Edição digital
Assine já
    PUB
    Construção

    Sustentabilidade e inovação requerem (também) uma transformação cultural

    O CONSTRUIR, em parceria com a Publituris Hotelaria e com o apoio da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) promoveram um conjunto de conferências, na Exponor, dedicadas à Sustentabilidade e Inovação na hotelaria. Considerando que nem sempre as transformações necessárias implicam um grande esforço financeiro, importa uma transformação cultural. “A forma como todos olhamos para a problemática da sustentabilidade é aquilo que vai no fundo garantir o seu sucesso”, assegurou um dos convidados

    CONSTRUIR
    Construção

    Sustentabilidade e inovação requerem (também) uma transformação cultural

    O CONSTRUIR, em parceria com a Publituris Hotelaria e com o apoio da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) promoveram um conjunto de conferências, na Exponor, dedicadas à Sustentabilidade e Inovação na hotelaria. Considerando que nem sempre as transformações necessárias implicam um grande esforço financeiro, importa uma transformação cultural. “A forma como todos olhamos para a problemática da sustentabilidade é aquilo que vai no fundo garantir o seu sucesso”, assegurou um dos convidados

    CONSTRUIR
    Sobre o autor
    CONSTRUIR
    Artigos relacionados
    Loures investe 22 M€ para novas habitações a custos controlados
    Construção
    A caminho da “Construção & Logística 5.0”
    Engenharia
    Projecto brasileiro ‘Moréias’ quer atrair compradores portugueses
    Imobiliário
    Power to Build avança em Angola
    Construção
    O futuro da habitação é 3D
    Construção
    Perspectivas e desafios da habitação em debate na Universidade de Aveiro
    Imobiliário
    Grupo Everybody Wins aposta num parque fotovoltaico de 110 painéis
    Empresas
    ‘Fertile Futures’ ou uma viagem através de sete territórios da água
    Arquitectura
    Leroy Merlin lança podcast dedicado à sustentabilidade
    Empresas
    CCDR-Norte apresenta Prémio Arquitectura do Douro 2024
    Arquitectura

    *Cidália Lopes e Carla Nunes (Publituris Hotelaria)

    A inovação e a sustentabilidade em torno do Turismo foram os temas centrais de duas conferências conjuntas promovidas pelo jornal CONSTRUIR e pela revista Publituris Hotelaria, apoiadas pela Associação de Hotelaria de Portugal e no âmbito da Decor Hotel, a feira profissional de projecto, construção, decoração, equipamentos, produtos e serviços para hotelaria que decorreu na Exponor.

    Os processos postos em prática pelos hotéis, principalmente durante o período inicial da pandemia, bem como o percurso que ainda falta percorrer nesta área, foram alguns dos pontos debatidos nesta sessão que juntou Rui Martins, CEO SmartLinks e responsável pelo Gabinete Digital da AHP; Jaime Quesado, economista e professor na Faculdade de Economia do Porto; Pedro Serra, director-geral de operações do The Editory Hotels; João Rodrigues, Technological Advisor e ex-Country Manager da Schneider Portugal e Miguel Velez, CEO da Unlock Boutique Hotels.

    Começando pelos exemplos práticos, Pedro Serra afirma que o período da pandemia foi aproveitado para colocar em prática projectos que já tinham em mente, como o check-in automático, pagamentos contactless e robotização de alguns projectos, “mesmo no backoffice”: “Não é totalmente novo, mas nós não tínhamos”, admite.

    Já na Unlock Boutique Hotels, Miguel Velez aponta para a conquista do selo Biosphere em todos os hotéis do grupo, conseguido através de, entre outras medidas, check-in online e concierges digitais.

    “Nem sempre a inovação obriga a grandes investimentos financeiros. No nosso caso fizemos o ciclo completo de operações e experiência do cliente, todos os pontos de contacto, para ver onde poderíamos ser mais eficazes e eficientes. [Com base nisso] fizemos um manual para cada um dos hotéis, onde fomos tocando ponto a ponto onde é que poderíamos fazer melhor” explica Miguel Velez, afirmando que esta pode não ser “a inovação no modelo tradicional, mas é um processo contínuo”.

    Sobre este assunto, Rui Martins afirmou que, de facto, é necessário “cada vez mais que os competidores de hotéis centralizem dados e extraiam deles padrões”, nos quais devem basear-se para tomar decisões.

    “Existem silos de informação, mas depois não existe uma visibilidade sobre os dados, de forma que estes possam ser [utilizados] para tomar decisões. Isto é inovação para nós, mas de inovação não tem nada. É inovação para nós porque não a fazemos”, declara.

    A inovação ao serviço dos recursos humanos

    Na sua intervenção, Rui Martins aponta ainda que a inovação “acontece muitas vezes por necessidade”. Aportando-se à questão da falta de recursos humanos “nos últimos anos no sector hoteleiro” – não só na “dificuldade de obter bons recursos”, como também em “mantê-los fidelizados” –, o responsável pelo Gabinete Digital da AHP relembra que “a digitalização e a transformação digital ajudam a compor essa necessidade”.

    “Ao substituir pessoas por processos automatizados, permitimos que as pessoas façam o que fazem melhor, que é ligar-se a outras pessoas” afirma.

    Sobre a possibilidade que a inovação tecnológica possa retirar trabalho no sector, o profissional deixa apenas uma questão: “Quando as pessoas deixaram de usar velas e passaram a usar lâmpadas houve uma transformação do sector, certo?”.

