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    Arquitectura

    “Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical”

    Arquitecta, investigadora e docente, Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millenium bcp, da edição de 2022. Segundo a organização, a sua prática ao longo das últimas três décadas a partir natural do Bangladesh, de onde é natural, “é um exemplo inspirador de como o trabalho em arquitectura com comunidades locais pode ter repercussões em todo o Planeta” indo, por isso, ao encontro dos valores propostos de Terra

    Cidália Lopes
    Arquitectura

    “Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical”

    Arquitecta, investigadora e docente, Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millenium bcp, da edição de 2022. Segundo a organização, a sua prática ao longo das últimas três décadas a partir natural do Bangladesh, de onde é natural, “é um exemplo inspirador de como o trabalho em arquitectura com comunidades locais pode ter repercussões em todo o Planeta” indo, por isso, ao encontro dos valores propostos de Terra

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    NBS traz a Portugal o arquitecto paisagista Kongjian Yu
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    Em entrevista à Traço, a Marina Tabassum aponta o importante papel da selecção de materiais e estratégias ambientais na definição do tecido do edifício como forma de minimizar os efeitos das alterações climáticas e acredita que a abordagem precisa “ser radical”. Da mesma forma, considera que a arquitectura deve assumir “um papel de agente de mudança” no que diz respeito ao trabalho junto de comunidades locais mais desfavorecidas. Uma prática que deve sobrepor-se “a um mercado orientado para o lucro”. O caminho já começou e, com este prémio, Tabassum pretende estimular, ainda mais, discussões sobre o papel da arquitectura na mudança de pensamentos e valores.

    Qual é a importância desta distinção?

    Os reconhecimentos são importantes, pois trazem para o foco questões e buscas que são relevantes para o nosso tempo e contexto. Estamos a viver um momento muito interessante de mudança de paradigmas. Espero que distinções como esta da Trienal de Lisboa estimulem discussões sobre o papel que a arquitectura pode ter na adaptação da paisagem à mudança dos nossos pensamentos e valores.

    Qual a importância do papel da arquitectura como veículo/ferramenta social?

    A indústria da construção civil, da qual nós arquitectos somos parte integrante, é um dos maiores contribuintes da crise climática, aumentando o stock de resíduos e o acesso desigual a um ambiente de vida de qualidade.

    Se considerarmos o contexto actual do nosso tempo em que o ambiente natural habitável está ameaçado pelo excesso de extracção da matéria-prima e produção com o foco único no crescimento económico, isso criou uma enorme disparidade nas condições de vida tanto no contexto urbano quanto no rural. Quão responsável será nossa profissão se o continuarmos a negligenciar? A arquitectura, os arquitectos e toda a indústria da construção têm responsabilidade para com uma sociedade equitativa. Como profissão criativa temos a capacidade de reimaginar e reinventar formas de usar a arquitectura como ferramenta social.

    Bait-Ur-Rouf-Mosque_©-Sandro-Di-Carlo-Darsa

    A urgência de cuidar da ‘Terra’ leva a uma mudança radical na forma como a arquitectura é projectada e feita. Quais são as principais mudanças que já se fazem sentir?

    A Terra pode curar-se sem intervenção humana, se reduzirmos as nossas actividades antropogénicas. Cuidar da Terra é, na verdade, cuidar do nosso ambiente habitável. Testemunhámos durante a pandemia, quando entrámos em confinamento, como a natureza se cura quando as actividades humanas são reduzidas. Precisamos restaurar o ecossistema, limpar o ar e a água, reduzir os resíduos antropogénicos não apenas para a Terra, mas para a nossa própria existência.

    Porque é que construímos edifícios revestidos de vidro em regiões de climas quentes, onde a temperatura pode chegar a 55°C. Deveria ser crime desperdiçar energia na refrigeração destes edifícios.

    Em vez de construir novos, precisamos nos concentrar no ambiente construído que criamos e trabalhar em estratégias de adaptação que sejam amigáveis ​​ao meio ambiente, fazendo uso dos recursos naturais como luz do dia, vento, sombra-sombra respondendo aos contextos e reduzindo nossa dependência sobre combustível fóssil. Precisamos abordar a vegetação e a segurança alimentar, que por si só pode actuar como acção restauradora.

    Como prevê que sejam os próximos anos em termos de como o planeta enfrentará a crise climática? E que acções devem ser tomadas a nível global para que a profissão de arquitecta desempenhe um papel cada vez mais activo?

    Em Bangladesh, já estamos a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Os padrões climáticos imprevisíveis estão a perturbar a ecologia agrícola. A subida do nível do mar, induzida pela crise climática aumentou as inundações, a erosão das margens dos rios e afectou também a biodiversidade das zonas costeiras. Um grande número de pessoas tornou-se ‘migrantes climáticos’.

    Condições climáticas extremas na forma de secas, inundações, furacões, deslizamentos de terra, incêndios florestais estão a acontecer de forma global e a afectar um grande número de pessoas. Estes fenómenos vão aumentar nos próximos anos.

