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    Arquitectura

    “Vive-se hoje um novo paradigma da Arquitectura”

    A sustentabilidade, a transição energética e a digitalização estão a mudar o paradigma da profissão. Quem o afirma é a arquitecta Marlene Roque, perita e formadora responsável na Ordem dos Arquitectos pelas áreas térmica e acústica. Apaixonada pela arquitectura bioclimática, não tem receio de apontar o dedo à classe para os muitos erros que continuamos a ver no edificado português. “Os muitos anos e as muitas horas de formação que já leccionei fazem-me crer, sem querer ofender ninguém, que há muitos arquitectos que se focaram no exercício do objecto, da estética e se foram despindo das outras áreas que compunham a ideia do arquitecto, do mestre arquitecto renascentista, que dominava tudo”, afirma

    Manuela Sousa Guerreiro
    Arquitectura

    “Vive-se hoje um novo paradigma da Arquitectura”

    A sustentabilidade, a transição energética e a digitalização estão a mudar o paradigma da profissão. Quem o afirma é a arquitecta Marlene Roque, perita e formadora responsável na Ordem dos Arquitectos pelas áreas térmica e acústica. Apaixonada pela arquitectura bioclimática, não tem receio de apontar o dedo à classe para os muitos erros que continuamos a ver no edificado português. “Os muitos anos e as muitas horas de formação que já leccionei fazem-me crer, sem querer ofender ninguém, que há muitos arquitectos que se focaram no exercício do objecto, da estética e se foram despindo das outras áreas que compunham a ideia do arquitecto, do mestre arquitecto renascentista, que dominava tudo”, afirma

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    Manuela Sousa Guerreiro
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    A sustentabilidade é cada vez mais um factor decisivo e a regulamentação que a exige está aí. Como é que estas alterações, que agora são obrigatórias, muda a Arquitectura?
    Eu costumo dizer aos meus alunos que temos o privilégio de viver a mudança do paradigma do acto da profissão. Eu equiparo estas mudanças às mudanças que vivemos há uns 40 anos quando se abandonou o desenho feito em estirador, à mão, e passámos a usar o ‘rato’ e o computador para o fazer.
    Estão a acontecer muitas coisas em paralelo. Desde logo, estamos em plena transição energética e isso espelha-se na nossa profissão, o que faz todo o sentido. Nós [arquitectos] somos os decisores, se construímos uma casa com um determinado sistema construtivo, com mais ou menor maior menor pegada carbónica, a emitir mais ou menos CO2, a decisão é nossa. Se a construção é pobre energeticamente, esta é, primeiramente, uma decisão do arquitecto. O que eu penso é que em Portugal nós não temos esta tradição, até pedagógica, de pensar o edifício como uma máquina que consome energia.

    Este é, então, um problema de base, de formação?
    Temos uma formação muito trabalhada pelos arquitectos da ‘velha-guarda’ de trabalhar o objecto como uma peça estética que se vai esculpir e polir. Mas a Arquitectura não é só arte. A Arquitectura é técnica e tecnologia. Este é o paradigma que temos de mudar. Temos que inverter este processo, que não tem que ser propriamente uma inversão, mas é repensar o edifício com esta matéria-prima, em vez de ser só a estética. Porque cada vez mais o conceito que o edifício é apenas um abrigo está a mudar. Já não é o abrigo do homem primitivo queremos que esse abrigo tenha Wi-Fi, conforto, queremos comer e que as refeições sejam feitas rapidamente… o nosso estilo de vida, as nossas necessidades vão além do conforto térmico, queremos tecnologia. E tudo isto obriga a um maior gasto de energia… e por enquanto continuamos muito dependentes da energia fóssil.

    Como é que a arquitectura bioclimática pode fazer a diferença?
    Quando o arquitecto que projecta o edifício dá mais importância a outras premissas, que não ao sol, ao vento, à humidade… Quando constrói e projecta da mesma forma seja para Faro ou para Bragança, seja para o Alasca ou para a Suécia, só por sorte é que o resultado é bom. Nos meus 16 anos como consultora e projectista em eficiência energética concluo que hoje a forma como se constrói, não é bem o resultado da globalização, mas queremos imitar o que se faz bem pelo resto da Europa e do mundo e esquecemo-nos do clima.
    Tenho uma espécie de bíblia, e que é de facto a minha bíblia quando ensino e quando formo arquitectos, que é de um autor italiano que se chama “Projectar para o clima”, isso é a arquitectura bioclimática e isso é o que a União Europeia nos está a dizer, a todos os arquitectos, que temos que fazer obrigatoriamente.

    O que é que se exige hoje ao Arquitecto?
    O Arquitecto tem de ser um maestro de uma orquestra. Pode não saber tocar os instrumentos todos, mas tem de pôr aquilo a funcionar. Os muitos anos e as muitas horas de formação que já leccionei fazem-me crer, sem querer ofender ninguém, que há muitos arquitectos que se focaram no exercício do objecto, da estética e se foram despindo das outras áreas que compunham a ideia do arquitecto, do mestre arquitecto renascentista, que dominava tudo. Com a especialização foram abandonando essas componentes mais técnicas, até certo ponto tudo bem mas não ao ponto de não conseguirem espelhar a informação que lhes é fornecida pelos consultores e especialistas nos seus projectos. E isso os arquitectos não fazem.

    E isso é culpa da formação… ou da falta dela?
    Acho que em Portugal foi-se adquirindo esta ideia de que “isso é para o engenheiro pensar” e eu vejo este desinteresse dos alunos por tudo o que é esta componente mais técnica. Porquê? Porque eles vêm, de alguma maneira, já formatados para a ideia de que o objecto, o conceito, a ideia, isso é que é fazer arquitectura, mas isso já não chega e eles ainda não o estão a perceber. Acaba por ser um choque quando começam a actividade profissional num atelier e depois percebem que estão um pouco despidos de informação e acabam por fazer formações na Ordem dos Arquitectos ou noutros locais para se poderem munir dessas ferramentas.
    Mas a legislação é clara é preciso saber projectar edifícios eficientes e os atelieres que o não souberem fazê-lo correm o risco de deixar de ser competitivos.

