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    Opinião: Escritórios – Espaços em reinvenção

    Os escritórios, tal como os conhecemos, não vão desaparecer (…) mas exigirão, com toda a certeza, uma abordagem renovada

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    Opinião: Escritórios – Espaços em reinvenção

    Os escritórios, tal como os conhecemos, não vão desaparecer (…) mas exigirão, com toda a certeza, uma abordagem renovada

    Nuno Garcia
    Sobre o autor
    Nuno Garcia

    À semelhança do que se tem vindo a verificar em quase todos os setores económicos, também na Construção e no Imobiliário o COVID-19 veio desafiar, de forma abrupta, vários anos de opções e tendências de mercado, sendo os espaços de trabalho um dos segmentos com movimentações mais interessantes. Com muitas empresas a decidirem prolongar as políticas de trabalho remoto para os próximos tempos, argumenta-se que talvez este seja o momento certo para se repensar o conceito de escritório e planear os espaços de trabalho pós-pandemia, leia-se, do futuro.

    A forma como os ambientes de escritório influenciam a produtividade e o sucesso das pessoas no trabalho foi, nos últimos anos, alvo de grande estudo. As experiências de interação e aprendizagem em grupo foram amplamente vistas como impulsionadoras de melhores desempenhos, criatividade e até bem-estar, motivo que explica o elevado investimento feito em grandes espaços colaborativos. Contudo, tal como a pandemia e o teletrabalho generalizado vieram destacar, também as características físicas e estéticas dos escritórios exercem uma influência forte sobre a qualidade dos espaços de trabalho e, consequentemente, sobre os negócios.

    O “chip” mundial mudou a partir do momento em que se percebeu que o distanciamento social ia manter-se não durante semanas, mas ao longo de meses, e que as habitações de milhões de pessoas teriam de substituir os escritórios das empresas. Neste momento, mesmo os que se sentem perfeitamente confortáveis ​​a trabalhar a partir de casa, querem variar nos espaços onde o fazem e essa é uma tendência que vai ganhar força.

    Na impossibilidade de se reunirem equipas inteiras no mesmo local, vai privilegiar-se a reorganização dos espaços de forma a criar zonas de trabalho mais amplas e desafogadas, que permitam garantir o distanciamento entre as pessoas, incentivar um menor contacto nas zonas comuns e aproveitar as áreas exteriores, mais arejadas, no caso das instalações com essa valência.

    A deslocalização dos edifícios de escritórios para zonas mais centrais das cidades, com fácil acesso a pé, por bicicleta ou outras formas de mobilidade urbana, que minimizem a utilização de transportes públicos, já está a moldar o mercado. Por outro lado, os espaços de co-working, que tanta procura tiveram antes da pandemia, serão dos mais impactados pela reinvenção em curso nos escritórios, já que a sua dinâmica é, agora, oposta à recomendada: menos partilha e menor número de pessoas nos espaços. Também estes procurarão adaptar as suas condições e valências para continuarem a servir as empresas ou empresários que optam por esta solução.

    Em termos de disposição interior, é de prever que os novos edifícios de escritórios tenham circuitos específicos de acesso e movimentação, que evitem contactos desnecessários e facilitem os fluxos de entrada e saída. O aumento das áreas dedicadas a zonas ‘sociais’, como as copas e os vestiários, vai igualmente fazer parte das alterações a que vamos assistir, acompanhando as orientações de distanciamento para maior segurança de todos.

    Outro aspeto relevante será o investimento em salas de reuniões equipadas com sistemas que permitam a realização de videochamadas com qualidade, uma prática que se instituiu nesta pandemia e que veio alterar muitos dos hábitos (e custos) de deslocação anteriores.

    Em termos de adaptações funcionais, gestos que anteriormente exigiam manuseamento ou contacto e agora se evitam para minimizar riscos de propagação do vírus, vai-se preferir a instalação de sistemas integrados de gestão de acessos (como a abertura de portas com cartão magnético), as opções contactless (como as torneiras com sensor) e as soluções de ventilação mais eficientes, com controlo remoto.

    Apesar dos desafios associados ao “novo normal”, pessoas, empresas e comunidades também têm experimentado benefícios dos quais será difícil abdicar. As organizações estão a proporcionar aos colaboradores a flexibilidade que há muito procuravam; as pessoas estão a perder menos tempo em deslocações; até o ar nas grandes cidades está mais limpo – e mais vantagens de longo prazo podem ser obtidas com a revolução em curso nas áreas de trabalho. Os escritórios, tal como os conhecemos, não vão desaparecer, porque as pessoas vão continuar a precisar de lugares onde se possam reunir, construir relações e desenvolver as suas carreiras – mas exigirão, com toda a certeza, uma abordagem renovada.

    NOTA: O CONSTRUIR manteve a grafia original do artigo

    Sobre o autorNuno Garcia

    Nuno Garcia

    Director-geral da Gesconsult
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