    Se “não é possível uma máquina transmitir uma emoção ao ser humano”, por outro lado, é possível “resolver problemas de processos que são contínuos, permitindo que essas pessoas sejam desviadas para funções muito mais impactantes”.

    “Não há que ter medo da inovação. É absolutamente incorrecto e desnecessário, porque ela vai acontecer à mesma”, afinca.

    Os passos para o futuro

    Numa nota final, os intervenientes apontam processos de inovação que ainda estão em falta na hotelaria. Se para Jaime Quesado é “muito importante” criar expectativas em relação ao cliente, apostando no customer experience, para Miguel Velez “é fundamental trazer a escala” para os hotéis.

    “[É necessário] transportar a inovação para os hotéis independentes, pequenos, que [caracterizam] a maior parte dos hotéis em Portugal. Praticamente um terço são hotéis de cadeia, dois terços são hotéis independentes. É a mesma história que é no vinho e noutros sectores que estavam muito disseminados e foi necessário juntar para ganhar dimensão”, explica o CEO da Unlock Boutique Hotels.

    Já Rui Martins é da opinião de que “sem uma boa experiência para o hóspede e centralização de dados, é muito difícil para um hotel sobreviver”, acrescentando ainda que as unidades têm de apostar na diferenciação, em serem únicas, oferecendo algo que só se possa encontrar ali – dando, para isso, o exemplo do H2otel Congress & Medical Spa, em Unhais da Serra.

    “As pessoas estão dispostas a ir se a experiência for satisfatória”, defende.

    Também João Rodrigues partilha da mesma opinião no que respeita à diferenciação dos hotéis, explicando que estes devem “identificar no seu business plan o que tem de ser feito e fazê-lo”. Por fim, Pedro Serra aponta que a inovação no sector passa pela preocupação com a “pegada que os hotéis deixam no sítio em que estão”.

    Sustentabilidade

    Já no painel promovido pelo CONSTRUIR, o foco foi a sustentabilidade. E uma nota sobressaiu: é necessária uma mudança cultural. Realidade “incontornável” e “uma variável decisiva” no processo negocial, o conceito de sustentabilidade entrou definitivamente no vocabulário dos promotores, dos donos de obra e dos operadores. Apesar do conjunto de regulamentos já existentes, “estamos ainda muito longe de atingir o nível de maturidade do sector imobiliário e da construção”. A conferência contou a participação de André Fernandes, arquitecto e vogal da secção regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, Mercês Ferreira, engenheira e coordenadora do conselho regional do Colégio de Engenharia do Ambiente, da secção regional Norte da Ordem dos Engenheiros, Julião Pinto Leite, arquitecto e partner atelier OODA e Miguel Gonçalves, engenheiro e professor do departamento de engenharia da FEUP e a moderação esteve a cargo de Ricardo Batista, director editorial do jornal CONSTRUIR.

    Efectivamente, não se trata de um conceito actual mas que foi “reavivado” em 2015, quando as Nações Unidas decretaram os 17 OCS, contudo, “ainda estamos muito aquém daquilo que podíamos ter feito, quer na área da construção, quer na arquitectura e de outros desempenhos de gestão ambiental”, segundo Mercês Ferreira. Para a engenheira, é preciso não esquecer que a “cidade é como um ser vivo, tem ecossistemas que têm um metabolismo próprio” e como tal há que planear a forma como fazemos cidade e envolver todos os stakeholders, incluído a sociedade civil”.

    Economia circular e inovação

    Mercês Ferreira aponta, ainda, a importância da economia circular e da inovação na construção e que estes dois conceitos devem “trabalhar” em conjunto.
    Considerando que estamos ainda “muito aquém daquilo que podíamos ter feito, quer na área da construção, quer na arquitectura e de outros desempenhos de gestão ambiental”, a engenheira considera que “há que acelerar” este processo. Mas para isso há que envolver todos os stakeholders todos, incluído a sociedade civil.
    Partindo do pressuposto de que a cidade é “como um ser vivo, tem ecossistemas que têm um metabolismo próprio e temos que olhar para ela quando planeamos de uma outra forma”. Para que isto seja possível é necessário “perceber a dinâmica de como é que vai ser construída uma cidade, como é que essa cidade vai ser planeada e como a mesma pode ser eficiente”.
    Também André Fernandes reforçou a necessidade de se entender “a sustentabilidade como um ponto de equilíbrio”. Mais do que a legislação, “que por si só não resolve tudo”, é necessária uma mudança cultural. “A forma como todos olhamos para a problemática da sustentabilidade é aquilo que vai no fundo garantir o seu sucesso”, reforçou.

    Fazendo um paralelismo com o CCP, que obriga à materialização de muitos projectos para a construção e, portanto, é necessário que os técnicos se entendam e que rapidamente se interliguem e sejam coerentes entre eles, também a sustentabilidade “deve ser um elemento agregador de tudo o resto, a começar pela indústria, e passando por todos os stakeholders na cadeia de produção”, considera Miguel Gonçalves.
    Por outro lado, acredita, “as alterações futuras neste âmbito serão lideradas pelo vector económico, que no fundo é o que vai permitir que esta mudança aconteça mais cedo ou mais tarde”, ressalva.