    Acho que a abordagem para mitigar a crise climática precisa ser radical. A arquitectura precisa de se concentrar apenas em edifícios e construções essenciais. Pelo menos durante uma década, a arquitectura devia focar-se na recuperação do desequilíbrio ambiental. Construir para os desfavorecidos e para as vítimas mais vulneráveis às alterações climáticas é mais importante do que construir apartamentos e escritórios de luxo. Mas um mercado orientado para o lucro não se concentrará em abrigar esta população. Neste sentido, os arquitectos podem assumir o papel de agentes de mudança.

    Mas a nível global, não deve ser difícil reduzir a extracção, a superprodução de edifícios e materiais de construção. Podemos reduzir as longas cadeias de fornecimentos adquirindo materiais localmente, com o foco em pesquisas colaborativas sobre como transformar em materiais de construção utilizáveis os resíduos. Cada edifício deve ser resiliente ao clima e optimizar o uso de energia e isso pode ser exigido por lei. A reutilização adaptativa deve ser incentivada em vez da substituição completa dos edifícios existentes.

    Museum-of-Independence-and-Independent-Monument_©-Sandro-Di-Carlo-Dars

    A forma de fazer arquitectura difere do contexto, do país, das condições socioeconómicas. O que podemos aprender com o que está a ser feito em Bangladesh e nos países vizinhos?

    Nem tudo que está sendo feito em Bangladesh e na região são exemplares que podem ser replicados. Mas há muitos arquitectos e escritórios de arquitectura que abordam a profissão com mais responsabilidade do que os outros. Grande parte de nossa arquitectura pretende ser ‘climate responsive’ e ao contexto e são menos dependentes de meios artificiais de controle climático. Também procuramos que os materiais utilizados sejam, normalmente, provenientes do país. Além disso, recorremos à força de trabalho local para trabalhar no sector da construção. Isso gera economia local.

    Temos comunidades de jovens arquitectos que não seguem a forma convencional da prática, mas com foco no trabalho com comunidades menos privilegiadas através de processos participativos de design e construção. Mesmo quando não há clientes ou financiamento, os arquitectos estão a criar projectos e a envolver pessoas para construir os seus próprios ambientes de vida. São novas formas de práticas que se estão a mostrar muito impactantes para as comunidades de baixos rendimentos.

    Quais os projectos que destacaria e porquê?

    É difícil destacar projectos, pois cada um é diferente devido ao seu contexto, programa e narrativa. A mesquita Bait ur Rouf é o primeiro projecto que chamou a atenção para a nossa prática. É um projecto único onde todas as minhas preocupações arquitetónicas se manifestaram através do design.

    Os projectos nos campos de refugiados são únicos pelo contexto e narrativa difíceis e também pelas restrições impostas à construção que nos obriga a procurar formas inovadoras de construção. Os projectos são o resultado do envolvimento da comunidade no design e na sua própria construção.

    Por exemplo, a unidade de habitação modular móvel Khudi Bari é a nossa resposta à preparação climática para as comunidades marginalizadas de Bangladesh. Este é, também, um projecto único que ajudou a salvar as vítimas das cheias, incluindo os seus vizinhos na recente enchente de 2022.

    BIO

    Marina Tabassum

    Arquitecta e investigadora e docente natural do Bangladesh, Marina Tabassum fundou a Marina Tabassum Architects, com sede em Dhaka, em 2005, depois de 10 anos como sócia e cofundadora do URBANA, também em Dhaka. No seu trabalho, que vai do institucional ao multi-residencial e ao cultural, Marina Tabassum procura “estabelecer uma linguagem de arquitectura que seja contemporânea, mas reflexivamente enraizada no lugar”.

    Marina Tabassum é directora académico do Bengal Institute for Architecture, Landscapes and Settlements, uma plataforma intelectual para aqueles que estão empenhados a imaginar e moldar futuros ambientais na região. Leccionou na Harvard University Graduate School of Design, Technical University, Delft, University of Texas at Arlington e BRAC University, tendo sido, também, agraciada com um doutoramento honorário da Universidade Técnica de Munique.

    A sua contribuição no campo da arquitectura rendeu-lhe honras e elogios, incluindo Prémios Aga Khan para Arquitectura, o Prémio Memorial Arnold W. Brunner, da Academia Americana de Artes e Letras, a Medalha de Ouro da Academia Francesa de Arquitectura, a Medalha Soane de Sir John Soane Museum e o Prémio Jameel do Victoria and Albert Museum.

    Marina Tabassum está, igualmente, envolvida na organização de comércio justo Prokritee como membro do Conselho, capacitando mulheres de Bangladesh através da exportação de objectos artesanais. Iniciou, também, projectos de habitação de baixo custo em cidades ao redor de eco-resorts actualmente em construção no sul de Bangladesh e criou a FACE, com o objectivo de procurar soluções de vida resilientes ao clima para as vítimas vulneráveis ​​às mudanças climáticas.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    NBS traz a Portugal o arquitecto paisagista Kongjian Yu
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    NBS traz a Portugal o arquitecto paisagista Kongjian Yu

    O arquitecto paisagista Kongjian Yu é presença confirmado do NBS Summit Urban Edition, o evento organizado Associação Nacional de Coberturas Verdes (ANCV) e que irá decorrer entre 23 e 24 de Maio

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    Doutorado pela Harvard GSD (1995), decano da College of Architecture and Landscape Architecture Peking University e fundador da Turenscape, um dos mais proeminentes estúdios de arquitectura paisagista da China com mais de 500 colaboradores, Yu tornou-se numa das mais importantes e visionárias figuras da transformação urbana das cidades contemporâneas. A par da sua vasta prática projectual que procura integrar soluções conjuntas entre elementos tradicionais e contemporâneos chineses, Yu é igualmente reconhecido por ter desenvolvido o conceito de design ecológico Sponge City.

