“Hoje em dia não basta fazer arquitectura”
O grupo Openbook está em expansão, com reforço das áreas de design e nos serviços e apostou em diferentes vertentes, da corporativa à hoteleira, passando pelo residencial, sem esquecer aquela que é a sua área mais reconhecida internacionalmente: os escritórios. Paulo Jervell, partner e um dos fundadores do grupo, explica a aposta do Grupo
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O hotel Choupana Hills na Madeira está em reconstrução. O investimento na recuperação da unidade, que durante décadas foi um marco do Turismo no arquipélago, é do grupo Lux Hotels e deverá custar, de acordo com notícia avançada pelo Diário da Madeira, cerca de 20 milhões de euros. A intervenção pressupõe a reconstrução dos edifícios afectados pelo incêndio de 2016, bem como as obras de conservação e manutenção nos edifícios não afectados, a recuperação dos arranjos exteriores e a redefinição de todos os espaços interiores e conceito de decoração. A arquitectura está a cargo da Openbook e o design de interiores foi entregue à NOBK, empresa do grupo Openbook.
A intervenção, transversal, do grupo de arquitectura português no projecto de reconstrução desta unidade hoteleira segue em linha com a nova dinâmica do grupo inaugurada em 2022, com impacto nos resultados do grupo. No último ano, a Openbook facturou 6M€, o que representa um crescimento de 50% face a 2021, inaugurou uma nova área de negócio, de Investment Advisory, um serviço de apoio ao investimento imobiliário, e apostou em diferentes vertentes, da corporativa à hoteleira, passando pelo residencial, sem esquecer aquela que é a sua área mais reconhecida internacionalmente: os escritórios. “Hoje não basta fazer arquitectura. Muitos dos nossos clientes esperam uma integração mais ampla de serviços”, justifica Paulo Jervell, partner da Openbook. “Queremos continuar a traçar um percurso sólido não só na área corporativa onde somos uma grande referência, mas também noutros sectores como o do turismo que está a ganhar cada vez maior relevância no nosso portefólio”, explica o arquitecto.
As metas para 2023 estão traçadas: alcançar 7,5 milhões de euros de facturação e apostar cada vez mais no mercado internacional onde tem desenvolvido vários projectos em diversas geografias: do Luxemburgo ao Brasil ou Angola. O reforço da equipa, iniciado em 2022, será reforçado ao longo deste ano, estando prevista a criação de uma área de actividades de design do grupo, que permitirá expandir a oferta de serviços na área corporativa, tais como: design de ambientes, sinalética e wayfinding, branding e design de identidade de marca.
O que motivou a criação de uma nova área de Real Estate Advisory e, exactamente, em que fase do processo de investimento é que ela intervém?
A área de Real Estate Advisory surge como uma consequência do crescimento e da diversificação dos serviços prestados pelo Grupo Openbook. Esta área assenta na prestação de serviços globais especializados e integrados, desde a identificação e selecção de activos, análise de custos e de viabilidade económica, apoio à transacção, coordenação de due diligences, gestão e contratação de serviços jurídicos e financeiros, planeamento estratégico e coordenação de todo processo de investimento. Com a forte aposta nesta nova área de negócio, após a sua consolidação, prevemos que esta possa contribuir para um crescimento em cerca de 20% do nosso volume de negócios.
Terá uma autonomia face àquela que é a actividade principal do grupo? O que vai mudar naquela que hoje já é uma área desenvolvida pela NOBK?
Esta nova área de actividades de design vem complementar tanto os serviços de Design de Interiores da NOBK, como os serviços de Arquitetura da Openbook. É uma área que irá abranger principalmente o Environmental Graphic Design, Sinalética e Wayfinding, Branding e Design de identidade de marca, mas também Audiovisuais e Multimédia, tendo assim uma intervenção distinta da NOBK. O Environmental Graphic Design coordena-se com inúmeras disciplinas de design, incluindo não só o design gráfico e a arquitectura, como também o design de equipamento, design de interiores e a arquitectura paisagista. Em todas estas disciplinas foca-se nos aspectos visuais da navegação e orientação no espaço, comunicação de identidade e informações – no intuito de educar, orientar, inspirar e entreter – moldando desta forma as experiências que as pessoas têm de um determinado lugar.
Hoje não basta “fazer” Arquitectura? Estas apostas são sinais das novas exigências ou reflexo do crescimento do gabinete?
Sim, de facto hoje não basta fazer arquitectura. Muitos dos nossos clientes esperam uma integração mais ampla de serviços. O mercado atingiu um estado de maturidade e sofisticação que aconselha que seja uma única entidade a gerir a grande diversidade de contratações, e a oferecer uma visão alargada e profissional do negócio e não somente uma perspectiva da qualidade do desenho.
Quão importante é para vós a área internacional e qual o peso que tem hoje no vosso volume de negócios?
A Openbook teve sempre uma perspectiva de posicionamento internacional e prova disso são os projectos que tem vindo a desenvolver em diferentes geografias nos seus 15 anos de actividade. Os projectos são concebidos pela equipa em Portugal com um acompanhamento dos nossos parceiros locais. Temos em curso um conjunto de projectos corporativos e de habitação internacionais, designadamente no Centro da Europa, Angola e Médio Oriente, cuja receptividade nos permitem antever um cenário de crescimento muito significativo e que hoje representam cerca de 15% do nosso volume de negócios.
Principais desafios de 2023?
A política de crescimento é cultural na Openbook, sendo que esse crescimento tem vindo a ser consolidado com a liderança no mercado corporativo, bem como o reconhecimento da nossa qualidade em áreas como o sector residencial, e os sectores do turismo e ensino. Com o crescimento sustentável que a Openbook tem vindo a ter, os grandes desafios assentam em continuar a fazer boa arquitectura em todos os projectos independentemente da escala ou do volume da encomenda, a qualidade é o nosso pilar central. Continuar a apostar na formação contínua da nossa equipa, em proporcionar a evolução das suas competências e, a somar a isto, outras disciplinas e áreas de negócio complementares com uma contínua aposta na tecnologia que sustenta toda a produção, com o objectivo de atingir o crescimento de 25% em 2023.