Janelas e Caixilharias – Com vista para a inovação
As expectativas dos fabricantes não estão elevadas e isso não é surpresa para quem tenha estado a seguir o desenvolvimento da situação económica que se tem vivido.
Pedro Cristino
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As expectativas dos fabricantes não estão elevadas e isso não é surpresa para quem tenha estado a seguir o desenvolvimento da situação económica que se tem vivido. O Construir dirigiu-se à Tektónica para falar na primeira pessoa com os responsáveis das empresas deste segmento e recolheu também informação sobre as novidades que chegaram, ou vão chegar, ao mercado.
Optimismo com baixas expectativas
“Estou sempre optimista, porque as minhas expectativas são quase sempre nulas”, referiu José Matias, explicando que a empresa que representa está no certame “para marcar presença” e ganhar “visibilidade”. O responsável da Ogiva Global considera que o ano transacto “foi positivo” para a empresa e a participação da mesma na edição anterior da feira serviu para apresentar orçamentos e para alcançar essa tal visibilidade. Este ano, o grupo apresenta a caixilharia em PVC com seis câmaras de isolamento que permite um melhor isolamento térmico e acústico, um produto “que tem tido boa aceitação” por parte dos clientes. José Matias considera a sua empresa “muito pequena” e, para se movimentarem neste mercado têm de “procurar nichos” e “tipos de trabalho bem definidos”, como, por exemplo “a renovação e substituição de janelas, mais do que obra nova”, uma vez que se trata “de um trabalho mais detalhado e minucioso, e de menor volume”. Embora o preço seja “sempre importante”, no caso da Ogiva Global, os clientes apreciam, essencialmente, a qualidade. “Não somos os mais baratos do mercado”, explica José Matias referindo que não é nesse ponto que a empresa se pretende enquadrar, preferindo “a qualidade e o tipo de trabalho” como factores de diferenciação. Como o sector da construção nova tem sido bastante fustigado pela crise, a empresa aposta no mercado da reabilitação. A pintura do vidro por plotter foi a novidade apresentada ao Construir pela Sosoares. Esta inovação consiste em utilizar tinta “feita a partir de vidro, submetida depois a 700 graus e integrada no vidro da janela”, como mencionou Manuel Soares, representante da empresa. No campo das caixilharias, o grupo apresenta o sistema de “porta-elevador”, o sistema de batente minimalista, em que “só fica visível o aro fixo” e o sistema “minimalista de correr, que fica com os fixos embutidos”. De referir que o alumínio é o material privilegiado desta empresa, cujo responsável não apresenta grandes expectativas de mercado, devido à “redução significativa” do volume de negócio na área da construção.
Um mercado com potencial
“O nosso objectivo principal é ter contacto com os arquitectos”, refere Heládio Honório, sócio da Dário Honório, quanto à presença do grupo na Tektónica 2010. Esta empresa opera no nicho de mercado da reabilitação, o qual a coloca frente a uma grande concorrência, segundo o seu responsável. “Temos uma fundição própria que faz este tipo de peças em alumínio fundido e não conheço outra empresa em Portugal que faça este tipo de trabalho”, explica, mencionando que a reabilitação, “especialmente em Lisboa”, tem proporcionado trabalho à Dário Honório, no âmbito das portas. Contudo não existe sempre “capacidade de resposta” do