“A palavra-chave da transformação digital é colaboração”
A Vortal, plataforma de eSourcing e eProcurement, lançou o seu novo market place para a Construção. O VBuild é, simultaneamente, uma consequência e um estímulo à maior digitalização do sector. Um processo de transformação que em Portugal está, aos poucos, a ganhar ritmo
Manuela Sousa Guerreiro
Quintela e Penalva | Knight Frank vende 100% das unidades do novo D’Avila
Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’
Reabilitação Urbana abranda ritmo de crescimento
EDIH DIGITAL Built com apresentação pública
Porto: Infraestruturas desportivas com investimento superior a 17 M€
Mapei leva nova gama de produtos à Tektónica
Passivhaus Portugal com programa extenso na Tektónica
OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”
2024 será um ano de expansão para a Hipoges
Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa
A pretexto do lançamento do seu novo mercado electrónico totalmente dedicado à construção, a Vortal aproveitou para juntar representantes da construção, dos fornecedores e reguladores para discutir os desafios e oportunidades gerados por esta “Nova Era na Construção”.
O sector não está alheio à urgência da digitalização, da normalização e da sustentabilidade, mas passar das palavras aos actos está a revelar-se mais complicado, ainda que a pressão da actual conjuntura sirva, de certo modo, para acelerar a revolução do sector. Um sector que não obstante a pandemia e as incertezas tem crescido. “Não há dúvidas que o mercado está activo e o número de licenças atribuídas no primeiro trimestre de 2022 veio confirmar essa realidade. Neste momento o número de players no mercado supera os que havia antes da pandemia. Em 2016 tínhamos cerca de 50 mil empreiteiros e hoje temos mais de 80 mil”, avançou Fernando Baptista, presidente do IMPIC – Instituto dos Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção.
Mas apesar do número crescente de players, o sector não tem conseguido responder a questões cruciais para o seu desenvolvimento e transformação, desde logo na resposta à exigência de maior Sustentabilidade. Ainda que a legislação já exija a incorporação de materiais reciclados na construção a proporção de empresas que o fazem ainda é pequena e isso, uma vez mais, encalha no problema da digitalização. “Apesar dos cadernos de encargos já exigirem a inclusão de 10% de materiais reciclados é muito difícil certificar esses materiais. Mesmo quando existe objectivamente a utilização de materiais reciclados, as empresas não têm os sistemas que permitem emitir os certificados”, referiu Ricardo Gomes, vice-presidente da AICCOPN e presidente da AECOPS. “Talvez seja uma questão cultural, mas nunca olhamos para as leis e regulamentos prospectivamente, mas sim reactivamente. Invariavelmente, fazemos e cumprimos porque uma legislação assim o obriga quando devíamos estar a fazer mais cedo para que fosse um instrumento indutor e um incentivo à mudança nas empresas. Estes processes geram depois problemas de aceitação e transparência”, sublinhou Ricardo Gomes.
Este é um aspecto tanto mais importante quando abordamos o tema da sustentabilidade e a sua integração nos processos de procurement. E este é um tema sensível para toda a fileira da indústria dos materiais de construção. “Ao nível da construção a regulamentação está a ser o de facto o grande driver mas é preciso garantir condições e haver uma procura que se preocupe com a sustentabilidade” sublinhou José de Matos, secretário-geral da APCMC.
