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Pedro Mêda

Engenharia

GrowingCircle: Trabalhar a economia circular a partir da informação e dos dados

O projecto Growing Circle pretende sensibilizar os agentes do sector da construção para o papel fundamental dos “Data Templates”e da digitalização. A ideia passa por ter mais conhecimento sobre os materiais, seja os que estão em fim de vida, seja os que estão agora a iniciar a sua utilização, e perceber de que forma é que, através do conhecimento desta informação, é possível melhorar a economia circular

Cidália Lopes

Pedro Mêda

Engenharia

GrowingCircle: Trabalhar a economia circular a partir da informação e dos dados

O projecto Growing Circle pretende sensibilizar os agentes do sector da construção para o papel fundamental dos “Data Templates”e da digitalização. A ideia passa por ter mais conhecimento sobre os materiais, seja os que estão em fim de vida, seja os que estão agora a iniciar a sua utilização, e perceber de que forma é que, através do conhecimento desta informação, é possível melhorar a economia circular

Cidália Lopes
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O sector da construção tem um papel fundamental para as economias dos países, mas carece de modernização de modo a ser mais eficiente e ter menores impactos no ambiente. Estas preocupações têm encontrado eco em documentos estratégicos para o sector que sistematizam duas grandes áreas de actuação: a digitalização e a sustentabilidade e, nomeadamente, a implementação de iniciativas que abordem as sinergias existentes entre ambas. O projecto Growing Circle é uma dessas iniciativas. Ao Construir, Pedro Mêda, engenheiro pela FEUP e com funções de investigador no Instituto da Construção (IC), fala-nos deste projecto e do caso de estudo que estão a acompanhar em conjunto com a Matosinhos Habit e que irá permitir cumprir critérios de eficiência através da melhor relação custo-preço, além de contribuir para o catálogo de produtos que o projecto também pretende desenvolver

Como é surgiu o projecto Growing Circle?

Este projecto surge no âmbito do programa que é o EEA Grants, um programa de financiamento bilateral que tinha como objectivo a melhoria e a implementação de práticas de economia circular no sector da construção. Um dos aspectos, uma das dinâmicas que nós identificamos como necessárias e que até estava no seguimento daquilo que são as preocupações da gestão de informação que nós temos é que a economia circular na construção só poderá existir na sua plenitude se nós tivermos uma circularidade da informação e dos dados da construção. A ideia surgiu na sequência de várias parcerias com outros países e outras entidades e do contacto com o professor Eilif Hjelseth, da NTNU, que na altura estava na Universidade de Oslo, na Noruega, e que actualmente trabalha na Universidade de Trondheim.

Digamos que vimos aqui uma oportunidade de trabalhar a economia circular, não do lado da reutilização dos materiais, mas do conhecimento, da informação e dos dados e de que forma é que esse conhecimento poderia alavancar práticas mais circulares. A nossa ideia é ter mais conhecimento sobre os materiais, seja os que estão em fim de vida, seja os que estão agora a iniciar a sua utilização, e perceber de que forma é que, através do conhecimento desta informação, conseguimos melhorar a economia circular.

De que forma é o projecto prevê transformar a informação através dos “data templates”?

Há muita pressão por parte da UE para que sejam adoptadas práticas mais ecológicas e a economia circular no sector da construção é uma parte dessas práticas. Por outro lado, existem as tendências da indústria 4.0 que se materializam na digitalização. Aquilo que fizemos no Growing Circle e uma vez que o objectivo era a sustentabilidade, ou seja, maiores práticas de economia circular, nos pegámos no sector da digitalização e dos dados e congregamos os dois para que produzissem sinergias e mais valias que pudesse acumular nos desideratos e os objectivos do sector da construção.

Como é que isso se faz?

Os “data templates” são estruturas, são esqueletos que podem ser interpretados por máquinas e, portanto, são interoperáveis e são verdadeiramente digitais. Basicamente o que se pretende é que através dessas estruturas de metadados se consiga caracterizar produtos de construção, que depois estabelecem uma ligação com softwares e com sistemas que me fazem uma análise de desempenho ambiental, uma análise de eficiência energética e outras. Por exemplo, no âmbito de um projecto de engenharia, quando faço uma análise para ter um certificado energético, tenho que dizer que tenho lá uma parede dupla. Na realidade, deixamos de ter esta inserção da informação, mas ela passa a estar ligada às características dos produtos. Portanto, a metodologia BIM, do lado da digitalização, permite-me fazer isso, ou seja, em vez de eu estar a fazer o modelo 3D e de estar a colocar a informação ‘à mão’, através dos “data templates”, eu consigo que exista uma comunicação entre o modelo tridimensional e o catálogo de produtos, que são os produtos que eu vou utilizar na construção.

Em que é que isto permite melhorar a economia circular?

