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Angola “continua a oferecer grandes oportunidades”
O mercado imobiliário angolano tem sofrido um abrandamento, mais pronunciado nos sectores da habitação e escritórios. Contudo, existem áreas como a indústria e a logística que “podem gerar negócios interessantes”
Ana Rita Sevilha
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“Ainda que o mercado enfrente sérios desafios neste momento, continua a oferecer grandes oportunidades, embora num contexto com características diferentes”. Em entrevista ao CONSTRUIR, Valdire Coelho, Director Executivo da Proprime, refere a título de exemplo “a indústria, a logística e as grandes obras de infra-estruturas são um desígnio nacional, o que poderá gerar negócios muito interessantes para o sector imobiliário”.
O que motivou o reforço da equipa em Angola?
Valdire Coelho: Em primeiro lugar, é importante esclarecer que se tratou sobretudo de uma renovação da equipa, não propriamente de uma expansão/reforço. Além de questões de evolução de carreira dos nossos colaboradores, é também uma questão de gestão mais eficiente dos recursos humanos do Grupo Prime Yield tendo em conta a adequação às estratégias de cada operação local. Em Angola, a Proprime tem vindo a ajustar-se às necessidades do mercado, no qual somos uma empresa de referência. Mantemos o nosso caminho de qualidade no que respeita aos serviços prestados à nossa carteira de clientes e a investidores que tendem a diversificar os seus investimentos e apoiar-se em instituições profissionais e reconhecidas pelo mercado.
Que análise faz ao mercado imobiliário angolano nos diferentes sectores?
Em geral, o setor imobiliário em Angola tem sofrido, nos dois últimos anos, um abrandamento da actividade, reflectindo o impacto da queda nos preços do petróleo e do consequente abrandamento da economia. A procura de imóveis tem decrescido, sobretudo afectada pela menor actividade de empresas multinacionais no país, com quedas sentidas quer no volume de transacções quer nos preços e rendas.
Nos Escritórios, a absorção de espaços em Luanda é cada vez mais lenta, devido à redução da actividade económica e à retracção dos planos de investimento das empresas estrangeiras. Do lado da oferta, embora não sejam lançados novos projectos, os que se encontravam em construção mantiveram o seu plano de desenvolvimento, o que fez com que as rendas médias no CBD de Luanda descessem cerca de 20% em 2016, para os 80 USD/m2. Também os preços médios de venda dos escritórios caíram, recuando 10%, para os 6.400 USD/m2, entre 2015 e 2016.
Na Habitação, novamente a quebra da actividade económica e das multinacionais são os factores que mais têm influenciado este segmento. Uma das principais franjas de procura de habitação em Luanda eram os expatriados quadros destas empresas, com as tipologias de menor dimensão a serem as mais procuradas. Já no actual quadro de procura residencial, os nacionais ganham expressão e as tipologias maiores são as preferidas. Os preços médios de venda dos apartamentos em Ingombota desceram 10% em 2016 para os 5.670 USD/m2 e também as moradias em Talatona têm vindo a corrigir em baixa, com uma descida de 9,5% nos preços para os 4.093 USD/m2.
No mercado Hoteleiro, o grosso do turismo continua a ser motivado pelo segmento de negócios e, com as quebras da actividade económica, o número de turistas estrangeiros tem apresentado uma tendência de queda acentuada nos últimos anos, com os reflexos óbvios nas taxas de ocupação da hotelaria em Luanda. Em 2016, a hotelaria na capital registou taxas médias de ocupação em torno dos 40%, quando nos últimos anos, este indicador se situava entre 80 a 85%. O valor das diárias médias registou igualmente descidas de entre 20 a 25% em todas as categorias, com a hotelaria de 5 estrelas a apresentar, ainda assim, diárias médias de 380 USD/noite em 2016.
Que perspectivas tem deste mercado no futuro?
Ainda que o mercado enfrente sérios desafios neste momento, continua a oferecer grandes oportunidades, embora num contexto com características diferentes. Os segmentos mais afectados pela actual conjuntura são a habitação e os escritórios e, com especial foco, em Luanda. Mas outros segmentos, outras localizações e um novo tipo de desenvolvimento imobiliário abrem outras janelas de oportunidade. A título de exemplo, a indústria, a logística e as grandes obras de infra-estruturas são um desígnio nacional, o que poderá gerar negócios muito interessantes para o sector imobiliário, assim como o desenvolvimento regional, já que há cada vez mais coisas a acontecer fora de Luanda.
Por outro lado, mesmo nestes segmentos que são hoje mais impactados (habitação e escritórios em Luanda), estão a procurar-se mecanismos que permitam quer a promoção de novos produtos quer o escoamento do stock em desenvolvimento e do já construído. Os próprios produtos são ajustados à nova realidade do mercado, numa altura em que o imobiliário tem servido de refúgio perante a instabilidade cambial. Nesta nova realidade, o ritmo de venda/arrendamento dos produtos é mais lento e a procura doméstica ganha força. No caso dos escritórios, uma das tendências que reflecte este ajuste é o facto de os espaços novos já não serem entregues em bruto e incluírem agora níveis de acabamentos como o piso técnico. No caso da habitação, os novos empreendimentos estão já a apostar na oferta de apartamentos com tipologias maiores e áreas mais generosas, tendo em conta a maior apetência do público nacional por este tipo de produto.