do mobiliário e afins. “Os meses de confinamento de Março (descida de 32%), Abril (-75%) e Maio (-52%) representaram absolutos rombos na dinâmica internacionalizadora que estes sectores têm desenhado na última década, com contínuo crescimento do volume de bens exportados”, reforça a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA).
Com forte tradição e experiência no mercado, as empresas integrantes desta fileira souberam reinventar-se. Privadas dos principais certames internacionais, habituais montras para a promoção dos produtos nacionais, apostaram em novos canais de venda, com um forte destaque para o digital. Foi através das plataformas internacionais e de um investimento em showrooms e stands virtuais que as empresas nacionais alcançaram novos públicos e lograram recuperar o ímpeto exportador.
No segundo semestre do ano, as variações face a 2019 foram ténues, com ligeiro crescimento nos meses de Julho (1%), Agosto (5%) e Setembro (1%) e reduzidas descidas em Outubro (-5%), Novembro (-1%) e Dezembro (-2%).
Para este resultado, muito contribuiu a forte quebra da procura no principal destino exportador, França. Foram menos 20% de receitas com origem francesa, que se manteve com uma quota de 30% no total de exportações destes sectores. No segundo mercado mais relevante, Espanha (27%), a descida foi bastante inferior (-6%). A Alemanha (-30%), o Reino Unido (-16%) e os Estados Unidos da América (-12%) encerram o top 5 de principais importadores dos produtos nacionais.
“Os resultados do segundo semestre de 2020 demonstram a dinâmica das empresas deste cluster, que, mesmo perante circunstâncias sem precedentes, lograram continuar a encontrar novos mercados, oportunidades e soluções”, afirma Joaquim Carneiro, presidente da APIMA. “As crises são também oportunidades, e esta fileira é, hoje, mais dinâmica, flexível e moderna, quer a nível produtivo, quer na sua comunicação e imagem”, conclui.
Apesar da queda das exportações, o cluster do mobiliário e afins mantém uma balança comercial superavitária, com mais de 700 milhões de saldo positivo, e uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 180%.