Permite porque, além de fazer a análise da eficiência energética de uma forma mais rápida, consigo fazer outro tipo de análises, como por exemplo, a composição dos materiais, o potencial de reciclagem desses materiais logo no início. Ou seja, se eu escolher um cerâmico no final de vida esse produto vai para determinados usos ou até pode ser reutilizado. É esta ligação que quisemos estabelecer e estamos a estabelecer através dos “data templates”. Claro que o projecto, além de fazer esta ligação, tem uma componente que é fundamental, que é explicar isto às pessoas, explicar isto ao sector da construção.

A ideia é que quando se vai fazer o projecto em BIM, por exemplo, a informação dos materiais já esteja disponível e descarregada é isso?

É exactamente isso. Ou seja, hoje em dia quando estamos a iniciar um projecto temos que inserir as propriedades à mão dos produtos e as suas características. Do ponto de vista geométrico as aplicações já fazem isso porque ao desenhar eu já estou a ter as dimensões, mas depois há que caracterizar, ao nível do coeficiente de transmissibilidade térmica, da cor, entre outros. Há uma série de parâmetros que eu posso “arrumar” em vários sítios e descrever de várias formas, dependendo até da zona ou região do País. O facto de eu ter estes metadados interpretáveis por máquinas, organizados, permite-me fazer essa associação directa e sem qualquer perda de informação ou má interpretação dessa informação. Isto aplica-se na fase de projecto, mas também na fase de construção, se tiver que substituir alguma coisa, e até na fase de utilização da obra. Isto funciona como fonte de informação, algo que ainda não é comum em Portugal, mas que foi introduzido em Inglaterra depois do incêndio na Torre Grenfell, em Londres, em 2017 e que veio demonstrar a necessidade de existir aquilo a que os que os especialistas chamam de Golden Thread Information, que basicamente é assegurar que não se perde informação e que se consegue perceber ao longo do processo construtivo quando é que existe alterações de informação e como é que elas ocorreram e quem é o responsável.

Até agora que feedback é que tem sentido por parte das empresas em relação ao Growing Circle? Há uma maior preocupação em relação a estas matérias?

Há vários níveis de preocupações e de situações. Uma é que os agentes, independentemente de onde estão, e estou a falar de toda a fileira da construção, desde os produtos até a quem gere activos, todos têm a noção de que é preciso passar para a digitalização, por um lado, e implementar práticas mais circulares, por outro. Outra dificuldade tem a ver com outra componente tecnológica, que é facto de muitas vezes termos os sistemas em silos, ou seja, funcionam bem para um determinado tipo de obra, mas se tentamos generalizar não conseguimos. Mostrar também que tem que se optar por tecnologias que sejam abertas, interoperáveis e que permitam outra evolução. Ou melhor, outra escalabilidade. Depois há uma outra questão que é conhecimento, a formação e a disponibilidade para, digamos, de uma forma quase altruísta, abraçar estes desafios. Há agentes que já estão a perceber para onde é que isto vai e já estão a tomar decisões que têm que ser tomadas, há outros que ainda não. Não há milagres, isto é sempre um processo que obriga a dedicação, obriga a conhecimento e obriga a alteração de práticas.

A Growing Circle está a desenvolver um caso de estudo em conjunto com a Matosinhos Habit. No que é que consiste este processo?

Os produtos que iremos colocar nesse catálogo serão os que forem necessários à reabilitação de um conjunto habitacional que é da Matosinhos Habit. Portanto, a partir deste trabalho preliminar vamos fazer vários casos de estudo, com diferentes tipos de análises. Portanto, nós temos o catálogo de produtos e vamos carregar esse catálogo e depois vamos desenvolver uma serie de análises. Uma delas é perceber qual é a informação, outra é perceber quais são os “data templates” mais importantes do ponto de vista ambiental, do ponto de vista económico. Porque isso ajuda um dono de obra ou um projectista quando tem que escolher os materiais. Portanto, o que vamos fazer e de acordo com este documento e para cumprir com estes requisitos podemos fazer um edifício mais eficiente, mas isso vai ter um custo muito maior, e por isso o que vamos fazer através da melhor relação custo-preço atingir as metas de eficiência energética e de habitabilidade.

Por exemplo, se conseguirmos mudar o revestimento da cobertura, que representa 80% do valor do investimento, então se calhar é por aí que vamos começar a reabilitação. Se a cobertura tem esse ganho, ajuda-me a fazer as análises e eu consigo e ajuda-me a fazer só um “data template” porque é só um produto, eu vou então escolher esse produto, vou digitalizar esse produto e vou incorporar no meu projecto, em vez de estar a digitalizar um conjunto maior de produtos.

