Formação profissional como aliada das empresas
O Tratado de Bolonha, que deverá entrar em funcionamento no próximo ano lectivo, pretende formar profissionais com competênciase currÃÂculos universitários comuns ao espaço europeu. Mas num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o diploma universitário não é o fim. ADeclaração de Bolonha está na ordem do dia e foi discutida na conferência «O Tratado… Continue reading Formação profissional como aliada das empresas
Maria João Araújo
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O Tratado de Bolonha, que deverá entrar em funcionamento no próximo ano lectivo, pretende formar profissionais com competênciase currÃÂculos universitários comuns ao espaço europeu.
Mas num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o diploma universitário não é o fim.
ADeclaração de Bolonha está na ordem do dia e foi discutida na conferência «O Tratado de Bolonha e o Mercado de Trabalho», que decorreu recentemente no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa.
Quem entrar agora para o ensino superior, em cinco anos pode chegar ao grau de mestre. Quem já concluiu uma licenciatura há mais tempo, demorou o mesmo perÃÂodo e ainda teve que fazer dois anos extra para concluir um mestrado.
A redução de anos de formação não é um objectivo. Porém, já se questiona a duração das licenciaturas, mestrados e doutoramentos, principalmente em cursos como os de Engenharia e Arquitectura.
A declaração foi subscrita em 1999 por 29 paÃÂses europeus, incluindo Portugal, tendo como objectivo central a construção de uma área europeia de ensino superior. Tal aconteceu porque «nos anos noventa colocou-se a questão do atraso da Europa relativamente aos Estados Unidos e aos paÃÂses asiáticos», referiu Fernando Santo, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, durante a conferência.
Uma «Europa do Conhecimento» mais forte pretende dotar os seus cidadãos das necessárias competências para encarar os desafios do novo milénio, bem como desenvolver a consciência de valores partilhados e relativos a um espaço comum, social e cultural.
Tendo em conta que as empresas são cada vez mais exigentes e não aceitam falhas, o seu interesse é contratar sempre os melhores profissionais. Por isso, para Fernando Santo os critérios de selecção a ter em conta são «a universidade de onde vêm, as notas e as competências e formação adquiridas ao longo da vida».
Formação contÃÂnua
Para Sónia Rosa, directora do Instituto de Formação Prisma, «a formação profissional é hoje em dia um aliado do nosso percurso profissional». E acrescenta que «é encarada pelas gerações mais novas como uma ferramenta de produtividade crescente e de competitividade, pois sabem que o mercado de trabalho exige hoje mais competências», quer comportamentais, técnicas, de comunicação ou até mesmo emocionais. Rute Roda, do departamento de Auditoria, Qualidade e Desenvolvimento da ECDL Portugal, defende mesmo que «o mais importante não é o certificado de formação, mas as competências que vão ser aplicadas». Um certificado não substitui um diploma universitário, mas frisa que o primeiro «vai validar competências objectivas, um know-how». Trata-se de «usar a ferramenta na prática», conclui. Os empregadores têm, por isso, plena consciência que ao contratar profissionais com mais competências, isso trará mais-valias e maior competitividade e rentabilidade para a empresa.
Sónia Rosa ainda alerta para o facto de «devermos ser muito bons principalmente numa área», porque «as empresas vão reconhecer isso». DaÃÂ, a questão da formação contÃÂnua para aquisição de novos conteúdos e acompanhamento das novas tendências, porque a formação deve acompanhar a mudança. Isto até porque «o cenário de evoluir sempre na mesma empresa mudou», constata a directora do Instituto de Formação Prisma. Já não existem contratos a longo prazo nas empresas, mas relações restritas quer no campo económico como dos recursos humanos.
Gestão de carreira
A carreira hoje em dia deve ser encarada como um projecto a longo prazo, tendo em vista que são cada vez maiores as exigências colocadas aos indivÃÂduos no mercado de trabalho em crescente transformação. Por isso, o conceito de «gestão de carreira» torna-se cada vez mais comum, num clima de trabalho de oposição àrotina no trabalho.
A gestão de carreira é, pois, um processo em que o indivÃÂduo desenvolve e estabelece objectivos e estratégias vocacionais dirigidos para a concretização de aspirações, desejos e necessidades inerentes àrelação que mantém com a aprendizagem e o trabalho. Esta nova concepção começou a ser criada sobretudo durante os anos noventa, que se revelaram favoráveis àincrementação e divulgação do conceito de formação. É neste sentido que as acções de formação, os seminários e os workshops da Prisma tentam intervir. «Há cursos vocacionados, por exemplo, para o mercado da construção», informa Sónia Rosa. Porém, «não temos tido solicitações por parte de arquitectos, mas podemos reunir condições para formar grupos para o mercado da arquitectura», avança. O Prisma «dispõe de cursos de gestão de risco, gestão financeira, gestão de recursos humanos, marketing, gestão de compras e gestão de equipas», diz. As aulas têm lugar em Lisboa e cada curso tem normalmente 35 horas. O objectivo final é criar competências de saber fazer e saber estar. «Analisamos por que é que os projectos não são bem sucedidos», revela a directora do Instituto de Formação. A finalidade «não é pegar na filosofia de que o projecto não concluiu porque não chegou o seu orçamento, mas sim pegar no que podia ter sido feito mesmo sem chegar ao orçamento», frisa.