Archi Summit 2019: “O grande objectivo é sempre o de promover a importância da arquitectura na transformação da sociedade”
Em entrevista à TRAÇO, os curadores do ArchiSummit antecipam a edição deste ano do evento, que se realiza entre 10 e 12 de Julho. Ivo Martins e Matilde Seabra falam das alterações introduzidas no certame, nomeadamente a escolha de duplas que se espera que produzam discursos que vão “para além da produção individual de cada um dos oradores”
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Os arquitectos Ivo Martins e Matilde Seabra foram designados para a curadoria do Archi Summit deste ano. Antes de mais, quais são as vossas expectativas para a edição de 2019?
O Archi Summit tem se consolidado em notoriedade e ambição a cada edição, junto dos arquitectos e do público em geral. A nossa expectativa é de poder contribuir para o crescimento deste evento, reforçando neste formato a componente de debate entre pares internacionais. O programa de três dias vai ter lugar nas Carpintarias de S.Lázaro, um local com uma dinâmica muito interessante que, desta maneira, se estende à divulgação da Arquitectura.
Quais são os grandes objectivos da edição deste ano?
O grande objectivo é sempre o de promover a importância da arquitectura na transformação da sociedade. A ideia de sugerir um conjunto de temas comuns: o Desenho, a Materialidade e o Monumental, pretende que se possa produzir um discurso que vá para além da produção individual de cada um dos oradores.
Em que premissas assentou o guião do vosso trabalho, para se chegar até este programa final?
Assentou na vontade de reunir autores de vários países europeus e, sempre que possível, confrontá-los com as particularidades da realidade portuguesa. Interessou-nos ter uma visão alargada, juntando também na lista de oradores curadores, artistas e engenheiros que têm afinidades com a disciplina. Podemos citar a Madelon Vriesendorp, por exemplo, que é artista e fundadora do OMA (Office for Metropolitan Architecture) ou a Julia Albani, que é responsável pelas relações internacionais do Centro Canadiano de Arquitectura.
Há, por assim dizer, um confronto de ideias, mesmo não sendo necessariamente divergentes, na composição das duplas. Que pensamento esteve por trás da escolha dos nomes da edição deste ano?
Como há nove duplas, com rigor teríamos de dar nove respostas a esta pergunta. De um modo geral, acreditamos que este modelo permite expandir o formato mais clássico de uma apresentação de projectos de arquitectura. Entre sites da especialidade, publicações e conferências o acesso à informação nunca esteve tão difundido. Quem participar no ArchiSummit19 terá a certeza de assistir a conversas irrepetíveis num ambiente que esperamos ser de alguma informalidade.
Alguns dos pares já trabalharam juntos, outros só se conheceram graças ao nosso convite. Será um privilégio poder fazer parte de uma conversa entre duas pessoas que se conhecem bem, como Álvaro Siza e Niall Hobhouse, mas será igualmente interessante testemunhar alguns primeiros encontros como Francesca Torzo e Joaquim Moreno.
O que significam, em concreto, estes temas “On Drawing”, “On Building” e “On the Monumental”?
São três temas que tanto podem ser vistos isoladamente ou como um encadear de momentos próprios da prática da Arquitectura. Simplificando, os arquitectos projectam e comunicam com desenhos, constroem, com implicações na gestão de recursos materiais, humanos e económicos e os edifícios construídos podem ter um significado e uma presença que perdura por muito tempo no contexto onde se erguem.
Os desenhos têm sempre uma intenção de comunicação e de pensamento – o arquitecto ao representar também se representa a si próprio. Vivemos um momento especial, onde temos tecnologia para produzir imagens hiper-realistas, mas onde simultaneamente vemos ressurgir meios mais arcaicos como a colagem ou as perspectivas em axonometria.
É no acto de construir, na transformação de uma ideia de projecto numa realidade material, que é empregue a maior parte do saber arquitectónico: a construção é um processo altamente complexo de orquestrar diversas especialidades e de dar resposta a necessidades funcionais específicas. A monumentalidade é a qualidade que atribuímos a algo que se impõe no lugar onde existe, não necessariamente pelo seu tamanho, mas por poder ter uma presença simbólica que seja relevante para uma determinada comunidade. No fundo, o nosso argumento é a boa arquitectura que tem a capacidade de poder ser mais do que aquilo para que foi encomendada. Mesmo numa casa particular, como por exemplo a Atlas House do atelier Monadnock, o desenho do seu exterior faz também parte do bem colectivo.
O arquitecto Ivo Poças Martins já tinha sido curador assistente na Trienal de 2016. O que é que, no seu entender, representa esta nova chamada para o mesmo tipo de iniciativa?
É mais uma oportunidade para continuarmos uma linha de trabalho que ambos temos desenvolvido: da escrita, à criação de exposições, conversas ou percursos pela arquitectura e pelo território e mesmo pela autoria de projectos de arquitectura.
Por essa experiência, sabemos que arquitectos, ao projectar, mobilizam e produzem um conjunto de pensamento e de saberes que nem sempre são explícitos por quem experiência a obra construída. A mediação entre o arquitecto e novos públicos é sempre é um tema que nos move e o Archi Summit, pelo seu formato e pela sua duração, tem todas as qualidades para que isso aconteça.