    É isso que nos diz o Decreto-Lei 101-D, de 2020, que entrou em vigor em Julho último?

    Esta legislação responsabiliza o arquitecto e os engenheiros autores de projecto das especialidades onde há recurso de energia a cumprirem os requisitos de eficiência energética, logo no início do processo de licenciamento camarário. isto um perito qualificado quando faz a avaliação do desempenho energético do edifício e não obtém uma classificação de que o edifício é bastante eficiente e se não demonstra que produz, pelo menos, 50% das necessidades de energia do edifício, então não há licenciamento camarário e em minha opinião muito bem.
    Até aceito que aos arquitectos não queiram aprofundar estas questões, mas então têm de respeitar muito bem o seu consultor nesta área e espelhar os seus inputs nos projectos.

    O impacto da digitalização
    O que é que efectivamente muda na forma de pensar um projecto quando estamos a projectar para o clima?

    Quando fazemos um primeiro esquisso e temos uma parcela de terreno e podemos implantá-lo A primeiro coisa a fazer é olhar ao sol e ao vento naquele local. Portanto é conhecer os dados climáticos do local e tem de se conhecer a humidade relativa do ar, que não é igual em Sintra ou em Beja ou, por exemplo, em Montalegre. Temos a influência das montanhas, dos rios, do mar, até a situação de vale ou uma altitude mais elevada, portanto o tema da humidade e que gera as patologias de que as pessoas depois se queixam, deriva de um desconhecimento, da falta de um olhar para esses parâmetros climáticos. Um exemplo máximo disto é casa Jacobs, projectada pelo arquitecto Frank Lloyd Wright há 100 anos.
    Hoje pedem-nos para fazer isto, mas primeiro o arquitecto tem de conhecer bem os dados climáticos do local, tem que começar a desenhar as paredes, as coberturas, os pavimentos, aquilo que nós chamamos os sistemas opacos de acordo com a necessidade do local. Ou seja, se estou no Algarve o meu problema é o Verão, mas se estiver em Bragança o meu problema é o Inverno. E o que é que eu quero dizer com isto é olhar às temperaturas, é olhar a orientação dos ventos e aos níveis de humidade e, com esses dados, eu decido então a espessura do isolamento, que tipo de isolamento, se o coloco pelo interior ou exterior, se coloco preenchendo as duas camadas de um material que pode ser tijolo, betão, pedra, a posição do isolamento, em toda esta envolvente. E isto dá trabalho porque o arquitecto tem que conhecer física das construções, tem que conhecer os materiais e a sua performance.

    As empresas de materiais de construção têm apresentado novidades nesse sentido e estão mais conscientes para as novas exigências…
    Porque estão sob pressão de ter de produzir produto neutro em carbono. A indústria está a adaptar-se. Porque paralelamente temos os grandes consumidores – hospitais, centros comerciais, edifício de escritórios e outros – a apostarem na bandeira da certificação da sustentabilidade, seja por via do sistema americano LEED (Leadership in Energy & Environmental Design), ou pelo britânico BREEAM (Building Research Establishment).
    Ainda neste contexto de mudança da indústria há um outro factor que irá acelerar a mudança que é o BIM e a legislação que está a ser preparada para tornar a sua utilização obrigatória.

    Como é que o BIM e a digitalização da construção influenciam este processo?
    O projecto de lei está em cima da mesa, em discussão, e prevê a obrigação de todo sistema que gera construção, desde arquitectos e engenheiros, ao empreiteiro, até ao gestor do edifício, ter de trabalhar com a ferramenta BIM. Em conjunto a digitalização e a transição energética estão, de facto, a mudar e muito o acto da profissão.

    “É errada a noção que o NZEB é mais caro”
    Como é que a Arquitectura Bioclimática se tornou central no trabalho que desenvolve?

    Não foi ao acaso porque eu sou muito consciente do que faço, mas não foi planeado. Quando terminei o meu curso de arquitectura terminei com mérito e achei que não valia esse mérito muito honestamente.
    Tive a vantagem de ter vivido em diferentes países por conta das opções profissionais dos meus pais o que me permitiu ir comparando. Tenho uma história gira que conta aos meus alunos. Quando era pequena dizia que gostava muito de vir a Portugal em Agosto porque vinha à praia, mas que a casa dos meus avós era fria no Inverno o que eu detestava. Os meus avós viviam em Óbidos e no Verão não entendia porque é que a minha avó tinha sempre a casa às escuras. A minha avó tinha um conhecimento que todas as nossas avós tinham daquilo que é viver os edifícios da arquitectura popular. Ela percebia que se fechasse as portadas na hora de maior calor, a casa era fresca, quando atirava um balde de água para o chão de baldosa de barro era para arrefecer e nós dormíamos a sesta e o chão não estava tão quente. Hoje valorizo isto. Tínhamos hábitos de utilização da casa que fomos perdendo e depois é o fruto da evolução da arquitectura. As paredes deixaram de ser estruturais e já podemos abrir mais vidro. O vidro é caro, então optamos por vidros menos eficientes e hoje temos um problema que as casas aquecem demais no Verão e depois temos que as arrefecer. Eu senti, terminada a licenciatura, que a arquitectura tinha de facto um papel a dizer, mas faltava-me perceber mais. Não conseguia desenhar, detalhar, sem saber o porquê das coisas então a minha opção foi trabalhar para uma construtora e fui trabalhar para a Mota Engil e posso dizer que chorei todos os dias do primeiro mês de trabalho.