    Quando o custo pesa mais

    Seja no turismo ou em qualquer outro projecto imobiliário, as premissas de sustentabilidade não se resumem apenas a um determinado projecto. “Há todo um trabalho que é preciso realizar a montante e que deve ser analisado de muitas maneiras diferentes”, seja num projecto em concreto, ou em todas as actividades satélite a esse edifício, considera Julião Pinto Leite que não tem dúvidas que “fazer sustentabilidade” actualmente ainda é “remar um pouco contra a corrente”. No final das contas, o orçamento mais baixo ainda é o que tem mais peso de decisão e também por este motivo o arquitecto aponta o dedo à “questão cultural muito forte” ainda muito enraizada e que tem de ser trabalhada desde muito cedo, a começar pelas nossas casas. “Há efectivamente tecnologia para conseguirmos edifícios totalmente verdes, mas o mercado ainda não responde na íntegra e o resultado é alguma resistência e inércia em conseguir um edifício altamente sustentável porque isso acarreta custos. O caminho está montado, a tendência é convergir estes dois mundos, no meu entender, mas há ainda um caminho longo a percorrer, exequível, mas longo”, conclui.

    Incentivos e ‘osmose’

    Já André Ferreira coloca o ‘dedo na ferida’ quando refere o exemplo tem que vir do Estado, o que “na maioria das vezes não acontece”. Muito embora a legislação assim o obrigue, “muitos são os concursos públicos que privilegiam o preço mais baixo”. “Temos efectivamente um problema de legislação e começa precisamente no Estado que muitas vezes enche a boca com a palavra sustentabilidade, com ambiente com alterações climáticas, continua no seu CCP a considerar como elemento principal da escolha o preço”, afirma. “Isto é grave, porque sabemos que muitas vezes o preço mais baixo significa qualidade inferior e associada naturalmente a produtos menos sustentáveis”.

    Julião Pinto Leite aponta, ainda, quatro pilares que podem dar um impulso importante para que a sustentabilidade entre definitivamente no sector da construção e da promoção: educação, informação, legislação e competição. A começar em casa, a educação tem definitivamente um peso geracional e depois, através das universidades e com currículos cada vez mais direccionados para estas questões. A informação e a forma como esta é transmitida aos investidores é talvez um dos pontos principais, na medida em que “do ponto de vista do negócio os clientes querem acabar uma obra  e começar a facturar. O que nem sempre é possível. Temos que passar uma série de informação para que consiga perceber que o tal break even não se vai conseguir logo neste ponto”.

    Por último, a competição. Para o arquitecto esta será aquela que mais influência poderá exercer. “Felizmente isto funciona um pouco como moda e edifícios acabam, por osmose, por contagiar outros edifícios e por aí afora e arquitectos outros arquitectos e clientes outros clientes”, conclui.

    Incentivos como a certificação e benefícios fiscais são, também, apontados como uma alavanca para o aumento de projectos mais sustentáveis. Se por um lado já existente diferentes tipos de cerificação que incentivam e “contagiam” o sector, Mercês Ferreira considera que há muito que o Governo já deveria ter optado por atribuir benefícios fiscais a este tipo de projectos. “Esta seria uma opção não só de reduzir custos para quem promove, como de ter, de facto, um projecto diferenciado”. Por outro lado, “também o próprio consumidor, através de uma informação fidedigna, vai ser, cada vez mais, exigente e procurar projectos mais sustentáveis”.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Artigos relacionados
    Loures investe 22 M€ para novas habitações a custos controlados
    Construção
    A caminho da “Construção & Logística 5.0”
    Engenharia
    Projecto brasileiro ‘Moréias’ quer atrair compradores portugueses
    Imobiliário
    Power to Build avança em Angola
    Construção
    O futuro da habitação é 3D
    Construção
    Perspectivas e desafios da habitação em debate na Universidade de Aveiro
    Imobiliário
    Grupo Everybody Wins aposta num parque fotovoltaico de 110 painéis
    Empresas
    ‘Fertile Futures’ ou uma viagem através de sete territórios da água
    Arquitectura
    Leroy Merlin lança podcast dedicado à sustentabilidade
    Empresas
    CCDR-Norte apresenta Prémio Arquitectura do Douro 2024
    Arquitectura
    PUB
    Construção

    Loures investe 22 M€ para novas habitações a custos controlados

    Financiado pelo PRR, o projecto prevê 152 habitações, com uma área total de construção de 14.280 m2, oito blocos, cada um com quatro pisos, num total de 16 edifícios e 152 habitações

    A Câmara Municipal de Loures anunciou a construção de um conjunto habitacional a custos controlados na freguesia de Camarate. O projecto, com 152 habitações, conta com um investimento que ascende aos 22 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

    O projecto urbanístico e arquitectónico tem assinatura do Focus Group, que havia ganho o concurso público promovido pela Câmara Municipal de Loures e assessorado pela Ordem dos Arquitectos – Secção Sul. A as obras deverão iniciar ainda em 2024.

    Com uma área total de construção de 14.280 m2, conjunto é constituído por oito blocos, cada um organizado em dois edifícios contíguos, com quatro pisos, num total de 16 edifícios e 152 habitações. Em termos de tipologias, o projeto prevê 56 T1, 45 T2, 48 T3 e 4 T4.