“Actualmente, muitos produtos já têm uma incorporação importante de materiais reciclados. A própria indústria foi impulsionada quer pela própria carência de matérias-primas, que é ainda um problema actual, quer porque a incorporação dessas matérias acaba por ser favorável à criação de novos produtos. Mas é preciso criar ainda um sistema onde isto funcione onde os resíduos estejam devidamente caracterizados e se conheça o seu percurso e tudo isto tem que estar, por sua vez, incorporado num sistema de informação interoperável”, explicou José de Matos. Mas este ´não é, afinal, um problema exclusivo dos produtos sustentáveis, mas um problema geral da indústria. O desconhecimento das especificações de produtos pode ser um entrave à sua contratação. Nos últimos dois anos a APCMC tem implementado o projecto “Speed Up – Materiais de Construção 4.0”, que visa a construção de uma plataforma digital, a APCMC Datacheck, que reúne as classificações e informações dos materiais de construção. Esta plataforma está pronta e será apresentada no próximo dia 31 de Maio. “A informação será directamente carregada e actualizada pelos fornecedores, num formato estandardizado, e que estará disponível para clientes e comerciantes desses produtos”, anunciou José de Matos.
ISO 19650: pôr um sector a falar a mesma língua
A utilização da tecnologia Building Information Modeling, BIM, acelerou a digitalização do sector da Construção, mas urge fazer da sua utilização a regra e mais ainda colocar o sector a falar “a mesma língua” e é aqui que a par da digitalização surge a normalização. Duas palavras que terão que entrar no léxico, e nas práticas, do sector o quanto antes ou este arrisca-se a perder competitividade nos mercados externos onde os critérios de contratação, pelo menos de obras públicas, já exigem a sua adopção. “O sector em Portugal não está muito atento à normalização ou não olha a normalização como uma coisa boa, mas no contexto de digitalização a existência de protocolos de informação garante a interoperabilidade da mesma e ajuda os fornecedores e todos os intervenientes a falar a mesma língua”, sublinhou António Aguiar Costa, director de inovação do Built CoLAB /PTPC. O especialista integra a comissão técnica de normalização que está a traduzir para o contexto do país a norma internacional ISO 19650 que gere informações ao longo de todo o ciclo de vida de um activo construído através do BIM. Um processo que deverá estar concluído em 2023.
Para perceber o problema da digitalização do sector é fundamental perceber “as diferentes realidades dentro do próprio sector, perceber o nosso imobilismo perante coisas que já não deveriam existir como por exemplo regulamentos urbanísticos e técnicos que impõem regras de licenciamento obsoletas e desadequadas e há muitos outros aspectos que deveríamos pensar e fazer de forma articulada para serem instrumentos de dinâmica de um processo de digitalização que tem uma palavra básica que, infelizmente, é contrária à nossa forma de ver as coisas que é a lógica colaborativa”, contrapôs Ricardo Gomes. “A palavra-chave da transformação digital é colaboração e a nossa filosofia de contratação é separação”, sublinhou o representante dos construtores.
O VBuilt da Vortal
É na aposta da digitalização do sector que assenta o novo market place da Vortal. O VBuild assenta em quatro pilares essenciais que permitem fazer face às dificuldades da realidade actual: uma rede alargada de fornecedores, qualificação dos mesmos, inteligência de mercado para conhecimento profundo da paisagem competitiva e a identificação de projectos em fase inicial, particularmente útil para os vendedores.
“Através da plataforma VBuild, 90% dos contratos são adjudicados a novos fornecedores, permitindo cobrir possíveis carências do mercado através do acesso a propostas mais competitivas e aos vendedores mais indicados para um determinado projecto. Por outro lado, os vendedores aumentam as suas oportunidades de potenciar os seus negócios”, assegura a plataforma.
Por ser totalmente dedicado ao sector, o VBuild permite a construção de uma rede alargada de fornecedores qualificados em diversas categorias. Por ser um processo de compra totalmente digitalizado, resulta ainda em poupanças significativas para as empresas – em média poupam 22% por ano –, redução do risco e gestão de todo o processo de forma eficiente, transparente, inovadora e sustentável.
“O VBuild permite às empresas melhorar o seu desempenho, diminuir os riscos e inovar nos seus processos e organizações. Compradores e fornecedores têm agora à sua disposição uma plataforma inteligente com oportunidades de negócio e de acesso simples e fácil”, afirmou Miguel Sobral, CEO da Vortal.