    Yu é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho inovador na criação de espaços urbanos que harmonizam de forma única a natureza e a função humana nomeadamente pelo conceito Sponge Cities que visa enfrentar os desafios de inundações urbanas e escassez de água por meio de infraestruturas naturais e sustentáveis.

    As suas investigações sobre Ecological Security Patterns (1995) e Ecological Infrastructure, Negative Planning and Sponge Cities (2003) foram adotadas pelo Governo Chinês (2013) como directrizes para as campanhas de protecção e restauração ecológica. Tendo ajudado na transição das políticas ecológicas chinesas a nível nacional e tendo sido implementadas em mais de 200 cidades. Esta passagem de um urbanismo centrado no desenvolvimento económico para um urbanismo ecologicamente prudente deveu-se às mais de 600 palestras que Yu dirigiu a ministros, presidentes de câmara, e técnicos, assim como às numerosas cartas dirigidas aos principais dirigentes chineses.

    O conceito de Sponge Cities centra-se na problemática das inundações urbanas aceleradas pelas alterações climáticas, introduzindo zonas infra-estruturais em grande escala, como zonas húmidas construídas, vias verdes, parques, coberturas ajardinadas, entre outras, que actuem como dispositivos “esponja”, retendo a água em vez de drená-la. Através desta metodologia de Yu, é expectável que até 2030, 80% das cidades onde a estratégia foi implementada, sejam capazes de absorver 70% da sua precipitação.

    Ao longo de sua carreira, Kongjian Yu tem sido um defensor incansável das soluções baseadas na natureza, acreditando firmemente no poder transformador que têm para criar cidades mais sustentáveis, resilientes e habitáveis.

    Com o apoio do Município do Porto através da Águas e Energia do Porto, o evento decorre de 23 e 24 de Maio na Super Bock Arena, reunindo líderes, especialistas, investigadores e profissionais comprometidos com o avanço das Soluções Baseadas na Natureza (NBS) e do desenvolvimento urbano sustentável.

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    “Arquitecturas provocadas pela transição” dão o mote à 13ª edição da Open House

    Na sua 13.ª edição, a Open House Lisboa pretende ajudar a compreender a complexidade das mudanças em curso na cidade, explorando as continuidades e as rupturas que misturam formas, materiais, métodos, funções e vivências

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    Olhando para a transição como o processo que enquadra a mudança, qual o impacto que provoca na arquitectura, quando esta se expressa através de renovações, que abarcam diversas funções e valorizam a versatilidade e o hibridismo espacial? Esta é a questão que o Open House Lisboa levanta na sua 13.ª edição e que pretende ajudar a compreender a complexidade das mudanças em curso na cidade, explorando as continuidades e as rupturas que misturam formas, materiais, métodos, funções e vivências.

    Com data marcada para o fim-de-semana de 11 e 12 de Maio, a iniciativa, que inclui um programa de visitas e passeios, desvenda os primeiros espaços já confirmadas para a edição deste ano. São eles o campus do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil que ocupa uma área de 22 hectares, classificado Monumento de Interesse Público, a Capela de Santo Amaro. Desenhada pelo autor do claustro do Convento de Cristo em Tomar, é uma obra renascentista classificada Monumento Nacional, o palacete do século XVIII Santa Clara 1728 reconvertido em hotel pelo arquitecto Manuel Aires Mateus, o Palácio Sinel de Cordes, um espaço que já foi casa, embaixada e escola, passando agora a sediar um pólo cultural dedicado à arquitectura, uma livraria e uma cafetaria vegana com um projecto de reabilitação do atelier FSSMGN Arquitectos, o Centro Ismaili. Situado nas Laranjeiras, é um templo religioso de arquitectura imponente e jardins sumptuosos, da autoria de Frederico Valsassina Arquitectos e Raj Rewal Associates, o Teatro Thalia transformado num espaço multiuso, é reconhecível pelo seu corpo massivo de betão pigmentado de terracota da autoria de Gonçalo Byrne e Barbas Lopes Arquitectos e o antigo Hotel Vitória, actual sede do Partido Comunista Português, é um edifício da autoria do arquitecto Cassiano Branco que conjuga a solidez sóbria do Modernismo com o Art Deco. A lista, conhecida até agora, conta para já com duas novidades: a Galeria Avenida da Índia — Galerias Municipais, um amplo espaço de carácter industrial que foi recuperado em 2015 pela EGEAC para acolher uma programação de artes visuais e, o “ambicioso” Plano de Drenagem de Lisboa, que inclui uma visita à escavação do primeiro túnel que liga Monsanto-Santa Apolónia, preparando a cidade para os desafios futuros e das alterações climáticas

    Habitações criadas de raiz para outro fim; edifícios obsoletos com múltiplos destinos possíveis; novos conjuntos habitacionais construídos em vazios urbanos centrais; edifícios e equipamentos públicos reabilitados para novas actividades; ou ainda conventos, mosteiros e palácios que, ao longo da sua existência, tiveram inúmeras utilizações, mostrando a sua plasticidade funcional e a sua adaptabilidade às necessidades, mais ou menos espontâneas, do tempo são alguns dos géneros de espaços a visitar.