    Quando é que nasceu o seu atelier? E há algum projecto que a tenha marcado mais?
    Tenho formalmente empresa desde 2010, mas desde 2003 que faço projectos. Hoje somos quatro arquitectas e em breve irá entra uma outra. É difícil escolher um projecto porque todos tiveram os seus desafios. Este último que foi apresentado há poucas semanas, localizado em Sintra foi bastante desafiante. O lote era muito pequenino, que tinha tudo para correr mal: orientado a norte, com edifício sul a fazer sombra localizado em Sintra com a particularidade de ficar localizado numa freguesia muito húmida e ventosa e, no entanto, conseguimos fazer. O Cliente também não tinha muito dinheiro e isso quebra desde logo um mito, não é preciso ter muito dinheiro para construir NZEB. O custo maior está nos equipamentos e não nos materiais. O estudo que apresentámos mostramos isso, mas podia a presentar o mesmo estudo em todos os projectos. Em média o investimento acrescido para torná-lo eficiente não representa mais que 10%, sendo que, e esta é a parte mais interessante, é amortizado ao fim de três a quatro anos, porque depois não tenho que gastar energia para repor os níveis de conforto. Passados esses três anos de amortização estamos a poupar dinheiro, não estamos a gastar dinheiro para manter estes níveis. Eu posso provar isto fazendo as contas de uma forma muito aberta e transparente. Isto é real e as pessoas sentem isto depois de viver nas suas casas e esse é o melhor feedback

    Isso quebra um mito de que é caro ser eficiente, ser NZEB
    E o mais interessante é que não se aplica apenas à construção nova, também o podemos fazer para os edifícios existentes. Temos em curso um projecto de umas ruínas em Óbidos e estamos a transformá-las numa casa que será altamente eficiente. As ruínas já lá estão implantadas no terreno, mas há formas de nós pensarmos o edifício para ir buscar o Sol para o proteger do vento, mesmo os edifícios existentes. Para isso acontecer é preciso fazer um estudo, o que acontece é que as pessoas saltam essa etapa e “auto medicam-se”, o que pode correr bastante mal. Se tomarmos em conta que o ciclo de vida de um edifício que pode ser bastante longo e durante esse tempo todo vai se estar a pagar energia basta fazer umas contas para se perceber que vamos estar a gastar muito mais do que se fizermos este esforço inicial. Há quem prefira investir em equipamentos ao invés da arquitectura passiva, o que é tão errado porque depois investem no equipamento e, o resto da vida, na energia para alimentar esse equipamento.

    Lá fora, como é que se vive esta revolução?
    Estamos a par do que está a acontecer em Itália onde o custo da electricidade e do gás triplicou. A pressão é grande, em especial no norte de Itália onde as temperaturas no Inverno são baixas. Os arquitectos estão a sentir esta pressão impressão para de facto pensar de uma forma diferente, à semelhança do que se passa na Europa do Norte. Espanha estão um pouquinho mais frente que nós, a França está noutro campeonato e na Alemanha já estão a exigir os 70% de produção de energia. Também é preciso ver que há muito mais financiamento e muito mais apoio a incentivar a sustentabilidade e a eficiência energética. Esse apoio existe em Portugal, mas é pouco e chego a muito poucos. Também por culpa dos arquitectos que fazem mal, e não informam os seus clientes ou potenciais clientes. É preciso tocar na ferida, os arquitectos não estão a fazer este papel, que eu até acho que é de cidadania. O arquitecto tem um código ético e deontológico e não devem esconder essa informação e deve usar o conhecimento para promover o conceito NZEB junto dos clientes, mas só o pode fazer se o souber e, portanto, o que eu acho é que ainda não sabe o suficiente.

    Essa é uma crítica forte.
    Que estou à vontade para a fazer. No trabalho de formação que tenho feito na Ordem, tenho esta noção, mas não critico por criticar. Partilho tudo o que tenho e gostaria muito que houvesse uma mudança porque quando isto acontecer vamos sentir o impacto. E aí vamos deixar de ter este discurso de pobreza energética em Portugal que a mim pessoalmente já me cansa ouvir. É preciso olhar para o copo meio cheio, fazer mais formação e queiramo-nos comparar aos alemães e não estar sempre a vender a imagem de “coitadinhos”. A desculpa do dinheiro não é desculpa porque eu consigo provar que o acréscimo no custo da obra é insignificante, face a um retorno que é rápido.

    Portugal tem uma história da arquitectura popular que é bastante sábia. Perdemos alguns dos ensinamentos do passado?
    A arquitectura popular portuguesa é super sábia. Quando no Alentejo se caiam as paredes de branco, quando decidimos fazer terraços planos para captar as águas e reutilizá-las, quando se construía paredes de taipa com a espessura certa que, por saber popular se foi aprimorando, não por uma questão de resistência estrutural mas para que o calor não entrasse, com vão pequeninos, protegidos, hábitos como o que a minha avó tinha em Óbidos. Quando na Guarda construíamos em pedra, com a pedra local, construíamos sustentável e construíamos eficiente. É curioso e ao mesmo tempo estranho, não é? Hoje nós importamos e pedimos que uma transportadora faça quilómetros para trazer o material. Ao não usamos o material local a sustentabilidade é zero que estamos a gastar combustível e estamos a gastar recursos para transportar o material para o qual depois não há know-how. Depois com a globalização imitamos o que se faz em Amesterdão ou em Nova Iorque e imitamos mal porque não ajustamos ao clima. Foram publicados dois livros sobre Arquitectura Popular Portuguesa, que acho que todos os arquitectos deveriam conhecer. Esta arquitectura popular era ajustada às necessidades e à capacidade financeira, mas era feita de uma forma muito sustentável, com a matéria local por isso é que em Óbidos se construía com calcário, na Guarda com o granito e no Alentejo com a taipa. Dominava-se a técnica e o material e a espessura das paredes resultava daquilo que se necessitava ali no Inverno e no Verão. Quando hoje construímos de uma maneira indiferenciada para o clima e para os materiais locais é difícil fazer arquitectura passiva, bioclimática, eficiente … não é passiva porque é às custas de equipamentos, não é bioclimática porque não olhamos para o clima e não é passiva porque não é eficiente pois não conseguimos a temperatura de conforto de uma forma natural e económica. Era muito importante voltarmos aos princípios porque em Portugal já se fez bem e perdemos…

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Savills desenvolve conceito e projecto da nova sede da Sacyr Somague

    A multinacional espanhola, que actua no sector de infraestruturas e concessões, mudou a sua sede para o Centro Empresarial Torres de Lisboa, que permitiu dar resposta às necessidades de adaptação a um novo modelo de trabalho, conciliando zonas de gabinetes individuais com a integração de uma área em open space, a par de novas áreas informais e colaborativas

    papa

    Após ter desenhado os escritórios da Sacyr Somague na Rua Castilho, o departamento de BPC & Architecture da Savills volta a desenvolver o conceito e projecto da nova sede da empresa, localizada no Centro Empresarial Torres de Lisboa.