Neste caso, como é o dono de obra que está a fazer um processo de reabilitação e que depois vai gerir o edifício, é perceber de que forma é que ele consegue ficar com um maior conhecimento do edifício e para a longo prazo de essa informação para a própria gestão do seus activos. Por exemplo, saber quando é que é preciso fazer operações de manutenção ou substituição de materiais e saber que quando chegar a esse momento, aquele objecto ou produto que vai ser removido para onde é que pode ir e como é que é constituído. Isto é mais difícil nos edifícios, mas é mais fácil nas infraestruturas, nomeadamente nas ferrovias onde estão as ser feitas várias obras de reabilitação em várias linhas em todo o País. Nestes casos, os agregados podem ser reutilizados noutro sítio ou na própria obra, se for uma renovação de via. Da mesma forma é possível perceber em relação às travessas, em betão, em ferro ou madeira, que destino é que posso dar-lhes ou que reutilização é que podem ter. Este é um dos casos em que nós queremos demonstrar como uma infraestrutura pode ter elevadíssimos índices de reutilização ou de reciclagem.

Sendo este programa realizado com países do Norte da Europa, que normalmente são conhecimentos como sendo mais pioneiros neste tipo de práticas e de soluções no que diz respeito à construção e à sustentabilidade, em que medida é que Portugal pode aprender com estes países?

Eu diria que a principal diferença está no investimento nos sectores da construção dos diferentes países. Nós passamos por uma crise muito grande na construção e durante esse período este sector perdeu “gás” para inovar, enquanto outros países não. Por exemplo, países como a Noruega está muito mais organizada naquilo que diz respeito à digitalização e que está muito à frente de Portugal, até porque já têm um impulso e requisitos que o Governo coloca que nós cá não temos. Esse é um aspecto. Depois em termos de economia circular, como a Noruega está fora do perímetro europeu não recebe este empurrão que nós estamos a receber em termos de práticas de economia circular, embora sejam positivamente contaminados com esta influência, porque são um país periférico espaço europeu, mas têm uma presença dentro do espaço económico europeu que percebe que esta dinâmica é necessária.

De certa forma estes projectos são o olhar mais prático do lado mais teórico dos vectores….

As práticas de economia circular são como uma escadaria, ou seja, podemos galgar os degraus todos ou ir passo a passo e o nosso objectivo aqui é subir passo a passo de forma consistente e de forma que se perceba que há coisas muito simples que trazem um grande benefício. Não estamos aqui a entrar em disrupções, mas em evoluções que de forma muito simples permitem cumprir os objectivos. Depois estamos a tentar cumprir estes objectivos tendo como background uma das melhores universidades da Noruega, estamos sempre em contacto com os projectos que estão a decorrer a nível europeu que estão a trabalhar estas matérias. Temos estado, de certa forma, a acompanhar, dentro da Comissão Europeia, quais vão ser as políticas e já a tentar trazer essas directrizes e articulá-las e temos, também, estado a fazer alguma formação à própria CE no sentido de demonstrar que aquilo que têm sido os vectores da digitalização e da sustentabilidade têm que também estar consolidados e que os documentos que vêm emitidos têm que olhar para estas duas perspectivas.

Já conseguimos demonstrar que aquilo que é o vector da digitalização e o vector da sustentabilidade, sem prejuízo de poderem ser trabalhados de forma individual e em silo, que se cruzam e que são muito relevantes e que podem ajudar e muito na implementação de práticas mais circulares. Fizemos um trabalho científico que foi apresentado a algumas pessoas da CE e por isso a CE está também ela mais atenta que quando faz um documento que olha para a economia circular tem que conseguir colocar lá algumas coisas consistentes sobre digitalização.

Sobre o autorCidália Lopes

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APREN organiza evento dedicado às renováveis oceânicas
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APREN organiza evento dedicado às renováveis oceânicas

Além do “potencial estratégico” deste cluster, a conferência será pretexto, ainda, para debater as perspectivas de evolução legislativa, o plano de desenvolvimento e investimento da rede de transporte, a cadeia de valor, as áreas preferenciais, das infraestruturas eléctricas e portuárias de suporte à implementação desta estratégia e pelo modelo de leilão de capacidade

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A Associação de Energias Renováveis (APREN) organiza esta quarta-feira, dia 24 de Maio, no Museu do Oriente, em Lisboa um evento exclusivamente dedicado às energias renováveis oceânicas e no qual serão debatidos temas relacionados com o desenvolvimento das renováveis offshore em Portugal.

O ‘Oceanic Renewables Summit’ pretende abordar o “potencial estratégico” deste cluster, que constitui “uma oportunidade de desenvolvimento social e económico, que envolve as universidade e centros tecnológicos, a indústria, as empresas de construção de infraestruturas, as empresas de consultoria e engenharia, os portos e os estaleiros nacionais, e que alavancará a exportação, a criação de riqueza e de postos de trabalho”, afirma Pedro Amaral Jorge, presidente da Direcção da APREN.

