“Pink House” faz a “síntese entre tradição e modernidade”
A “Pink House”, da autoria do MEZZO ATELIER, foi a obra vencedora do Prémio de Arquitectura Paulo Gouveia, que visa distinguir obras de reabilitação na Região Autónoma dos Açores

CONSTRUIR
“Estamos totalmente comprometidos com a transição para uma economia de baixo carbono”
Comissão Europeia dá luz verde ao estatuto de “cliente electrointensivo”
Comunidade Intermunicipal de Aveiro prepara obra de defesa do Baixo Vouga
Antigo Tribunal da Maia dá lugar a empreendimento de luxo
Greenvolt vende parque eólico na Polónia por 174,4 M€
Hipoges implementa tecnologias para reduzir consumo de energia nos seus imóveis
IP Leiria avança com investimento de 3,7M€ em residências para estudantes
InovaDigital apresenta tecnologia para transformação digital das empresas de mediação
Intermarché investe 5 milhões de euros em nova loja em Leiria
Mercado de escritórios encerra 1.º trimestre sob pressão em Lisboa e Porto
© Fernando Guerra
A “Pink House” da autoria do gabinete de arquitectura MEZZO ATELIER, de Joana Garcia de Oliveira e Giacomo Mezzadri, foi a vencedora do Prémio de Arquitectura Paulo Gouveia, por “fazer a síntese entre tradição e modernidade, tornando clara a relação da construção com a pré-existência envolvente e a sua função”, referiu o júri.
O Prémio, instituído pelo Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional de Cultura, visa distinguir “obras de recuperação, reabilitação, reconstituição e reinterpretação na Região Autónoma dos Açores, cujo projecto mereça destaque por respeitar o património edificado, e privilegiar o uso de materiais endógenos, sem excluir o uso de linguagem contemporânea”. Recorde-se que, o Prémio Regional é dedicado ao arquitecto açoriano Paulo Gouveia, considerado o expoente do pós-modernismo nos Açores e que faleceu em 2009.
Adaptar mantendo o carácter
Localizado na ilha de São Miguel, nos Açores, aquela que é hoje a Pink House, era, no início do século XX, um estábulo.
Segundo a descrição do projecto a que o CONSTRUIR teve acesso, o objectivo da proposta do MEZZO ATELIER, foi “manter o carácter, as linhas e a atmosfera rural da construção, ao mesmo tempo em que adaptava a estrutura anexa a uma tipologia completamente nova – guesthouse – e aos regulamentos contemporâneos”. Para Joana Garcia de Oliveira e Giacomo Mezzadri, história e contemporaneidade tinham de coexistir em equilíbrio.
Para isso, contam os arquitectos na memória descritiva do projecto, “foram cuidadosamente rasgadas aberturas nas fachadas coloridas, bem como no muro de pedra e um novo volume foi adicionado à construção principal, permitindo que uma segunda residência, menor, surgisse integrada no todo”.
A residência maior, explicam, “desenvolve-se em dois níveis: o piso térreo abre-se para os espaços exteriores circundantes e atinge alturas diferentes criando um pavimento semi-nivelado onde um espaço social dá acesso às suítes e área de serviço privada”. Já o pavimento superior, “contém os espaços sociais e foi projectado como uma ‘planta livre’ para que possa ser aproveitado na altura total”.
Reinterpretar a arquitectura local
Para dignificar o projecto, era importante fazer reinterpretações da arquitectura vernácula açoriana, explicam os arquitectos. Nesse sentido, foram introduzidos novos elementos, “como as escadas exteriores, que ligam ao terraço ao ar livre ou o uso de madeira de cor branca nos interiores”. “Os tons envelhecidos de cor-de-rosa e ocre são a identidade principal da área onde fica a edificação”.
Joana Garcia de Oliveira e Giacomo Mezzadri explicam que “o ocre era tradicionalmente usado para enquadrar janelas e portas e no projecto foi utilizado nas mesas interiores dos dormitórios e da cozinha, adicionando um novo tipo de relação entre vistas interiores e exteriores”.
A dupla de arquitectos refere ainda os interiores e os móveis personalizados, que foram, “cuidadosamente desenhados para criar um ambiente neutro e pacífico, permitindo que as vistas do jardim sejam proeminentes nos espaços interiores”. Ao nível da materialidade, destaque para o uso da madeira, nomeadamente a criptoméria local (cedro japonês), que de acordo com os mesmos, “foi usada abundantemente na construção e no mobiliário” e para as “antigas vigas de madeira de pinho e acácia, encontrados no local, que foram convertidas em mesas feitas por encomenda”.
Menção honrosa
O Júri, constituído pelos arquitectos Ângelo Regojo dos Santos (indicado pela Direcção Regional da Cultura), João Mendes Ribeiro (convidado pela Direcção Regional da Cultura), Manuel Fernandes Dinis (indicado pela Delegação dos Açores – Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos), Vanda Laurémia Meneses de Oliveira Aguiar (indicada pela Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores) e pelo Dr. Pedro Marques (indicado pela Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas dos Açores), deliberou ainda atribuir uma menção honrosa à obra “Adega da Baía da Arruda”, na Ilha do Pico, da autoria de Ivo Mendes Barão Teixeira (Atelier Barão – Hutter), por a mesma se destacar pela “clara referência à arquitectura pontual e delicada de Paulo Gouveia na sua relação com a paisagem”.