    A multinacional espanhola, que actua no sector de infraestruturas e concessões viu, neste parque de escritórios, a oportunidade perfeita para desenvolver as suas operações em território nacional. Através deste novo espaço, pretende dar resposta às necessidades de adaptação a um novo modelo de trabalho, conciliando zonas de gabinetes individuais com a integração de uma área em open space, a par de novas áreas informais e colaborativas.

    Segundo a consultora, “a imagem corporativa da Sacyr serviu como inspiração e fio condutor para o design da intervenção” neste espaço de aproximadamente 600 metros quadrados (m2). Neste sentido, “foi privilegiada a sua palete de cores bem como as formas geométricas do logótipo que pontuam o espaço, tanto no pavimento como nas divisórias e elementos diferenciadores”.

    “Procurámos ter na nova sede um espaço inovador, mais colaborativo, confortável, clean, agradável, com espaços pensados no bem-estar e adaptado às necessidades de todos os colaboradores. Pressionados pelo pouco tempo de realização do projecto, a Savills esteve sempre disponível e foram incansáveis em todo o processo”, sublinha Rita Santos, responsável de Recursos Humanos e Serviços Gerais da Sacyr em Portugal.

    Também Pedro Gomes, architecture associate da Savills Portugal, destacou o projecto “desafiante e gratificante”, em que a aposta em “espaços colaborativos que transmitissem bem-estar” foi a tónica de todo o processo. “A equipa Savills teve, mais uma vez, a capacidade de agilizar todo este processo de forma célere, entregando ao cliente um resultado que foi ao encontro das suas expectativas”, salientou.

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    MASSLAB vence concurso público para a redesenhar etar de Bragança

    MASSLAB ganha concurso para dar nova vida à Estação de Tratamento de Águas de Bragança com um novo espaço público para actividades lúdicas e educativas numa cobertura de 6.800 m2

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    Entre a arquitectura, o paisagismo e a engenharia, o projecto da autoria do escritório de arquitectura MASSLAB para a nova cobertura da ETAR de Bragança vai permitir a utilização pública desta infraestrutura que, até agora, tinha como função apenas o tratamento de águas. O projecto ilustra como é possível acrescentar valor a infraestruturas existentes com a adição de funções recreativas.
    O projecto vencedor do concurso público lançado pela Câmara Municipal de Bragança, foca-se na reabilitação urbanística integral da paisagem, com a incorporação de uma cobertura com carácter temático de relevância para o município. Entendida a importância de alterar a percepção negativa associada às ETARs através das necessidades básicas de desinfecção e desodorização, os arquitectos sentiram necessidade de transformar esta estrutura num elemento participativo na cidade, capaz de promover novas zonas lúdicas, educativas e de lazer, com o objectivo de educar e despertar o interesse na preservação e no tratamento das águas.

    “Se pensarmos que quando se cria uma cobertura, criam-se também novas oportunidades de uso desta cobertura, aumentamos as possibilidades do uso de cada construção, criando valor acrescentado praticamente com o mesmo investimento”, afirma Duarte Ramalho Fontes, sócio do escritório MASSLAB.

    Mais do que desenhar “o 5º alçado” com a preocupação de integrar o ambiente construído na paisagem existente junto ao castelo de Bragança, dotar a cobertura de novos usos que não existiam foi a premissa chave no repensar o projecto para a ETAR.

    Com a intenção de fazer da cobertura da ETAR um espaço de atracção educacional, turística e de utilização pública, o projecto prevê múltiplos pontos de acesso ao terreno. A flexibilidade dos espaços permite a realização de visitas escolares ou eventos, oferecendo diferentes possibilidades de uso e transformando simples caminhos em locais de encontro e intera ção social.

    Através da relação visual entre o interior na operação do tratamento de águas e a cobertura acessível e ajardinada, com um objectivo didáctico, cria-se uma dinâmica entre o espaço privado da infraestrutura e o espaço público. Para melhor integrar a ETAR à paisagem, os acessos existentes foram preservados e enriquecidos com novos elementos, como miradouros e ligações pedonais para caminhadas. Um destaque especial foi dado à criação de um percurso pedonal ao longo do Rio Fervença, que, além de valorizar os caminhos já existentes, conecta directamente a ETAR ao percurso natural da água, promovendo uma contínua interacção entre a o ambiente construído e o ambiente natural.

    A nova cobertura inclui a optimização da estrutura através de formas geométricas quadrangulares, interligadas e integradas com nova vegetação, contribuindo para uma solução tanto estética quanto prática. Estes quadrados permitem uma grande variedade de possibilidades de ocupação do espaço, que pode ser mais fixa ou mais temporária, de acordo com as necessidades do município. A estrutura em betão simples, com fundações em estaca, é desenhada para interferir minimamente na construção existente e no vale, enfatizando uma abordagem económica e com o menor impacto possível na paisagem natural existente. Através de entradas de luz que promovem uma conexão visual entre o interior e a cobertura, cria-se uma dinâmica entre o espaço privado da infraestrutura e o espaço público.

