Passive House não é um “sistema construtivo”. É um padrão de construção
Da mesma forma que um quilograma é definido com base em um padrão, e podemos ter um Kg de chumbo, ou um Kg de areia, podemos alcançar o padrão Passive House com diferentes sistemas construtivos, materiais e um bom desenho de projeto (arquitetura bioclimática)
Numa análise feita à página de projetos certificados pela Passive House, permite-nos fazer uma segmentação por sistemas construtivos e constatar o seguinte: Existem 40,7% edifícios em construção em madeira (Timber Construction); 37,1 edifícios construídos no sistema tradicional (Masonry); 18,8% em construção mista (Mixed Construction); 2,5 edifícios com sistema ICF (Insulated Concrete Form); e 0,8 edifícios em construção metálica (Steel Construction).
Enquanto Arquiteto, em todos os projetos, não só os desenvolvidos de acordo com a Norma #passivehouse, procuro encontrar os sistemas construtivos mais adequados, que permitam alcançar um resultado em que a solução final seja eficiente em termos energéticos, confortável e acessível ao mesmo tempo (norma #passivehouse ) e sustentável. Sempre numa abordagem integrada como Passive House Designer, Perito Qualificado SCE, e Assessor do Sistema de Construção Sustentável LiderA. Mas quase sempre encontro um conflito entre a procura das melhores soluções de sustentabilidade e a necessidade de que a construção seja economicamente acessível.
O meu primeiro projeto certificado pela Norma Passive House em Cascais, foi executado em construção tradicional de betão e alvenaria (masonry). Durante o desenvolvimento do projecto, com consultas a diversos empreiteiros e construtoras, avaliámos diversas hipóteses de sistemas construtivos, desde a madeira, sistemas pré-fabricados e LSF (Light Steel Frame), obviamente garantindo que todos os componentes de cada sistema cumprissem com os requisitos da Norma Passive House na sua totalidade. A decisão acabou por reverter para o sistema tradicional, por diversas razões, mas principalmente económicas.
Estas decisões são ponderadas, não só do ponto de vista económico, mas principalmente tendo em conta o desempenho energético da solução, procurando sempre, ir ao encontro das necessidades e desejos do proprietário.
Outras duas moradias em Mafra, em fase final de construção, e que já superaram o Blower Door Test, estão a ser construídas, uma igualmente em sistema tradicional, e outra em ICF com o sistema da MAGU, certificado pela Passive House.
Grande parte dos fabricantes têm vindo a introduzir sistemas e componentes certificados pela Norma Passive House, e a disponibilidade dos mesmos em Portugal é atualmente muito variada e cobre quase a totalidade dos elementos construtivos. Embora não seja obrigatória a utilização de componentes certificados, o seu uso é uma garantia de qualidade, e que as características técnicas, são as exigíveis e adequadas às determinadas em projeto. Também torna mais fácil o processo de certificação pois as ferramentas de cálculo já têm incorporadas os valores técnicos, ou os mesmos são facilmente fornecidos pelos fabricantes.
Da mesma forma que os fabricantes procuram introduzir produtos e componentes certificados, algumas empresas estão a desenvolver processos de fabricação igualmente certificados pela Norma Passive House.
Estamos a desenvolver no Algarve, um projeto com um sistema de construção pré-fabricado com painéis tipo sandwich, certificado pela Norma Passive House. Embora ainda numa fase muito preliminar este é mais um exemplo do surgimento de sistemas construtivos inovadores, preocupados em cumprir uma standard de qualidade e eficiência energética.
Portugal é uma economia aberta, em que os preços são globais em termos europeus e Internacionais, mas onde os salários e os rendimentos continuam a ser muito baixos.
Neste momento em que atravessamos uma crise de habitação, com taxas de inflação muito altas com impacto direto nos custos da construção, deveríamos discutir de forma integrada e interdisciplinar o problema da construção, não perdendo o foco na necessidade de garantir o acesso a edifícios verdadeiramente eficientes em termos energéticos, confortáveis e acessíveis ao mesmo tempo… e sustentáveis. E um desenho de projeto de Arquitetura bioclimático, contribui de forma eficiente e sustentável para o cumprimento do Padrão Passive House.
“Passive House é um padrão de construção que é verdadeiramente eficiente em termos energéticos, confortável e acessível ao mesmo tempo. Passive House não é um nome de marca, mas um conceito de construção testado e comprovado que pode ser aplicado por qualquer pessoa, em qualquer lugar. No entanto, uma Passive House é mais do que apenas um edifício de baixa energia.” (in Passive House Institute)
Nota: O autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico