“Experiência capacita-nos para intervir de forma sustentada na reabilitação”
Com uma longa experiência no projecto e construção de unidades industriais, a Garcia, Garcia pretende agora posicionar-se como “um “player” privilegiado” no sector da reabilitação urbana para os investidores. Em entrevista ao CONSTRUIR, Carlos Garcia garante que o “core business” da construtora é, e assim permanecerá, o “design and build” de unidades industriais e logísticas, contudo, o elevado potencial da reabilitação e a estratégia de diversificação do grupo levaram a uma aposta neste segmento. Para o administrador da Garcia, Garcia, é expectável que o mercado da reabilitação urbana continue “a apresentar um dinamismo interessante nos próximos anos”, sobretudo em cidades com “elevada procura turística”
Pedro Cristino
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Com uma longa experiência no projecto e construção de unidades industriais, a Garcia, Garcia pretende agora posicionar-se como “um “player” privilegiado” no sector da reabilitação urbana para os investidores. Em entrevista ao CONSTRUIR, Carlos Garcia garante que o “core business” da construtora é, e assim permanecerá, o “design and build” de unidades industriais e logísticas, contudo, o elevado potencial da reabilitação e a estratégia de diversificação do grupo levaram a uma aposta neste segmento. Para o administrador da Garcia, Garcia, é expectável que o mercado da reabilitação urbana continue “a apresentar um dinamismo interessante nos próximos anos”, sobretudo em cidades com “elevada procura turística”
A Garcia, Garcia especializou-se na construção de unidades industriais e logísticas. O que a levou para o sector da reabilitação urbana? Que oportunidades identificaram nesta área?
O “core business” da GG é, e continuará a ser, o “design and build” de unidades industriais e logísticas. No entanto, tendo em conta a estratégia de diversificação definida, o elevado potencial do sector de reabilitação urbana e, inclusivamente, os inúmeros pedidos que fomos recebendo para intervir a este nível, a GG decidiu apostar neste mercado. Em 2016, na rua Sá da Bandeira, em pleno Centro Histórico do Porto, a GG avançou com um marcante projecto que previa a reabilitação integral de um edifício icónico da cidade. Este projecto, destinado a acolher a primeira loja da lendária marca alemã Leica na Península Ibérica (inaugurada em Dezembro), encontra-se na sua última fase, que inclui a renovação dos pisos superiores do prédio centenário, destinados a habitação. Será expectável que o mercado da reabilitação urbana continue a apresentar um dinamismo interessante nos próximos anos, principalmente, em cidades com elevada procura turística. Como tal, a GG quer posicionar-se como um player privilegiado do sector, quer para investidores privados, quer institucionais.
Quais os principais desafios que este sector – reabilitação – coloca às construtoras?
O sector da reabilitação coloca diferentes desafios e exigências às empresas. Fazer uma reabilitação, especialmente se estivermos a falar de uma reabilitação num centro histórico “tradicional”, encerra algumas questões importantes que é preciso observar. Desde o espaço disponível para trabalhar, ao ritmo a que os trabalhos devem ser feitos, passando pelo estado geral de conservação do edifício e dos circundantes, tudo tem implicações e deve ser cuidadosamente analisado. Todos os trabalhos devem ser planeados exaustivamente para garantir uma boa execução em obra, com envolvimento em todas as fases da equipa da segurança, assegurando que todas variáveis estão pensadas e controladas. A logística que os trabalhos de reabilitação implicam, é um desafio e a que muitas vezes não é dada a devida importância. Contudo, a experiência adquirida ao longo dos anos pela empresa na reabilitação de indústrias, residências e até espaços de culto, como igrejas e capelas, capacita-nos para intervir de forma sustentada na reabilitação urbana.
O que é necessário a uma construtora para alcançar sucesso no sector da reabilitação urbana?
Para atingir o sucesso na reabilitação urbana, como em qualquer área, é necessário garantir os recursos financeiros, técnicos e humanos para as especificidades que o sector apresenta. Assegurar a qualidade, eficácia e eficiência é crítico. Para o anterior, concorrem factores como: a formação e capacitação dos recursos humanos para as especificidades do sector de reabilitação; a procura contínua das melhores soluções técnicas para as diferentes das intervenções; o desenvolvimento de uma rede de parceiros e fornecedores especializados no sector de reabilitação urbana.
Relativamente à cidade do Porto, como se pode caraterizar o dinamismo atual da construção, em especial, no sector da reabilitação?