     

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    Aprovada a proposta final para a operação de reabilitação da Quinta do Ferro

    A versão final da Operação de Reabilitação Urbana sistemática da Quinta do Ferro, um passo essencial para a resolução de um dos maiores desafios urbanísticos da cidade de Lisboa ao longo das últimas décadas, foi aprovada por unanimidade em reunião da Câmara Municipal de Lisboa

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    Este modelo resulta de um processo com cerca de dois anos, que incluiu reuniões privadas e sessões públicas de esclarecimento com os moradores, com associações e com os proprietários, e cuja fase mais recente foi a discussão pública da Operação de Reabilitação Urbana Sistemática, que decorreu entre 17 de Outubro e 28 de Novembro de 2023.

    Depois de ser analisadas e ponderadas as diversas participações, foram acolhidas duas sugestões e duas reclamações, e foram respondidas todas as questões suscitadas nos pedidos de informação e esclarecimento. Na sequência das participações, foram revistas as peças desenhadas e rectificadas questões que provocaram dúvidas, tornando mais clara e compreensível a leitura.

    O modelo urbano proposto para a intervenção permite criar habitação acessível, espaços verdes e estacionamento, para além de estimular a reabilitação urbana através de incentivos previstos na Operação de Reabilitação Urbana.

    “Hoje demos um passo decisivo, que nos vai permitir, finalmente, depois de muitos anos de indefinição e de intervenções falhadas, dar início à regeneração da Quinta do Ferro. Vamos reabilitar esta zona central, respondendo aos anseios da comunidade local, e abri-la à cidade”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Lisboa é feita para todos e não podemos tolerar que continue a existir uma cidade esquecida”, acrescenta Carlos Moedas, lamentando o abandono a que a Quinta do Ferro e os seus moradores foram votados durante décadas.

    “Esta resolução só foi possível graças ao trabalho incansável do Urbanismo da Câmara de Lisboa, que liderou um longo trabalho de diálogo e concertação com os moradores e proprietários da Quinta do Ferro, sem nunca impor soluções pré-definidas”, sublinha por sua vez a vereadora do Urbanismo da Autarquia. A vereadora Joana Almeida salienta ainda que este processo poderá servir de inspiração para o futuro: “Este é um verdadeiro exemplo da nossa forma de fazer cidade. O processo participativo na Quinta do Ferro foi exemplar e consideramos que será um modelo a seguir em outros processos complexos”.

    Após esta aprovação em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, a proposta será submetida à Assembleia Municipal para discussão e votação. O passo seguinte será o lançamento do concurso de empreitada até ao final de 2024, permitindo avançar com a primeira fase da operação.

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    OA e APAP estudam possibilidade de Ordem Profissional conjunta

    Ordem dos Arquitectos e Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas pretendem colaboração mais próxima para responder aos desafios contemporâneos. Protocolo, que será assinado esta quinta-feira, inclui possibilidade de Ordem Profissional conjunta

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    tagsAPAPOA

    A Ordem dos Arquitectos (OA) e a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP) assinam esta quinta-feira, 21 de Março, em Lisboa, um protocolo com vista a trabalharem em conjunto sobre a possibilidade de “num futuro próximo” apresentarem ao legislador proposta para uma Ordem Profissional conjunta.

    “Deste modo, desejando a Ordem dos Arquitectos reabrir o processo do seu Estatuto, melhorando aspectos organizacionais e de salvaguarda da qualidade da arquitectura e do urbanismo, e pretendendo a Associação dos Paisagistas Portugueses valorizar e definir de forma clara o âmbito dos actos do arquitecto paisagista – ambas na defesa estrita do interesse público – tornou-se fundamental a elaboração e subscrição de um documento agregador”, justificam ambas as instituições.

    Neste protocolo de colaboração, as entidades aceitam também colaborar nos serviços e processos de encomenda e concursos de projecto, que lhes sejam solicitados pela administração pública ou por entidades privadas, visando a complementaridade das suas competências profissionais e a defesa do interesse público. E concordam em desenvolver eventos e formações conjuntas, que contribuam para a qualificação profissional e a prestação de serviços dos seus membros e associados, assim como promover programas, projectos e acções tendo em vista um planeamento e desenho urbano mais “verde e azul”.

    “Os desafios de futuro no nosso território e nas nossas cidades assentam na capacidade de incorporarmos o vastíssimo conhecimento que existe nos nossos profissionais. Essa valia tem de ser direccionada para encontrar soluções para os problemas contemporâneos. Nesse sentido é fundamental, hoje mais do que nunca, que os arquitectos sejam promotores de uma actividade colaborativa e multidisciplinar. A presença próxima dos arquitectos paisagistas, do seu conhecimento e da sua prática traz enormes benefícios para o interesse público, nomeadamente num contexto em que um desenho urbano e paisagístico muito qualificado é imprescindível. Assim, esta ligação entre as nossas disciplinas é decisiva para responder a estes desafios e beneficiará tanto a APAP como a OA”, considera Avelino Oliveira, Presidente da Ordem dos Arquitectos, para quem “o futuro comum será o que os membros de ambas as entidades pretenderem”.

    “Desde a sua génese, a Arquitectura Paisagista entende a paisagem como um sistema, portanto, muito mais do que o somatório das partes. Perante os desafios globais que hoje se apresentam, mais do que nunca é essencial trazer a paisagem e as suas componentes para o ordenamento do território e para um novo desenho das cidades, capaz de um olhar sobre a relação complexa do homem e de todos os seres vivos em equilíbrio com os factores físicos do meio e que hoje é a pedra de toque da luta contra a perda da biodiversidade, e das doutrinas da neutralidade climática e da gestão racional dos recursos”, refere João Ceregeiro, presidente da APAP.

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    Immersivus Gallery Porto acolhe exposição imersiva “A Cidade do Futuro”

    A galeria de arte imersiva desafiou alunos da licenciatura de Multimédia da Escola Superior de Media, Artes e Design a desenvolverem sete experiências artísticas multimédia que reflectem a visão dos jovens artistas sobre o futuro da humanidade

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    A partir de 23 de Março, a Immersivus Gallery, localizada na Alfândega do Porto, vai acolher a exposição multimédia “Immersivus X: Cidade do Futuro”, um conjunto de sete projecções a 360º graus que transportam o público, com todos os seus sentidos, para os futuros idealizados por 28 estudantes do segundo ano da licenciatura de Multimédia da ESMAD do Politécnico do Porto (P.Porto).

