Aires Mateus assina futura estação do Metro em Alcântara
Das quatro novas estações de metro, previstas no plano de expansão da Linha Vermelha, em Lisboa, apenas a de Alcântara será em viaduto e à superfície. A sua construção prevê tornar-se um interface para futuras ligações ao LIOS e à futura estação de comboio do Alvito. Com um investimento total superior a 405 M€, cerca de 304 M€ corresponde a fundos europeus

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Além de integrar o Plano de Expansão da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa, numa óptica de reorganização da mobilidade urbana e incrementar as alternativas ao automóvel, a localização escolhida para receber a estrutura à superfície da nova estação vai, também, alterar por completo a forma de aceder àquele local, assim como estabelecer uma nova ligação entre o bairro de Alcântara e o bairro do Alvito que, desde a construção da Ponte 25 de Abril, em 1966, se viram separados geograficamente.
Neste sentido, passa a existir apenas duas faixas de rodagem, uma no sentido descendente e outra no sentido ascendente apenas para transportes público, sendo que será criado um novo acesso ao bairro do Alvito, no mesmo sentido. O actual acesso pedonal que liga os dois bairros vai ser retirado e essa ligação será feita através de uma plataforma pedonal que passará por baixo da estrutura criada para receber a nova estação e que ficará à cota de superfície.
O corpo principal da estação – com implantação retangular de 120mx21,19m – apresenta-se alinhado no sentido nascente / poente e que irá permitir a ligação com toda a sua envolvente através da abertura de acessos exteriores.
O projecto é assinado pelo atelier Aires Mateus e sua construção terá uma duração prevista de 25 meses, cuja obras deverão dar início no final deste ano ou até ao primeiro trimestre de 2024. O investimento total é superior a 405 milhões de euros, dos quais cerca de 304 milhões de euros correspondem a fundos europeus
Viaduto recupera memória das estações antigas
O projecto pretende relacionar-se com a envolvente nas suas várias frentes, evocando a espacialidade iconográfica inerente às estações ferroviárias históricas do século XIX e início do século XX. A sua grande escala advém das limitações impostas pelas condicionantes urbanas e viárias, assim como das necessidades funcionais internas da estação. A estação encontra-se parcialmente enterrada, com os três pisos interiores ocultos pelo terreno e por uma grande concha de proteção.
“Será inevitavelmente um marco urbano excepcional na sua função, mas também na sua forma. No seu interior propõe-se um espaço amplo que recebe o tráfego das carruagens de metro, oferecendo a condição única de uma espacialidade generosa e de grandes dimensões”. A estrutura metálica que compõe os pisos interiores permite uma eventual adaptação e evolução programática futura.
Para o troço de linha compreendido entre a Estação e o Baluarte do Livramento é proposto um viaduto em treliça com secção de 9,70m x 6,30m e apoiado em quatro conjuntos de pilares. O viaduto proposto cumpre todas as definições técnicas de cotas e de traçados recebidas de projectos mais abrangentes na cidade.
“Uma vez que passará a fazer parte da paisagem urbana, pretende-se que o viaduto seja o mais transparente possível de forma a não introduzir mais informação e ruído ao contexto urbano. Consequentemente, é desenhado tendo como referência a ligeireza, adaptabilidade e rapidez de construção presente em viadutos históricos”, indica o atelier.
Ligação à futura LIOS e apeadeiro do Alvito
A implantação dos seus pilares foi cuidadosamente analisada de maneira a respeitar as diferentes condicionantes impostas: a situação existente, o traçado viário proposto, a possível rotunda de Alcântara, o subsolo – caneiro e via-férrea, e ainda a possibilidade de prolongamento do LIOS.
O interface desenvolve-se em três níveis: nível do cais ML à cota +15.85m, nível do átrio à cota +10.35m e nível do cais LIOS à cota +5.30m e é composta por um sistema de acessos verticais de ligação cais/átrio. A solução proposta permite que os dois níveis dos cais funcionem de forma independente, garantindo a possibilidade de fechar parcialmente a estação sem comprometer o seu funcionamento.
No piso 1 – Metro Lisboa – localizam-se os cais laterais de acesso ao veículo, com um comprimento de 116.40m. Os acessos ao cais situam-se nos topos e centro, existindo três escadas mecânicas, uma escada fixa e um elevador em cada cais. Sob o nível das plataformas dos cais ML haverá ainda um sub-cais destinado ao encaminhamento das infraestruturas.
O piso 0 – Átrio – permite ligar todos os acessos da estação, facilitando o atravessamento entre a encosta do Alvito, as zonas de Alcântara Sul e Alcântara Nascente. É também neste piso que é feita a distribuição dos acessos verticais ao cais do metro e cais do LIOS, através de escadas mecânicas, escadas fixas e dois conjuntos de elevadores. Neste nível estão localizadas as bilheteiras e máquinas de validação de bilhetes e constitui passagem obrigatória para todos os passageiros que pretendam aceder à plataforma do metro.
Por último, o piso -1 – LIOS – desenvolve-se em cais laterais com comprimento de 45m. Os acessos exteriores situam-se nos extremos e no centro e os acessos verticais para o átrio encontram-se ao centro e são compostos por uma escada mecânica, uma escada fixa e um elevador em cada cais. Uma vez que o LIOS apenas ocupa 45m dos 117m de comprimento do cais da Estação, o topo Poente é ocupado por dois volumes independentes que contêm as áreas técnicas necessárias para o funcionamento do Lios. Todas as áreas técnicas necessárias ao funcionamento do Metro encontram-se enterradas ao nível do cais do metro e do átrio no topo poente da estação. A Norte estão também enterradas as instalações de pessoal ML e pessoal externo, a sala de limpeza e sala de lixo com acesso direto a partir da zona não controlada do átrio.
Além da ligação ao LIOS, o novo interface vai também ligar ao Apeadeiro do Alvito, como primeira paragem da Fertagus na margem Norte. Esta estrutura foi pensada logo aquando da construção do comboio da Ponte mas nunca chegou a ser utilizada. A mesma será alvo de uma requalificação e construção das devidas infraestruturas para possa servir de ponto de ligação com a nova estação de Alcântara.
Demolição e valorização do espaço público
Durante a fase de construção do viaduto e túnel a guarita do Baluarte do Livramento será desmontada e posteriormente será recolocada. Esta medida deve-se à necessidade de garantir a integridade da guarita durante os trabalhos no interior e exterior do Baluarte. A memória dos edifícios que se propõem demolir na Rua da Costa e na Travessa do Livramento é mantida através da reconstrução das suas fachadas simplificadas e com diminuição das suas alturas e da representação no pavimento das paredes existentes.
Desta forma, “aproveita-se a oportunidade para criar novos espaços públicos encerráveis, através de gradeamento, e de carácter comunitário, cujo programa será definido pela CML nas próximas fases de projecto. Propõe-se ainda a criação de novas ligações pedonais, em colaboração com a CML, entre a cota alta e a cota baixa melhorando a fluidez, o arejamento e a acessibilidade desta área urbana”.
Consequentemente é desenhado um circuito urbano que interliga a cota superior da Calçada da Tapada, à cota do muro avançado do Baluarte, à cota intermédia da Tv. do Livramento e às cotas mais baixas da e Rua da Costa e Rua Maria Pia. Este projecto constitui uma oportunidade de transformação e requalificação das áreas abrangidas pela estação e viaduto, através do desenho de novos percursos viários e pedonais, da requalificação do Baluarte do Livramento e ainda da criação de zonas verdes e tratadas paisagisticamente.