Nova vida aos materiais
Há portas, janelas, linhas descontinuadas e até caixas de correio antigas à procura de casa nova. Cláudia Cardoso, arquitecta e coordenadora do projecto, explicou ao CONSTRUIR como funciona

Ana Rita Sevilha
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O Auditório Nuno Teotónio Pereira, na Sede Nacional da Ordem dos Arquitectos, recebeu a apresentação do Repositório de Materiais, uma plataforma para a reutilização de materiais de construção que é também um projecto pioneiro na economia circular. Cláudia Cardoso, arquitecta e coordenadora do projecto, explicou ao CONSTRUIR como funciona.
Contexto
Na base do Repositório está a constatação de que na sociedade actual existe “uma cultura de desperdício”, em que o sector da construção se configura como “um grande responsável na produção de resíduos”. Nesse sentido, o projecto procura encarar “a situação não como um problema, mas como uma oportunidade de mudança”, surgindo como uma resposta. Para o efeito, lançou a Plataforma no sentido de salvaguardar e valorizar materiais e componentes sobrantes da construção provenientes de obras de demolição/reabilitação com potencial de reutilização. De acordo com Cláudia Cardoso, “as actividades-chave são a triagem, armazenamento, catalogação e divulgação de materiais”. De salientar que a Plataforma funciona com parcerias locais – entidades com capacidade de armazenamento e divulga os materiais, de modo a ligar a oferta/procura.
Através da mesma, o Repositório de Materiais pretende promover a economia circular no sector da construção, bem como a criação de novos locais dedicados ao depósito de materiais, mediante um mapeamento on-line de armazéns.
Trata-se, portanto, de uma Rede do Repositório de Materiais, da qual podem fazer parte municípios, empresas de construção/demolição e técnicos do sector, entre outros, como “artesãos, carpinteiros e conservadores/restauradores, que são uma peça fundamental no processo, pois podem contribuir com o seu know how para demonstrar o potencial de reutilização”, sublinha Cláudia Cardoso.
Cláudia Cardoso explica ao CONSTRUIR que “há uma grande receptividade, nomeadamente da parte dos intervenientes no processo (parceiros) e nota-se que de uma forma geral as pessoas se identificam com a missão e os valores do projecto”. Relativamente aos materiais à espera de uma nova vida, a coordenadora do Repositório garante que se procura “fazer uma boa selecção de materiais, materiais nobres, madeiras antigas que têm uma melhor prestabilidade que as novas, pois já tiveram um processo de secagem natural [as novas são secas em estufa] e já deram prova de uso da sua eficácia, pelo que se reduzem futuras acções de manutenção”.
Contudo, também há entraves, como “a ausência de financiamento, que tem sido ultrapassado com parcerias”, dificuldades “de logística do transporte, que tem um peso significativo no valor final dos materiais”, “a falta de sensibilidade de práticas no âmbito da economia circular” ou a “falta de referências nos cadernos de encargos de obras de demolição e reabilitação para a salvaguarda, armazenamento e encaminhamento para reutilização” e aqui, sublinha Cláudia Cardoso, “os arquitectos podem ter um papel muito importante”.
No entanto, Cláudia Cardoso está optimista relativamente ao cumprimento das taxas de reciclagem de 70%, a partir de 2020, de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, uma vez que, refere, estão a surgir cada vez mais projectos no espírito da economia circular.