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    Opinião

    A problemática sobre o conceito de construção passiva e a certificação Passivhaus

    Um aspecto controverso da Certificação Passive Haus é o uso indevido e enganador do conceito universal de Construção Passiva. A certificação incorpora métodos ativos, como a ventilação forçada através de meios mecânicos, o que vai contra a essência da construção passiva, que se baseia na utilização de recursos naturais e passivos para alcançar a eficiência energética

    Opinião

    A problemática sobre o conceito de construção passiva e a certificação Passivhaus

    Um aspecto controverso da Certificação Passive Haus é o uso indevido e enganador do conceito universal de Construção Passiva. A certificação incorpora métodos ativos, como a ventilação forçada através de meios mecânicos, o que vai contra a essência da construção passiva, que se baseia na utilização de recursos naturais e passivos para alcançar a eficiência energética

    Sobre o autor
    Joaquim Nogueira Almeida

    Se está interessado em arquitetura sustentável e eficiência energética, provavelmente já ouviu falar sobre o conceito de Construção Passiva e mais recentemente da certificação Passiv Haus.

    Importa aqui esclarecer que a Construção Passiva é um termo usado para modelos de construções que incorporam a consideração como o da orientação solar e da massa térmica dos edifícios, entre outros, e que têm sido utilizados na construção vernacular há milhares de anos. No entanto, ao longo da história, este conceito passou por altos e baixos, tendo sido refinado e desenvolvido por diferentes culturas ao redor do mundo.

    A Construção Passiva é uma abordagem conceptual que visa reduzir o consumo de energia. Esta ideia não é nova e remonta aos tempos antigos, quando os gregos, romanos e chineses já consideravam a orientação solar e a inércia térmica nas suas construções.

    No século 20, os interesses nestes princípios de design foram retomados na Europa e nos EUA, graças a arquitetos visionários como George F. Keck e Frank Lloyd Wright. Desde então, a Construção Passiva tem sido uma matéria importante de estudo para os esforços globais para reduzir o consumo de energia e minimizar o impacto ambiental.

    Nos Estados Unidos, o interesse pelo design de Construção Solar Passiva foi significativamente estimulado pela crise do petróleo de 1973. Nessa época, enfrentou-se uma grave escassez de petróleo e os preços dispararam, levando a uma crise energética. Perante esta situação, as pessoas começaram a buscar alternativas para reduzir a sua dependência de combustíveis fósseis e economizar energia. A ideia era aproveitar a energia do sol para aquecer e iluminar os edifícios de forma natural e eficiente, reduzindo assim a necessidade de aquecimento e iluminação artificial. Neste contexto, Edward Mazria, um arquiteto visionário, publicou o livro “Passive Solar Energy”, que se tornou uma referência importante para os interessados em aprender sobre o conceito solar passivo. Este livro, juntamente com outras publicações similares, ajudou a disseminar conhecimento sobre os princípios e técnicas de construção passiva.

    Já a Certificação Passive Haus, ou Casa Passiva em português, é uma iniciativa que procura padronizar e certificar edifícios que atendam a determinados critérios de eficiência energética e sustentabilidade. O conceito da Certificação Passive Haus, tem origem na Alemanha/Áustria, onde foi desenvolvido por Wolfgang Feist e Bo Adamson no início dos anos 1990.

    O objetivo principal da Certificação Passive Haus é reduzir significativamente o consumo de energia dos edifícios, garantindo ao mesmo tempo um alto nível de conforto para os ocupantes. Para alcançar esse objetivo, os projetos certificados devem seguir princípios específicos de design, construção e tecnologia. Um dos princípios fundamentais da Certificação Passive Haus é o uso de técnicas passivas de aquecimento e arrefecimento, como a orientação correta do edifício em relação ao sol, a utilização de inércia térmica para armazenar o calor e o isolamento térmico eficiente para minimizar as perdas de calor. Além disso, é essencial garantir uma ventilação controlada e eficiente para manter a qualidade do ar interior, devido à exigência de estanquicidade do edifício.

    No entanto, um aspecto controverso da Certificação Passive Haus é o uso indevido e enganador do conceito universal de Construção Passiva. A certificação incorpora métodos ativos, como a ventilação forçada através de meios mecânicos, o que vai contra a essência da construção passiva, que se baseia na utilização de recursos naturais e passivos para alcançar a eficiência energética. Outro ponto de debate é a exigência de estanquicidade das casas certificadas. Embora isso possa fazer sentido em países mais frios, onde o isolamento térmico é essencial para o conforto, pode não ser a melhor abordagem em países temperados, onde a ventilação natural é importante para a saúde, o bem-estar dos ocupantes e a qualidade do ar interior, e a estanquicidade excessiva pode levar a problemas de humidade e condensação.

    Uma Construção para ser uma Construção Solar Passiva, não precisa ter uma Certificação Passiv Haus, e uma Certificação Passiv Haus não garante que a o edifício seja uma Construção Passiva.

    A usurpação do nome Passive Haus (do Alemão, Casa Passiva) é um engodo por parte desta empresa certificadora para criar no mercado uma ideia de que uma Casa Passiva tem de ter esta certificação, o que não é verdade.

    O nome desta certificação PASSIV HAUS, que apesar de válida dentro de certos contextos, deveria ter outra denominação tal como o fizeram outras Certificações Energéticas existentes das quais destaco as mais conhecidas:

    LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).  Esta é uma certificação muito reconhecida e utilizada para edifícios ecológicos, que abrange vários aspectos de sustentabilidade, incluindo eficiência energética e conforto térmico.

    BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method). Esta é outra certificação muito usada, especialmente no Reino Unido e na Europa, que avalia a sustentabilidade de edifícios em várias áreas, incluindo eficiência energética e térmica.

    ISO 50001: Esta norma internacional trata especificamente da gestão da energia nas organizações, buscando melhorar o desempenho energético e reduzir o consumo.

    ENERGY STAR: Este é um programa de certificação voluntária dos Estados Unidos que classifica e certifica produtos e edifícios com alto desempenho energético, incluindo critérios para o conforto térmico.

    Uma Casa Passiva é um edifício no qual o conforto térmico (ISO 7730) pode ser fornecido apenas pelo pós-aquecimento ou pós-arrefecimento do fluxo de ar novo necessário para uma boa qualidade do ar interno (DIN 1946) , sem o uso adicional de ar reciclado.”

    Esta é uma definição puramente funcional que não contém valores numéricos e é válida para todos os climas. A partir desta definição, fica claro que a Passive House é um conceito fundamental e não um padrão definido aleatoriamente.

    As Casas Passivas não foram “inventadas” por ninguém, na verdade, o princípio da Casa Passiva foi descoberto.

    Por fim, resta dizer que o problema na Certificação Passiv Haus, está no seu nome e não no seu conceito de certificação energética. O nome de Construção Passiva é global e publico, e não é nenhuma marca de uma Certificação energética.

    Nota: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorJoaquim Nogueira Almeida

    Joaquim Nogueira Almeida

    CEO de Proconsultores
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