    Cada bloco é composto por dois edifícios, com acessos independentes, e dois ou três apartamentos por piso. Todos os pisos térreos de embasamento dos lotes do conjunto habitacional destinam-se a habitação, à excepção de um dos edifícios em que está prevista para a instalação de comércio ou serviços, estando garantida também a existência de 174 lugares de estacionamento exteriores.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    Power to Build avança em Angola

    Angola foi um dos primeiros mercados a receber uma impressora 3D da Cobod (a 6ª, a nível mundial), ainda em 2020. O objectivo foi de entrar no mercado da habitação, o que deverá acontecer agora com o lançamento das primeiras unidades em Luanda

    A Cobod, a empresa dinamarquesa criada por Henrik Lund-Nielsen, responsável pelo desenvolvimento da impressora 3D utilizada em Portugal pela empresa Havelar, está em expansão pelo mundo. Actualmente existem 75 impressoras em países como o México, Canadá, Guatemala, Austrália, Irlanda, França, Tailândia, Kuwait, Japão, Malásia, etc. e nem todos têm como estratégia abordar o segmento residencial. Por exemplo, nos Estados Unidos a General Electric, que recentemente se tornou accionista da Cobod, está a desenvolver turbinas eólicas utilizando o betão impresso, conseguindo com este novo sistema alcançar novas alturas e com isso gerar mais energia.

    Angola foi um dos primeiros mercados a receber uma impressora 3D (a 6ª, a nível mundial), ainda em 2020. O objectivo foi de entrar no mercado da habitação, “motivado pela fraca oferta existente e pelo crescimento acelerado da população angolana, face a mercados como o português ou europeu”, conta Bruno Carlos. O empresário português com ligações ao mercado na área da tecnologia é um dos fundadores da empresa angolana Power to Build, cujo investimento superior aos cinco milhões já realizados pela Havelar em Portugal, está prestes a materializar o primeiro condomínio com casas impressas do país. Localizado no Morro Bento (Luanda) o condomínio é composto por oito unidades.

    “O projecto tem tido uma boa receptividade, mas o momento económico do país não tem sido o melhor e o projecto tem levado mais algum tempo”, refere o empresário. Os últimos quatro anos, com a pandemia pelo meio, serviram para preparar o negócio, formar recursos humanos e construir os primeiros protótipos “para ganhar alguma fluidez técnica”, só o ano passado foi feito o lançamento comercial. Entretanto, a empresa angolana tem aproveitado para ajudar a Cobob a testar a próxima geração de impressoras, bem como os novos compostos usados na impressão.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    O futuro da habitação é 3D

    A Havelar apresenta-se ao mercado com uma tecnologia inovadora capaz de imprimir uma casa de 90 m2 em menos de 24h e por um baixo custo. A empresa pretende romper com o formalismo da arquitectura, ao mesmo tempo que procura ser, ela mesmo, uma resposta sustentável à emergência climática que vivemos

    A manufactura aditiva prepara-se para revolucionar o sector da construção e é ela que está na base da Havelar, a empresa criada há cerca de um ano por Patrick Eichiner, Rodrigo Vilas-Boas e José Maria Ferreira, os três com um passado que se interliga: Patrick no imobiliário (The Cobble Capital), Rodrigo na arquitectura (fundador da OODA), e José Maria Ferreira (fundador da OTIIMA, ECOSTEEL e da ARTWORKS), e um nome incontornável da indústria da construção portuguesa.

    E é difícil não sucumbir ao entusiasmo com que os três nos recebem no estaleiro da Havelar, que ocupa parte das instalações do INCONS em Vila do Pinheiro, na Maia. É lá que encontramos a primeira casa impressa com tecnologia 3D desenvolvida pela dinamarquesa Cobod e que a Havelar trouxe para o mercado português com a intenção de contribuir com uma solução para a crise de habitação que o país atravessa.

    Rapidez de construção, optimização de recursos, materiais e humanos, e qualidade são os três fortes argumentos com que se apresenta ao mercado. A tecnologia utilizada permite uma redução de 80% nos resíduos e é 70% mais rápida que a construção tradicional.
    O protótipo, de tipologia T2 com 90 m2, demorou 18 horas a construir e foram precisos apenas duas semanas para completar a habitação (telhado, portas, janelas e demais carpintarias) e torná-la pronta a habitar.

    “Esta foi a primeira casa desenhada por nós com o intuito também de aprender como é que é imprimir uma casa. Desenhamos uma casa com umas métricas e uma matriz muito fixas, que permite combinar a liberdade do desenho que a tecnologia 3D oferece, com um sistema misto de pré-fabrico de construção”, explica Rodrigo Vilas-Boas. O custo de construção fica à volta dos 150 mil euros, um preço baixo face ao m2 praticado em muitas zonas do país. Mas o objectivo da Havelar é escala, não só por uma maior racionalidade do negócio e capacidade de redução de custos/tempo, mas também porque só assim a Havelar pode cumprir um dos seus propósitos, “responder ao desafio da habitação em Portugal”.

    Nesse sentido, e com várias demonstrações de interesse em negociação, nos próximos meses a empresa conta avançar com o seu primeiro projecto em Portugal.

    “Estamos prontos para ir para o mercado e acredito que deveremos construir um mínimo de 30 a 40 casas em 2024”, confirma o arquitecto. Um número muito próximo à capacidade de produção da impressora 3D, a BOB, acrónimo de Building on Demand, que ronda as 50 unidades/ano, em média.

    O betão na base de tudo
    O betão é o material usado para imprimir as casas, camada sobre camada, numa mistura que tem de ser simultaneamente fluída para ser impressa, e firme para que não escorra por entre as camadas. A composição desta mistura é algo que não é fixa, aliás o facto da tecnologia da Cobod ser open source, permite que não haja uma só solução, antes uma abertura à utilização de matérias-primas locais na composição da mistura de betão.

