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    Opinião

    Os grandes desafios de conceção e construção de unidades logísticas nos dias de hoje

    A tendência será marcadamente a reutilização (Reuse). Num futuro muito próximo, para conseguir a certificação de um edifício, teremos de conseguir uma taxa de reutilização de materiais elevada, o que obrigará arquitetos, engenheiros, construtores e “desconstrutores” a um importante papel colaborativo

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    Os grandes desafios de conceção e construção de unidades logísticas nos dias de hoje

    A tendência será marcadamente a reutilização (Reuse). Num futuro muito próximo, para conseguir a certificação de um edifício, teremos de conseguir uma taxa de reutilização de materiais elevada, o que obrigará arquitetos, engenheiros, construtores e “desconstrutores” a um importante papel colaborativo

    Miguel Garcia
    Sobre o autor
    Miguel Garcia

    “Pensar” e desenvolver um edifício logístico tem associado desafios próprios e que obrigam a uma conceção diferenciada. Se há desafios que são intemporais, outros são reflexo das mudanças de contexto ocorridas ao nível social, regulatório e tecnológico.

    Num plano mais tradicional, a localização continua a assumir preponderância absoluta. Boas acessibilidades e proximidade de vias estruturantes são fatores críticos de sucesso. A construção logística, pela sua dimensão, envolve quase sempre um processo de planeamento urbanístico que carece de cuidado estudo. Preferencialmente, as construções são desenvolvidas em áreas pensadas para esse efeito. E isto faz toda a diferença, pois assegura um ordenamento integrado, a disponibilidade de infra-estruturas e serviços comuns de apoio.

    Numa perspetiva mais atual, os edifícios são hoje pensados de forma mais transversal, com foco em preocupações ambientais e sociais. O alinhamento com parâmetros ESG é hoje incontornável e está presente desde o primeiro momento. E isto é observável no aumento da procura por edifícios LEED/BREEAM, uma vez que estas certificações são percecionadas como uma vantagem diferenciadora.

    Responder a estes objetivos ESG não contribui apenas para a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social, como também aumenta o valor o imóvel, sendo elementos cada vez mais valorizados pelas empresas, com utilizadores mais informados e exigentes, e investidores. Por um lado, um edifício sustentável tem um impacto positivo ao nível da imagem corporativa. Por outro lado, quanto mais eficiente for o edifício, menores serão os seus custos de operação.

    Adicionalmente, num futuro ao virar da esquina, alinhado com a taxonomia europeia, edifícios que cumpram com estas especificações serão alvo de uma discriminação positiva – ex: menor carga fiscal.

    A minimização da pegada ambiental da construção e operação do edifício, obriga a desenvolver soluções específicas. Neste domínio, com foco na racionalização dos recursos, as soluções podem ser múltiplas – desde sistemas para reaproveitamento de água pluviais, à utilização de fontes de energia renovável para produção de energia, passando pelo design bioclimático (incorporação de iluminação zenital ou soluções de ventilação natural) enquanto estratégias para diminuir consumos energéticos. Os edifícios tenderão a caminhar para serem autossuficientes em termos energéticos ou até produtores líquidos de energia.

    No mesmo sentido, com a economia circular no topo das preocupações, os próprios materiais de construção são alvo de seleção cuidadosa, procurando-se materiais com baixo impacto ambiental na sua produção e transporte. Assumem também destaque materiais que incorporem reciclagem de outros componentes, com elevado rendimento ou durabilidade.

    Mas a tendência será marcadamente a reutilização (Reuse). Num futuro muito próximo, para conseguir a certificação de um edifício, teremos de conseguir uma taxa de reutilização de materiais elevada, o que obrigará arquitetos, engenheiros, construtores e “desconstrutores” a um importante papel colaborativo.

    Para além das questões referidas, na conceção observa-se uma preocupação crescente com a promoção do bem-estar dos seus ocupantes, com soluções desenhadas para as pessoas. Destaca-se o design que promove a qualidade de vida e a saúde física e mental dos ocupantes, através do conforto térmico/acústico, da qualidade do ar interior ou da iluminação natural.

    A criação de comodidades (salas de lazer, ginásios, áreas verdes) destinadas aos trabalhadores ou modernas áreas sociais deixaram de ser uma tendência e passaram a ser a regra. Em linha com o anterior, verifica-se um aumento da procura por certificações relacionadas com a qualidade de vida, saúde e segurança dos ocupantes (ex: WELL Building Standard).

    Responder aos objetivos ESG não contribui apenas para a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social, como também aumenta o valor o imóvel, sendo elementos cada vez mais valorizados pelas empresas, com utilizadores mais informados e exigentes, e investidores. Por um lado, um edifício sustentável tem um impacto positivo ao nível da imagem corporativa

    Quando se fala em boas práticas na conceção de um edifício logístico, é fundamental o desenho de espaços flexíveis, com opções de configuração que possam ser facilmente readaptadas a novas necessidades ou usos. A um nível técnico, a qualidade do piso é crítica, sendo que pavimentos de alta performance são hoje obrigatórios.

    Questões relativas à segurança ativa e passiva estão também na ordem do dia, de forma a garantir a observância das mais exigentes normas internacionais e requisitos das companhias de seguros (ex: FM e NFPA 13/20).

    Numa perspetiva da operação logística tem-se observado uma tendência para a automação e integração de processos, que num passado recente seriam considerados industriais, com destaque para a robotização. Armazéns automáticos são uma prática corrente, sendo que estamos a entrar na era dos veículos automáticos para movimentação interna. Mas a breve prazo esta automação irá estender-se ao transporte externo, com recurso a veículos autónomos. Inclusivamente, estamos a desenvolver soluções que preparem os edifícios para receber mercadoria por drones.

    Num edifício de logística moderno começamos a ver o papel que a IoT (Internet das Coisas), a automação e a sensorização podem desempenhar na gestão e operação eficiente do mesmo. A incorporação destas tecnologias impacta a diferentes níveis, desde a melhoria da eficiência energética até ao aumento da segurança e produtividade.

    Utilização de sensores para localizar ativos ou stocks, automação para controle de acessos às instalações ou câmaras de segurança conectadas à IoT para fornecer vigilância e alertas em tempo real, são pequenos exemplos de como estes sistemas que podem melhorar uma operação logística.

    Com a automação surgem também sistemas de gestão técnica centralizada, que apoiados em sensores diversos como temperatura, humidade e qualidade do ar, podem ser usados para monitorizar as condições ambientais dentro do edifício, garantindo que os produtos armazenados permaneçam em condições ideais. Os mesmos sistemas podem controlar a iluminação ou a temperatura de forma eficiente, resultando em economia de energia e custos operacionais mais baixos.

    Tudo ponderado, desenvolver um edifício logístico é hoje um exercício integrado que deve ter em consideração os aspetos funcionais/práticos da sua operação, como também, os parâmetros de sustentabilidade ambiental e social que os nossos tempos exigem.

    NOTA: O autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

    Sobre o autorMiguel Garcia

    Miguel Garcia

    Miguel Garcia, administrador da Garcia Garcia (Créditos: Anabela Loureiro)
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