    Entretanto, encontra aberta a ‘chamada’ ao voluntariado, que está aberta até 20 de Abril e que integra um programa de intercâmbio europeu que dá oportunidade a quem participa nesta 13.ª edição de viajar até Bilbao (5 e 6/10), Barcelona (26-27/10), Tessalónica (por anunciar) e conhecer outras formas de fazer cidade.

    A rede de cidades do Open House Worldwide continua a crescer, passando em 2024 a incluir mais cinco cidades: Miami, Berna, Murcia, Hong Kong e Zaragoza.

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    Francisco Lobo e Romea Muryń

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    Locument escolhido para curadoria da 11ª edição do Arquiteturas Film Festival

    Francisco Lobo e Romea Muryń são os rostos do estúdio de pesquisa, sediado no Porto, que combina cinema, arquitectura e investigação urbana. O AFF acontece entre os dia 27 a 30 de Junho

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    O estúdio de pesquisa, sediado no Porto, que combina cinema, arquitectura e investigação urbana, Locument são os curadores convidados para a 11ª edição do Arquiteturas Film Festival (AFF). Com o tema “Aprender a Desaprender” e através de um programa de filmes, debates, instalações e passeios, o AFF irá reflectir sobre questões prementes como a justiça social, a crise ecológica e a descolonização, que acontece de 27 a 30 de Junho, no Porto. 

    Partindo de cenários contemporâneos, o colectivo viaja para locais únicos para desenvolver os temas da sua pesquisa. “Mergulhando nas histórias que reflectem problemas com ressonância global, o seu trabalho centra-se na recriação de enredos complexos escondidos sob a superfície do espectro visível”, destaca a organização do AFF.

    Fundado em 2015 por Francisco Lobo e Romea Muryń, os trabalhos dos Locument foram exibidos internacionalmente em exposições e festivais de cinema como a 15ª Exposição Internacional de Arquitectura – La Biennale di Venezia, em Itália; a 25ª Bienal de Design Ljubljana, na Eslovénia; Arquitecturas Film Festival, em Portugal; Archstoyanie Festival Festival no Nikola-Lenivets Art Park, na Rússia; In-Between Conditions Media Art Festival Tbilisi, na Geórgia; Commiserate Chicago Media Art Festival, nos EUA e no Architecture Film Festival, em Roterdão, entre outras colaborações.

    A par da curadoria, são também já conhecidos os realizadores convidados para a edição de 2024 do AFF. Focando o seu interesse sobretudo no modo como o ambiente construído molda e influencia a vida quotidiana, Ila Bêka e Louise Lemoine têm desenvolvido uma abordagem única e pessoal, que pode ser definida, seguindo o autor francês Georges Perec, como uma “antropologia do ordinário”. Apresentados pelo The New York Times como “figuras de culto do meio arquitectónico europeu”, o trabalho de Bêka & Lemoine tem sido amplamente aclamado como “uma nova forma de crítica” que “mudou drasticamente o modo como vemos a arquitectura”.

    O Arquiteturas Film Festival é organizado pelo Instituto e dirigido pelo arquitecto Paulo Moreira. Fundado em 2018, o Instituto é uma plataforma sediada no Porto para discutir e divulgar a arquitectura e as suas intersecções com as artes visuais e espaciais, o pensamento crítico e as colaborações interdisciplinares.

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    Crédito: Tom Welsh // Pritzker

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    Riken Yamamoto, o arquitecto que define ‘comunidades’, vence o Pritzker de 2024

    “Pela forte e consistente qualidade dos seus edifícios, ele visa dignificar, melhorar e enriquecer as vidas dos indivíduos – desde crianças até idosos – e as suas conexões sociais”, afirmou ainda o júri. “Para ele, um edifício tem uma função pública mesmo quando é privado.”, acrescenta a nota do júri que reconhece, pela nona vez, a arquitectura japonesa

    Ricardo Batista

    Está encontrado o nome do vencedor do Prémio Pritzker de 2024. A distinção deste ano de um dos mais prestigiados galardões da área da arquitectura vai ser entregue ao japonês Riken Yamamoto, arquitecto “que promove o sentido de comunidade” e que, segundo o júri, consegue produzir arquitectura tanto como pano de fundo quanto como primeiro plano para a vida quotidiana, confundindo as fronteiras entre as suas dimensões públicas e privadas, e multiplicando oportunidades para as pessoas se encontrarem espontaneamente por entre estratégias de design precisas e racionais”.