    Desenvolvida no âmbito do projecto “Immersivus X”, que pretende dar palco e visibilidade a talentos emergentes no domínio da arte multimédia, a exposição aborda diferentes perspectivas, partindo da tumultuosa realidade actual para criar interpretações artísticas impactantes, disruptivas e totalmente imersivas acerca do rumo da humanidade, dos espaços que esta habitará e das formas de vida que prevalecerão no planeta.

    Através desta iniciativa, os jovens artistas, na sua maioria entre os 19 e os 21 anos, vão poder aprofundar os seus conhecimentos ao nível da idealização, concepção e implementação de experiências imersivas e apresentar, pela primeira vez, os seus trabalhos a um público mais abrangente. “Immersivus X: Cidade do Futuro” terá uma duração total de cerca de 25 minutos e, no final, os visitantes poderão votar na sua projecção favorita, através de um QR Code.

    Para Edoardo Canessa, produtor executivo da Immersivus Gallery, “em plena era digital, é fundamental dar voz a novos talentos e conhecer o seu contributo não só para a arte, mas também para a reflexão acerca do rumo da humanidade e do futuro que eles próprios vão vivenciar. Nesta exposição é possível perceber claramente o impacto que as nossas acções já estão a ter na vida nos jovens e na forma como eles encaram o futuro, e sobre as quais é muito importante reflectir. Mas esta mostra é, acima de tudo, uma celebração do talento das novas gerações e um contributo para a construção do seu percurso artístico no contexto da Arte Digital, em Portugal e no mundo”, afirma.

    Para Rui Rodrigues, professor e um dos docentes da disciplina onde se desenvolveu este projecto, a par do professor Luís Félix, “cada vez mais é importante envolver os estudantes das universidades nas dinâmicas das cidades e na sua actividade artística/cultural. Esta iniciativa acaba por dar uma oportunidade única aos nossos estudantes da Licenciatura de Multimédia da ESMAD de pensar e desenvolver um projecto desde o seu início, e ao mesmo tempo mostrar a um público mais abrangente os resultados desta reflexão. O tema das Cidade do Futuro torna-se neste caso o mote para que os estudantes exibam, através de uma experiência imersiva, as suas inquietações, cenários e impacto das nossas acções num futuro que pode ser mais ou menos longínquo. Os jovens são o presente e o futuro de qualquer sociedade e é importante dar-lhes voz para que as suas preocupações ecoam e nos façam questionar constantemente”, sublinha o docente.

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    NBS traz a Portugal o arquitecto paisagista Kongjian Yu

    O arquitecto paisagista Kongjian Yu é presença confirmado do NBS Summit Urban Edition, o evento organizado Associação Nacional de Coberturas Verdes (ANCV) e que irá decorrer entre 23 e 24 de Maio

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    Doutorado pela Harvard GSD (1995), decano da College of Architecture and Landscape Architecture Peking University e fundador da Turenscape, um dos mais proeminentes estúdios de arquitectura paisagista da China com mais de 500 colaboradores, Yu tornou-se numa das mais importantes e visionárias figuras da transformação urbana das cidades contemporâneas. A par da sua vasta prática projectual que procura integrar soluções conjuntas entre elementos tradicionais e contemporâneos chineses, Yu é igualmente reconhecido por ter desenvolvido o conceito de design ecológico Sponge City.

    Yu é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho inovador na criação de espaços urbanos que harmonizam de forma única a natureza e a função humana nomeadamente pelo conceito Sponge Cities que visa enfrentar os desafios de inundações urbanas e escassez de água por meio de infraestruturas naturais e sustentáveis.

    As suas investigações sobre Ecological Security Patterns (1995) e Ecological Infrastructure, Negative Planning and Sponge Cities (2003) foram adotadas pelo Governo Chinês (2013) como directrizes para as campanhas de protecção e restauração ecológica. Tendo ajudado na transição das políticas ecológicas chinesas a nível nacional e tendo sido implementadas em mais de 200 cidades. Esta passagem de um urbanismo centrado no desenvolvimento económico para um urbanismo ecologicamente prudente deveu-se às mais de 600 palestras que Yu dirigiu a ministros, presidentes de câmara, e técnicos, assim como às numerosas cartas dirigidas aos principais dirigentes chineses.

    O conceito de Sponge Cities centra-se na problemática das inundações urbanas aceleradas pelas alterações climáticas, introduzindo zonas infra-estruturais em grande escala, como zonas húmidas construídas, vias verdes, parques, coberturas ajardinadas, entre outras, que actuem como dispositivos “esponja”, retendo a água em vez de drená-la. Através desta metodologia de Yu, é expectável que até 2030, 80% das cidades onde a estratégia foi implementada, sejam capazes de absorver 70% da sua precipitação.

    Ao longo de sua carreira, Kongjian Yu tem sido um defensor incansável das soluções baseadas na natureza, acreditando firmemente no poder transformador que têm para criar cidades mais sustentáveis, resilientes e habitáveis.

    Com o apoio do Município do Porto através da Águas e Energia do Porto, o evento decorre de 23 e 24 de Maio na Super Bock Arena, reunindo líderes, especialistas, investigadores e profissionais comprometidos com o avanço das Soluções Baseadas na Natureza (NBS) e do desenvolvimento urbano sustentável.

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    “Arquitecturas provocadas pela transição” dão o mote à 13ª edição da Open House

    Na sua 13.ª edição, a Open House Lisboa pretende ajudar a compreender a complexidade das mudanças em curso na cidade, explorando as continuidades e as rupturas que misturam formas, materiais, métodos, funções e vivências

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    Olhando para a transição como o processo que enquadra a mudança, qual o impacto que provoca na arquitectura, quando esta se expressa através de renovações, que abarcam diversas funções e valorizam a versatilidade e o hibridismo espacial? Esta é a questão que o Open House Lisboa levanta na sua 13.ª edição e que pretende ajudar a compreender a complexidade das mudanças em curso na cidade, explorando as continuidades e as rupturas que misturam formas, materiais, métodos, funções e vivências.