A conferência será pretexto, ainda, para debater temas como as perspectivas de evolução legislativa, o plano de desenvolvimento e investimento da rede de transporte, a cadeia de valor, as áreas preferenciais, passando pelas infraestruturas eléctricas e portuárias de suporte à implementação desta estratégia e, claro, pelo modelo de leilão de capacidade.

“É consensual que as energias renováveis oceânicas assumirão um papel central na transição energética dos países e zonas costeiras, mas há ainda um longo caminho a percorrer”, considera, ainda, Pedro Amaral Jorge.

Portugal tem como meta atingir os 10 GW de eólica offshore até 2030. Apesar de se tratar de uma “meta ambiciosa”, como indicou em comunicado anterior o Primeiro-Ministro, António Costa, 2022 fechou com uma potência total renovável de mais de 16 GW, e 24 MW de offshore (através do Windfloat, projecto-piloto ao largo de Viana do Castelo), como a nível europeu, uma vez que os estados-membros têm o compromisso de chegar a uma potência offshore combinada de cerca de 111 GW até 2030.

Até Setembro deste ano está previsto, ainda, o lançamento do primeiro leilão de eólica offshore.

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Governo dos Açores assina contrato para ampliação do Aeródromo do Pico

A A1V2 – Engenharia Civil e Arquitectura ganhou o concurso público para a elaboração do estudo prévio para a ampliação do aeródromo da Ilha do Pico, nos Açores. O objectivo é o de acrescentar 700 metros à pista actual

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A assinatura formal do contrato foi feita há dias pela secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral. O estudo em questão tem um custo de 113.500 euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, e um prazo de execução de 150 dias.

“Este Governo sempre assumiu, de forma clara, o seu compromisso com a ampliação da pista do aeroporto do Pico e esta é mais uma prova do cumprimento da palavra dada”, garantiu Berta Cabral, Secretária Regional da tutela.
Notícia publicado no site do Governo Regional refere ainda que o caderno de encargos aponta para que seja feito um “estudo prévio da extensão da pista de modo a obter um comprimento de pista à descolagem (TORA) de 2.345 metros”, mais cerca de 700 metros do que a pista actual.

O objectivo da ampliação é “melhorar as condições operacionais, nomeadamente em contexto de condições meteorológicas adversas e diminuir os cancelamentos”, aumentando também a “capacidade comercial, com incremento da capacidade de carga e passageiros e do alcance das aeronaves com o peso máximo à descolagem”, refere o referido caderno de encargos.

“Este estudo permitirá saber que áreas de protecção de segurança serão imprescindíveis e onde será imperioso actuar, isto é, que escavações, demolições e ocupação de terrenos serão necessárias”, explicou Berta Cabral.
Os resultados deste primeiro trabalho serão utilizados posteriormente para efectuar um estudo de impacte patrimonial, que é uma peça-chave para, no processo de consulta junto da UNESCO, aferir que a ampliação da pista não tem impacto na classificação da Paisagem da Vinha e do Vinho.

“Este estudo deverá definir as condicionantes à operação bem como as soluções passíveis de aceitação por parte da Autoridade Aeronáutica, tendo em conta os condicionalismos existentes, e/ou propostas alternativas que se venham a verificar ser tecnicamente e/ou economicamente mais vantajosas, com vista a potencializar a operação, sem limitações, por parte de aeronaves do tipo A321 Neo, A320 Neo, A320 Ceo, B737-900, B737-800 e B737-700”, refere o caderno de encargos agora assinado.

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Grupo Impetus anuncia aquisição de 100% da Edaetech

Desde 2002 que o Grupo Impetus investe nesta empresa de engenharia, cuja aquisição da totalidade reforça a colaboração e evidencia a aposta do Grupo em sectores que vão além da indústria têxtil

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O Grupo Impetus acaba de anunciar a aquisição de 100% da Edaetech, empresa nacional de engenharia que combina três grandes áreas de competência: inovação, tecnologia e fabricação. O Grupo, que já detinha 40% do capital da empresa, reforçou agora a sua posição, adquirindo os restantes 60%.

Desde 2002, data da fundação da Edaetech, que o Grupo Impetus investe nesta empresa de engenharia. A aquisição da totalidade da estrutura accionista, reforça a colaboração e evidencia a aposta do Grupo em sectores que vão além da indústria têxtil.

Com sede em Esposende, a Edaetech dá agora início a um novo ciclo que terá como objectivo reforçar a sua posição no mercado e o compromisso global com todos os parceiros de negócio, beneficiando de uma estrutura accionista “forte, sólida e comprometida com o futuro”.

Criado em 1973, o Grupo passa agora a contar com mais de mil colaboradores e a ser constituído por mais de 10 empresas, de diversas áreas, sendo o core business o sector têxtil, mas também áreas como a imobiliária, seguros, farmacêutica e engenharia.