    Yamamoto torna-se assim o nono arquitecto japonês a vencer esta distinção, o que coloca o Japão como a nação com maior número de galardoados, superando assim os Estados Unidos. Para Alejandro Aravena, presidente do júri e vencedor do troféu em 2016, “uma das coisas de que mais precisamos no futuro das cidades é criar condições através da arquitectura que multipliquem as oportunidades para as pessoas se reunirem e interagirem. Ao esbatermos cuidadosamente a fronteira entre público e privado, Yamamoto contribui de forma positiva para além do objetivo, permitindo a formação de comunidade”, pode ler-se na nota justificativa da escolha de Yamamoto. “Pela forte e consistente qualidade dos seus edifícios, ele visa dignificar, melhorar e enriquecer as vidas dos indivíduos – desde crianças até idosos – e as suas conexões sociais”, afirmou ainda o júri. “Para ele, um edifício tem uma função pública mesmo quando é privado.”, acrescenta a mesma nota.

    Em declarações à Fundação Pritzker a partir de Yokohama, onde está sediado, Yamamoto afirmou que se sentia orgulhoso e “surpreendido” por ganhar o prémio, visto como o Nobel da arquitetura, nesta fase da sua carreira. “Em breve farei 79 anos”, disse. “Este prémio é um momento importante para mim. No futuro próximo, penso que muitas pessoas me ouvirão muito atentamente. Talvez eu possa expressar a minha opinião mais facilmente do que antes.” O arquiteto explicou que a sua arte não é apenas desenhar edifícios, mas desenhar no contexto dos seus arredores e, esperançosamente, impactar também esses arredores.

    Um dos exemplos mais paradigmáticos da linguagem arquitectónica de Yamamoto é o quartel da corporação de Bombeiros de Hiroshima Nishi, projetado em 2000, com uma fachada, paredes interiores e pisos feitos de vidro. O edifício convida o público a experienciar as actividades diárias dos bombeiros, algo que raramente se vê. O resultado encoraja os transeuntes “a observar e interagir com aqueles que protegem a comunidade, resultando num compromisso recíproco entre os funcionários públicos e os cidadãos que servem”, afirmaram os organizadores. Normalmente, explicou Yamamoto, uma estação de bombeiros seria construída em betão. Ele tinha uma perspectiva diferente, que apresentou num concurso com outros arquitetos.

    “Propus uma ideia muito radical,” disse Yamamoto. “A ideia era que a estação de bombeiros deveria ser o centro da comunidade. Não apenas o seu trabalho de combate a incêndios, mas a sua vida diária deveria ser o centro, porque eles vivem no local e durante 24 horas têm atividades.” Ele descreveu os bombeiros a treinar com cordas e escadas num átrio central visível do exterior.

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Arquitecto chileno Iván Bravo em conferência no Porto

    Sob o título ‘Obra/Obra’, Iván Bravo, marca presença em mais um ciclo de conferências ‘Matéria: conferências brancas [Matter: the white conferences]’, que terá lugar esta quinta-feira, dia 7 de Março, às 18h30, no Auditório Fernando Távora da FAUP

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    O arquitecto chileno Iván Bravo vai marcar presença em mais um ciclo de conferências ‘Matéria: conferências brancas [Matter: the white conferences]’. A sessão está agendada para esta quinta-feira, dia 7 de Março, às 18h30, no Auditório Fernando Távora da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).

    Sob o título ‘Obra/Obra’, Iván Bravo reflectirá sobre a identidade da prática do seu atelier, com o mesmo nome, enquanto apresenta um conjunto de obras recentes, associadas ao tema do habitar, de diferentes escalas, do processo de projecto ao resultado construído.

    “Seja pictórico, musical, literário ou arquitectónico, o conceito de obra significa a realização de um processo criativo realizado por um artista. Pelo contrário, os projectos realizados por um arquitecto raramente são chamados de “obra”, mas sim pelo programa a que respondem: casa, cabana, edifício. Poderíamos dizer que, ao contrário de outras disciplinas criativas que se consagram quando realizadas como obras de arte, a arquitectura é uma obra, no seu sentido artístico, que é, simultaneamente, entendida como um artefacto em construção, um mecanismo vivo feito de matérias-primas e governado apenas por restrições estruturais e técnicas de construção”, afirma o arquitecto.

    Iván Bravo é arquitecto e mestre em fotografia e dedica-se à prática da arquitectura desde 2002, sobretudo com projectos de pequena e média escala, em cujo desenvolvimento se combinam materiais e práticas de diferentes disciplinas artísticas.

    Iván Bravo complementa a prática em atelier com a prática académica, em diferentes universidades do Chile. O seu trabalho foi apresentado, em conferência, em diferentes países da América do Sul, e em exposição, nomeadamente, nas Bienais de Arquitectura e Design do Chile e de Buenos Aires. Foi publicado nas revistas Domus, Arquitetura Viva e Summa+, entre outras.

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    CCB debate habitação e construção ‘comum’

    Para aprofundar os argumentos em torno da propriedade e dos cuidados não especulativos no âmbito da exposição Habitar Lisboa, o CCB convidou o filósofo francês Pierre Dardot, que conta com a participação dos arquitectos Joanne Pouzenc e Alex Römer, do Construlab

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    Perante a grave crise de habitação e as sérias consequências da privatização da terra, como subverter o sistema convencional de propriedade para implementar uma propriedade coletiva de bens comuns? Como podem os arquitectos contribuir para qualificar a compreensão da produção e do cuidado do habitat colectivo? Pode o design reforçar a pertença à comunidade e aumentar o sentido de lugar?