grupo para explorar todo o potencial deste mercado, uma vez que as suas soluções “requerem muito trabalho manual”, o que “demora muito tempo”. “É tudo feito peça a peça”, justifica Heládio Honório. A Porta Axis, em eixo vertical deslocado, é a grande novidade da empresa. “Este ano temos painéis novos, em materiais como o vidro ou a pele”. “Desde que se obedeça à espessura necessária, qualquer material pode ser aplicado”, esclarece o responsável, que apresenta também, como inovações, a caixilharia em PVC e a parceria com a Schücco. A Alukit apresenta as Varandas de Vidro, “que ainda é considerado um produto inovador em Portugal”, como ressalvou José Madureira ao Construir. Este produto permite “fechar varandas e terraços de uma forma que, até agora, os meios tradicionais não permitiam”, esclarece o responsável, apontando, como vantagem desta solução, o facto de este sistema “permitir a abertura total do vão”, ficando “quase imperceptível e não alterando a fachada dos prédios”. Trata-se de um artigo que, segundo José Madureira, tem “muita aceitação” entre os clientes da empresa, devido às suas características. “Está a ser um sucesso”, afirma, optimista. Optimistas também são as expectativas da empresa. “Temos vindo sempre a crescer, fruto da inovação”, explica José Madureira, que menciona a estratégia da empresa em criar produtos novos de forma constante. “Há quatro anos criámos as Varandas de Vidro, somos o único fabricante deste tipo de produto em Portugal e essa inovação tem trazido um aumento do volume de negócios”. Por outro lado, a empresa, que conta com unidades de produção no Porto e nos Açores, apresenta também as suas caixilharias em alumínio. Como vantagens competitivas da Alukit, José Madureira refere o preço praticado, algo que é possibilitado pelo facto da empresa ser também fabricante, os prazos de entrega e a assistência. Quanto ao mercado, o responsável da marca esclarece que o mesmo “está a começar a ser desenvolvido” e que “ainda tem muito para dar”. “Temos tentado estar sempre um passo à frente e apresentar novidades todos os anos, para que os produtos se mantenham sempre actuais, inovadores e à frente dos outros”. Como inovação, a Alukit irá desenvolver as Varandas de Vidro de forma a que as mesmas não necessitem de calha inferior, de forma a responder a um pedido dos seus clientes. “Fizemos 20 anos este ano”, afirmou ao Construir Braz Mendes, sócio-gerente da Cruzfer, empresa que já é “conhecida” neste mercado. O impacto da situação económica é visto por este responsável como algo “normal”, dado o decréscimo da actividade da construção. “Particularmente não nos podemos queixar, porque temos mantido o volume de negócios intacto, mas é lógico que o futuro seja de abrandamento”, explica Braz Mendes, acrescentando que, para que as empresas deste sector minimizem os efeitos da crise, deverão “trabalhar projectos, apresentar soluções, sem passar só pelo produto em si” e deverão também recorrer à tecnologia para desenvolver inovações. Para Braz Mendes é importante dispor “não tanto de um produto isolado em si”, mas também de sistemas integrados de soluções. Como novidades, a Cruzfer apresenta a Imagic Weave, que consiste na “possibilidade de integrar, nos painéis de malha metálica de inox, uma tecnologia baseada em LED 10, o que permite criar painéis multimédia nas fachadas dos edifícios”, e também a ferragem oculta para janelas.