    Com data marcada para o fim-de-semana de 11 e 12 de Maio, a iniciativa, que inclui um programa de visitas e passeios, desvenda os primeiros espaços já confirmadas para a edição deste ano. São eles o campus do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil que ocupa uma área de 22 hectares, classificado Monumento de Interesse Público, a Capela de Santo Amaro. Desenhada pelo autor do claustro do Convento de Cristo em Tomar, é uma obra renascentista classificada Monumento Nacional, o palacete do século XVIII Santa Clara 1728 reconvertido em hotel pelo arquitecto Manuel Aires Mateus, o Palácio Sinel de Cordes, um espaço que já foi casa, embaixada e escola, passando agora a sediar um pólo cultural dedicado à arquitectura, uma livraria e uma cafetaria vegana com um projecto de reabilitação do atelier FSSMGN Arquitectos, o Centro Ismaili. Situado nas Laranjeiras, é um templo religioso de arquitectura imponente e jardins sumptuosos, da autoria de Frederico Valsassina Arquitectos e Raj Rewal Associates, o Teatro Thalia transformado num espaço multiuso, é reconhecível pelo seu corpo massivo de betão pigmentado de terracota da autoria de Gonçalo Byrne e Barbas Lopes Arquitectos e o antigo Hotel Vitória, actual sede do Partido Comunista Português, é um edifício da autoria do arquitecto Cassiano Branco que conjuga a solidez sóbria do Modernismo com o Art Deco. A lista, conhecida até agora, conta para já com duas novidades: a Galeria Avenida da Índia — Galerias Municipais, um amplo espaço de carácter industrial que foi recuperado em 2015 pela EGEAC para acolher uma programação de artes visuais e, o “ambicioso” Plano de Drenagem de Lisboa, que inclui uma visita à escavação do primeiro túnel que liga Monsanto-Santa Apolónia, preparando a cidade para os desafios futuros e das alterações climáticas

    Habitações criadas de raiz para outro fim; edifícios obsoletos com múltiplos destinos possíveis; novos conjuntos habitacionais construídos em vazios urbanos centrais; edifícios e equipamentos públicos reabilitados para novas actividades; ou ainda conventos, mosteiros e palácios que, ao longo da sua existência, tiveram inúmeras utilizações, mostrando a sua plasticidade funcional e a sua adaptabilidade às necessidades, mais ou menos espontâneas, do tempo são alguns dos géneros de espaços a visitar.

    Entretanto, encontra aberta a ‘chamada’ ao voluntariado, que está aberta até 20 de Abril e que integra um programa de intercâmbio europeu que dá oportunidade a quem participa nesta 13.ª edição de viajar até Bilbao (5 e 6/10), Barcelona (26-27/10), Tessalónica (por anunciar) e conhecer outras formas de fazer cidade.

    A rede de cidades do Open House Worldwide continua a crescer, passando em 2024 a incluir mais cinco cidades: Miami, Berna, Murcia, Hong Kong e Zaragoza.

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    Francisco Lobo e Romea Muryń

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    Locument escolhido para curadoria da 11ª edição do Arquiteturas Film Festival

    Francisco Lobo e Romea Muryń são os rostos do estúdio de pesquisa, sediado no Porto, que combina cinema, arquitectura e investigação urbana. O AFF acontece entre os dia 27 a 30 de Junho

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    O estúdio de pesquisa, sediado no Porto, que combina cinema, arquitectura e investigação urbana, Locument são os curadores convidados para a 11ª edição do Arquiteturas Film Festival (AFF). Com o tema “Aprender a Desaprender” e através de um programa de filmes, debates, instalações e passeios, o AFF irá reflectir sobre questões prementes como a justiça social, a crise ecológica e a descolonização, que acontece de 27 a 30 de Junho, no Porto. 

    Partindo de cenários contemporâneos, o colectivo viaja para locais únicos para desenvolver os temas da sua pesquisa. “Mergulhando nas histórias que reflectem problemas com ressonância global, o seu trabalho centra-se na recriação de enredos complexos escondidos sob a superfície do espectro visível”, destaca a organização do AFF.

    Fundado em 2015 por Francisco Lobo e Romea Muryń, os trabalhos dos Locument foram exibidos internacionalmente em exposições e festivais de cinema como a 15ª Exposição Internacional de Arquitectura – La Biennale di Venezia, em Itália; a 25ª Bienal de Design Ljubljana, na Eslovénia; Arquitecturas Film Festival, em Portugal; Archstoyanie Festival Festival no Nikola-Lenivets Art Park, na Rússia; In-Between Conditions Media Art Festival Tbilisi, na Geórgia; Commiserate Chicago Media Art Festival, nos EUA e no Architecture Film Festival, em Roterdão, entre outras colaborações.

    A par da curadoria, são também já conhecidos os realizadores convidados para a edição de 2024 do AFF. Focando o seu interesse sobretudo no modo como o ambiente construído molda e influencia a vida quotidiana, Ila Bêka e Louise Lemoine têm desenvolvido uma abordagem única e pessoal, que pode ser definida, seguindo o autor francês Georges Perec, como uma “antropologia do ordinário”. Apresentados pelo The New York Times como “figuras de culto do meio arquitectónico europeu”, o trabalho de Bêka & Lemoine tem sido amplamente aclamado como “uma nova forma de crítica” que “mudou drasticamente o modo como vemos a arquitectura”.

    O Arquiteturas Film Festival é organizado pelo Instituto e dirigido pelo arquitecto Paulo Moreira. Fundado em 2018, o Instituto é uma plataforma sediada no Porto para discutir e divulgar a arquitectura e as suas intersecções com as artes visuais e espaciais, o pensamento crítico e as colaborações interdisciplinares.