    Em Portugal, a Havelar está também a fazer o trabalho de investigação e desenvolvimento dos diferentes componentes e a estudar diferentes materiais. Paralelamente, a empresa tem trabalhado com a indústria, designadamente com a Saint-Gobain, experimentado o betão verde na impressão 3D. “Estamos à procura destas novas materialidades e a Saint-Gobain é nosso parceiro no desenvolvimento de algumas argamassas”, confirma Patrick Eichiner, outro dos fundadores da Havelar.

    Longe de ser um exclusivo do mercado nacional, a estratégia de ligação à indústria cimenteira em alguns dos mercados onde a tecnologia da Cobod está presente (como a CEMEX no México ou a Holcim, em França) tem contribuído para a afirmação internacional da empresa de origem dinamarquesa.

    A revolução na arquitectura
    A preocupação com a forma e a importância da arquitectura é algo que está bem vincado na estratégia da Havelar. Nesse sentido, foram convidados vários arquitectos, num exercício de “democratização da arquitectura”, para se juntarem na criação de novos modelos de habitação com base no novo sistema construtivo.

    “É muito difícil que pessoas tenham dinheiro para construir a sua casa, quanto mais que peçam a um arquitecto para desenhar a sua casa. O que achamos é que as crises da habitação em Portugal são resolvidas com pouco pensamento estrutural e muitas vezes deixamos um património construído nas cidades de que depois não nos orgulhamos. Entendemos que seria interessante trazer arquitectos que pensam nestas matérias e de renome internacional para connosco desenhar casas para o mercado acessível”, explica Rodrigo Vilas-Boas.

    “Este desenho de comunidades tem como pressuposto haver um desenho de alta qualidade arquitectónica que permaneça nas nossas cidades e no nosso tecido urbano e que seja um garante da qualidade da habitação acessível”, sintetiza o arquitecto que é um dos fundadores do atelier OODA.

    O desafio que a construção aditiva e esta nova tecnologia trazem constituiu um desafio ao qual estes ‘pesos pesados’ da arquitectura mundial – Glória Cabral, Manuel Aires Mateus, Francis Kéré, Siza Vieira e Kengo Kuma – não conseguiram resistir.

    “O desenho da arquitectura para esta tecnologia não é um desenho normal e temos de aprender como é que a tecnologia funciona e quais as suas condicionantes e as vantagens que oferece e com isso desenhar tendo por base um sistema construtivo muito descomplexado e muito simples. E isto é muito interessante. Até hoje o caminho da construção foi muito no sentido de complicar e agora estamos a regressar ao passado a descomplicá-lo”, argumenta Rodrigo Vilas-Boas.

    A construção desta casa assenta em vazios e não em fundações. O sistema tem por base a impressão de uma parede exterior e uma parede interior, que não se tocam, e o seu interior é preenchido com material isolante. A cortiça, pelas suas propriedades isolantes mas também sustentáveis, foi o material escolhido, obedecendo à lógica da sustentabilidade.

    A construção aditiva permite uma maior liberdade na forma que as paredes podem tomar, mas apresenta também algumas limitações, por exemplo, em altura (até três andares), pelo menos por enquanto, porque este é um sistema construtivo e uma tecnologia em permanente desenvolvimento.

     

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

    Mais artigos
    Construção

    ERA Portugal regista crescimento no 1º trimestre de 2024

    A ERA Portugal acaba de divulgar os resultados da operação referentes ao 1º trimestre de 2024. Os principais indicadores mostram uma tendência de crescimento face a 2023, mas falta de oferta pode condicionar a actividade

    CONSTRUIR

    Nos primeiros três meses de 2024 a ERA Portugal facturou 21 milhões de euros, significa um crescimento +5% face ao período homólogo e uma estabilização em relação ao último trimestre do ano em que o valor foi o mesmo.

    “A incerteza do contexto macroeconómico que marcou o início do ano de 2023 teve, na época, consequências naturais no negócio. Contudo, 2024, como é possível constatar através dos vários indicadores, já aponta para um crescimento em linha com o que se começou a registar logo a partir do 2º semestre de 2023. Os dados vêm, assim, reforçar as nossas expectativas de atingirmos um crescimento a dois dígitos até ao final do ano”, antecipa Rui Torgal, CEO da ERA Portugal.

    O número de negócios efectuados (2.753) nos primeiros três meses aumentou em comparação com o mesmo período do ano passado (+2,7%) e com os últimos três meses de 2023 (+3,2%).

    Em relação ao valor dos negócios transaccionados, neste 1º trimestra rondou os 411 milhões euros (+5% face ao período homólogo e mais 0,4% em relação ao último trimestre de 2023).
    O valor médio das casas vendidas no 1º trimestre rondou os 171 mil euros, o que significa um aumento +2.4% face ao valor registado no período homólogo e um decréscimo de -2% em relação ao último trimestre de 2023.

    Oferta limitada continua a ter impacto
    A oferta disponível ainda é muito limitada e esta realidade traduz-se numa quebra nas angariações. No 1º trimestre foram conseguidas 9.809 angariações, o que representa um decréscimo de -14% face aos primeiros três meses de 2023. Em sentido inverso, verifica-se uma subida de +25% em relação ao último trimestre do ano.

    Contabilizando-se 17.562 novos clientes vendedores, este 1º trimestre do ano registou um decréscimo de -27% face ao período homologo. Contudo, o cenário inverte-se quando a comparação é feita com o último trimestre de 2023 ao verificar-se um crescimento de +22%.