    Para aprofundar os argumentos em torno da propriedade e dos cuidados não especulativos no âmbito da exposição Habitar Lisboa, o CCB convidou o filósofo francês Pierre Dardot para desenvolver a actividade prática do Comum e articular a forma como o Comum se tornou o princípio definidor e uma ferramenta conceptual crítica para os movimentos políticos alternativos no século XXI.

    A mesa-redonda, que acontece dia 17 de Março, no Centro de Arquitectura / Garagem Sul, junta, ainda, a Dardot, os arquitectos Joanne Pouzenc e Alex Römer, do Construlab, que defendem que a união pode ser fomentada através do design e que o nosso objectivo deve ser o de construir terrenos não apenas comuns mas também de convívio. A conversa é moderada pela crítica e curadora Julia Albani.

    Esta conversa é a primeira de uma série de eventos em torno do Comum, iniciada e organizada pelo Institut Français du Portugal e pelo Goethe-Institut Portugal, em parceria com o Centro de Arquitectura / Garagem Sul, desenvolvida no âmbito do programa paralelo da exposição Habitar Lisboa (comissariada por Marta Sequeira), por ocasião do próximo festival “Uma Revolução Assim — Luta e Ficção: A questão da habitação”, uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal, em parceria com a Culturgest – Fundação Caixa Geral de Depósitos, com curadoria de Julia Albani.

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    Guia dá a conhecer a arquitectura bioclimática e eficiência energética nos Açores

    Na primeira parte do Guia é abordado a arquitectura e o clima em mudança, com passagem pela arquitectura bioclimática e a eficiência energética, Já na segunda parte, são reunidos contributos que oferecem uma visão sobre o ambiente construído e os edifícios, face às exigências de um clima instável e de recursos naturais limitados

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    A Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos (SRAZO), apresentou o ‘Guia de Formação em Arquitectura Bioclimática e Eficiência Energética nos Açores’. Um documento que contou com a colaboração de profissionais das áreas da ecologia do ambiente construído, da arquitectura bioclimática e das eficiências energética e que, segundo o arquitecto Nuno Costa, resultou do “convite” do departamento da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas do Governo dos Açores.

    Este Guia, desenvolvido no âmbito do projecto “Planclimac”, que procura promover a Macaronésia como um laboratório de estudos sobre as alterações climáticas, destina-se, sobretudo, a profissionais de arquitectura e engenharia, sendo o seu principal objetivo “permitir o desenvolvimento das suas competências na execução de projectos que melhorem o comportamento térmico, a eficiência energética e a circularidade ao longo de toda a vida dos edifícios, permitindo a redução de emissões poluentes, especialmente de CO2”.

    Atentos à crescente importância que temáticas como o ambiente e as alterações climáticas têm vindo a ter junto da sociedade, mostrando-se a arquitectura como um importante contributo para a melhoria da qualidade e sustentabilidade do ambiente construído, este documento tem como objectivo divulgar uma “visão informada e crítica” sobre o edificado, a infraestrutura e a prática da arquitectura, num momento de reencontro com os princípios da arquitectura bioclimática, condicionado por um quadro regulamentar da construção denso e evolutivo no domínio do desempenho energético dos edifícios.

    São, assim, abordados no Guia os desafios energéticos e climáticos glocais no ambiente construído; os princípios de arquitectura bioclimática; a térmica de edifícios; e, os requisitos de contenção e eficiência energética. Na primeira parte do documento é feita uma introdução à arquitectura e ao clima em mudança, seguida de breves textos sobre arquitectura bioclimática e sobre eficiência energética, em edifícios e nos Açores. Na segunda parte, são reunidos contributos que oferecem uma visão sobre o ambiente construído, e os edifícios, face às exigências de um clima instável e de recursos naturais limitados.

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    Broadway Maylan assina renovação do Hotel Mundial

    O projecto de requalificação, que visa recuperar o glamour dos anos 60, terá uma duração prevista de três anos. Além da renovação dos quartos, o ponto central do projecto será a abertura da entrada original, criando uma conexão ao bar do hotel. No primeiro andar, irá ser remodelado o terraço exterior, criando ligação directa com o restaurante

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    Marcado pelo movimento modernista de meados do século XX, o Hotel Mundial, em Lisboa, vai ser objecto de uma profunda remodelação para responder “à crescente procura de alojamento turístico de alta qualidade na cidade”.

    Gerido pela PHC Hotels – Portuguese Hospitality Collection, o “icónico” hotel foi projectado por Porfírio Pardal Monteiro, que com a sua “vincada e distinta” personalidade, marcou a trajectória estética citadina. Desde a sua inauguração, em 1958, o hotel foi alvo de quatro extensões diferenciadas. Para 2024 está previsto o início do projecto de requalificação, numa visão totalmente integrada e que visa recuperar o glamour dos anos 60 e cuja “missão” foi atribuída à Broadway Malyan.

    “O Hotel Mundial ocupa um lugar importante na transformação de Lisboa numa cidade moderna e global e estamos muito satisfeitos por trabalhar com a Broadway Malyan, para garantir que o hotel continue a fascinar e a encantar os seus hóspedes e clientes durante muitos anos. Estamos a trabalhar no presente e a preparar o future”, afirma Miguel Andrade, director geral de Operações da PHC Hotels.

