Coerência
Não me identificando com a crítica gratuita nem dedicando muito tempo a carpir mágoas,
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Não me identificando com a crítica gratuita nem dedicando muito tempo a carpir mágoas, prefiro orientar as minhas energias e a daqueles com quem tenho o privilégio de partilhar a minha vivência profissional para a construção de soluções positivas em resposta às exigências e desafios que nos são colocados no dia a dia.
Os projectos empresariais em que tenho estado envolvido cresceram por forças das suas competências intrínsecas nunca tendo encontrado na atribuição de subsídios ou quaisquer outros apoios estatais a sua razão de ser.
Dito isto, gostaria de comentar o estado de espírito partilhado pelos poucos portugueses que se fizeram representar recentemente no MIPIM, naquela que é a Feira mais representativa do imobiliário europeu.
Numa Feira onde a representação empresarial diminuiu e se sentiu uma maior presença relativa de cidades e regiões (Madrid e Barcelona, por exemplo estavam lá), Portugal, as suas regiões e/ou cidades primaram pela ausência.
Os poucos moicanos que por lá andavam esforçavam-se por colocar Portugal no mapa das intenções de investimento, por mostrar que acreditamos que não somos “pigs”, por tentarmos evidenciar que não somos a segunda Grécia.
Ao regressarmos a casa, com a esperança que os frutos semeados venham a gerar boa colheita, ainda não tendo feito a digestão das alterações do IVA, somos confrontados com a anunciada alteração do regime fiscal dos Fundos de Investimento Imobiliário Fechados, sem qualquer regime de transição, e é aqui que nos apercebemos que os nossos pretensos líderes não estão a dormir. Com efeito, não é lógico investir na captação de investimento quando andamos com políticas fiscais ziguezagueantes e contrárias ao que os investidores, imobiliários ou não, normalmente gostam, por muito estranho que isto possa parecer aos nossos pretensos líderes: estabilidade. A sua ausência de palcos como o do MIPIM é lógica e coerente com a dissonância existente entre o discurso (que define o objectivo de captação de investimento estrangeiro) e a prática (que não cria as condições de captação e manutenção do investimento estrangeiro).
Como se não bastassem as dificuldades sentidas na atracção de investimento estrangeiro, começamos a sentir que as intenções de investimento das nossas empresas em Portugal são absoluta ou relativamente menores.
Analisando os resultados que têm vindo a ser anunciados pelas empresas representadas no PSI 20, verificamos que o peso dos resultados das suas participações no estrangeiro é cada vez maior (o que por si só não é negativo). Preocupante é o desvio das intenções de investimento imobiliário que se está a fazer sentir por parte das empresas portuguesas para o exterior, onde a sua actividade promotora é intensa e a que se encontram a desenvolver em Portugal é residual, muitas vezes consistindo na alienação de activos anteriormente adquiridos para promoção. Alguém tem vindo a semear esta colheita e o que me apetece dizer é que se não querem ajudar, pelo menos não estraguem.Prometo que o choque passa depressa e recuperarei rapidamente a minha forma original: de olhar para a metade cheia do copo e para o bright side of life.