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Rodrigo Ferreira assume posição de Head of Environment da Quadrante

Neste novo desafio, Rodrigo Ferreira pretende “contribuir activamente para a criação e operacionalização de soluções ambientais que desenvolvam e valorizem os projectos de todos os clientes, respondendo aos desafios emergentes do mundo”

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A empresa  de consultoria em engenharia e arquitectura, Quadrante, anuncia a contratação de Rodrigo Ferreira para o cargo de head of Environment. Com mais de 23 anos de experiência nacional e internacional em consultoria ambiental, Rodrigo Ferreira assume a liderança da equipa de Ambiente, continuando a missão de desenvolvimento de estudos multidisciplinares de cariz sócio-ambiental e de sustentabilidade em vários sectores de actividade, nomeadamente, transportes, indústria, óleo & gás, tecnologia, energia e minas, quer em Portugal, quer no contexto internacional.

Rodrigo Ferreira é Engenheiro Biofísico, mestre em Conservação da Natureza e doutorado em Gestão e Conservação da Biodiversidade. Especialista em consultoria ambiental, tem-se focado no desenvolvimento de negócios, gestão de projectos e liderança técnica de equipas multidisciplinares.

Com um historial de participação em mais de 180 projectos e autor de variada produção científica, o seu trabalho centrou-se em projectos relacionados com Capital Projects Investment, ESG / Sustainable Finance, Sustentabilidade Corporativa, Gestão e Conservação da Biodiversidade, Eficiência de Recursos e Alterações Climáticas, Performance Operacional, Planeamento Territorial, Gestão de Resíduos e Análise de Risco, em Portugal, América Latina e na grande maioria de países africanos. Nos anos mais recentes, esteve envolvido em projectos de grande complexidade que necessitaram de financiamento internacional, desempenhando funções tanto do lado do proponente dos projectos, como dos agentes financiadores.

No passado, Rodrigo Ferreira viveu em Moçambique, África do Sul e Bélgica, tendo desempenhado funções em empresas de referência como Royal Haskkoning-DHV e ERM – Environmental Resources Management.

Neste novo desafio, pretende “contribuir activamente para a criação e operacionalização de soluções ambientais que desenvolvam e valorizem os projectos de todos os clientes, respondendo aos desafios emergentes do mundo”, declara o responsável.

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Obras na Estação de Mato Miranda adjudicadas ao Grupo Sacyr por 20M€

A empreitada, adjudicada à Sacyr Somague e a Sacyr Neopul, visa a adequação do layout da Estação de Mato Miranda, inserida no âmbito da modernização do troço da Linha do Norte entre Vale de Santarém e o Entroncamento

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A Sacyr Somague e a Sacyr Neopul, empresas portuguesas do Grupo Sacyr, deram início à adequação do layout da Estação de Mato Miranda. A empreitada, com um investimento de cerca de 20 milhões de euros, está inserida no âmbito da modernização do troço da Linha do Norte entre Vale de Santarém e o Entroncamento.

A empreitada de adequação do layout da Estação de Mato Miranda conta com um prazo de 540 dias. Os trabalhos estão inseridos no Programa Portugal 2020 e tem como objectivo eliminar os actuais constrangimentos de capacidade a nível da infraestrutura, que condicionam a carga máxima rebocada. A obra vai potenciar as condições de exploração ferroviária através da adaptação de estações de resguardo, de modo a permitir o cruzamento de comboios com comprimento até 750 metros.

Estão previstas intervenções em três sub-troços: Estação de Vale de Figueira, Estação de Mato Miranda e entre a Estação de Riachos e a Estação do Entroncamento. A obra prevê ainda a electrificação da Linha Mãe de Ramais, entre as estações do Entroncamento e a de Riachos (Torres Novas), a supressão de uma passagem de nível, a construção de um acesso superior pedonal, um desnivelamento superior rodoviário e a construção de uma passagem inferior agrícola, estando prevista também a implementação de um sistema de sinalização electrónica.

A empreitada agora adjudicada junta-se a outras oito empreitadas consignadas ao Grupo nos últimos cinco anos: a empreitada de beneficiação da Linha de Cintura em Lisboa e a empreitada de electrificação da Linha do Minho, já concluídas, a construção civil do sub-troço Alandroal (linha de leste na linha de Évora), na linha da Beira Alta o troço Santa Comba Dão-Mangualde, a modernização da Linha do Algarve – troço Faro – Vila Real de Santo António, a modernização da ligação ferroviária entre Sines e a linha do Sul, os trabalhos de reparação e conservação da Ponte 25 de abril e, ainda, a manutenção de catenária e via na Rede Ferroviária Nacional (Lote3, Sul).

