Novo Bauhaus Europeu vai ter 85 milhões de euros para projectos em 2021-2022
CE anuncia também a criação de um laboratório e de um grupo de reflexão e de acção para o desenvolvimento do projeto que “visa acelerar a transformação de vários setores económicos”
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O Novo Bauhaus Europeu, iniciativa lançada em Janeiro deste ano, que visa enquadrar a transição climática com uma mudança cultural, vai dispor de 85 milhões de euros destinados a projectos, no período 2021-2022, anunciou esta quarta-feira a Comissão Europeia.
O valor é adiantado pela Comissão, no âmbito da comunicação sobre o conceito do Novo Bauhaus Europeu, e na qual anuncia igualmente a criação de um laboratório e de um grupo de reflexão e de acção para o desenvolvimento do projecto que “visa acelerar a transformação de vários sectores económicos, como os da construção e dos têxteis, a fim de facilitar o acesso de todos os cidadãos a bens circulares e com menor intensidade de carbono”.
A iniciativa foi lançada pela Comissão, em Janeiro, com o objectivo de enquadrar a transição climática com um movimento cultural e estético, através da mobilização de ‘designers’, arquitectos, engenheiros e cientistas, que possam “reinventar um modo de vida sustentável”.
“O Novo Bauhaus Europeu introduz uma dimensão cultural e criativa no Pacto Ecológico Europeu a fim de demonstrar de que modo a inovação sustentável se pode traduzir, no nosso dia-a-dia, em experiências concretas e positivas”, escreve esta quarta-feira a Comissão.
No âmbito do financiamento previsto, muitos programas da União Europeia (UE) irão contribuir para “o Novo Bauhaus Europeu como elemento de contexto ou prioritário, sem um orçamento específico predefinido”, adianta esta quarta-feira a Comissão.
O financiamento provirá assim “de diferentes programas” europeus, “incluindo o Horizonte Europa, um programa de investigação e inovação (e, em especial, as missões Horizonte Europa), o programa LIFE, para o ambiente e a acção climática, e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional”.
A Comissão convidará igualmente os Estados-membros a incluir “os valores fundamentais do Novo Bauhaus Europeu nas respectivas estratégias de desenvolvimento territorial e socioeconómico e a mobilizar os elementos pertinentes dos seus planos de recuperação e resiliência, bem como dos programas relacionados com a política de coesão, a fim de criar um futuro melhor para todos”.
Entre as medidas anunciadas esta quarta-feira pela Comissão está a criação de “um laboratório do Novo Bauhaus Europeu”, assim como de “um grupo de reflexão e de acção que se destine a co-criar, desenvolver protótipos e a testar ferramentas, soluções e acções que permitirão facilitar a transformação no terreno”.
“O laboratório retomará o espírito colaborativo que está na base deste projecto, a fim de harmonizar diferentes perspectivas, estabelecer ligações com a sociedade, a indústria e a política entre os cidadãos, e inventar novas formas de criação conjunta“, especifica a Comissão.
As medidas agora anunciadas têm em conta os mais de 2000 contributos, provenientes dos 27, recebidos durante a fase de concepção conjunta, que decorreu de Janeiro a Julho, e que foi aberta a todos os cidadãos do espaço da União.
“O Novo Bauhaus Europeu combina a grande visão do Pacto Ecológico Europeu com mudanças concretas no terreno: mudanças que contribuam para tornar o nosso quotidiano mais aprazível e que as pessoas possam ver e sentir nos edifícios e espaços públicos, bem como artigos de moda ou mobiliário. O Novo Bauhaus Europeu visa criar um novo estilo de vida que combine sustentabilidade e design de qualidade, que exija menos carbono e que seja inclusivo e acessível para todos”, disse hoje a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, citada pelo comunicado sobre a iniciativa.
A comissária Elisa Ferreira, da Coesão e Reformas, destacou por seu lado o impacto local do Novo Bauhaus Europeu, com “a abordagem transdisciplinar e participativa”, uma vez que “contribui para reforçar o papel das autoridades locais e regionais, das indústrias, dos inovadores e das mentes criativas que colaboram entre si, a fim de melhorar a qualidade de vida”.
“A política de coesão transformará ideias novas em acções locais”, garantiu Elisa Ferreira.
A comissária da Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, sublinhou “as pontes entre ciência e inovação e arte e cultura, ao adoptar uma abordagem holística”. Assim, concluiu, “o Novo Bauhaus Europeu desenvolverá soluções não só sustentáveis e inovadoras, mas também acessíveis e enriquecedoras para todos”.
Em Abril, quando o Novo Bauhaus Europeu foi apresentado em Lisboa, durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, o primeiro-ministro, António Costa, destacou “a importância crucial” do projecto para a UE atingir os objectivos climáticos.
Recordou igualmente o movimento estético Bauhaus, fundado em 1919 na Alemanha e que dá o nome à iniciativa, para referir que o projecto actual “volta a dar à arte e à arquitectura a sua missão social, ao adaptar as cidades às necessidades humanas e ao trazer o Pacto Ecológico Europeu” para as “vidas e as casas” das pessoas.
Ursula von der Leyen afirmou então, na intervenção em Lisboa, que “o novo Bauhaus Europeu é sobre esperança, inspiração e novas perspectivas. É sobre acções concretas contra as alterações climáticas”, garantiu a presidente da Comissão.
Na quinta-feira, serão anunciados os vencedores do primeiro concurso do Novo Bauhaus Europeu, que distingue projectos locais e estéticos já desenvolvidos, em dez categorias, de “produtos e estilo de vida” à “reinvenção dos locais de encontro e partilha”.
Serão também distinguidas “estrelas em ascensão do Novo Bauhaus Europeu”, que envolve jovens com menos de trinta anos.