Análise: Escritórios, hotéis e retalho serão as áreas com maior investimento em 2023
Num enquadramento de subida das taxas de juro e maior dificuldade de financiamento, será expectável um abrandamento da actividade de investimento imobiliário em 2023. As estimativas apontam para que este ano se registe um volume ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos

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Num enquadramento de subida das taxas de juro e maior dificuldade de financiamento, será expectável um abrandamento da actividade de investimento imobiliário em 2023. Ainda assim, e com cerca de 2.700 milhões de transações em diversas fases de negociação, as estimativas apontam para que este ano se registe um volume ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos. A este valor poderão acrescer 1.300 milhões de euros em transações actualmente suspensas, assim como as já usuais operações off market.
Impulsionado pelo excelente desempenho do turismo, o sector hoteleiro irá continuar em expansão, bem como a área de escritórios e o retalho, que em conjunto serão as áreas com maior investimento em 2023, de acordo com as conclusões do Marketbeat Primavera 2023, uma publicação semestral realizado pela consultora Cushman & Wakefield e que vai já na sua 40ª edição.
Por outro lado, temas como a habitação continuarão a gerar discussão ao longo do ano, “uma vez que as medidas anunciadas dificilmente serão suficientes para colmatar a falta de oferta de habitação”, considera Eric van Leuven, director geral da consultora em Portugal.
Transversal às várias áreas do sector imobiliário estará a temática da sustentabilidade e dos critérios ESG que estarão no centro das atenções de ocupantes e investidores, reflectindo a crescente preocupação em respeitar estas políticas nos imóveis ocupados ou em fase de construção.
De acordo com a análise, o mercado de escritórios irá verificar uma estabilização dos valores de arrendamento em todas as zonas e irá existir um aumento da disponibilidade, devido a um ligeiro incremento da taxa de desocupação, fruto do início de construção e conclusão de alguns imóveis com dimensão e, também, de alguma área libertada para subarrendamento por parte de alguns dos maiores ocupantes do sector tecnológico, que atravessam uma fase de redução de ocupação, após três anos de acentuada expansão.
Na área do retalho, 2023 será marcado pela mudança de conceitos das lojas e a sinergia entre o físico e o digital, com o intuito de privilegiar a experiência do consumidor. Antecipa-se que surjam novos tipos de concept stores, que privilegiam layouts e experiências personalizadas, e que as lojas sustentáveis e de economia circular ganhem um maior peso, tendo em conta a relevância dos critérios ESG. A par disso, o metaverso poderá ser utilizado por alguns retalhistas para capitalizar vendas, tal como podem vir a ser adoptadas políticas de preços flexível e mais resistentes a qualquer tipo de conjuntura económica.
A tendência de expansão da oferta hoteleira irá continuar nos próximos anos, com perto de 130 projectos com abertura prevista até 2025, localizados sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Desta forma, os investidores continuarão a apostar na forte recuperação e nas perspectivas de crescimento continuado do segmento de lazer e lifestyle e, irão procurar conceitos de hotelaria menos convencionais, tornando cada vez mais integrados conceitos de hotel com estadias de longa duração, co-living, acomodação de estudantes e residencial.
No que diz respeito ao residencial, a falta de medidas que promovam a construção nova para o segmento médio irá contribuir para que o mercado de compra e venda continue a funcionar de forma desequilibrada, alimentando a subida dos preços enquanto a subida das taxas de juro e a dificuldade das famílias se financiarem contribuirão para a contínua aposta dos promotores nos segmentos altos.
Também o arrendamento urbano acaba de ver a falta de confiança dos promotores, investidores e senhorios agravada pelas medidas recentemente anunciadas pelo Governo, antecipando-se a manutenção da subida dos valores das rendas, face à crescente procura e falta de oferta.
O excessivo impacto fiscal e o desadequado regulamento geral de edificação urbana vão continuar a contribuir para a inexistência de produto específico desenvolvido de raiz para o segmento de arrendamento habitacional, fomentando também a subida dos valores de arrendamento.