“O Grupo Sacyr tem uma vasta experiência em trabalhos no sector ferroviário onde conta com o grande know how da empresa ferroviária portuguesa Sacyr Neopul. As nove empreitadas adjudicadas pelas Infraestruturas de Portugal à Sacyr Somague e à Sacyr Neopul nos últimos cinco anos são o reconhecimento e prova da nossa experiência e capacidade neste sector”, defente Marcos Rubio, administrador delegado do Grupo Sacyr em Portugal.

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IP conclui empreitada de reforço estrutural na Ponte Rainha D. Amélia

A intervenção, com um investimento de cerca de 1,7 M€ e com um prazo de execução de 270 dias, teve como objectivo reforçar as condições de integridade dos pilares da ponte e a protecção das suas fundações contra os efeitos da erosão provocada pela corrente do rio Tejo

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Já se encontram concluídos os trabalhos de reforço estrutural da Ponte Rainha D. Amélia, construída em 1903, que liga os concelhos do Cartaxo e Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém. Esta intervenção, com um investimento de cerca de 1,7 milhão de euros e com um prazo de execução de 270 dias, teve como objectivo reforçar as condições de integridade dos pilares da ponte e a protecção das suas fundações contra os efeitos da erosão provocada pela corrente do rio Tejo.

Esta ponte, outrora ao serviço do transito ferroviário, hoje permite a circulação de carros e peões entre concelhos. Actualmente, a Infraestruturas de Portugal (IP) detém a responsabilidade pela manutenção da infraestrutura da obra de arte.

Dada a proximidade entre os pilares da ponte Rainha D. Amélia e da ponte ferroviária na proximidade, a IP decidiu estudar soluções de protecção das fundações que abrangessem os pilares de ambas as pontes, de modo assegurar a segurança dos utilizadores da obra de arte.

Em termos de trabalhos, a empreitada consistiu, ainda, na limpeza das superfícies dos pilares e encontros; selagem das juntas entre pedras de alvenaria dos pilares e encontros, com o refechamento com uma argamassa à base de cal hidráulica natural e inertes; protecção da base dos pilares, através do encamisamento adicional da base dos pilares com recurso a cofragens metálicas e microbetão submerso e substituição dos aparelhos de apoio sobre o pilar P13 e encontro E2.

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Greenvolt vende projeto eólico na Polónia por 19M€

“Esta é uma operação extremamente relevante, no sentido em que conseguimos alcançar valores elevados por MWp para uma solução Behind The Meter“, refere João Manso Neto, salientando a vantagem desta solução que permite superar os constrangimentos associados à ligação de projetos de energias renováveis à rede elétrica

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A Greenvolt assinou um memorando de Entendimento com vista à alienação de um projeto de geração de energia eólica com uma capacidade de 8 MWp na Polónia, uma operação estimada em 19 milhões de euros.

Através da Greenvolt Power, foi celebrado um acordo de venda deste parque eólico localizado no noroeste do país, sendo que o acordo pressupõem um preço por MWp que ascende a 2,35 milhões de euros.

Este parque, cuja energia que vier a ser gerada será consumida diretamente pelo comprador (solução “Behind The Meter”, sem injecção na rede), deverá estar “Ready to Build” (RtB) durante o terceiro trimestre deste ano, alcançado o estado de “Commercial Operation Date” (COD) nos últimos meses de 2024.

“Esta é uma operação extremamente relevante, no sentido em que conseguimos alcançar valores elevados por MWp para uma solução Behind The Meter“, refere João Manso Neto, salientando a vantagem desta solução que permite superar os constrangimentos associados à ligação de projetos de energias renováveis à rede elétrica.

“Assistimos a um crescente apetite pelos projetos de energias renováveis que desenvolvemos e, posteriormente, vendemos, seguindo a estratégia de rotação de ativos com que nos comprometemos com os nossos stakeholders“, acrescenta o CEO do Grupo Greenvolt. Em 2023, a Greenvolt prevê a venda de pelo menos 200 MWp.

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Projecto Roboshot@FRC inova aplicação de betão em túneis

O projecto de I&D baptizado de Roboshot@FRC, representa um investimento de 2,4 milhões de euros é financiado pelo PT2020 / Compete 2020, e está já na fase final de execução

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Um consórcio português está a desenvolver uma nova geração de cabeça de projecção, suportada num braço robótico, capaz de aplicar vários tipos de betão reforçado com fibras (BRF) em túneis ferroviários respeitando, de forma automatizada, as exigências do projecto de estabilidade.