A cidade do Porto possui um inestimável Património e um Centro Histórico singular, que durante anos não teve a atenção que merecia. Contudo, esta situação inverteu-se e nos últimos anos o centro histórico do Porto tem tido uma dinâmica fantástica. O turismo, com o forte contributo da chegada em força das companhias aéreas low-cost, tem contribuído para o aumento da procura e para uma maior atractividade do investimento no sector imobiliário, com reflexos naturais na reabilitação. Este sector vai continuar, no futuro próximo, a apresentar um dinamismo relevante, fruto do interesse de investidores estrangeiros, atraídos pelo dinamismo do turismo e pela crescente notoriedade da marca “Porto”.
Nas outras cidades próximas, como Braga, Aveiro ou Guimarães, como se tem desenvolvido este setor nos últimos anos?
A reabilitação urbana em Portugal tem estado a duas velocidades. As cidades de Lisboa e do Porto estão em velocidade de cruzeiro, enquanto que outras cidades com importante legado e património histórico ainda estão a dar os primeiros passos. Os vários indicadores de mercado indicam que a aposta na reabilitação urbana irá estender-se para cidades como Guimarães, Braga, Coimbra, entre outras, sendo o turismo uma importante alavanca.
A experiência da Garcia, Garcia no sector industrial e de logística poderá ter um valor acrescentado em obras de reabilitação, por exemplo, de antigas unidades industriais, convertendo-as para outros usos?
A GG nos últimos anos tem desenvolvido inúmeros projectos de reabilitação industrial, quer ao nível de renovação de unidades obsoletas, quer ao nível da requalificação de espaços industriais abandonados para nova utilização. Exemplos do anterior são a reabilitação de antigas instalações industriais desactivadas para empresas como a Grandvision ou a Garland. O nosso “know-how” tem permitido adaptar espaços devolutos, mas com localizações prime, para modernas instalações fabris, com uma excelente relação custo-benefício. Esta é uma área que tem vindo a crescer e na qual queremos continuar a apostar.
A empresa tem sido escolhida por várias empresas multinacionais para diversos projectos. Como se tem desenvolvido o fluxo de investimento internacional no país? Este fluxo é semelhante também no sector da reabilitação?
O investimento estrangeiro tem tido alguns indicadores positivos, quer na indústria, quer no sector imobiliário residencial. Este último tem beneficiado de alguns incentivos que têm permitido captar investimento. Refira-se, por exemplo, as isenções fiscais para reformados estrangeiros que fixam residência em Portugal. Na mesma linha, o excelente momento do turismo em Portugal tem permitido captar IDE na hotelaria, com procura por edifícios localizados em zonas históricas das grandes cidades. As taxas de juro historicamente baixas, quando comparadas com as potenciais rentabilidades mais elevadas do imobiliário, também tem sido um fator adicional que tem permitido canalizar investimento estrangeiro para o sector e para Portugal.
Que balanço fazem da vossa atividade em 2016?
2016 foi o melhor ano de sempre para a GG. Com um crescimento relevante do volume de negócios, a empresa foi mais uma vez capaz de apresentar resultados operacionais sustentados, mantendo o forte investimento no seu capital humano, práticas e modelos de trabalho. Desenvolvemos importantes projectos, captamos novos clientes, nacionais e internacionais, e reforçamos parcerias com clientes de longa data. A GG vive de e para os seus clientes, com um acompanhamento próximo e um relacionamento assente no pilar da “parceria”. Apesar de o sector da construção industrial e logística continuar a ser o mais representativo, o que se encontra alinhado com o nosso “core business”, ressalva-se o aumento em 2016 dos projectos residenciais e de serviços, sendo expectável que esta tendência se mantenha para o corrente ano.
Para este ano, quais as perspetivas e estratégia?
Os resultados da GG demonstram que a estratégia que temos vindo a pôr em prática tem sido acertada. E será natural que, na sua essência, o rumo se mantenha. Somos uma empresa de “design and build”, com “know-how” único ao nível da construção industrial e logística e que o mercado reconhece, como se pode comprovar pela nossa carteira de clientes. Este nosso “core business” vai continuar a ser o nosso motor, não obstante, como referido anteriormente, ser nossa convicção que podemos reforçar o peso de outras áreas como a reabilitação urbana e a construção residencial, onde acreditamos que existe potencial para explorar. A outro nível, é certa a continuidade do investimento ao nível da melhoria de processos e de práticas, assim como, das ferramentas de trabalho. A GG está sempre a procurar melhorar os seus níveis de qualidade, eficácia e eficiência, pois só assim se consegue vencer num mercado cada vez mais exigente e competitivo.