Associativismo
“A Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE) nasceu de uma necessidade de existir uma associação que representasse o sector das janelas em Portugal”, declarou ao Construir o arquitecto João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE e responsável pela Caixiave. “Da vontade de uma série de fabricantes de janelas eficientes – que são aquelas janelas que contribuem para o isolamento térmico e acústico – nasceu esta associação, que conta com 25 membros associados”, refere, explicando que mais empresas irão fazer parte da ANFAJE num futuro próximo – “esperamos, até ao final do ano, contar com 50 empresas na associação”. Segundo este responsável, a criação da associação deve-se “fundamentalmente à necessidade de defender o sector e de ajudar a promover aquilo que são as janelas eficientes em Portugal”. Em termos de desafios, a ANFAJE propõe-se a “ajudar a desenvolver o mercado das janelas eficientes”, através da promoção deste produto e do impulso ao aumento da quota de mercado do mesmo, a promover “a qualidade e a inovação tecnológica do sector”, no âmbito das normas europeias, e a promover também “as vantagens da utilização de janelas eficientes”. “Está em vigor, desde 1 de Fevereiro deste ano, a marcação CE de janelas, que permitirá que o cliente final possa escolher uma janela em detrimento de outra pelas suas características técnicas e não apenas pela questão do preço”, afirma, optimista João Ferreira Gomes, para quem esta marcação irá “ajudar a elevar a qualidade do produto final”. As janelas eficientes poderão ser fabricadas em madeira, em PVC, ou em “alumínio com ruptura térmica”, que é um perfil, que dispõe de “melhor condutibilidade térmica”, relativamente ao perfil de alumínio convencional. O presidente da ANFAJE caracteriza o mercado como “muito desregulado”, afirmando que existem “milhares de pequenas unidades de produção de janelas que, normalmente, não cumprem a legislação em vigor”, referindo que “muitas delas não têm alvará” e não têm preocupação com “qualidade de produto, de fabrico e com a eficiência energética”, para além de um grau de “inovação tecnológica” muito baixo. Trata-se também de um mercado que não contém grande concorrência por parte dos congéneres estrangeiros destas empresas, uma vez que, “fundamentalmente, as empresas estrangeiras que actuam no país, actuam no mercado da distribuição de janelas”. “São janelas que são feitas noutros países da União Europeia e depois são instaladas em Portugal”, esclarece. Contudo, esta é uma tendência que “tem vindo a decrescer”, pela presença de “unidades de produção muito grandes em Portugal, que respondem às necessidades de mercado, quer em qualidade, quer em preço”. Por sua vez, João Ferreira Gomes menciona uma “internacionalização crescente de empresas portuguesas, sobretudo em Espanha e em França”, que apresentam, como vantagens competitivas, “a inovação do produto e, por outro lado, flexibilidade na execução de determinado tipo de obras”. Segundo o responsável da associação, o factor inovação tecnológica no país “tem vindo a crescer nos últimos anos” e tem vindo a equipar “muitas empresas que estão na área da produção de janelas”, mas “é um caminho que ainda tem de ser mais acelerado, fundamentalmente ao nível dos recursos humanos dessas empresas”. No que concerne à Caixiave, a actual situação económica é sentida, na medida em que “o sector está a passar por algumas dificuldades, por um lado, pela reorganização e reestruturação, devido à questão das normativas europeias e, por outro lado, pela crise que se verifica na área da construção”. Contudo, o responsável pela empresa refere que, “este ano, está inscrita no Orçamento de Estado para 2010, a medida “Janela Eficiente”, que permitirá ao cliente final obter benefícios fiscais pela substituição de janelas antigas”. Embora este dado possa representar um futuro um pouco mais risonho às empresas do sector, “esta medida não foi ainda regulamentada”, esperando João Ferreira Gomes, enquanto membro da ANFAJE, que a mesma “entre em vigor o mais depressa possível”. Para minimizar os impactos desta conjuntura desfavorável, os fabricantes de janelas deverão, na opinião do responsável da Caixiave, “estar muito próximos do cliente particular, ser comercialmente muito activos e, obviamente, numa fase em que o cliente está mais preocupado com a poupança do seu rendimento no final do mês, ter alguns incentivos de promoções, ao nível de substituição das janelas antigas”. Em termos de novidades, a Caixiave tem vindo a apresentar inovações ao nível da caixilharia em PVC, “produtos cada vez mais isolantes ao nível térmico, a possibilidade de incorporar valor nas janelas ao nível de alarmes contra a intrusão”, ou de detectores que permitam “desligar, por exemplo, o aquecimento central quando a janela é aberta”. Nesta área o factor inovação tem de ser uma constante, sendo que a “grande preocupação reside na garantia de um maior isolamento térmico. Ao nível dos fornecedores de matéria prima, tem vindo a existir uma série de inovações em que os valores de continuidade térmica dos materiais são cada vez mais avançados”. No que se refere ao nível acústico, a inovação tem vindo a recair, sobretudo, no vidro.