Em Março o 1º Workshop BIM/SIG, organizado pela Comissão Portuguesa de Geotecnia nos Transportes e Comissão Portuguesa de Túneis, focado nas infraestruturas lineares e geotécnicas apresentou as primeiras conclusões.
Este projecto está a ser desenvolvido em consórcio, liderado pela Leirimetal, e que conta com a participação da IP Infraestruturas de Portugal, EPOS, TECLIS, Universidade do Minho e Politécnico de Leiria, e compreende cinco áreas de actuação: o desenvolvimento de plataforma BIM no domínio dos túneis ferroviários; Optimização do BRF para a nova tecnologia de projecção; Modelos construtivos do BRF; Sistema de Gestão e controlo; Protótipo da cabeça de projecção.

O projecto está organizado em seis actividades técnicas, sendo a IP responsável pelo desenvolvimento da plataforma BIM para caracterização da rede de túneis ferroviários. O trabalho de modelação BIM, em diferentes níveis de detalhe, envolveu o levantamento topográfico dos 80 anos túneis da rede ferroviária portuguesa. “Os dados recolhidos permitem um conhecimento preciso do estado das estruturas dos túneis, os materiais constituintes e os danos existentes, sendo esta uma informação fundamental para a criação dos modelos computacionais que suportam as demais actividades do projecto”, explica notícia da IP.

O projecto irá culminar no desenvolvimento do sistema de gestão e controlo da cabeça de projecção do betão reforçado com fibras, que será testado num túnel da IP.

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A obra do século já arrancou em Lisboa

A construção dos Túneis de Drenagem de Lisboa já arrancou. A obra irá durar 1140 dias e, provavelmente, custar mais que os 132,9M€ inicialmente previstos, dadas as condicionantes que já se colocam nestes primeiros meses de arranque. Em jeito de comemoração de três décadas de Engenharia Civil na Instituição, a Universidade Lusófona convidou os seus autores a rever o plano e as obras em curso

O subsolo de Lisboa começará em breve a ser rasgado para a construção dos novos túneis de drenagem de Lisboa. Já muito se falou do plano elaborado pela equipa liderada por José Saldanha Matos, mas a Universidade Lusófona aproveitou a comemoração dos 30 anos da Engenharia Civil na instituição para revisitar o projecto que é a “solução” para as inundações que afectam a cidade, dando voz a quem melhor conhece e estuda o problema.

E muito antes de se chegar ao plano propriamente dito já a investigadora coordenadora do LNEC, Rafaela Matos, estudava e media a pluviosidade na cidade. “As inundações não devem ser nem uma fatalidade nem uma inevitabilidade em Lisboa porque há conhecimento” para as solucionar, sublinhou na sua apresentação a investigadora que durante as décadas de 80 e 90 realizou vários estudos nas zonas mais sensíveis a cheias, nomeadamente Alcântara e Baixa pombalina. Entre atribuir as culpas pelos episódios cada vez mais frequentes de cheias graves, como o que vivemos no final do ano passado e no início de 2023, às alterações climáticas ou aos sistemas existentes já desadequados face às actuais necessidades, Rafaela Matos sublinhou que “ambas” as situações são responsáveis, “mas há claramente um potencial de melhoria do sistema existente”, até porque já há décadas se sentem e se monitorizam fenómenos extremos.

O primeiro plano de drenagem de lisboa surgiu em 2008 e previa a construção de vários reservatórios espalhados por Lisboa. Mas a sua capacidade limitada, as dificuldades em edificá-los em locais com construções subterrâneas e na identificação de novos locais onde se pudessem construir novos, e maiores, reservatórios, levaram a mudanças no projecto.

Chegou-se então à solução apresentada por José Saldanha Matos que assenta na construção de “grandes colectores – os túneis – que pudessem proceder ao transvase de bacias de drenagem com excesso de caudais”. Uma solução “mais ambiciosa traduzindo-se numa maior capacidade de mitigação dos eventos pluviométricos, cuja tendência é aumentarem face às alterações climáticas” e que se prevê seja válida para os próximos 100 anos.
O PGDL assenta na construção de dois túneis subterrâneos. O maior com cinco quilómetros que ligará Monsanto a Santa Apolónia e, um segundo, com um quilómetro, que ligará Chelas ao Beato. O consórcio liderado pela Mota-Engil e o qual integra ainda a SPIE Batignolles Internacional já começou a obra do século em Lisboa que terá um custo, estimado, de 132,9M€. Estimado porque são muitas as condicionantes que se colocam ao pro

5+ 1+ 2 frentes de obras
O túnel Monsanto – Santa Apolónia, será o primeiro dos dois túneis a ser construído. A secção interna do Túnel terá 5,5 metros, semelhante ao túnel do metro, e será materializado através de uma tuneladora (ver caixa). Os cinco quilómetros traduzem-se em cinco frentes de obra: a entrada em Campolide, três poços em vértice – Avenida da Liberdade, Santa Marta e Almirante Reis – que fazem a ligação ao sistema existente e que depois transportam a água para dentro do túnel nestes que são os pontos mais críticos da cidade, e a saída em Santa Apolónia, em frente Museu Militar. Ali irá ser construída uma sexta frente de obra que compreende a construção de uma estação elevatória que irá conduzir as águas residuais da zona baixa da cidade até à estação de Alcântara, procedendo-se depois à requalificação urbana em Santa Apolónia.