    Já em relação aos novos clientes compradores, a ERA contabilizou 73.247 (-2% face ao período homologo e +24% em relação ao último trimestre de 2023). Em linha com o histórico mais recente, os principais clientes da ERA em 2024 continuam a ser os portugueses, brasileiros, franceses e alemães.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    IP avança com modernização da linha entre Porto de Setúbal e Praias do Sado

    Com um preço base de 17,5 milhões de euros, esta intervenção visa eliminar “constrangimentos de exploração ferroviária”, onde se destaca a construção do desnivelamento rodoviário da passagem de nível da Cachofarra

    CONSTRUIR

    A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou o concurso público para empreitada de Modernização da Linha do Sul, entre o Porto de Setúbal e Praias do Sado. Com um preço base de 17,5 milhões de euros, esta intervenção visa eliminar os “constrangimentos de exploração ferroviária” existentes na estação de Praias-Sado, assim como em diversos ramais e infraestruturas ferroviárias do Porto de Setúbal, “melhorando as condições de exploração do sistema ferroviário”.

    Este investimento tem, também, como objectivo reforçar a ligação ferroviária ao Porto de Setúbal e aos ramais existentes, de modo a viabilizar um transporte ferroviário de mercadorias eficiente.

    Em termos gerais, as principais intervenções a realizar na Linha do Sul, estão relacionadas com a electrificação de linhas e ligações e/ou à construção de linhas na Estação de Setúbal-Mar e Ramal do Porto de Setúbal e à construção de um desnivelamento rodoviário, que permitirá a supressão da Passagem de Nível da Cachofarra, ao quilómetro 31,670.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    SISTEMA TRADITERM MINERAL. ETICS COM LÃ MINERAL.

    COMPOSIÇÃO DO SISTEMA TRADITERM MINERAL

    Sistema TRADITERM Mineral. Etics com lã Mineral do Grupo Puma

    O Código Técnico da Edificação está a ser cada vez mais exigente quanto aos requisitos mínimos para a envolvente, o isolamento acústico, a proteção contra a humidade e a proteção contra incêndios. Isto unido às exigências das novas subvenções europeias fazem dos sistemas ETICS (Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior) uma solução ideal para dar cobertura a muitos destes conceitos ao mesmo tempo

    Brand SHARE

    Em tudo isto, a lã mineral também adquire uma grande relevância uma vez que, graças às suas propriedades, não só oferece um grande isolamento técnico, mas acrescenta isolamento acústico e é altamente resistente ao fogo.

    Por isso, o GRUPO PUMA coloca à disposição o seu SISTEMA TRADITERM MINERAL, juntamente com todos os seus serviços, para conseguir o melhor resultado com a maior assistência técnica.

    VANTAGENS DE UTILIZAR LÃ MINERAL FRENTE A OUTROS ISOLAMENTOS

    O SISTEMA TRADITERM MINERAL supera as exigências do CTE no comportamento contra incêndios.

    A lã mineral utilizada é bidensidade, com a condutividade mais baixa do mercado em lã de rocha (0,035 W/mK), pelo que requer menores espessuras.

    O sistema utiliza buchas de fixação com rutura de ponte térmica.

    Grande durabilidade da fachada graças à alta flexibilidade do acabamento superficial e ao isolamento de lã mineral ser duradouro, imputrescível e estável dimensionalmente, o que mantém as prestações durante toda a vida útil.

    É um sistema sustentável e contribui, de forma positiva, para a redução do impacto ambiental.

    Contribui para o isolamento térmico do edifício.

    Numa das suas variantes, graças à argamassa de cor branca utilizada na camada base, evita uma cura incorreta por excessiva radiação solar durante a sua aplicação e secagem, facilitando a sua colocação em obra.

    PROTEÇÃO CONTRA FOGO DO SISTEMA TRADITERM MINERAL

    A redação do ponto 4 da Secção SI 2 – Propagação exterior (paredes médias e fachadas) pode gerar confusão na altura de interpretar os requisitos exigidos a um ETICS, pelo que desde a ANFAPA fez-se uma consulta a respeito e a resposta resume-se ao facto de que não é preciso que um sistema de construção esteja coberto por um revestimento exterior pelo menos EI30 para cumprir com a exigência do ponto 4 do parágrafo 1 da Secção SI2. Um sistema de construção que no seu estado final de utilização tenha a classe exigida neste ponto, em função da sua altura, cumpre a exigência sem este revestimento exterior.

    Mas, então, que classificação de reação ao fogo tem o SISTEMA TRADITERM MINERAL?

    Todos os nossos Sistemas Traditerm superam as exigências do CTE, mas o nosso SISTEMA TRADITERM MINERAL, especificamente, tem uma classificação A2-s1,d0, muito acima do indicado na normativa vigente.

    Em seguida, indicamos os certificados que têm à vossa disposição sobre os Sistemas Traditerm:

    • Avaliação Técnica Europeia 07/0054 (ETA).
    • Declaração Ambiental de Produto (sistema completo).

    SERVIÇOS OFERECIDOS PELO GRUPO PUMA

    O GRUPO PUMA põe à nossa disposição todos os serviços do seu Escritório Técnico:

    • Relatório de pré-dimensionamento de espessura do isolamento de acordo com CTE.
    • Biblioteca de detalhes de construção em PDF e DWG, bem como a base de dados BIM.
    • Realização de detalhes de construção personalizados se assim o necessitar.
    • Bancos de preços.
    • Assessoria personalizada sobre qualquer dos seus produtos ou sistemas.

