Brasileiros pensam Galápagos sustentável
No âmbito da 15.ª edição da Bienal Pan-americana de Arquitectura de Quito, o atelier paulista Andrade Morettin venceu o Concurso Internacional para Arquitectura Sustentável nas Galápagos, com um projecto pensado em prol da relação
entre o Homem e a Natureza
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No arquipélago das Galápagos, mais concretamente na ilha San Cristóbal, situa-se Puerto Baquerizo Moreno, uma cidade portuária, povoamento e observatório da Natureza, inserida num território caracterizado pelas suas paisagens extraordinárias e património natural da humanidade.
Foi neste contexto natural que os arquitectos do atelier brasileiro Andrade Morettin Arquitetos Associados traçaram as suas linhas. Liderado pelos arquitectos Vinicius Andrade e Marcelo Morettin, o atelier apresentou a ideia no âmbito do Concurso Internacional para Arquitectura Sustentável nas Galápagos, integrado na 15.ª edição da Bienal Pan-americana de Arquitectura de Quito, no Equador. "A partir da reflexão proposta pelo concurso, pensámos que os caminhos para a sustentabilidade nas Galápagos supõem necessariamente, para além das preocupações ambientais e da melhoria das condições de vida dos habitantes e visitantes, o fortalecimento da sua identidade, para que a cidade ocupe o seu lugar no cenário global", afirmam os arquitectos brasileiros. Particularmente inspirados pela notável capacidade de transformação e geometrização do território, exercidas pelas civilizações americanas pré-colombianas, os projectistas definiram a sua estratégia, nomeadamente "uma associação entre a força geometrizadora dos povoamentos americanos pré-colombianos e a concepção sistemática do urbanismo contemporâneo". Desta forma, foi concebida uma única intervenção: inserir um artefacto urbano geométrico – um quadrado com mil metros de cada lado, cuidadosamente colocado no terreno. Com isto, partiu-se da identificação dos principais traços da colónia já existente, e da sua relação com a paisagem natural, e procurou-se reforçar ambos os elementos, tornando-os visíveis – "revelando a sua geometria oculta". Assim, foi pensada uma estrutura que ocuparia uma área de construção com cerca de 140 mil metros quadrados. Em termos de materiais, a rocha local seria associada ao betão para a execução das galerias no subsolo, enquanto que a madeira de crescimento rápido seria utilizado para as estruturas de superfície.
Os efeitos
Com este elemento unificador, a equipa pretende produzir vários efeitos. Distinguir o meio antropocêntrico do meio natural, demarcando as suas fronteiras é um deles. Por outro lado, a intervenção iria criar uma estrutura de contenção face ao tecido urbano e estabeleceria uma relação mais "franca" entre o solo e a água. No que à comunidade concerne, o atelier de São Paulo desejaria a criação de um passeio perimetral exclusivo para peões, que actuaria como elemento mediador entre o núcleo habitável e o Parque Natural ou o mar. Em termos de estruturas, pretendia-se organizar e aumentar a área útil do cais, bem como criar uma área para albergar e interligar os principais equipamentos urbanos.
Em termos de sustentabilidade, os arquitectos são pragmáticos. A abordagem é cuidadosa, na medida em que, antes de se pensar nos materiais correctos e nas possíveis fontes de energia, foram tomadas em consideração as preocupações relacionadas com a forma de ocupação do território que, segundo a equipa, é "a origem e também a solução dos problemas de sustentabilidade na sua raiz".
Intervenção
no terreno
Para além das suas características simbólicas e espaciais, a intervenção é, essencialmente, uma operação infra-estrutural. No nível inferior do complexo existiria uma galeria, dedicada aos serviços urbanos – água potável, rede de energia eléctrica, linhas telefónicas – ligada aos principais equipamentos – cais, geradores de energia e reservatórios de água -, assim como uma via de serviço com estacionamento. Na cobertura seria criada uma ampla praça perimetral, com áreas associadas às actividades municipais e de lazer.
Por outro lado, esta operação contempla o crescimento da cidade a longo prazo: mecaniza e capacita o território para uma densificação ordenada. O interior do "quadrado" seria transformado numa "grande arena de serviço" que acolhe e absorve a heterogeneidade e mutabilidade das construções. No plano, foi também sugerida a criação de cooperativas, com vista ao desenvolvimento das principais actividades produtivas locais, como a pesca artesanal, a agricultura familiar e o turismo. A equipa não teve dúvidas quanto ao maior desafio encontrado: a realização de uma leitura coerente sobre o lugar, que lhe permitisse entender a relação entre o delicado meio ambiente local e o aglomerado humano existente. n