Com a chegada a Santa Apolónia a tuneladora será desmontada 200 m antes da saída para o rio e levada para o Beato, o ponto de entrada do segundo Túnel, que irá depois sair em Chelas. Os 965 dias de construção impostos pelo contrato, aos quais acresce outros 365 dias para “manutenção”, já começaram a contar e neste momento, como avançou Alberto Pereira, director técnico da empreitada, já estão a decorrer os trabalhos de contenção periférica da bacia antipoluição que ficará localizada em Campolide a uma profundida de 20 metros e que tem as dimensões de um campo de futebol, e montagem dos estaleiros na Avenida da Liberdade, Santa Marta e Almirante Reis. Ainda para este mês de Março está previsto o transporte da tuneladora para o local. Mas só em Julho esta começará a escavar 24H/24H, o subsolo de Lisboa, avançando dez metros/dia.

Impactos à superfície e condicionantes da obra
O consórcio já elaborou o projecto de execução e a sua modelação em 3D está concluída. “É muito importante termos o auxílio desta tecnologia porque estamos a falar de uma obra em meio urbano com muitas condicionantes”, sublinhou Alberto Pereira. E são várias as dificuldades que se colocam a um projecto que atravessa todo o centro da cidade, fortemente urbanizado, e que cruza por três vezes com os túneis do Metro de Lisboa, sendo que numa delas ficará a escassos 50 centímetros de distância. “Esta é uma zona densamente edificada, passamos pelo por cima e por baixo do metro pelo menos em três zonas, na Avenida da Liberdade, na Almirante Reis e na saída em Santa Apolónia, onde vamos passar por cima do metro a uma distância de 50 centímetros”, explicou o director técnico da empreitada. A proximidade aos edifícios obrigou o consórcio a realizar “um levantamento do estado de conservação de todo o edificado ao longo dos dois túneis numa numa faixa de 30 metros para cada lado do eixo do túnel”, com implementação de um sistema de monitorização das zonas e estruturas mais sensíveis, que servirá também para calibrar a velocidade da própria tuneladora.

A geologia foi outra das condicionantes. O projecto obrigou a um estudo geológico e geotécnico realizado ao longo do percurso de ambos os túneis e que foi crucial também para a definição da tuneladora a adoptar.
Quem escava o solo em Lisboa já sabe que está sujeito a encontrar achados de outras eras. Nesta obra a arqueologia é uma condicionante que se tornou real já nesta fase inicial de escavação na entrada da obra em Campolide, onde foram encontrados vestígios que a DGPC considerou serem relevantes e estão actualmente a ser alvo de estudo. Outro ponto já identificado como crítico é a zona da Muralha Fernandina, já na zona baixa de Lisboa, e onde estão a ser realizados estudos para determinar a cota de fundação e que irá condicionar a passagem do túnel.
Já depois da assinatura do contrato a publicação do novo Regime Geral de Gestão de Resíduos, levou a adaptações ao plano inicial, com impacto no aumento dos custos do investimento.

À superfície a obra coloca também algumas condicionantes à mobilidade de pessoas e veículos só para a Avenida da Liberdade estão previstas 10 fases de condicionamentos de transito, duas fases para Santa Marta, outras duas fases para a Almirante Reis, onde as obras vão obrigar a reescrever o percurso do eléctrico na superfície. E depois junto da zona de “saída” do túnel onde haverá todo o redesenho da frente urbana, principalmente junto ao Museu Militar. A opção do consórcio foi a de construir os últimos metros do túnel em troço NATM, uma vez que não “há recobrimento suficiente para a tuneladora” e também para “evitar o excesso de deformação dos edifícios”.

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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Os meios de transporte não motorizados (pedestres e ciclistas) representam a maioria dos utilizadores de estradas nos centros urbanos do Burundi e são de extrema importância para a população, quer pelo acesso a serviços sociais, quer pela vertente ecológica e energeticamente eficiente para percorrer curtas distâncias. Contudo, apesar da sua grande presença nas estradas, há uma insuficiente integração destes elementos na concepção de projectos rodoviários e os seus desafios de mobilidade não são abordados em termos de acesso, conforto e segurança.

Perante este cenário, o Governo do Burundi aposta assim na criação de uma estratégia nacional para o desenvolvimento de vias acessíveis a transportes não motorizados, a qual não só criará interfaces entre os diversos meios de transporte (não motorizado, público e individual) para melhorar a eficiência da mobilidade urbana, como beneficiará a gestão de emissões de veículos poluentes para enfrentar eficazmente a problemática das mudanças climáticas.

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