    OBRAS DE REFERÊNCIA:

    Instituto de Investigación y Clínica López Ibor (Madrid)

    Edifício de Vivendas de Obra Nova (País Basco)

     

     

    Sobre o autorBrand SHARE

    Brand SHARE

    Mais artigos

    Créditos: DR

    Construção

    Lisboa: Mais 68 fogos para renda acessível no Loteamento das Forças Armadas

    Dos 476 fogos previstos para este Loteamento, a Câmara já cumpriu cerca de metade do objectivo, o que se traduz 220 já construídos ou em fase de conclusão. Com um valor de empreitada de mais de 9 M€, a construção está a cargo do Grupo Casais

    CONSTRUIR
    Créditos: DR

    O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, visitou esta quarta-feira, dia 10 de Abril, a obra do Lote 10, em Entrecampos. Esta empreitada, iniciada durante o actual mandato autárquico, vai permitir a disponibilização de mais 68 habitações com rendas acessíveis.

    Inserido no Loteamento das Forças Armadas, que contempla a construção de 476 habitações integradas no Programa de Renda Acessível da CML, assim como a criação de espaços verdes, comércio de proximidade e equipamentos de apoio às famílias, este edifício irá permitir atingir metade do objectivo proposto para esta localização.

    “Do total de fogos previstos para este loteamento já temos concluídos ou em fase de conclusão 220, por isso estamos sensivelmente a metade do objectivo”, afirmou Carlos Moedas.

    Sobre o total de fogos previstos para renda acessível na cidade, Carlos Moedas preferiu não avançar com números para não criar expectativas erradas. “Prefiro falar do que vamos fazendo e à medida que vamos entregando as casas, do que fazer promessas vagas que depois se podem não concretizar”, afirmou. “Estamos a concretizar os objectivos da Carta da Habitação”, reiterou.

    Com um valor de empreitada de mais de 9 milhões de euros, a construção está a cargo do Grupo Casais. Tendo iniciado a 30 de Janeiro de 2023, é expectável que a obra esteja no prazo de 22 meses.

    Não obstante a construção do edifício ser “tradicional”, a Casais está a incorporar os seus módulos off-site para as casas de banho e cozinhas conseguindo, desta forma, ganhar algum tempo na empreitada.

    Com nove pisos, o edifícios irá disponibilizar 15 unidades de tipologia T0, 23 unidades de tipologia T1 e 30 unidades T2, além de espaços comuns de uso exclusivo para os moradores e áreas técnicas, nomeadamente, sala multiusos, área de cacifos/arrumações; parqueamento de bicicletas e logradouro. Do piso 1 ao piso 8 será composto por habitação, sendo o piso 9 a cobertura técnica. O primeiro piso estará ainda provido de duas áreas comerciais.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    Transações de Alojamentos aumentam em valor no final de 2023

    De acordo com a Análise de Conjuntura do Sector da Construção, divulgada esta quarta-feira pela AICCOPN, no mês de Janeiro de 2024, ao nível da área licenciada, pelas autarquias, registaram-se reduções de 12,6% nos edifícios habitacionais, e de 14,7% nos edifícios não residenciais, face a Janeiro de 2023

    CONSTRUIR

    No 4.º trimestre de 2023, de acordo com os dados recentemente divulgados pelo INE, foram transaccionados 34.126 alojamentos familiares, num montante global de 7.174 milhões de euros, o que corresponde a variações, face ao trimestre precedente, de -0,4% e de +1,4% em número e em valor, respectivamente. Relativamente à evolução dos preços dos imóveis, verificou-se uma manutenção da tendência de valorização, com o índice de preços da habitação a aumentar 1,3%, face ao trimestre anterior.

    De acordo com a Análise de Conjuntura do Sector da Construção, divulgada esta quarta-feira pela AICCOPN, no mês de Janeiro de 2024, ao nível da área licenciada, pelas autarquias, registaram-se reduções de 12,6% nos edifícios habitacionais, e de 14,7% nos edifícios não residenciais, face a Janeiro de 2023.

    Quanto ao número de fogos licenciados em construções novas, nesse mês, assistiu-se a um decréscimo de 16,4% em termos homólogos, para 2.394. No que concerne ao índice de custos de construção de habitação nova, no mês de Janeiro observou-se um aumento de 1,9%, em termos homólogos, em resultado de variações de -0,9% na componente dos materiais e de +5,7% na componente referente à mão de obra.
    Até ao final do mês de Fevereiro de 2024, o consumo de cimento no mercado nacional totalizou 646,3 milhares de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 13,4%, face às 569,8 milhares de toneladas registadas no mesmo período de 2023.

    No segmento das obras públicas, nos primeiros dois meses de 2024, apuram-se crescimentos significativos, face ao período homólogo de 2023. Com efeito, no que concerne ao montante dos concursos de empreitadas de obras públicas promovidos registou-se um expressivo aumento de 173%, em termos homólogos, para 2.624 milhões de euros, com a abertura de um concurso para a Concessão da Linha Ferroviária de Alta Velocidade, no montante de 1.661,4 milhões de euros, a ser determinante para esta evolução. Quanto ao volume total dos contratos de empreitadas de obras públicas celebrados até Fevereiro e objecto de reporte no Portal Base até ao passado dia 15 de Março, apresenta uma subida de 15%, em termos de variação homóloga temporalmente comparável, para 414 milhões de euros.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    Programa de Governo revoga medidas do “Mais Habitação” e aposta no “aumento significativo da Oferta”

    A decisão consta do Programa de Governo entregue à Assembleia da República que será alvo de discussão nos próximos dois dias

    CONSTRUIR

    O Governo confirmou esta quarta-feira vai revogar as medidas do programa Mais Habitação que considera “erradas”, entre as quais o arrendamento forçado, os congelamentos de rendas e as “medidas penalizadoras” do alojamento local.