    Como parte do projecto, a Broadway Malyan irá remodelar as áreas comuns do hotel, incluindo a recepção, lobby e bar, que vai passar a ter esplanada e que apresenta um novo conceito de restauração. No piso 1, toda a área de restauração vai ganhar uma nova disposição, tirando maior partido da luz natural e da vista para a futura Praça do Martim Moniz. Ainda neste piso nasce uma área de reuniões e eventos que de seis passam oito salas, todas com luz natural.

    “O Hotel Mundial era diferente de tudo o que existia na cidade quando foi inaugurado há 65 anos, criando um marco contemporâneo impressionante num dos bairros mais históricos de Lisboa. Nos últimos anos, a cidade registou uma explosão de investimento, com a Baixa Pombalina a emergir como um dos bairros mais vibrantes da cidade, e estamos muito entusiasmados por ter a oportunidade de ajudar a transformar o Hotel Mundial e recuperar a sua posição como um dos principais destinos hoteleiros da cidade”, destaca Margarida Caldeira, directora global hospitality da Broadway Malyan e responsável pelo escritório de Lisboa.

    As obras de requalificação, com uma duração prevista de três anos, terão início nos pisos 0 e 1 e nos seguintes anos com a renovação dos seus quartos, que passam a ser 317, com 10% de suites nos pisos 8 e 9 e 10% comunicantes.

    O ponto central do projecto será a abertura da entrada original, criando uma conexão ao bar do hotel, que ajudará a potenciar uma nova ligação entre a unidade e a sua localização urbana privilegiada e que vai permitir criar uma relação de maior proximidade entre as áreas do lobby/recepção e bar.

    No primeiro andar, o Hotel Mundial irá remodelar o terraço exterior, criando ligação directa com o restaurante, bem como um centro de negócios com uma nova recepção para um conjunto de salas de reuniões. Está, ainda, previsto a criação de um jardim no pátio já existente.

    Além do Hotel Mundial, o portfólio da PHC Hotels inclui o Portugal Boutique Hotel e a My Suite Lisbon Guest House – Príncipe Real, e, recentemente, o Convent Square Hotel Vignette Collection. Todas localizadas no coração de Lisboa, cada unidade hoteleira tem a sua própria identidade e conceito diferenciador.

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    Recém inaugurada Ala Álvaro Siza recebe primeiras exposições

    As exposições C.A.S.A Colecção Álvaro Siza – Arquivo e Anagramas Improváveis abrem ao público este Sábado, dia 24 de Fevereiro

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    A Fundação de Serralves inaugura esta semana um conjunto de exposições que inauguram a Ala Álvaro Siza. Assim, a partir deste Sábado, dia 24 de Fevereiro, ficam patentes a Colecção Álvaro Siza – Arquivo e Anagramas Improváveis.

    A exposição C.A.S.A – Colecção Álvaro Siza – Arquivo, centra-se, assim, no Arquivo Álvaro Siza da Fundação de Serralves, particularmente nas experiências seminais das primeiras casas, bem como nos projectos de habitação social do pós-revolução que arrebataram a Europa, e na criação de uma espécie de Casa para a Cidade, na inacabada Avenida da Ponte, ou de uma Casa para a Nação, no então vazio Pavilhão de Portugal. Mais tarde, Siza proporia Casas para a própria Arquitectura, uma não construída na sua terra natal, Matosinhos, outra recentemente concluída no Parque de Serralves.

    A mostra incluirá um amplo espectro de projectos para lá dos muros de Serralves, outras Casas de Cultura, Casas de Conhecimento, Casas de Fé, Casas de Lazer, Casas de Comércio, Casas de Família, Casas do Povo, Casas de Trabalho. O escritório de Siza é, por vezes, mais a sua casa do que o apartamento onde habita e por isso os noves segmentos da exposição, um para cada década da sua vida, serão complementados pela arte que o arquitecto produz à parte, por puro prazer, e que generosamente doou à Colecção de Serralves.

    Já ‘Anagramas Improváveis’ é a primeira exposição apresentada na recém-inaugurada extensão do Museu, a Ala Álvaro Siza, dedicada a acolher no futuro todas as mostras da colecção, ou dedicadas à arquitectura e aos vários arquivos depositados na Fundação de Serralves.

    Embora concebido pelo arquitecto que desenhou o Museu de Serralves inaugurado há 25 anos, este novo edifício propõe uma experiência de circulação muito diferente, na medida em que a permite aos curadores pensarem numa exposição que desafia quaisquer percursos ou ideias pré-definidas sobre a Colecção de Serralves, apostando em relações inéditas e intrigantes entre obras de artistas de diferentes gerações e nacionalidades.

    A partir da figura do anagrama, pensou-se uma exposição que contivesse em si mesma uma grande pluralidade de possibilidades de escrita e de leitura. Ao mesmo tempo, o seu título remete para uma das características principais da arte contemporânea portuguesa – a relação com a linguagem – e para um grupo de artistas (nomeadamente Ana Hatherly e E.M. de Melo e Castro) que tiveram, através da Poesia Experimental, um papel fundamental na eclosão e desenvolvimento da contemporaneidade artística portuguesa.