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    Crédito: Tom Welsh // Pritzker

    Arquitectura

    Riken Yamamoto, o arquitecto que define ‘comunidades’, vence o Pritzker de 2024

    “Pela forte e consistente qualidade dos seus edifícios, ele visa dignificar, melhorar e enriquecer as vidas dos indivíduos – desde crianças até idosos – e as suas conexões sociais”, afirmou ainda o júri. “Para ele, um edifício tem uma função pública mesmo quando é privado.”, acrescenta a nota do júri que reconhece, pela nona vez, a arquitectura japonesa

    Ricardo Batista

    Está encontrado o nome do vencedor do Prémio Pritzker de 2024. A distinção deste ano de um dos mais prestigiados galardões da área da arquitectura vai ser entregue ao japonês Riken Yamamoto, arquitecto “que promove o sentido de comunidade” e que, segundo o júri, consegue produzir arquitectura tanto como pano de fundo quanto como primeiro plano para a vida quotidiana, confundindo as fronteiras entre as suas dimensões públicas e privadas, e multiplicando oportunidades para as pessoas se encontrarem espontaneamente por entre estratégias de design precisas e racionais”.

    Yamamoto torna-se assim o nono arquitecto japonês a vencer esta distinção, o que coloca o Japão como a nação com maior número de galardoados, superando assim os Estados Unidos. Para Alejandro Aravena, presidente do júri e vencedor do troféu em 2016, “uma das coisas de que mais precisamos no futuro das cidades é criar condições através da arquitectura que multipliquem as oportunidades para as pessoas se reunirem e interagirem. Ao esbatermos cuidadosamente a fronteira entre público e privado, Yamamoto contribui de forma positiva para além do objetivo, permitindo a formação de comunidade”, pode ler-se na nota justificativa da escolha de Yamamoto. “Pela forte e consistente qualidade dos seus edifícios, ele visa dignificar, melhorar e enriquecer as vidas dos indivíduos – desde crianças até idosos – e as suas conexões sociais”, afirmou ainda o júri. “Para ele, um edifício tem uma função pública mesmo quando é privado.”, acrescenta a mesma nota.

    Em declarações à Fundação Pritzker a partir de Yokohama, onde está sediado, Yamamoto afirmou que se sentia orgulhoso e “surpreendido” por ganhar o prémio, visto como o Nobel da arquitetura, nesta fase da sua carreira. “Em breve farei 79 anos”, disse. “Este prémio é um momento importante para mim. No futuro próximo, penso que muitas pessoas me ouvirão muito atentamente. Talvez eu possa expressar a minha opinião mais facilmente do que antes.” O arquiteto explicou que a sua arte não é apenas desenhar edifícios, mas desenhar no contexto dos seus arredores e, esperançosamente, impactar também esses arredores.

    Um dos exemplos mais paradigmáticos da linguagem arquitectónica de Yamamoto é o quartel da corporação de Bombeiros de Hiroshima Nishi, projetado em 2000, com uma fachada, paredes interiores e pisos feitos de vidro. O edifício convida o público a experienciar as actividades diárias dos bombeiros, algo que raramente se vê. O resultado encoraja os transeuntes “a observar e interagir com aqueles que protegem a comunidade, resultando num compromisso recíproco entre os funcionários públicos e os cidadãos que servem”, afirmaram os organizadores. Normalmente, explicou Yamamoto, uma estação de bombeiros seria construída em betão. Ele tinha uma perspectiva diferente, que apresentou num concurso com outros arquitetos.

    “Propus uma ideia muito radical,” disse Yamamoto. “A ideia era que a estação de bombeiros deveria ser o centro da comunidade. Não apenas o seu trabalho de combate a incêndios, mas a sua vida diária deveria ser o centro, porque eles vivem no local e durante 24 horas têm atividades.” Ele descreveu os bombeiros a treinar com cordas e escadas num átrio central visível do exterior.

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Arquitecto chileno Iván Bravo em conferência no Porto

    Sob o título ‘Obra/Obra’, Iván Bravo, marca presença em mais um ciclo de conferências ‘Matéria: conferências brancas [Matter: the white conferences]’, que terá lugar esta quinta-feira, dia 7 de Março, às 18h30, no Auditório Fernando Távora da FAUP

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    O arquitecto chileno Iván Bravo vai marcar presença em mais um ciclo de conferências ‘Matéria: conferências brancas [Matter: the white conferences]’. A sessão está agendada para esta quinta-feira, dia 7 de Março, às 18h30, no Auditório Fernando Távora da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).

    Sob o título ‘Obra/Obra’, Iván Bravo reflectirá sobre a identidade da prática do seu atelier, com o mesmo nome, enquanto apresenta um conjunto de obras recentes, associadas ao tema do habitar, de diferentes escalas, do processo de projecto ao resultado construído.

    “Seja pictórico, musical, literário ou arquitectónico, o conceito de obra significa a realização de um processo criativo realizado por um artista. Pelo contrário, os projectos realizados por um arquitecto raramente são chamados de “obra”, mas sim pelo programa a que respondem: casa, cabana, edifício. Poderíamos dizer que, ao contrário de outras disciplinas criativas que se consagram quando realizadas como obras de arte, a arquitectura é uma obra, no seu sentido artístico, que é, simultaneamente, entendida como um artefacto em construção, um mecanismo vivo feito de matérias-primas e governado apenas por restrições estruturais e técnicas de construção”, afirma o arquitecto.

    Iván Bravo é arquitecto e mestre em fotografia e dedica-se à prática da arquitectura desde 2002, sobretudo com projectos de pequena e média escala, em cujo desenvolvimento se combinam materiais e práticas de diferentes disciplinas artísticas.

    Iván Bravo complementa a prática em atelier com a prática académica, em diferentes universidades do Chile. O seu trabalho foi apresentado, em conferência, em diferentes países da América do Sul, e em exposição, nomeadamente, nas Bienais de Arquitectura e Design do Chile e de Buenos Aires. Foi publicado nas revistas Domus, Arquitetura Viva e Summa+, entre outras.

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