    A decisão consta do Programa de Governo entregue à Assembleia da República que será alvo de discussão nos próximos dois dias. No que diz respeito ao alojamento local, o Programa do Governo indica que serão revogadas, “de imediato”, a contribuição extraordinária sobre esta atividade e a caducidade das licenças anteriores ao programa Mais Habitação.

    O executivo adianta ainda que vai rever “outras limitações legais” sobre o alojamento local “consideradas desproporcionais”.

    No conjunto de propostas, em matéria de Habitação, consta “a flexibilização das limitações de ocupação dos solos, densidades urbanísticas (incluindo construção em altura) e exigências e requisitos construtivos, bem como a possibilidade de aumento dos perímetros urbanos, garantindo uma utilização do território de forma sustentável e socialmente coesa e harmoniosa como forma de garantir acesso à
    habitação; a criação de condições de “habitação agrícola” a preços mais acessíveis nas zonas rurais e do interior, nomeadamente pela criação de novas áreas urbanizáveis nos Planos Diretores
    Municipais (PDM), principalmente em concelhos ameaçados pela perda de população; ou a injeção no mercado, quase-automática, dos imóveis e solos públicos devolutos ou subutilizados.

    O Governo vai ainda procurar promover um Programa de Parcerias Público-Privadas para a construção e reabilitação em larga escala, quer de habitação geral quer de alojamento para estudantes; assim como estimular a facilitação de novos conceitos de alojamento no mercado português, incluindo com regulatory sand box (build to rent, mixed housing com bónus de densidade urbanística para habitação a custos moderados, co-living, habitação modular, cooperativas de habitação, utilização flexível dual das residências de estudantes).

    O Governo vai ainda isentar o pagamento do Imposto Municipal sobre Transações Onerosas (IMT) e do Imposto de Selo aos jovens até 35 anos na compra de habitação própria e permanente. Estas medidas já constavam do programa eleitoral com que a Aliança Democrática (coligação pré-eleitoral entre PSD, CDS-PP e PPM) se apresentou nas eleições legislativas.

    O Programa de Governo, conhecido esta quarta-feira, não indica o impacto financeiro destas medidas. No documento, o Governo refere que vai também aumentar a abrangência do programa Porta 65 nos limites da sua aplicação, sem adiantar mais informação.

    Sobre o autorCONSTRUIR

    CONSTRUIR

    Mais artigos
    Construção

    Governo quer avançar com construção do novo aeroporto “com a maior brevidade possível”

    O novo Governo conta com um relatório, elaborado pela Comissão Técnica Independente (CTI), publicado em 11 de Março e que mantém a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas. Ainda assim, apontou que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”

    Ricardo Batista

    “Concluir o processo de escolha do Novo Aeroporto de Lisboa e iniciar com a maior brevidade possível a sua construção, bem como de outras infra-estruturas indispensáveis, nomeadamente a Ferrovia e o TGV (Alta Velocidade)”.

    Esta é a proposta que consta no programa de Governo sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa, uma mensagem lacónica que pouco adianta em relação a um dos principais processos pendentes que o executivo agora liderado por Luís Montenegro tem em mãos, nomeadamente a definição de prazos para ser conhecida a decisão.

    Em Setembro de 2022, o primeiro-ministro António Costa anunciava um acordo de convergência com o presidente do PSD sobre a metodologia a ser usada na definição dos critérios em que assentaria a decisão. A solução encontrada previa a constituição de uma comissão técnica independente, designada de uma forma plural por um conjunto de entidades” e uma comissão de acompanhamento que envolve também um conjunto vasto de entidades.

    Já em Dezembro de 2023, Montenegro anunciava a constituição de um grupo de trabalho interno que se dedicaria a analisar as conclusões da Comissão Técnica Independente, deixando claro que não se comprometia com o resultado das análises promovidas pela equipa liderada por Rosário Partidário.

    O novo Governo conta com um relatório, elaborado pela Comissão Técnica Independente (CTI), publicado em 11 de Março e que mantém a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas. Ainda assim, apontou que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”.

    No que respeita à ferrovia, é desejada ainda a “transferência modal das mercadorias para a ferrovia corrigindo os desequilíbrios na taxação da infraestrutura e aumentando a produtividade e eficiência do transporte”.

    No documento, fala-se em “aumentar a capacidade e eficiência de todo o setor da aviação e aeroportuário, tanto no lado dos passageiros, como no lado da carga”.

    Um dos caminhos passa pela introdução de “soluções inovadoras e digitais, que permitam melhorar o controlo de entradas e saídas de passageiros e carga, por via aérea, potenciando a utilização das infraestruturas à procura variada existente”.

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

    Director Editorial
    Mais artigos
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB
    PUB

    Navegue

    Sobre nós

    Grupo Workmedia

    Mantenha-se informado

    ©2021 CONSTRUIR. Todos os direitos reservados.