    ‘Anagramas Improváveis’ contempla a ancoragem da Colecção de Serralves nestes movimentos artístico-literários dos anos 1960–70 – bem como na mítica exposição portuguesa Alternativa Zero (1977) e na exposição-manifesto que inaugurou o Museu e Serralves, Circa 1968 (1999), mas olha para o passado com os olhos do presente, nomeadamente, através de diálogos entre obras produzidas em tempos e geografias muito distantes.

    Assim, além de uma encomenda (a artista portuguesa Luísa Cunha produziu uma peça sonora especificamente para o novo edifício), apresenta-se uma série de obras adquiridas recentemente de artistas relativamente jovens (Martine Syms, Juliana Huxtable, Korakrit Arunanondchai, Zanele Muholi, Julie Mehretu, Arthur Jafa, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, João Maria Gusmão & Pedro Paiva, Alexandre Estrela, Trisha Donnelly, entre outros), algumas adaptadas ao espaço com a cumplicidade dos seus autores, lado a lado com obras de artistas pertencentes a gerações mais antigas, ou considerados históricos (exemplos de Joan Jonas, Lourdes Castro, Lothar Baumgarten, Cabrita, Julião Sarmento, Paula Rego, Lygia Pape, Ana Jotta e Marisa Merz, entre muitos outros).

    Recorde-se que a Ala Álvaro Siza, constitui um marco na história da Fundação de Serralves, ao mesmo tempo que presta uma merecida homenagem ao seu autor, assinalando a relação próxima entre Serralves e o genial arquitecto, há mais de três décadas. Tendo-se iniciado com a construção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, em 1999, que celebra este ano o seu 25º aniversário, a que se seguiram, a construção da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, em 2019, a recuperação da Casa de Serralves, em 2021, a construção da Casa dos Jardineiros, também em 2021 entre muitos outros projectos realizados em estreita colaboração.

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    Um português entre os finalistas ao prémio europeu de Arquitectura Contemporânea

    A Comissão Europeia e a Fundació Mies van der Rohe revelaram os sete finalistas que irão concorrer ao Prémio da União Europeia de Arquitectura Contemporânea 2024 — Prémios Mies van der Rohe, cinco na categoria Arquitectura e dois na categoria Emergente

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    Já estão seleccionados os sete finalistas ao prémio bienal “Mies van der Rohe”, cinco na categoria Arquitectura e dois na categoria Emergente. Portugal tinha três candidatos entre os 40 projectos em shortlist anunciada em Janeiro, entre eles a Praça e Posto de Turismo do Piódão, com assinatura do atelier Branco del Rio, que é agora um dos finalistas na categoria Emergente. Na mesma categoria concorre a Biblioteca Gabriel García Márquez em Barcelona (Catalunha, Espanha), da autoria da SUMA Arquitectura.

    As cinco obras de arquitectura finalistas são a Galeria de Arte Contemporânea Plato em Ostrava (Morávia-Silésia), da autoria do gabinete KWK Promes, o Pavilhão de Estudos no Campus da Universidade Técnica de Braunschweig (Baixa Saxónia), da autoria dos arquitectos alemães Gustav Düsing & Max Hacke, a Escola Reggio em Madrid, da autoria de Andres jaque/escritório de inovação política, o Renascimento do Convento Saint-François em Sainte-Lucie-de-Tallano/Santa Lucia de Tallà (Córsega), da autoria de Amelia Tavella Architectes, e o Hage em Lund (Condado de Scania), da autoria de Brendeland & Kristoffersen Architects.
    O anúncio do vencedor do prémio e do vencedor emergente está previsto para o final de Abril e a cerimónia de entrega dos prémios decorrerá no dia 14 de Maio de 2024, no Pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona.

    O finalista português
    A aldeia de Piódão, na serra do Açor, surge-nos, a concurso com a reabilitação do seu Posto de Turismo e a Praça que lhe é adjacente, num projecto conduzido pela dupla do estúdio de arquitectura de Coimbra Branco Del Rio, criado pelos arquitectos Paula del Rio e José Branco.
    O seu espaço aberto e desafogado é o principal acesso à aldeia de ruas ingremes. Ao longo dos anos a praça foi sendo ocupado para estacionamento e o projecto de reabilitação devolveu o seu uso aos habitantes. A intervenção descrita como “silenciosa”, privilegiou o uso dos materiais e soluções construtivas locais. “As árvores existentes, a estátua, a iluminação pública, foram preservadas. O novo pavimento foi construído com o mesmo material e técnica de toda a aldeia, o xisto, seguindo uma tradição dominada pelos construtores locais.

    As árvores plantadas, na entrada da praça, são cerejeiras autóctones.
    Os dois alpendres, nos acessos ao Posto de Turismo e Sanitários Públicos, foram construídos com uma delicada estrutura de colunas metálicas e vigas de madeira, e cobertos com lajes de ardósia, à semelhança de todas as coberturas da aldeia.
    A abordagem global do design visa contribuir para um arranjo onde é difícil compreender o que é novo e antigo, evitando prejudicar a ligação dos habitantes locais ao local”, justificam os seus autores.

    A ligação entre a sustentabilidade cultural e material concorre para a fixação de novos habitantes neste interior tão recuado do país, assim se espera.

     

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